VM - Mammy por Vera Moraes - 6

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Mãe-moda

PAOLA PREUSSE é nutricionista infantil, autora do blog Maternidade Colorida e mãe da Maria Clara.

A maternidade exige que aceitemos nossos erros e, muitas vezes, que relevemos os comentários dos outros

KATA TIRCZKA

DEIXEM QUE DIGAM, QUE PENSEM, QUE FALEM... por PAOLA PREUSSE

Além daquela experiência linda de se tornar mãe, ter um filho também gera algo interno muito conflitante. Alguns pensamentos do tipo: sou mãe, então não posso fazer isso ou aquilo. Mas, vem cá, me tornei mãe e não deixei de ser mulher, ou melhor, um ser humano! Além da cobrança pessoal, há os palpiteiros de plantão que adoram jogar na sua cara coisas que, para você, lá no fundo, são normais. Sou toda certinha com a alimentação da Clara, minha filha. Afinal, sou nutricionista infantil. Vocês acreditam que um dia postei uma foto nossa brindando com suco de uva e recebi mensagens hostis? Dizendo que eu estava oferecendo vinho tinto para ela?! Oi?! Não dou nem açúcar e tem gente achando que eu dou álcool? Com tudo isso, decidi não ligar para o que dizem e continuar vivendo bem. Para mim, se minha filha é feliz e demonstra isso a todo segundo, se meu

marido está junto e empoderado na maternagem, por que eu devo sofrer? Não existe perfeição na maternidade. Sempre erramos em algo e isso é normal. Devemos aceitar os erros e não nos martirizar. Claro, desde que não coloquemos em risco a vida ou a saúde de nossos filhos. Quando Clara falou pela primeira vez um palavrão, congelei, olhei para o meu marido e decretei: “Parou! Temos que parar de falar palavrão”. E quem disse que a gente consegue? Somos um casal-boca suja e não nos orgulhamos disso. Buscamos evolução neste aspecto – ainda mais agora que a Clara está com três anos e meio e entende cem por cento de tudo o que falamos. Ela é esperta a ponto de ouvir alguma palavra, guardar para ela e falar na mesma situação em que falamos. Depois olha para a gente e dá aquela risadinha de canto de boca, conhecedora de que está errada. R E V I S TA M A M M Y

E quando bate aquela vontade de entrar no banheiro, trancar a porta e chorar? De ficar em paz navegando pela internet? Ou então aquele desejo por um happy hour com as amigas para sentir-se apenas mulher? O lado mãe nunca sai de dentro do nosso coração, mas, às vezes, é revigorante sair da caixinha e viver alguns minutos só para nós. Ir fazer a unha sem o filho pendurado, poder comer aquele trash food ou ir ao cinema sozinha. Poder escutar a música do carro bem alto e cantar como se estivesse em um show! Atire a primeira pedra quem nunca teve essas vontades depois de ser mãe. A minha apareceu depois dos dois anos da Clara, mais especificamente depois que ela desmamou, quando pude tomar aquela cervejinha gelada e fazer minhas luzes. Continuo me achando a melhor mãe que posso ser para a Clara e ela diz que me ama muito! Estou no caminho certo, não é? 103


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