Enfoque 205 - Julho

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DrogaFarma, de geração para geração, há

com você!

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primeiras linhas Muitas vezes, o medo é maior do que a ameaça. Muitas vezes, a arrogância é maior do que a pretensão. Muitas vezes, o ego é maior do que a personalidade. Sempre, em todos os setores e em todos os momentos, corre-se o risco da aparência sobrepujar a realidade ou dos fatos parecerem menores do que realmente são. Qualquer que seja a avaliação pessoal, corre-se o risco de uma distorção prejudicial. Quando o temor é maior do que a ameaça, perde-se a espontaneidade com um posicionamento de auto­ defesa. Como bem disse Herman Hesse, a pessoa perde a sua indi­ vidualidade e concede a outrem ou a uma abstração o controle da situação. Acontece que, poucas pessoas têm a capacidade de avaliar bem acontecimentos como esses. Geralmente, quem está nesse redemoinho perde o próprio foco. Por isso, é comum pessoas sem força suficiente viverem de ameaças, de chantagens, de blefes, fazendo de alguns desprevenidos pobres reféns. E olha que não são pessoas simples. Pelo contrário, é gente que muitas vezes desponta como pretensos líderes. Sim, pretensos líderes comunitários, porque líder de verdade não teme nada. Comporta-se com altivez e de acordo com seus valores morais e sua consciência. A vida passa a ser um constante perigo para os temerosos sem motivo e para os arrogantes sem base. Para os ególatras a vida é uma permanente farsa na qual eles se inserem. A aparência, como tudo, passa e não se sustenta, porque quase sempre não tem alicerce. O que fica de ver­ dade é o valor, o objetivo, a qualidade que se pretende dar e viver. A contribuição que se dá de verdade para a vida em comunidade. Pobre de quem pretende propagar uma força que não tem. No momento em que uma situação cobra uma demonstração, des-morona-se o castelo – o que, aliás, tem acontecido com frequência, embora a grande massa não tenha conhecimento. Pobre de quem é fraco de espírito e, na intenção de agradar os pretensos poderosos, vendem até o que não têm: vendem a alma e a personalidade.

Cesar Colleti

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entre linhas Tristeza para alguns, alegria para outros. É tênue a linha que separa a questão da doação de órgãos, gesto altruísta e que pode salvar vidas. Embora a maioria das pessoas saiba da importância desse gesto de amor, muitas ainda se recusam a ajudar. Pelo menos é esse o retrato em Franca, onde o índice de recusa familiar é considerado alto – ele gira entre 36% a 41% para córneas e 41,75% para múltiplos órgãos. A média de recusa nacional é de 42% segundo dados da ABTO - Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos. A situação preocupa, porque uma só pessoa se estiver com os órgãos em boas condições e nenhuma doença que contra indique a doação, pode beneficiar no mínimo 10 outras, o que comprova que doar é mais que um ato de coragem: é um ato de bondade, é permitir que outras pessoas possam continuar a viver. Para falar sobre o assunto, Enfoque traz nesta edição uma ampla reportagem com os dois lados: quem recebeu um órgão e quem doou. Outro dado interessante é que em razão da crescente onda de violência e criminalidade em Franca, é cada vez maior o número de francanos em busca de armas para uso pessoal, engrossando uma estatística nacional. Segundo dados do Exército, a partir de 2016 foram emitidas 20.575 autorizações para pessoas físicas terem acesso a arma de fogo – 185% a mais que os 7.215 do ano anterior. Em 2017, mais de 14.024 cidadãos obtiveram o aval, média de 2.033 por mês ou 66 por dia, confirmando que entre 2010 e 2017, o número de novas licenças triplicou no país. Essas e outras informações também podem ser vistas em uma ampla reportagem em Enfoque deste mês, que ainda traz uma matéria histórica com a musicista que escreveu o “Hino aos Voluntários de Franca”, Suzana de Freitas, em homenagem aqueles que combateram na Revolução Constitucionalista de 1932. Com assuntos bem variados, Enfoque chega mais uma vez às suas mãos leitor! Então, uma boa leitura e ótimo mês de julho!

Fernanda Ribeiro Editora Chefe

Enfoque Franca é uma publicação periódica mensal des­ti­na­da ao público em geral ISSN 1981 6219 ® Marca Registrada Diretor Responsável Cesar Colleti Editora Fernanda Ribeiro - MTB 32.745 Designer Gráfico Leonardo Vasques Carvalho Fotografia Ricardo Fernandes Consultoria de Marketing Lucas Rodrigues da Silva Maria Izabel Pimenta Colaboradores desta edição Beto Chagas Fernanda Ribeiro Frederico Millano Katia Simone Santos da Silva Luís Henrique Borba Perpétua Amorim Rafael Mulé Bianchi Rosana Ribeiro Vivian Ravagnani F. Boaventura Impres­são Cristal Indústria Gráfica (16) 3711-0200 As opiniões e con­cei­tos emi­tidos em arti­gos são de in­tei­ra res­ponsabilidade de seus au­tores. O con­teú­do dos anúncios pu­bli­ci­tá­ri­os é de inteira responsabilidade das em­pre­sas anun­ cian­tes, e não expressa neces­sa­ri­a­men­ te a opi­nião ou a posi­ção da re­vis­ta Enfoque Franca e dos seus dire­to­res e edi­to­res. Para Anunciar Telefone: (16) 3713-3300 Fax: (16) 3713-3300 de 2ª a 6ª feira das 8h às 18h. E-mail: comercial@izzon.com.br

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sumário

seções 04| primeiras linhas Cesar Colleti

04| entre linhas

Fernanda Ribeiro

24| comportamento

Katia Simone Santos da Silva

Ano XVIII Nº 205 Julho de 2018

24| negócios

Rafael Mulé

24|

viver bem Vivian Ravanhani F. Boaventura

66| fraseado

notas 08| 10| 12| 14| 16| 18|

mirante panorama entrever rápidas bloco de notas post scriptum

crônicas 20| pulsar

Luis Henrique Borba

20| miragem

Perpétua Amorim espaços

20| Fernanda Ribeiro 22| 360 graus

Rosana Ribeiro

22| palavras contidas Beto Chagas

22| mais ou menos

Frederico Millano

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Artes O talento nas pontas dos pés do bailarino João Paulo Monteiro Dias

28

Literatura Mais que irmãs, Adriana e Érica Araújo se unem através das letras

30

Música Banda Prophecya faz da música sua missão de promover a fé

42

47

Terceira Idade Helpnet lança o SOSme, assistência aos idosos que moram sozinhos

48

Social Há quase 70 anos, Casa da Sopa de Restinga faz a diferença

50

Comportamento Competências como empatia e resiliência podem ser desenvolvidas

52

Economia Para driblar falta de salário fixo, francanos buscam alternativas

53

Economia Iniciativas privada e pública se unem para tornar a cidade turística

54

Pet Considerada muito grave, leishmaniose afeta desde cães a humanos

56

Profissão Segmento publicitário cresce e incrementa mercado em Franca

57

Carreira Em meio à crise, capacidade de gerir pessoas é diferencial

60

Linguagem Criativos, jovens sua fazem sua própria linguagem através de gírias

62

Atualidade Francanos buscam armas de fogo para defesa pessoal

32

Como funciona O armazenamento da energia pela bateria, item indispensável

36

Saúde Doação de órgãos cresce no país, mas em Franca recusa é grande

38

Saúde Quiropraxia elimina dores e ainda trata vários problemas de saúde

42

Nutrição Maca peruana aumenta fertilidade, força e ainda previne o diabetes

43

Mulher Atingindo de oito a cada 10 mulheres, TPM mobiliza pesquisadores

44

História “Hino aos Voluntários de Franca”, inspiração de Suzana de Freitas

46

46

57

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|mirante

ELEIÇÕES I >>

<< ELEIÇÕES II

As próximas eleições, que acontecem em outubro deste ano, devem mobilizar cerca de 215 mil eleitores divididos entre as 340 seções da região de Franca, que englobam cidades como Patrocínio Paulista e Itirapuã. De olho no prazo, os mesários já começaram a ser convocados por meio de telegramas enviados pelos Correios desde o início deste mês, e devem comparecer ao Cartório Eleitoral para que sejam nomeados pelo juiz eleitoral.

Nas eleições, os eleitores que já fizeram o cadastramento biométrico deverão ser identificados e poderão usar o sistema para votar em Franca. Aqueles que não se cadastraram poderão fazer a partir de novembro, quando o sistema eleitoral será reaberto. O eleitor que não votar terá o prazo de 60 dias, a partir do encerramento do pleito, para se justificar no Cartório Eleitoral. Passado o prazo, haverá cobrança de multa de R$ 3,51.

Pleito deve reunir 215 mil eleitores

Biometria já poderá ser usada

ESPECIALIZAÇÃO I

ESPECIALIZAÇÃO II

Docentes do estado ganham curso

Aulas de inglês e português

A Associação Cultura Inglesa São Paulo, em parceria com a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo, está oferecendo oportunidades para professores de língua inglesa da rede pública estadual, inclusive de Franca. O curso de extensão universitária online terá início no segundo semestre de 2018. A ideia é oferecer aperfeiçoamento linguístico, conhecimentos educacionais e instrumentos de reflexão sobre a prática em sala de aula.

Poderão participar da especialização professores portadores de licenciatura em Língua Inglesa - permitida a dupla licenciatura Inglês-Português, efetivos ou temporários, que estejam obrigatoriamente ministrando aulas de Inglês na rede pública estadual, ou professores efetivos em Língua Inglesa designados para funções relacionadas à formação continuada, entre outros. O site do Programa de Formação oferece mais detalhes sobre o curso.

<< CADASTRO RESERVA I

<< CADASTRO RESERVA II

Estão abertas as inscrições para três concursos públicos e um processo seletivo da Prefeitura de Franca, que vão selecionar profissionais de diferentes áreas para 55 cargos. A seleção visa o cadastro de reserva para funções com diferentes níveis de escolaridade, como agente de saúde, biomédico, coveiro, entre outras, com salários a partir de R$ 1.390,00. As inscrições vão até o dia 19 deste mês e as taxas variam de R$ 41 a R$ 90.

Também estão abertas inscrições do processo seletivo para auxiliar adminis-trativo, com taxa de R$ 38. As provas objetivas estão previstas para 12 ou 19 de agosto. Entre as vagas abertas nos concursos, estão: agente de saúde pública- PSF; analista de sistemas; arquiteto; assistente social; biomédico; enfermeiro; fonoaudiólogo; inspetor de aluno; escriturário; pintor; pedreiro; mecânico; guarda civil; orientador educacional e outras.

