Todos #23

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#23

Rosangela Gardelli, 56 anos pág. 12

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E

EU VENCI

A VIDA, ÀS VEZES, NOS SEPARA DE PESSOAS IMPORTANTES PARA NÓS. MAS TAMBÉM PODE NOS LEVAR DE VOLTA A ELAS, MOSTRANDO QUE ALGUNS LAÇOS DE AFETO NÃO SE ROMPEM REPORTAGEM M A R C E L L A C E N T O F A N T I ILUSTRAÇÃO A N A M A T S U S A K I


ROSANGELA GARDELLI GRANDIS, 56 anos, professora, e HUGO GRANDIS FILHO, 59,

professor, de São Paulo, foram noivos na juventude e se casaram quase quatro décadas depois

© Foto: Marcus Steinmeyer

MENTIRAS NOS DEIXARAM SEPARADOS POR 37 ANOS” Rosangela e Hugo namoraram quando ela tinha 18 anos e ele, 21. O casal estava noivo e, sem explicação, ela terminou a relação. “Durante uns três meses, eu só chorava”, diz Rosangela. “Mas não podia voltar.” Hugo não entendeu nada. O tempo passou, eles se envolveram com outras pessoas e tocaram a vida. Nesse meio-tempo, falaram-se algumas vezes por telefone. Eram conversas breves, para desejar feliz aniversário, e só. “Quando meu segundo casamento acabou, me senti livre para procurá-la”, conta

Hugo. “Liguei e perguntei: ‘Você quer falar comigo?’ Ela respondeu: ‘Eu sempre quis falar com você’.” Ele foi até Praia Grande, no litoral de São Paulo, onde ela vivia. Quando se reencontraram, pareciam dois adolescentes. “No primeiro olhar, eu vi a essência daquela pessoa que conheci lá atrás”, diz Hugo. “O sentimento ainda era forte ao nos beijarmos. Foi mágico!” Mas ele precisava de uma explicação sobre o que havia acontecido no passado. Ela contou que uma conhecida fofocou para os pais dela um monte de mentiras sobre o pai de Hugo. Com medo, a família de Rosangela proibiu o namoro. A explicação tirou dele uma mágoa carregada por décadas. E o casal nunca mais se separou. Em janeiro deste ano, eles se casaram. “O que eu sinto por ela, nunca senti por ninguém.”

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N

NO MEU TEMPO

LEMBRANÇAS DE FIM DE ANO

Banquetes feitos a muitas mãos, famílias distribuindo lembrancinhas pela vizinhança, presentes inesquecíveis... Reviva algumas histórias de Natal e Ano-Novo eternizadas nestes depoimentos cheios de saudade e emoção REPORTAGEM D E B O R A L U B L I N S K I FOTOS I L A N A B A R ILUSTRAÇÕES L E A N D R O L A S S M A R

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LENCINHO DA PAZ No Ano-Novo, minha família se reunia na casa em que moro até hoje, que tem um quintal grande onde acontecia a ceia. Depois da meia-noite, era comum sairmos à rua e passarmos de casa em casa oferecendo uma lembrancinha. Podia ser fruta ou uma fatia de bolo. Mas também me lembro de entregar aos vizinhos um lencinho bordado ou pintado à mão com os dizeres ‘Feliz Ano Novo e Prosperidade para o Ano que Vem’.”

LÚCIA ALVES DA SILVA,

64 anos, São Paulo

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M

MEU DICIONÁRIO

MATO GROSSO É UM CEPO! Conheça o significado desta e de outras expressões típicas do Mato Grosso, estado de vocabulário muito rico, fruto de influências indígenas, africanas e europeias REPORTAGEM D A N I E L A A R C A N J O ILUSTRAÇÃO F I D O N E S T I

Chialá aquela casa. A gíria vem da expressão “espia lá”. De tão dita na região, acabou virando uma palavra só.

Negatófi! Bejô, bejô...

A palavra quer dizer “negativo”, “não”, “nunca”: “Negatófi, você não vai sair hoje!”.

“Bejô, bejô, quem não bejô não beija mais” anuncia que algo acabou, que uma festa chegou ao fim.

Ela está grogotchó.

Ele está coloiado com o amigo.

Essa palavra difícil é usada para se referir a pessoas que estão doentes, desanimadas.

Significa que alguém está colado, grudado, andando sempre junto com outra pessoa.

Ele é um cordero. “Cordero” não é o filhote do carneiro, mas, sim, a pessoa que gosta de “dar corda”, que fala muito.

Rebuça a criança! No Mato Grosso, a palavra significa “cobrir”: “João está resfriado – rebuça o menino.”

O mea orêa não para de falar.

Vou comer um quebra-torto.

Por essa luz que me alomea.

“Mea” é um jeito de dizer “minha”. E “minha orelha” remete a uma pessoa que está bem perto.

Um café da manhã bem reforçado, que poderia ser um almoço, é chamado de quebra-torto.

Usada para deixar claro que não se trata de mentira: “Por essa luz que me alomea, falei a verdade”.

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À MODA DA CASA

Veio correndo e pá terra.

Elas são do Mato Grosso e revelam quais expressões da região fazem parte de seu vocabulário

O termo vem de “para a terra” e significa “cair”: “Estava andando de bicicleta e pá terra!” 1

Não tô nem aí pra paçoca.

ALINE ZANATTA, 28 ANOS, BLOGUEIRA E FOTÓGRAFA

Se uma pessoa não dá importância para algo ou alguém, ela não está nem aí para a paçoca.