Prefeitura inscreve para concurso

Vagas vão de pintor a assistente social

<< BASQUETE

Começa o 4º Torneio de Franca

O Torneio Internacional de Basquete de Franca está acontecendo desde o dia 2 deste mês e segue até o dia 7. Além do Pedrocão e da quadra da Escola Chuí Esportes, a competição terá partidas no Sesi-Franca, onde serão usados o Ginásio de Esportes e quadras externas. Participam 16 equipes das categorias sub-13 e sub-14. Na primeira são sete times e na sub-14, são nove, com atletas de vários lugares como Minas, São Paulo e Paraná. 8| enfoque franca | julho 2018


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|panorama

MÚSICA >>

EDIÇÃO INVERNO

Franca recebe mais uma vez, no dia 07 deste mês, um dos artistas mais amados e admirados no país, o cantor Fábio Jr. O show que promete trazer seus principais sucessos, como “Pareço um Menino”, “Sem Limites pra Sonhar”, “Felicidade”, “Alma Gêmea”, “Caça e Caçador”, “20 e Poucos Anos”, entre outros, além de seus lançamentos musicais, será no Villa Eventos, às 22h, e deve ser sucesso de público. Os ingressos continuam à venda.

Acontece dia 14, das 9h às 15h, na Praça Nossa Senhora da Conceição, o The Street Store – Edição de Inverno. Para que o evento seja um sucesso, seus organizadores solicitam doações, que podem ser desde livros, bonés, acessórios, mochilas a roupas, calçados, além de brinquedos e doces. A ideia é montar uma loja a céu aberto onde os moradores de rua têm a oportunidade de se sentir “fazendo compras”. Informações com Darlene: 99390-2113.

Fábio Jr. volta a Franca no dia 07

The Street Store solicita doações

EXPOSIÇÃO

ESPIRITISMO

Biblioteca em clima de Copa

Casa da Sopa realiza palestra

Em clima de Copa do Mundo, a Biblioteca ‘Dr. Américo Maciel de Castro Jr.,’ na Avenida Champagnat, 1808, promove até o final de julho uma exposição relacionada à 21° Copa do Mundo que acontece na Rússia. A coletânea de materiais está disponível para visitação e contém um vasto material informativo sobre os países e os estádios onde estão ocorrendo os jogos. Horário das 8h às 20h, de segunda à sexta, e das 8h às 12h aos sábados.

A Casa da Sopa de Restinga promove no dia 05 deste mês, a partir das 19h30, em sua sede, à Rua Ângelo Felício, 107, Restinga, a palestra “A Lei de Causa e Efeito na Visão Espírita”, com Adolfo de Mendonça Júnior. O palestrante, bastante requisitado no meio espírita, é professor de História e membro da Liga de Pesquisadores do Espiritismo e da USE/Franca – União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo. A palestra é gratuita.

<< CULTURA I

<< CULTURA II

O músico Eduardo Machado realiza dia 04 de agosto, a partir das 19h, mais uma edição do projeto “Jazz lá em Casa”. Na ocasião, ele receberá o renomado guitarrista Michel Leme e o baterista Mário Teodoro para uma apresentação intimista, onde os músicos apresentarão clássicos da MPB, Bossa Nova, jazz, além de composições autorais. Como será um show vip para apenas 40 pessoas, as vagas são limitadas. Informações e reservas: 9.8119-4144.

Considerado um dos mais talentosos guitarristas do Brasil, Michel Leme é compositor e professor. Nos palcos já tocou com músicos de renome, como Gary Willis, Michael Brecker, Nenê, Lee Konitz, Joe Lovano, entre outros. Dotado de um talento indiscutível e um estilo inconfundível de tocar guitarra, ele possui uma carreira sólida com vários CDs lançados, e tem como proposta de levar a música instrumental aos mais diversos públicos.

Eduardo Machado com “Jazz lá em Casa”

NO SESI FRANCA >>

Peça homenageia Luiz Gonzaga O Grupo Cena Teatral apresenta no Sesi de Franca, dias 21 e 22 deste mês, a peça “Procurando Luiz”, que passeia pela poesia do Rei do Baião – Luiz Gonzaga – para falar sobre a amizade de Luiz e João. No espetáculo são resgatadas a vida e a obra do cantor com músicas como “Estrada de Canindé”, “Qui nem Jiló” e “Eterno Cantador”. A entrada é gratuita e as sessões começam às 16h. É preciso retirar os ingressos antecipadamente no Sesi. 10| enfoque franca | julho 2018

Guitarrista Michel Leme é convidado


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|entrever

SAMBA >>

CARNAVAL

Raça Negra dia 28 em Franca

Macacareta 2018 será 04 de agosto

É grande a expectativa para o show do grupo Raça Negra, que estará em Franca no dia 28 deste mês, no Villa Eventos. Considerado um dos melhores grupos de samba do país, o Raça Negra apresentará seus sucessos como “Cheia de Mania”, “Preciso desse Amor”, “Me Leva Junto com Você”, “Cigana”, “Que Pena”, “Sozinho”, e outros. Há várias opções de ingressos, que inclusive podem ser parcelados no cartão de crédito. Informações: 9.9146-8514.

Acontece no dia 04 de agosto, das 15h às 22h, na República Maria Macaca, em Franca, a Macacareta 2018, a melhor festa universitária da região. Open bar, o evento terá ainda praça de alimentação e muitas atrações musicais, como a Batalha de DJ’s com Leonardo Ferreira e outros renomados profissionais, apresentação de MC Pedrinho, entre outras atrações. Os ingressos já estão à venda. Informações no site http://www.mariamacaca.com.br/.

DÉCADAS PASSADAS

INICIAÇÃO TEATRAL

Festa Flash Pop com sucessos

Curso voltado às mulheres inscreve

A Estação 7 Eventos de Franca recebe no dia 14 deste mês, a partir das 22h30, a festa Flash Pop, com a proposta de resgatar o melhor dos anos 70, 80 e 90, além de sucessos que marcaram o período de 2000 a 2018. A discotecagem ficará por conta de DJ Dema Medrado e a festa será open bar. Os ingressos estão à venda. Mais informações pelos telefones 9.9123-7329, 9.9234-8919 e 3721-3480. A Estação 7 Eventos fica à Rua Diogo Feijó, 2103.

Estão abertas as inscrições para o Curso Livre de Iniciação Teatral – Teatro de Mulheres, que terá início dia 23 deste mês, com duração de seis meses. As aulas ocorrerão sempre às segundas-feiras, das 19h30 às 22h30 e serão ministradas por Elisa do Nascimento. O curso envolve práticas e exercícios teatrais, além de ensaios e montagem, tendo como foco o feminino, através da política, relacionamentos e outros. Informações: 9.8117-2335.

<< BERÇÁRIO D. NINA I

Entidade voltada à saúde das crianças

Será no dia 23 deste mês, das 8h às 12h, à Rua Deoclides Barbosa Leme, 431, Santa Helena, o Bazar da Pechincha em prol do Berçário Dona Nina. Na ocasião serão comercializados vários produtos – de roupas, calçados, artigos para casa e quitutes. A renda angariada será revertida à manutenção de suas atividades. Antes disso, será realizada de 5 a 8 de julho, em frente à Expoagro, a 4ª Festa Julina, com várias barracas típicas.

Fundado em 1986, o Berçário Dona Nina desenvolve um trabalho de assistência a crianças de zero a quatro anos e 11 meses, tendo como objetivo fornecer gratuitamente atendimento médico, social, nutricional e de enfermagem às crianças em recuperação da saúde, vindas de famílias com poucos recursos econômicos. A casa funciona 24h por dia, de segunda a sexta, contando com profissionais especializados, além de um quadro de voluntários.

FESTIVAL GASTRONÔMICO >>

Sabor de São Paulo elege três pratos A 7ª etapa da 4ª edição do Festival Gastronômico Sabor de São Paulo realizada em junho em Franca, elegeu três melhores receitas: Arroz com costelinha chiqueirinho, do Baru Cozinha Afetiva, de Orlândia; Coxinha ouriço da canastra, do Matheus e Rosária, de Franca e Bolinho de paçoca e carne seca, da Casa da Noca Bistrô, de Nuporanga. Os vencedores vão para São Paulo em novembro para participar da grande festa gastronômica do estado. 12| enfoque franca | julho 2018

<< BERÇÁRIO D. NINA II

Festa Julina e Bazar movimentam mês


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|rápidas

CONTABILIDADE

APICULTURA

O Escritório Contábil Júnior, através de seu diretor Waldison Antônio Júnior, adquiriu o Profissional Contábil, dando início ao seu plano de expansão. Com a fusão, a partir de agora, o Contábil Júnior amplia sua carteira de clientes, passando a administrar mais de 40 empresas. “Estamos prontos para oferecer o melhor em serviços e assistência aos clientes que decidiram permanecer conosco após a fusão dos escritórios”, diz Júnior.

Continuam abertas as inscrições para o curso gratuito de Apicultura oferecido pela Prefeitura de Franca e o Senar - Serviço de Aprendizagem Rural/ Sindicato Rural de Franca. As aulas começam dia 29 deste mês, no Parque de Exposição Fernando Costa. O curso é distribuído em módulos, com aulas mensais, com atividades teóricas e práticas, abrangendo toda a cadeia, do iniciante ao apicultor já em atividade e com experiência na área.

Contábil Júnior inicia sua expansão

Curso gratuito começa dia 29

COMBATE À GRIPE I

COMBATE À GRIPE II

Cumprindo o determinado pelo Ministério da Saúde, Franca ampliou os grupos do público-alvo para receberem a vacina contra a gripe. A Secretaria de Saúde anunciou que na cidade ainda restam nove mil doses no estoque e que a campanha segue até as vacinas se esgotarem. Para os interessados, é necessário levar a carteirinha da vacinação ou um documento pessoal em qualquer uma das 14 UBS’s e cinco Núcleos do programa Saúde da Família.

O atendimento ao longo da semana é das 10h às 18h. Durante a decorrência da campanha nacional, a vacina estava sendo destinada para crianças entre seis meses e cinco anos e para idosos a partir de 60 anos, além de outros grupos prioritários. Agora com a ampliação, os grupos são: professores da rede pública e privada; profissionais de saúde; crianças entre seis meses e nove anos; gestantes e mulheres com partos recentes, entre outros.

Ampliado público-alvo em Franca

Doses são aplicadas das 10h às 18h

ECONOMIA I >>

<< ECONOMIA II

Viajar pelas estradas da região de Franca ficou mais caro. É que os valores cobrados nos pedágios de 19 concessionárias de rodovias paulistas - inclusive da SP-334 - Cândido Portinari entre Franca e Ribeirão Preto e na SP330, Anhanguera - foram reajustados no início deste mês. O aumento, de 2,85% - referente ao IPCA acumulado entre junho de 2017 e maio de 2018, equivale ao reajuste anual previsto nos contratos de concessão das rodovias.

Na região de Franca e Ribeirão Preto, haverá reajustes em Jaboticabal, Guatapará, Santa Rita do Passa Quatro, São Simão, Batatais e Restinga. Nas praças de Batatais e Restinga o pedágio passou para R$ 9,30; em São Simão e Santa Rita do Passa Quatro para R$7,30; e Jaboticabal para R$ 13,10. A mudança não é válida para as quatro praças de pedágio da região de Ribeirão Preto, que desde maio passaram a ser administradas pela Entrevias.

Pedágios na região sofrem aumento

EM PROL DO HC >>

1ª Night Run acontece dia 07 A ACOFRANCA - Associação dos Corredores de Franca, unindo forças com a população, promove no dia 7, a 1ª Corrida Noturna de Franca, a Night Run em prol do Hospital do Câncer. A ACOFRANCA pretende reunir em torno de 800 inscritos, que participarão das corridas de 5 e 10k e ainda da caminhada de 3k. A medalhista Maria Zeferina Baldaia confirmou presença e estará fortalecendo o evento, que terá início às 19h, em frente ao SENAI. 14| enfoque franca | julho 2018

Praças de Batatais e Restinga na lista


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|bloco de notas

TRÂNSITO I >>

<< TRÂNSITO II

O número de mortes no trânsito de Franca não para de crescer e preocupa autoridades. Desde o início do ano, 34 pessoas morreram vítimas de acidentes. Segundo o tenente Régis Antônio Mendes, a situação é motivo de alerta, principalmente porque mostra uma tendência de aumento em relação a 2017, que registrou 47 mortes e uma alta de 38% se comparado a 2016. Desse total, 21 foram motociclistas e Franca supera o Estado, 44% contra 34,7%.

Entre as principais causas de acidentes de trânsito, segundo a Polícia Militar, estão o excesso de velocidade, falar ao celular enquanto dirige, embriaguez ao volante e ausência do cinto de segurança. Segundo os dados da PM, até o momento neste ano foram feitas 757 autuações por embriaguez ao volante, envolvendo os motoristas que passaram pelo teste do bafômetro e aqueles que se recusaram a fazê-lo, contra 1.031 ao longo de 2016.

Número de mortes cresce em Franca

Embriaguez está entre as causas

MÚSICA

FILAS

O governo estadual confirmou: Franca terá seu Conservatório Musical. A construção deve receber investimento de R$ 10 milhões e o projeto prevê a abertura de 400 vagas para ensino de canto e música popular e erudita. O Conservatório Musical vai ser erguido em terreno de cinco mil metros quadrados, de propriedade do Governo do Estado, localizado na esquina das ruas Adib Augusto Salomão e Joaquim Coelho Freitas, próximo ao Lanchão.

Com aprovação de projeto pela Câmara Municipal, os portadores do Transtorno do Espectro Autista – autismo, passarão a ter prioridade no atendimento em estabelecimentos públicos e privados. O projeto simboliza avanços nas políticas públicas, segundo os membros da APAAF – Associação dos Pais e Amigos dos Autistas de Franca. A cidade deverá realizar o Censo de Inclusão do Autista, para levantar o número de pessoas com o transtorno.

Franca terá seu Conservatório

Autistas terão prioridade em Franca

PROFISSIONALIZANTE I >>

<< PROFISSIONALIZANTE II

A escola Técnica “Dr. Júlio Cardoso” recebe até o dia 6 deste mês inscrições para 40 vagas no curso de administração por meio do programa de ensino técnico profissionalizante voltado a alunos do 2º ano do ensino médio da rede estadual – MedioTec. O MedioTec é financiado pelo MEC e tem como foco jovens de baixa renda, oferecendo ao aluno do ensino regular a oportunidade de fazer no contra turno, um curso técnico profissionalizante.

Além do ensino técnico, os alunos selecionados receberão uma bolsa auxílio no valor aproximado de R$ 200 cada. As inscrições devem ser feitas no site http://www.educacao.sp.gov. br. A seleção para o preenchimento das vagas será realizada priorizando os candidatos beneficiários de programas sociais e com bom rendimento em Língua Portuguesa e Matemática na 1ª série do ensino médio em 2017, além da taxa de frequência satisfatória.

MedioTec na “Júlio Cardoso” até dia 06

CRIAÇÃO DE PEIXES >>

Inscrições para cursos gratuitos Continuam abertas as inscrições para dois cursos gratuitos em Franca. São eles: o de piscicultura, que consiste na criação de peixes e o de produção de tilápia em tanque rede, voltado à produção de acordo com técnicas recomendadas. As aulas começam no dia 17 deste mês e serão ministradas no Parque Fernando Costa, sob a supervisão da Prefeitura, Sindicato Rural e Senar – Serviço Nacional de Aprendizagem. Informações pelo 3711-9480. 16| enfoque franca | julho 2018

Selecionados terão bolsa


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|post scriptum

CALÇADOS >>

<<CAMINHO DA FÉ

Setor tem 3,9 mil vagas perdidas

Franca passa a integrar a rota

O setor calçadista brasileiro, que inclui Franca, registrou em maio o pior saldo de empregos do ano, com 3,9 mil vagas perdidas – em janeiro o saldo de empregos era positivo em 11 mil. Isso ocorreu, segundo a Abicalçados – Associação Brasileira das Indústrias de Calçados, em razão da fraca demanda interna e queda nas exportações. As exportações caíram 4,9% em maio ante o mesmo mês do período anterior, chegando a 46,7 milhão de pares.

Franca passa a integrar o Caminho da Fé, trajeto de peregrinação brasileiro inspirado no Caminho de Santiago de Compostela, que leva peregrinos até o Santuário Nacional de Aparecida, em Aparecida (SP). Isso aconteceu após aprovação do projeto do Executivo Municipal encaminhado à Câmara de Vereadores. Atualmente, existem saídas de várias cidades, principalmente dos municípios de Cravinhos, São Carlos, Mococa, Tambaú e outros.

IDIOMAS I

IDIOMAS II

Cursos gratuitos abrem inscrições

Aulas são para alunos do Estado

Os alunos da rede estadual de Franca que desejam aprender um novo idioma já podem se inscrever em um dos cursos oferecidos pelo CEL – Centro de Estudos de Línguas, cujas novas turmas começam no 2º semestre. Podem se inscrever alunos da rede estadual a partir do 7º ano do Ensino Fundamental, Ensino Médio ou Educação de Jovens e Adultos (EJA). Gratuitos, os cursos são de inglês, espanhol, francês, italiano, alemão e japonês.

Os interessados devem procurar a Diretoria de sua escola. O curso de inglês tem duração de um ano e os demais três anos, ou seja, seis semestres. As aulas acontecem quatro vezes por semana, no contra turno das aulas do ensino regular. O plano de estudo dos cursos tem foco na conversação em situações do cotidiano e mercado de trabalho. O rendimento é avaliado em provas escritas e orais em sala de aula. Os alunos recebem certificado.

BASQUETE I >>

<< BASQUETE II

Franca sedia 1° Camp SESI-SP

Objetivo é ensinar detalhes do esporte

Franca sedia de 07 a 09 deste mês o 1° Camp SESI-SP de Basquete, com jogadores e comissão técnica do time adulto do Sesi Franca. O programa é voltado para crianças e jovens entre 10 e 17 anos com qualquer grau de instrução na modalidade. Os alunos serão orientados por profissionais como Helinho Garcia, ex-jogador, ídolo e atual técnico do Sesi Franca Basquete, o treinador Lula Ferreira, Daniel Wattfy, Pablo Costa, entre outros.

O objetivo da clínica é ensinar e aprimorar os fundamentos do basquete, buscando corrigir falhas, além de trazer o esporte como agente educacional para formação de cidadãos ao abordar valores fundamentais, como coletividade, espírito esportivo, importância da família e de uma vida saudável. É uma oportunidade para conhecer mais da modalidade e interagir com crianças que possuem os mesmos interesses. Informações: telefone 3713-1001.

<< LÂMPADAS FLUORESCENTES

Prefeitura instala postos de coleta De olho no meio ambiente, a Prefeitura, em parceria com a associação Reciclus, disponibilizou pela cidade cinco postos de coleta de lâmpadas fluorescentes que já estejam sem uso. São eles: as três lojas da Hidromar – Avenida Paulo Roberto Cavalheiro Coelho, 1911, Parque Castelo; Avenida Ismael Alonso y Alonso, 2901 e Avenida Chico Júlio, 3520; e os supermercados Makro e Walmart. O objetivo é fazer o descarte adequado desses materiais. 18| enfoque franca | julho 2018


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|crônicas

Perpétua Amorim

Luís H. Borba Escritor, autor de Viajando-me

|pulsar A fome do tempo No sonho desta noite, viu-se livre de, pelo menos, quarenta anos, achando-se numa época em que tinha o cabelo mais longo, em que falava com mais pressa, época em que os mortos ainda não caíam perto dela. E, desde que acordou, carrega o estranhamento vindo com o sonho: o abrir de olhos espantou a leveza fresca de uma vida que era mais fácil, trazen­ do-a para o desassombro da realidade lenta da velhice - o cansaço a lhe vestir os ossos, a pele desvestindo-se do viço numa cumplicidade com as rugas. O estranhamento ao olhar a casa cansada, a mesma casa de quarenta anos atrás, e lembrar-se de suas jovens carnes de alvenaria que o sonho trouxe de volta. O estranhamento ao olhar retratos em que sorriem, numa calma desavisada, aqueles já mortos e que, ainda a pouco, sorriam-lhe em sonho. Também o silên­ cio, a resvalar pelas paredes, e os ecos de conversas, brotadas durante o sono, a reverberarem dentro de si. Vai passar o dia estranha. Olha-se no espelho no desábito da vaidade, que a mulher desconhece as feições. Vê em seu rosto as linhas - tantas linhas - criadas pelo caudaloso rio da vivência. Rosto que, nas lembranças trazidas pela madrugada, mostrou-se na época em que as rugas eram linhas secas e escondidas, enganadas pela tenacidade ainda intacta da pele em não lhes ceder sulcos. Todos esses anos na mesma casa, na mesma cidade - imensa árvore com ga­ lhos de asfalto e duros frutos de cimento e pedra. Todos esses anos na comodidade de uma inconsciência conhecida: a fome do tempo. Vai passar o dia estranha. E habitada pelo estranhamento da lógica carregada de morosidade do tempo a consumir, com a mesma dedicação, todas as carnes. 20| enfoque franca | julho 2018