“A expressão de que eu mais gosto é ‘digoreste’. Quer dizer que aquela coisa, lugar ou circunstância é muito boa, é digoreste! A primeira vez que ouvi foi em um culto da minha igreja. Não é uma palavra tão usual, então meus amigos de outros estados ficam muito curiosos quando eu falo.”

Essa calça é foló. Quando um mato-grossense disser que sua roupa está foló, está achando que é muito larga, folgada.

Bonito prô cê, viu?

2

Ele tá de micage.

MARIA IZABEL BELDIN, 25 ANOS, CANTORA

Quando alguém fica “de micage”, quer dizer que está fazendo careta, imitação, zombando dos outros.

“Uma expressão do Mato Grosso que eu cresci ouvindo e continuo usando é ‘cainha’, que se refere a quem é pão-duro. ‘Chuva do Caju’ é a chuva em período de seca. O mato-grossense também é conhecido por puxar muito o ‘r’: tem o sotaque do ‘porta, porteira, portão’.”

Não se engane: a expressão é sinal de desaprovação em relação a alguém que agiu de forma inadequada.

Esse lugar é um cepo!

3

VANESSA DA MATA,

“Cepo” é “muito bom”. A palavra pode ser usada tanto para elogiar locais quanto pessoas.

42 ANOS, CANTORA

© Fotos: 1) acervo pessoal, 2) Junior Dornellas, 3) Anderson Smoke

“Quando eu ouvi a primeira vez o ‘vôte’, que é uma expressão cuiabana, eu fiquei impressionada, porque parecia uma coisa completamente diferente do restante do Brasil. E são várias gírias do Mato Grosso assim, autênticas. Vôte é como se fosse uma expressão de espanto.”

Cadê meu bambolê?

1

NATHALIA GOULART, 24 ANOS, BLOGUEIRA

Tem muito adulto que pergunta isso lá na região. Porque bambolê é chinelo.

Tem comida pra besteira.

O quá! Não acredito!

Esse termo é sinal de fartura, de que tem bastante quantidade, muitas vezes em excesso.

“Quá” é uma expressão de espanto, dúvida. “O quá! Tá bom que ele vai estudar para a prova!”

“‘Larga de moage, moço!’ Uso essa expressão quase diariamente. Quer dizer ‘deixa de frescura’. Só me toquei que essa expressão é realmente mato-grossense quando usei na conversa com pessoas de fora do estado, que me olharam como quem diz: ‘Oi? Do que você está falando?’”

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RECEITAS DE FAMÍLIA

DAS TELAS para a mesa

O cinema e a TV inspiram estas cinco receitas que vão brilhar nas ceias de Natal e Ano-Novo! REPORTAGEM ROMY AIKAWA FOTOS SHEILA OLIVEIRA / EMPÓRIO FOTOGRÁFICO PRODUÇÃO CULINÁRIA PAULA BELLEZA PRODUÇÃO DE OBJETOS MÁRCIA ASNIS

MAIS CORES Disponha o peru assado em uma travessa e arrume, ao redor dele, as metades tostadas dos limões e das cabeças de alho.

Minha mãe prepara peru assado no Natal desde o tempo em que eu era pequena. É uma tradição de família ter esse prato no centro da mesa, bem decorado com frutas e acompanhado de farofa. Foi justamente para essa data que eu o preparei pela primeira vez depois que comecei a me aventurar na cozinha. Lembro-me de que minha família ficou maravilhada com a combinação de temperos diferentes que usei. É que eu gosto de dar um toque cítrico, com suco de laranja, por exemplo. Vinho branco também sempre cai bem. Bato todos os temperos no liquidificador e deixo o peru marinando por 24 horas. No momento de assar, coloco uma laranja ou maçã dentro da ave para deixar a carne mais tenra. Depois, sirvo com arroz, farofa e salada!”

CARLA FERNANDES, 35 anos, Recife

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PERU

de Natal

A INSPIRAÇÃO AQUI É A RECEITA DO FILME MILAGRE NA RUA 34, SERVIDA COM A PELE BEM TOSTADA para 8 pessoas

Ingredientes » 1 peru (4,5 kg, aproximadamente) » 200 g de manteiga sem sal » 4 limões-cravo » 2 cabeças de alho, com casca, cortadas ao meio » ½ maço de tomilho » 1 cebola, sem casca, cortada ao meio » 2 xícaras de vinho branco » Sal a gosto Modo de preparo

1 Pré-aqueça o forno a 200 ˚C. Lave bem o peru, seque com papel toalha e tempere com sal. Numa panela, derreta a manteiga com as raspas e o suco de dois limões. Reserve as frutas espremidas. 2 Numa assadeira, disponha os outros dois limões, cortados ao meio, as cabeças de alho e o tomilho. Coloque o peru por cima. Insira na cavidade da ave os limões espremidos e a cebola. Isso fará com que a carne fique mais macia. Amarre as pernas com um barbante. Regue o peru com o vinho e pincele a mistura de manteiga derretida. 3 Leve para assar por duas horas, pincelando mais manteiga de 15 em 15 minutos. Sirva com o caldo que ficou no fundo da assadeira e a farofa de nozes. FAROFA DE NOZES Ingredientes » 2 colheres (de sopa) de manteiga » 1 colher (de sopa) de cebola picada » 2 xícaras de farinha de mandioca flocada » 1 xícara de nozes picadas » Salsinha picada a gosto » Sal a gosto Modo de preparo Numa frigideira, derreta a manteiga e, quando espumar, adicione a cebola. Refogue por alguns minutos e acrescente a farinha de mandioca. Mexa em fogo médio até dourar. Desligue, acrescente as nozes e a salsinha e tempere com sal.

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