Fernanda Ribeiro

Da Academia Francana de Letras

|miragem

É jornalista

|espaços

Desarranjos amorosos

Uma canção sobre nós dois

Não é possível descrever a beleza daquele amor. Ele flutuava silencioso pela madrugada para deixar uma flor na janela da amada. Ela fingia dormir enquanto os cães anunciavam a presença do amante, o marido ao seu lado roncava em latim. Sol ou chuva, os ponteiros do relógio abriam­ -se para o abraço e eles se encontravam sempre no mesmo lugar, blindados pela cumplicidade altamente remunerada da vizinha e amiga de todas as horas extras. As folhas das palmeiras balançavam mostrando seus dentes afiados, rindo da sem-vergonhice dos dois, as maritacas em voos rasantes deixavam suas mensagens de apoio bem explícitas através de seus gritos. Uma cortina de borboletas amarelas garantia a privacidade dos amantes. Se bem que ninguém ali estava preocupado com privacidade. Ele sorria, entregue a imensidão verde da grama úmida, estirava seus braços aos céus tentando alcançar o sol curioso que espiava a cena. Ela vestia-se de vento e corria pelo vale espantando as borboletas, recriando o paraíso. O amor estava lá sa­ cramentando todos os atos e sacaneando os momentos de lucidez de uma culpa desenfreada. Então, se é amor não há peca­ do. O pecado surgiu antes mesmo que ela pudesse vestir sua blusa e ele a bermuda. Surgiu do nada, feito pensamento ruim, ataque de serpente. A serpente veio sorra­ teira e o marido atraído por ela, talvez por encantamento. O certo é que na pressa de encontrar o amado, ela havia se esquecido de cumprir com o prometido e não pagou os serviços extras da amiga fiel. Então não é mais pecado criatura, o homem já sabe de tudo. Sabe de tudo mesmo e respondeu a altura de sua dignidade ao desarranjo da esposa: passou a dormir do lado oposto da cama e a roncar alternando o latim e ópera. Sem conseguir dormir a mulher mudou-se de cama, de quarto, de casa e de marido e a vizinha amiga passou a ocupar a vaga na cama e no coração do roncador. E o amor se multiplicou, sem culpa e sem pecado.

Foi um amor e tanto. Daqueles que surgem meio sem querer e quando a gente vê, está de quatro. Abobada, envolvida, entregue. Nem nos meus sonhos mais remotos imaginaria olhar para aquela figura. Mas um dia olhei. Não foram seus olhos que me conquistaram, mas seu perfume. Depois daquele dia, não conseguia parar de pensar nele. E ele em mim. Mas eu não podia, ou pelo menos não queria aquilo. Não com ele. Inventei mil e uma desculpas para não ceder às investidas. Aos olhares. Às delicadezas. À amizade que surgia. À vontade diária de ouvir sua voz e saber que ele estava ali. Para mim. Fui forte até quando as forças cederam às ondas do encantamento. Do carinho. Da saudade. Do desejo de estar sempre mais e mais presente. Quando vi, já era dele. E ele que já era meu há muito tempo, deixou-se inundar por um amor que jamais ousara sentir. Que dirá eu, menina ainda, perdida em seus braços. Seguindo seus passos e rezando para que o tempo parasse para nunca mais perder aquele momento. Mas o tempo... Ah o tempo... Amigo e algoz, não me ouviu. Aquele mágico momento passou. Mudou ele e mudei eu. Nos perdemos no dia a dia. Nas cobranças. Nas inseguranças. Mas o amor, aquele amor arrebatador per­ manecia. Forte, inabalável. Mas eu queria mais. Queria senti-lo novamente inteiro, entregue. E ele fraco, não soube entender. Não sabia mais lidar com nós dois. Apesar de me querer ao seu lado, não conseguia olhar em meus olhos como antes. E eu, me­ nina ainda, juntei uma coragem esmagadora e fechei a porta. Sofri. Ele sofreu. Choramos juntos e sozinhos. Fizemos promessas. Mas eu permaneci na minha escolha. E juntando todos os cacos, continuei meu caminho. Ele ficou no mesmo lugar. Eu, longe, ainda podia senti-lo dentro de mim. Até que um dia, sem que precisássemos falar mais nada, como num pacto, nos transformamos. Não éramos mais dois amantes. Nos tornamos dois amigos. Leais, próximos. Do que passou ficaram apenas as lembranças e a certeza de que fizemos as escolhas certas.


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enfoque franca | julho 2018|21


|crônicas

Rosana Ribeiro Jornalista

|360 graus De poeira e cinzas Os dias tingem-se de cinza enquanto entremeio os retalhos de preciosas memó­ rias às longas horas de espera, fios de aço que ainda me atam pelos pés. Onde antes havia um sorriso sempre fresco, há uma boca crispada num ricto, mistura de dor e nada. As mãos se ocupam em cerzir os fragmentos soltos da história e desmanchá-los uma vez, e depois outra, e mais outra, e sempre que a fisgada no peito se torna mais aguda. Há muito o nó na garganta calou a voz. Poeira e cinzas se acumulam no chão dos cômodos vazios, re-pletos da tua ausência disfarçada que finjo ignorar. São flores murchas, desfolhadas, quase secas que me ofertas nesses braços onde antes havia um mundo inteiro e eu não sabia o que era medo. E nas linhas das tuas mãos, meu destino fora traçado, atado firmemente ao teu. Mas desviastes a rota. Deixastes que eu seguisse perdida até de mim num universo estranho e hostil. Abortaste-te de mim sem se importar com a dor lenta e funda de quem tem que aprender a parir ao revés. Recolhestes da minha vida teu corpo, mas deixastes aqui tua sombra, tua alma entranhada à minha e não me foi dado conhecer o motivo. Minto quando finjo que não te vejo espreitando-me pelas minhas frestas, es­ gueirando-se pelos meus cantos, buscando, talvez, alimentar-se do pouco que ainda resiste. Tu, que me deixaste retalhada em postas, mantém-se alheio às chagas que não saram e não sangram, não estende as mãos sabendo-se doença e cura. Apenas observa enquanto continuo a lamber as feridas que jamais cicatrizarão. Volto a atenção para o sol que surge pálido e distante e frio no horizonte. Sinto, ainda, como se em mim te gestasse mil vezes, agonizando uma prenhez sem parto, onde te sei meu e não te vejo e nem te toco a não ser em mim mesma e é tão pouco. Não é o laço que nos mantêm atados. Ainda são nossas mãos entrelaçadas em dias e noites que se perderam no tempo e teimam em não seguir sem nós. 22| enfoque franca | julho 2018

Beto Chagas

Psicólogo e escritor

|palavras contidas

Frederico Millano é Cronista

|mais ou menos

Professor Chavier

Platôs do coração

Por erro do funcionário do cartório do então distrito da Restinga, em 1935, o que deveria ser “Xavier” saiu “Chavier”. Dentre os dez filhos de Angelina e Antônio Xavier da Costa, José Luiz foi o único com “ch”. Menino, transportou a professora para as aulas na escolinha da Fazenda São Luís, em lombo de cavalo. Em 1949, pela Mogiana, desembarcou em Franca. Na mala, algumas roupas e muita vontade. Ingressou no Curso de Mecânica da Escola Profissional Dr. Júlio Cardoso. Foi da primeira turma do internato de alunos, que era administrado por Hélio Mazota e Percília, na Rua Campos Salles, perto do Atheneu Francano. Jogou basquete ao lado de Pedroca. Formado, recebeu convite do diretor Evaristo Fabrício, para lecionar ao lado de expoentes do ensino francano. Foi contem­ porâneo de Dona Nenê Ewbank, Minoru Utuni, Domênico Pugliesi, Moacyr Lima, Sétimo Bolela, Ovando Ravagnani, Orlando Dompieri, Elza Ferrante, Geraldo Foroni, Luiz de Melo, Lander Belato, Haroldo Facioli e ou­ tros que marcaram época na história daque­ la escola. Fora das aulas, prestou assistência técnica voluntária para Amazonas, Ivomaq, Poppi, Santa Casa, Curtume Progresso, IPT e Prefeitura de Franca, entre outros. Integrou a comunidade maçônica desde 1971. Rigoroso em suas atitudes e nos valores éticos, encontrou satisfação nos pilares filosóficos da medieval ordem, todavia, nunca almejou galgar o telhado, preferindo firmar-se nas bases. Foi pedreiro de alicerce. Aposentado, dedicou maior atenção à família, especialmente a esposa, os quatro filhos, genro, noras, netos e cunhadas, curtiu a simplicidade do Cam­ po Belo e a tranquilidade do Rancho dos Professores, que ajudara a formar nos anos 1960, na represa de Furnas, desbravando o cerrado de Cássia. No dia 4 de abril de 2018, sem grande destaque, no silêncio dos bons, o Professor Chavier pediu licença, foi reencontrar a sua Dalila e entregar, em mãos, rosas para a Santa Rita de sua devoção.

Quero te dar tanto e sinto tanto te dar tão pouco. Eu lhe dou o sorriso que nasce no canteiro que você formou nos platôs do meu coração. Coloco em suas mãos a espontaneidade escancarada que você aju­ dou a fortalecer quando amarrou os galhos das virtudes que cresceram nas estacas do meu caráter. Ofereço-te dias de paz com o mesmo gesto de carinho que te adormeceu quando encostei seu rosto no meu peito para proteger teus sonhos. Tem horas que quero te dar um não e acabo te dando um sim. Busco na serenidade e no senso de jus­ tiça a devoção para o meu doar. Gosto de te oferecer a coragem dos gestos que incorporei quando percebi suas guerras contra o medo. Ainda que isso signifique ter você longe dos meus olhos, te dou a liberdade que aprendi nas ruas. Dou-te a emoção que tem o poder de brotar lágrimas nos momentos em que só era para ter sorrisos. Não se preocupe com os dias de chuvas, porque nos meus planos estão os tempos de sol que plantei na certeza de você colher. Como não en­ tendo de destino, te ofereço um caminho que passa por entre os canteiros de flores que cultivei para você, esperando que você possa fazer com elas coroas para suas vitó­ rias e ramalhetes para suas comemorações. Ofereço abraços para transmitir a chama de esperança que aquece as nossas vidas. Estou sempre te oferecendo o que aprendi e o que ainda vou aprender. Nas noites claras te dou o luar, ora azul ora dourado, que ilumina os passos que damos de mãos dadas. Com a espera te dou também a esperança. Esse brilho que faísca em meus olhos eu também te dou porque vem de você. Sonho com você os sonhos que faço bordado nos pontos desenhados sobre os passos que serpen­ teiam a dança coreografada pela inspiração do amor. Sei que às vezes te dou a dor de quem ama, mas para compensar te dou logo o esquecimento. Dou tanto de mim e mesmo assim te dou tão pouco. E mesmo que eu te dê a vida e o mundo, nunca vou te dar na mesma intensidade a felicidade que você colocou na minha vida.


enfoque franca | julho 2018|23


|Artigos

Rafael Mulé Bianchi

OAB/SP 405.571 Associado do escritório Dalmo Branquinho & Prior Advogados

| negócios Bloqueio de CNH de devedor É sabido por nós que no Brasil existe um vasto número de devedores de diversas espécies de dívidas. Vínhamos verificando, através da prática advocatícia, que muitas dessas dívidas não eram adimplidas, diante da ausência de métodos coercitivos legal­ mente previstos. Ocorre que, atualmente, diante da recente alteração da nossa legislação processual, diversos juízes vêm aplicando métodos co­ ercitivos, não previstos em lei, para que os devedores paguem suas dívidas. Isso está ocorrendo em razão do artigo 139, inciso IV, do Novo Código de Processo Civil, que estabe­ lece que o juiz pode aplicar todas as medidas coercitivas para assegurar o cumprimento de ordem judicial, até para as ações de cobrança. Diante desta autorização legislativa, alguns juízes estão determinando a apre­ ensão de CNH e passaporte, bloqueio de cartões bancários, dentre outras ações. Porém, este tema é controvertido pelos estudiosos do Direito. Alguns doutrinadores entendem que estas determinações são penas restritivas de direitos, não podendo ser utilizadas no âmbito civil. Já os demais defendem a utilização destas medidas, em respeito aos princípios da eficiência e efetividade. O entendimento que nos parece mais correto, que vem sendo adotado pelo STJ, é o de que estes métodos podem ser adotados, desde que sejam respeitados os princípios da razoabilidade e proporcionalidade e desde que as medidas coercitivas tradicionais pre­ vistas legalmente não se mostrem suficientes para a efetividade da ordem judicial. Recentemente, o STJ manteve a apreen­ são de CNH de um devedor, entendendo que esta medida não fere o direito constitucional de ir e vir. Contudo, no mesmo julgamento, o mesmo tribunal proibiu a apreensão do passaporte do inadimplente, por ser medida desproporcional no caso. Portanto, podemos concluir que o tema não é pacífico e deve se verificar caso a caso qual a medida deve ser adotada, mas não podemos deixar de regis­ trar que é um avanço para o Direito. 24| enfoque franca | julho 2018

Vivian Ravanhani F. Boaventura

Fisioterapeuta – Clinica Boaventura

|viver bem

Katia Simone Santos da Silva Psicóloga - CRP 06/112511

|comportamento

Fisioterapia pós-cirurgia plástica

Dependência Química e o tempo

Segundo a Sociedade Brasileira de Cirur­ gia Plástica, o Brasil é o segundo país que mais faz cirurgias plásticas estéticas, perden­ do apenas para os Estados Unidos. A cada três anos, são realizadas mais de 1.000.000 de cirurgias estéticas no nosso país. Na cirurgia plástica, como qualquer ci­ rurgia, podem surgir complicações. As mais comuns são: edema, equimose, hematoma, seroma, fibroses e deiscência. Mediante a estas complicações, a Fisioterapia Der­ matofuncional é muito recomendada no pós operatório pelos cirurgiões plásticos. O fisioterapeuta detém conhecimento em recursos manuais, obtendo melhor per­ cepção nas alterações teciduais, intervindo com técnicas que melhoram a textura da pele, estimulando a eliminação de nódulos fibróticos no tecido subcutâneo, reduzindo do edema, atenuando as aderências teci­ duais, recuperando as áreas com hipoes­ tesias e, consequentemente, favorecendo a recuperação e o retorno mais rápido do paciente nas suas atividades de vida diárias, considerando que os pacientes submetidos à cirurgia plástica, além de buscarem uma boa recuperação com um mínimo de des­ conforto, querem também que seja breve para voltarem a sua rotina. Para isso, irá uti­ lizar vários recursos fisioterapêuticos, como o TENS, o LED, a radiofrequência, ultrassom de 3MHz, o laser de baixa frequência, a mo­ bilização tecidual, a fisioterapia respiratória e a cinesioterapia, objetivando prevenir e/ ou minimizar os efeitos que ocorrem nos tecidos durante o processo de cicatrização. Irá orientar de forma segura sobre amplitu­ de de movimento que pode ser realizada, postura mais adequada e auxiliar no alívio de dores, além de promover a progressão gradual para suas atividades físicas. Em suma, o pós-operatório não se resume apenas em sessões de drenagem linfática. É necessário ter conhecimento prático e científico para realizar um trata­ mento completo, observando o indivíduo como um todo, e não focar apenas na cirurgia realizada.

A dependência química é uma doença reconhecida pela OMS, que vem passando por mudanças ao longo dos tempos. Hoje em dia não temos mais usuários de drogas como antigamente, aliás, não só os usuários de drogas são os mesmos, como as drogas também têm mudado. Falar sobre drogas sempre foi um tabu. Tanto entre as famílias como na sociedade, esse é um assunto sempre evitado. Os anos 80 e 90 foram tempos onde os grandes hits e os maiores sucessos se evidenciaram, mas também o uso de drogas por parte de grandes nomes da nossa musica vieram à tona. Quem não se lembra das notícias da morte de alguns cantores como a cantora Ellis Regina e o cuidado da mídia para não dizer a causa do óbito? E tantos outros cantores, composi­ tores e artistas famosos e ricos de talentos que morreram de overdose, sem saber que havia um tratamento para sua doença? Quando eu me refiro às mudanças con­ textuais sobre a droga e seus efeitos sobre o sujeito, falo sobre algo atemporal, mas que perceptivelmente passou por mudanças. Mudanças tanto na nomenclatura, como nas combinações químicas dos componen­ tes das substâncias. Hoje nomeamos o de­ pendente químico, o adicto e o toxicômano, para precedermos alguém que necessita de uma substância, de um objeto, etc. E que necessita se satisfazer ou se realizar de uma forma mais plena. Antes, com todas as diferenças da relação que o sujeito tinha com a forma de lidar com a falta e com as frustações, a interferência da droga na vida das pessoas tinha uma menor frequência. No entanto, havia belíssimas produções. Hoje a frequ­ ência do uso e da droga na vida do sujeito é muito maior e isso é influenciado por vários fatores, um deles, e talvez o pior, é o ócio. Por esse e muitos outros motivos, hoje nomeamos os dependentes químicos também como adictos, que adicionam à sua doença mais e mais transtornos que o impossibilitam de falar, de produzir e interagir com o outro.


|indicador de saĂşde enfoque franca | julho 2018|25


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26| enfoque franca | julho 2018

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|Artes

...Eu não conhecia minha própria força/E eu me abati e desa-bei/Mas eu não desmoronei/Passei por toda dor/Eu não conhecia minha própria força/Sobrevivi ao meu tempo mais sombrio/Minha fé se manteve viva/Eu me tomei de volta/Levantei minha cabeça bem alto/Eu não fui feito para falhar/Eu não conhecia minha própria força...”. O trecho da música “I Didn’t Know My Own Strengh – “Eu Não Conhecia Minha Própria Força”, de Whitney Houston traduz com perfeição o que tem sido a trajetória de João Paulo Monteiro Dias que, aos 26 anos de idade, é considerado um dos melhores bailarinos da nova geração. “Passei por muitas dificuldades e preconceito nas escolas que frequentei, nas ruas e até mesmo por parte de minha família, mas cheguei aqui por acreditar no que faço e acredito que eu sou a dança”, revela. João Paulo descobriu a dança por volta dos cinco anos. “Ouvia uma música e já começava a dançar, até no supermercado dançava pelos corredores”, conta. Sua mãe, que ao perceber essa vocação, procurou uma escola que pudesse oferecer uma bolsa de estudos para o filho dançar balé, já que na época eles não tinham condições de pagar. “Minha mãe tinha o sonho de fazer balé, mas por falta de recursos financeiros nunca conseguiu realiza-lo. Então me ajudou a concretizar o meu”, diz.

Hoje João Paulo se dedica exclusivamente à dança, atuando como professor, coreógrafo e bailarino profissional

Trajetória de ascensão

João Paulo começou a estudar balé aos 12 anos, mesmo com a resistência do pai. “Ele nunca me apoiou ou foi em alguma apresentação minha; presenciei várias situações ruins dentro de casa, até que minha mãe decidiu se separar. E foi no balé que encontrei uma ferramenta para extravasar. Com a dança me desligava de tudo e vivia o meu mundo, o mundo que sonhava ser o ideal pra mim”, afirma. Apesar das dificuldades e do preconceito, o bailarino nunca questionou sua escolha. Hoje se sente orgulhoso de se dedicar exclusivamente à dança: é professor, coreógrafo e bailarino. Não bastasse isso, João Paulo vem acumulando reconhecimento, através de importantes premiações nacionais e internacionais. A mais recente foi no “Norte Festival Dance” e “Festival de Dança de Portugal”, onde ele conquistou o 1º lugar com a variação de Clássico de repertório de “Don Quixote”, e brilhou ao lado da bailarina Ana Beatriz Lopes, conquistando o 2º lugar com Pas de Deux Clássico de repertório – “Águas Primaveris”. “Desde 2015 tenho sido premiado com 1º, 2º e 3º lugares e

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com premiações de destaque como ‘Melhor Bailarino’, ganhando prêmios em dinheiro e sempre representando a Escola Raquel & Camilla Ballet, que abriu as portas para mim e que acreditou em meu trabalho e potencial”, diz. Mais do que talento, João Paulo credita sua desenvoltura no balé aos muitos anos de estudos, treinos e dedicação, rotina que conserva ainda hoje. “Quando me inscrevo em uma competição, procuro dar o meu melhor e só de pisar no palco já me sinto realizado e feliz em fazer o que amo. Quando se faz algo por amor, os resultados são claros”.

Os personagens

Um talento que se revela nas pontas dos pés e na sensibilidade de movimentos

Ao longo de sua trajetória, João Paulo já realizou o sonho de performar dois personagens – o Basílio, de “Don Quixote”, e o Ali, de “O Corsário”. “Agora quero interpretar Albrecht, do repertório ‘Giselle”, diz ele, que busca inspirações em bailarinos de grandes companhias e estuda como a história é contada antes de performar o personagem. Paralelamente a isso, João Paulo cria alguns trabalhos solos para levar a festivais, que, na maioria das vezes, são baseados no que ele vive. “Talvez seja uma forma de gritar um pouco do que estou passando, algumas coisas boas, felizes, outras ruins, tristes. Então minha própria vida acaba sendo minha inspiração na dança”, diz. E justiça seja feita: muito do que vem se tornando como profissional, João Paulo diz ser obra de sua mãe. “Ela é minha inspiração para tudo, mulher guerreira, batalhadora, nunca se mostrou fraca”, diz o bailarino, que também agradece aos seus mestres na dança, que sempre o encorajaram, ensinaram e que estão ao seu lado até mesmo se precisar deles como família. e

Considerado um dos melhores bailarinos da nova geração, João Paulo tem vários prêmios nacionais e internacionais


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|Literatura

D

esde crianças elas compartilham a paixão por ouvir boas histórias. E foi a inspiração delas e de tantas outras histórias ouvidas, lidas e vividas ao longo de suas vidas, que levou as irmãs Adriana Cristina Araújo e Érica Aparecida Araújo a mergulharem no universo literário. “Na escola, enquanto alguns colegas de classe detestavam a aula em que tínhamos que escrever uma redação, para nós esse era um momento de magia e deleite para a nossa criação”, contam. De lá para cá, o contentamento com as palavras não mudou, pelo contrário, tem feito com que Adriana e Érica dividam com outras pessoas suas observações sobre a vida. “A maioria dos nossos textos proporciona ao leitor uma reflexão sobre si mesmo, principalmente as poesias e crônicas que abordam temas relacionados à amizade genuína, a força que advém da solidez da família, valores pessoais, autoconfiança, bem como, a importância de desenvolver a inteligência emocional para tornar seus dias mais saudáveis e tranquilos. “Somos colunistas em um jornal da nossa região e escrevemos há mais de quatro anos semanalmente. Então, temos muitos dos nossos textos publicados em diversas formas como crônicas, contos, poesias e outros. Assim como artigos da área acadêmica publicados em revistas e periódicos nacionais”, dizem.

As irmãs Adriana e Érica Araújo descobriram ainda crianças o fascínio pela literatura

Dia a dia cheio

Obras publicadas

Da coluna semanal do “JFP Notícias” para o lançamento de dois livros não demorou muito. O primeiro, “A Hora da Verdade – 12 ações práticas para instigar o planejamento e a melhoria contínua na vida pessoal, profissional e empreendedora”, foi lançado em 2016 pela Editora Leader. “Neste livro nos atentamos em desenvolver uma linguagem que flui, como um bate-papo que, além de apresentar algumas técnicas de gestão, possibilita realizar de uma forma agradável uma reflexão sobre o ‘eu interior’ e a relevância do desenvolvimento da inteligência emocional para o nosso crescimento como Ser”, salientam Adriana e Érica, que compartilham uma metodologia simples e aplicável em 12 ações, que orienta o leitor a criar planos, identificar pontos fortes, pontos críticos, ameaças e oportunidades para transformar seus sonhos em objetivos e metas alcançáveis. O segundo livro, “Poesias & Cores: o tom da vida” foi lançado em maio deste ano pela Ribeirão Gráfica e Editora. Para dar vida a ele, as irmãs se basearam nos ensi-

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namentos dos gurus “Inteligência Emocional”, que destacam a importância do despertar da maturidade emocional para se alcançar o equilíbrio e o sucesso no trabalho e na vida. “Utilizamos poesias e imagens para colorir como um convite ao leitor para apreciar um momento de pausa, enquanto assimila e amadurece cada verso dos poemas com a reflexão que lhe instiga pontos para o autodesenvolvimento”, explicam Adriana e Érica. A produção não para: agora estão finalizando outro trabalho literário com previsão de ser lançado ainda no segundo semestre deste ano.

Paixão pelas letras une duas irmãs que se transformam e ajudam a transformar pessoas

Administradora e Economista com pós em Ciências Sociais e Mestrado em Engenharia de Produção pela Universidade de São Paulo – USP, Adriana é palestrante nas áreas de planejamento estratégico, inteligência emocional, vendas, gestão de equipes e liderança. Já Érica é administradora, especialista em Controladoria e Finanças com Mestrado e Doutorado em Engenharia de Produção pela Universidade de São Paulo – USP, atuando como coordenadora e docente do Curso de Tecnologia em Gestão da Produção Industrial – FATEC – Franca. Érica também profere palestras nas áreas de planejamento estratégico, inteligência emocional, vendas, gestão de equipes e liderança. Apesar da correria, ambas vivenciam a literatura em seu dia a dia. “Quando escrevemos, sentimos a liberdade de um pássaro que voa alto em busca de novos horizontes. Assim, cada letra do teclado nos possibilita estender nossas asas e criar algo proveitoso ao ser lido”. Para conhecer o trabalho delas: Facebook e Instagram: AdrianaeEricaAraujo. e

Adriana e Érica publicaram “A Hora da Verdade” e o “Poesias & Cores: o tom da vida”


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|Música

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onversão, mudança de vida. É essa a proposta das letras da Banda Prophecya, que surgiu há dois anos com o objetivo de transmitir uma boa mensagem através da música. Formada pelos amigos Adriano Leite – bateria; Claudiney Galeti – voz e guitarra; Mateus Granero – baixo, e William Algarte – teclado, a Prophecya traz influências do new metal internacional, com melodias e batidas fortes que interagem com letras impactantes e que levam à reflexão. “Todos os músicos da banda atuam ou já atuaram no meio cristão. Então foi natural seguir por esse segmento do rock cristão”, explicam. A estética do rock emoldurado com mensagens cristãs tem permitido à Prophecya atingir públicos diversos, independente da religião. “Música para nós é bem mais que melodia e letra. Música é sentimento, é emoção, é dom de Deus e se analisarem nossas composições verão que elas possuem um contexto de sofrimento e dificuldades característicos dos tempos atuais, mas também trazem uma mensagem de fé e esperança que nos impulsiona a vida”, observam Adriano, Claudiney, Mateus e William, que desejam, através de suas músicas, que as pessoas percebam esse contexto e a mensagem, se identifiquem e se sintam bem de alguma forma, sempre pensando numa vida de paz.

Há dois anos os amigos Adriano, Claudiney, Mateus e William se uniram para levar a mensagem de fé e amor através da música

Composições próprias

Tendo a música como uma verdadeira missão, a Banda Prophecya possui composições próprias. Inclusive já produziu e masterizou 10 delas, as quais integram o seu primeiro CD – “Apocalipse” – lançado este ano e disponível nas principais plataformas digitais, como Spotify, Deezer e outras. “Mas as composições em pré-produção são muitas. Temos mais de 30 e elas serão lançadas gradativamente no decorrer do tempo”, comenta Claudiney, que assina todas as composições de “Apocalipse”, produzido por Ricardo Domingues no Estúdio Síncopa, em Campinas (SP). E é com sua voz marcante que ele dá vida a todas elas, levando muito mais do que música, mas a mensagem de esperança e amor, talvez até surpreendendo muitas pessoas sobre o quanto o gênero do rock dentro da música cristã é rico e gigante, cheio de pérolas musicais, seja em termos de letra ou melodia. É que o rock cristão produzido pela Prophecya fala da essência do evangelho de forma profunda, mas cotidiana, usando a linguagem do dia a dia. Entre as canções que se trans-

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formaram em clipe e que conquistaram admiradores estão “Meu Sangue”, “Apocalipse” e “Perto do Fim”, o que para os músicos é motivo de alegria e satisfação. “A repercussão das pessoas nos shows e lugares que passamos nos dão indícios que estamos no caminho certo. Ouvi-las cantando nossas músicas, se emocionando e dando testemunho disso não tem preço”, garantem Adriano, Claudiney, Mateus e William, que costumam divulgar o trabalho da Banda Prophecya através das redes sociais e rádios. “As pessoas têm curtido nosso trabalho; estamos muito satisfeitos com esse retorno”.

Planos a curto prazo

Através do rock, ela propõe a conversão e leva mensagem de fé e amor

Quando estão no palco, os músicos procuram priorizar uma boa execução das músicas – para eles, a técnica é fundamental – para ser agradável aos ouvidos do público. Depois, acreditam que as letras das canções falam por si só. “Geralmente, nós e a plateia nos deixamos levar pela emoção e a unção que Deus nos dá; o resultado é maravilhoso: um show geralmente transformador”, salientam. Um dos projetos da Banda Prophecya é lançar ainda neste segundo semestre de 2018 um novo clipe. O planejamento para 2019 prevê realizar o lançamento do DVD ao vivo da banda. E enquanto isso não se realiza, os músicos seguem com sua missão. “Fazemos música porque gostamos e porque Deus nos permite fazer. O que vier depois disso é acréscimo”, acreditam. Para conhecer mais sobre o trabalho da Banda Prophecya basta acessar suas redes sociais: Facebook e Instagram – Prophecya; seu site: www.prophecya.com.br e seu canal no Youtube. e

Com o estilo de rock cristão, a Banda Prophecya possui canções próprias e lançou neste ano seu primeiro CD, o “Apocalipse


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|Como Funciona

A energia que faz funcionar O

papo está ótimo, mas, de repente, a bateria do celular acaba. Também, não é para menos, depois de horas e horas de conversa, um dia ela precisa ser recarregada. Ou então, depois de dias tirando fotos durante a viagem, é preciso recarregar a bateria da máquina. Tudo mundo que utilize a tecnologia sabe que a bateria é um dos itens imprescindíveis. Mas afinal, como funciona uma bateria e como ela armazena energia? Existem dois processos químicos opostos: a redução e a oxidação. Você tem um material químico que vai perder elétrons e um que vai receber elétrons. Enquanto um perde, ele vai oxidando - tipo enferrujando, ferrugem é um tipo de oxidação -, e o outro recebe elétrons. Esse processo é chamado redox. Essa reação acontece independente do celular estar ligado ou desligado. Quando ele liga, acontece da mesma forma que na tomada de luz de casa: o circuito se põe no meio desse “caminho”, e começa a catalisar a reação, ou seja, acelera o processo. Conforme ele pede mais energia, mais rápido o processo ocorre. Chega um momento em que o material começa a não conseguir soltar elétrons, então acaba o processo e a bateria acaba. Quando você coloca na tomada, o carregador consegue inverter isso, fazendo o processo de redução do material oxidado, coisa que não acontece em qualquer pilha comum, por exemplo. Isso só acontece porque os materiais que compõem a bateria de celular são muito overpower e conseguem fazer e refazer o processo várias vezes. A diferença desse processo para o outro é que em condições normais essa “carga” da bateria não volta para a condição inicial, então você precisa “injetar” eletricidade para que o material tenha energia. Tendo energia sobrando, ele começa a devolver para o material. Isso também explica porque quando você coloca o celular na tomada – sem bateria - ele continua reclamando

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que está sem bateria e às vezes acaba. Mas se ele está na tomada, porque acaba? É porque ele não pega a energia da parede. Depois de muito fazer e repetir esse processo, o material vai diminuindo de tamanho, de tanto perder e ganhar elétrons. Ele um dia acaba piorando e vai perdendo potência. Alguém já tentou ligar um daqueles celulares antigões com a bateria original? É bem provável da bateria não funcionar mais, de tanto tempo que ela ficou parada. Demora um tempo no carregador para ela normalizar – a tal primeira carga de bateria celular, para compensar o tempo parado na caixa.

Quanto dura uma bateria?

A capacidade de uma bateria de armazenar carga é expressada em ampère-hora – 1Ah = 3600 coulombs. Se uma bateria puder fornecer um ampère – 1A - de corrente – fluxo – por uma hora, ela tem uma capacidade de 1 Ah em um regime de descarga de 1h – C1. Se puder fornecer 1 A por 100 horas, sua capacidade é 100 Ah em um regime de descarga de 100h – C100. Quanto maior a quantidade de eletrólito e maior o eletrodo da bateria, maior a capacidade da mesma. Assim, uma pilha minúscula do tipo AAA tem muito menos capacidade do que uma pilha maior – por exemplo, do tipo D -, mesmo que ambas realizem as mesmas reações químicas – por exemplo, pilhas alcalinas. Por causa das reações químicas dentro das pilhas, a capacidade de uma bateria depende das condições da descarga tais como o valor da corrente elétrica, a duração da corrente, a tensão terminal permissível da bateria, a temperatura, e os outros fatores. Os fabricantes de bateria usam um método padrão para avaliar suas baterias. A bateria é descarregada em uma taxa constante da corrente sobre um período de tempo fixo, tal como 10 horas ou 20 horas. e


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|Saúde

Uma corrida contra o tempo

DOAÇÃO DE ÓRGÃOS CRESCE NO PAÍS, MAS EM FRANCA ÍNDICE DE RECUSA FAMILIAR AINDA É GRANDE

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risteza para alguns, alegria para outros. É tênue a linha que separa a questão da doação de órgãos, gesto considerado altruísta e que pode salvar muitas vidas. Embora a maioria das pessoas saiba da importância desse gesto de amor ao próximo, muitas ainda se recusam a ajudar. Pelo menos é esse o retrato em Franca, onde o índice de recusa familiar é considerado muito alto – ele gira entre 36% a 41% para córneas e 41,75% para múltiplos órgãos. A média de recusa nacional é de 42% segundo dados da ABTO - Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos. “O que se percebe é que a maioria das pessoas tende a evitar o assunto na vida diária. Talvez a relação do tema com o estado de morte cause essa rejeição, porque a morte sempre traz sentimentos de tristeza e dor”, observa a en-fermeira e integrante da CIHT - Comissão Intra-Hospitalar de Transplantes da Santa Casa de Franca, Nanci Dias. Cr iada há 15 anos para organizar dentro do âmbito

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José Marcos passou por um transplante de rim entre vivos, graças à compatibilidade com seu irmão Alexandre

Nair perdeu seu filho Saulo aos 31 anos vítima de acidente de moto e não pensou duas vezes para atender a vontade dele

hospitalar o serviço de procura e captação de órgãos e tecidos para t ransplantes, a CIHT desenvolve basicamente duas atividades: a captação de múltiplos órgãos - doador em morte encefálica – cerebral - e o Projeto Luz - captação de córneas - doador em morte de coração parado. “A proposta da CIHT é contribuir para que pessoas que estão na fila e cujo transplante é a única solução possível, possam obter um órgão para continuar

vivendo”, salienta Nanci. Por isso sua importância, uma vez que acompanha e participa de todo o processo de captação de órgãos e tecidos interagindo com as outras equipes locais e regionais no sentido de viabilizar o processo, zelar pela qualidade do órgão doado, contribuir para a segurança do receptor e apoiar de forma humanizada a família doadora.

Resultados positivos

Foi graças a esse trabalho que ao longo dos últimos anos Franca e região foram responsáveis pela doação de 180 rins, 88 fígados, 10 pâncreas, 12 ossos, sete corações, além de mais de cinco mil unidades de córneas. “Acreditamos que, se continuarmos levando a informação, estimulando as pessoas a pensarem sobre a importância da doação de órgãos no sentido de salvar outras vidas e proporcionar o melhor para outras pessoas, a cultura que existe hoje em Franca possa mudar e esses números aumentarem”, observa Nanci. Foi graças ao trabalho realizado pela CIHT que a família de


Saulo Thiago Ferreira se lembrou de sua vontade: o de quando falecesse, gostaria de doar seus órgãos. “Quando o médico deu o diagnóstico de morte cerebral, minha filha Sandra se lembrou de uma conversa que teve com meu filho quando ele foi passar uns dias em sua casa, no Paraná. E decidimos atender seu desejo”, conta a aposentada Nair Maria Ferreira, 72 anos, que ainda lida com a saudade do filho falecido aos 31 anos, em dezembro de 2017, vítima de acidente de moto. Ele doou fígado e rins. “Sinto muito a falta dele, mas também em sinto feliz por ter podido ajudar a salvar outras vidas. Inclusive, quando eu morrer, se puder doar alguma coisa, doarei com muito amor e prazer”. Assim como a família de Saulo, outras tantas contribuíram para o Brasil quebrar um recorde nacional muito positivo em 2017: realizou quase 27 mil transplantes. Só no estado de São Paulo houve aumento de 22% no número de doadores no ano passado, em comparação a 2016. Atualmente, o estado responde por cerca de metade dos transplantes realizados em todo o país. No entanto, apesar do crescimento do número de doadores e transplantes efetivados, ainda é longa a fila de espera por um órgão. Segundo a ABTO, são mais de 41 mil pessoas nessa condição – em São Paulo são 15.162 - e a

demanda maior é por transplante de rim: 26.507 – sendo 10.682 só no estado de São Paulo. Em segundo lugar está o transplante de córnea, com 11.413.

Doação entre vivos

O correspondente bancário José Marcos Victor, 51 anos, sentiu na pele a importância da doação de órgãos, após ter seus rins prejudicados por conta da hipertensão arterial. “Tenho hipertensão desde os 28 anos e há seis a pressão acabou com meus rins, mesmo tomando remédios para pressão alta, porém sem acompanhamento médico. Os rins têm apenas 6% de funcionamento, daí a necessidade de um novo rim”, conta. E após fazer um ano e três meses de hemodiálise – pior

Nanci diz que a principal dificuldade é a falta de conhecimento do processo e da importância de se permitir a doação

A Comissão Intra-Hospitalar de Transplantes da Santa Casa de Franca completou 15 anos celebrando avanços na área

período que considera ter vivido, já que apesar da máquina limpar as impurezas do sangue, levava junto os nutrientes do corpo, deixando-o extremamente fraco, José Marcos foi encaminhado para transplante. Mas seu sofrimento poderia ter sido abreviado, uma vez que com quatro meses de hemodiálise ele procurou o Posto de Saúde de Franca com seus dois irmãos com sangue compatível em 50%. Só que foi informado de que a compatibilidade de 50% era baixa e não se fazia transplante com esses índices. Conversando com um amigo, após seis meses, descobriu o telefone do Hospital do Rim, ligou e quatro meses depois fez o transplante. “O índice de compatibilidade de sangue acima de 20% já pode transplantar, segundo me foi informado”, ressalta. A cirurgia foi feita no Hospital do Rim e Hipertensão de São Paulo, onde ele ficou 13 dias internado e 30 dias em São Paulo na casa de familiares para retornos periódicos pós-transplantes. “Hoje faço acompanhamento trimestral no Hospital do Rim, mas tenho uma vida normal, apenas evito excessos e tomo remédios imunossupressores diariamente”, diz. O transplante de José Marcos completou quatro anos e quatro meses e, desde então, diz que o valor à vida se intensificou. “Tenho uma gratidão muito grande pelo meu irmão Alexandre por enfoque franca | julho 2018|39


ter me doado um rim, porque sem ele eu não estaria aqui”, afirma.

Todo o processo

A rede pública de transplantes do país – e isso inclui a Santa Casa de Franca - é uma das mais organizadas e eficientes do mundo, e o número de doadores cresceu desde que a legislação sobre o tema entrou em vigor, há cerca de 20 anos. Hoje a Santa Casa possui parceria com o São Joaquim Hospital e Maternidade no Projeto Luz - captação de córneas, e é credenciada pelo Ministério da Saúde para a realização de transplante de córneas através da médica oftalmologista Raquel Mariana Liporoni Toledo. As cirurgias são realizadas no Hospital do Coração e até julho de 2017 foram realizados 154 transplantes de córneas na cidade. Mas nem todos os órgãos captados em Franca permanecem no município. De acordo com Nanci, eles vão para onde estiver o receptor compatível dentro ou fora de Franca ou do Estado de São Paulo. “Pode voltar para a cidade, é claro, desde que o Cadastro Técnico Único do Sistema Único de Saúde SUS identifique o receptor aqui.

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No caso dos tecidos – córneas - a distribuição é regional”, esclarece a enfermeira, acrescentando que muitas voltam, com bastante frequência, para serem transplantadas em pacientes de Franca e dos outros 22 municípios que a Santa Casa atende. O processo que envolve a doação e captação de órgãos é simples. No caso da morte encefálica – cerebral - um protocolo é aberto para investigação e confirmação do diagnóstico. Se Uma pessoa com órgãos em boas condições e nenhuma doença que contra indique a doação, pode beneficiar 10 outras pessoas

A proposta da CIHT é contribuir para que as pessoas que estão na fila possam obter um órgão para continuar vivendo

confirmado, a família é informada da possibilidade da doação dos órgãos do ente familiar. Se a resposta é positiva para doação, este potencial doador é sinalizado pela CIHT e a partir daí, inicia-se uma série de exames para comprovação da qualidade dos órgãos e também a convocação do receptor compatível pela Central de Transplante do Estado. Em relação à captação de córneas, no momento do óbito, a família é acolhida e informada da possibilidade da doação. Se sim, a captação das córneas é realizada pela equipe de enfermagem da CIHT devidamente capacitada e certificada pelo Banco de Olhos do Hospital das Clínicas do HC de Ribeirão Preto para executar a Enucleação e encaminhar o tecido. Todos os órgãos podem ser doados: desde coração, rins, fígado, pulmões, pâncreas, intestinos, válvulas cardíacas, pele e até ossos. Uma só pessoa, se estiver com os órgãos em boas condições e nenhuma doença que contra indique a doação, pode beneficiar no mínimo 10 outras, o que comprova que doar é muito mais que um ato de coragem. É um ato de bondade, é permitir que outras pessoas possam continuar a viver. e


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|Saúde

Alinhando o corpo e a saúde

COM MANIPULAÇÃO ARTICULAR, QUIROPRAXIA ELIMINA DORES, TRATANDO VÁRIOS PROBLEMAS DE SAÚDE

A

ssim como um carro, o corpo humano também tem uma mecânica. Para funcionar a todo vapor, ele deve estar bem alinhado. Se isso não acontece, o corpo acende o sinal vermelho e as dores aparecem. Uma das mais comuns é a dor nas costas. Causada pela má postura, ela pode representar até mesmo problemas mais graves, como hérnias de disco. Conforme dados da Organização Mundial da Saúde - OMS, 80% da população mundial sofrerão com problemas na coluna em algum momento da vida. Mas, independente da gravidade, opções é que não faltam para tratá-los. Sem envolver medicamentos, nem técnicas invasivas, a quiropraxia é uma delas. Por meio da manipulação articular, ela trata lombalgias - dores na lombar, cervicalgias dores no pescoço, cefaleias - dores de cabeça, alterações de postura, hérnias de disco, bem como problemas musculares, como distensões e tensão exagerada. “A quiropraxia lida com o diagnóstico, tratamento e a prevenção das desordens do sistema neuro-músculo-esquelético, sendo aplicada pelo fisioterapeuta através de técnicas específicas

chamadas de ‘ajustes’. Existem diversas técnicas para restaurar a movimentação articular, aliviar as dores e relaxar a tensão muscular”, explica o fisioterapeuta da Clínica Pró-Columna, especialista em Quiropraxia pelo Conselho Federal de Fisioterapia, Eduardo Miranda. A quiropraxia consiste no movimento rápido e preciso, normalmente acompanhado por um estalo. O processo tende a encurtar o período da dor, propicia melhora no quadro geral e, consequentemente, o retorno mais breve do paciente para suas atividades cotidianas. O tratamento quiropráxico é mais completo que uma massagem terapêutica. Atinge níveis profundos do corpo humano, como as articulações e tecidos adjacentes. Os tecidos nervosos também são trabalhados com a quiropraxia.

Avaliação prévia Segundo Eduardo, a quiropraxia atinge níveis profundos do corpo humano, como as articulações e tecidos adjacentes

“Já a massagem trabalha apenas em nível muscular, não atingindo tecidos mais profundos”, esclarece Eduardo, acrescentando que quando o paciente opta pelo tratamento com a quiropraxia e vai direto no profissional, as indicações cirúrgicas diminuem – pesquisa confirmou que dos

trabalhadores com dor nas costas que tiveram seu primeiro contato com fisioterapeuta quiropraxista, apenas 1,5% precisou de cirurgia. Além disso, os resultados da quiropraxia se mostram muito eficientes: 94% dos pacientes tratados com manipulação quiropráxica apresentaram uma redução de 30% na dor lombar em até quatro semanas. Mas para um tratamento de sucesso, o fisioterapeuta destaca que o paciente deve passar por uma avaliação minuciosa e obrigatória, uma vez que seu resultado é que guiará todo o tratamento. Portanto, o sucesso do tratamento está na realização de uma boa avaliação, principalmente porque existem contraindicações. “Não trabalhamos em casos clínicos graves, como fraturas recentes, câncer, infecções na coluna como a osteomielite, e a quiropraxia também não está indicada em casos neurológicos como AVC, Parkinson e Alzheimer”, completa. Considerado um método seguro, a quiropraxia apresenta resultados em muitos casos já nas três primeiras sessões – percebe-se a diferença na dor, na diminuição da tensão muscular e na melhora do movimento. “Mas há casos mais crônicos, pacientes com mais de cinco anos sentindo dor, por exemplo, logo, mais sessões são necessárias para atingirmos os objetivos do tratamento”, salienta o fisioterapeuta. e

No foco

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Eduardo Miranda – Fisioterapeuta Especialista em Quiropraxia pelo Conselho Federal de Fisioterapia – Coffito; Professor de Quiropraxia pela ANAFIQ – Associação Nacional de Fisioterapia em Quiropraxia e Fisioterapeuta em Nível Avançado e membro ativo da ANAFIQ registro nº 106 MAP Telefones (16) 3721-4184 / 9.8115-4535 – WhatsApp


|Nutrição

Uma raiz ultrapoderosa

MACA PERUANA SE COMPROVA EFICAZ PARA AUMENTAR FERTILIDADE, FORÇA E AINDA PREVINE O DIABETES

T

ípica do Peru, ela chegou ao Brasil há algum tempo e vem atraindo esportistas e especialistas em nutrição. Considerada uma raiz poderosa e capaz de influenciar diversas funções no organismo e gerar mais energia e bem-estar, entre outras coisas, a maca peruana vem sendo usada desde o tempo dos incas por ser um alimento capaz de dar força aos seus guerreiros, vitalidade e fertilidade. Segundo a nutricionista Ana Márcia Vitor, a maca pertence à mesma família do brócolis, couve-flor, couve e do rabanete. Conhecida como ginseng peruano, é uma das raízes mais fortes como alimento, uma vez que possui todos os macros e uma boa quantidade de micronutrientes. “São mais de 30 minerais e oligoelementos, principalmente, cálcio, ferro, magnésio, selênio, fósforo”, afirma. Ela ainda enumera as vitaminas do complexo B, A, C e outros nutrientes, como as

fibras. Entre todas as raízes, a maca é que possui mais gorduras saudáveis. “O principal destaque é que essa raiz e um excelente adaptogêncio. O que significa isso? Ajuda a modular e a equilibrar todo o nosso sistema glandular, hormonal, muscular e cardiovascular”, diz.

Benefícios comprovados

Por tudo o que se mostrou ao longo dos últimos anos, já há algum tempo muitos estudos vêm sendo realizados por diversas universidades e centros de pesquisa. Dentre alguns, destacam-se os seguintes benefícios da maca peruana: aumento da produção de espermatozoides; aumento do desejo sexual; redução da mortalidade de embriões; aumento dos níveis de proteínas totais e albumina sérica no organismo auxiliando no ganho de massa muscular; é um poderoso antioxidante, tanto quanto a vitamina C; aumenta a facilidade de aprendizado; controla os fatores hormonais, principalmente

Maca peruana se tornou a queridinha no meio fitness e de saúde, por proporcionar inúmeros benefícios

para quem sofre com sintomas da menopausa e de desequilíbrio no período menstrual; combate o diabetes – a maca peruana diminui a velocidade da absorção de glicose pelo corpo graças ao alto teor de fibras e também inibe a ação de uma enzima que atua no processo de digestão. Isso evita a liberação de grandes quantidades de insulina de uma só vez, o que poderia causa resistência celular à substância, favorecendo o diabetes; previne a osteoporose; é antidepressivo e anti-estresse. “Além disso, a maca tem excelentes concentrações de fósforo, cálcio, ferro e proteínas, porém contém muito carboidrato, o que a deixa calórica. Mesmo assim, ainda é aconselhada para pessoas que estejam em dieta de redução de peso, pois é rica em fibras e dá mais saciedade”, salienta a nutricionista. Ela orienta que o consumo deve ser feito de uma a duas colheres de sopa por dia. “O alimento pode ser diluído na água, em sucos e em bebidas quentes”, esclarece. A maca peruana também pode ser consumida em cápsulas. Ana Márcia ainda recomenda o consumo durante um mês e depois uma pausa de uma semana. “A dose recomendada é de 400 a 1000 mg/dia, na forma de cápsulas ou pó. O importante no caso de qualquer fitoterápico é verificar a origem, pureza e concentração do produto, portanto, verificar se a maca que vai consumir é de procedência segura”, salienta Ana Márcia, acrescentando que ela pode ser encontrada em farmácias e laboratórios de manipulação, mas é um nutricionista, nutrólogo ou outro profissional que irá definir a dose a ser consumida por cada pessoa. e enfoque franca | julho 2018|43


|Mulher

Muito mais que “frescura”

ATINGINDO DE OITO A CADA 10 MULHERES, TPM MOBILIZA PESQUISADORES EM BUSCA DE SOLUÇÃO

N

ão existem exames que comprovem a TPM, mas o fato é que oito em cada 10 mulheres em idade reprodutiva sofrem com a síndrome pré-menstrual. O assunto é tão sério que mobiliza pesquisadores, médicos, psicólogos e cientistas que procuram encontrar soluções para as mulheres passarem pelo período sem sentir desequilíbrio ou angústia. “Tensão Pré-Menstrual é uma síndrome e deve ser cuidada. Há mais de 200 sintomas que aparecem até 15 dias antes da menstruação e 90% das mulheres podem apresentar ou manifestar pelo menos um deles”, alerta a médica ginecologista Érica Mantelli. Entre os principais sintomas estão alterações de humor, como irritabilidade, agressividade e choro fácil – em alguns casos, profunda depressão, além de sonolência, insônia, cólicas, dor, rigidez nos seios, aumento ou diminuição do apetite e inchaço. “Cerca de 40% das mulheres sofrem com a

TPM de forma mais grave. Esses casos – que estão entre 5 e 8% - precisam de tratamento mais controlado. São eles que acabam com casamento, família e amizade”, observa. A TPM está diretamente relacionada às alterações hormonais que ocorrem no corpo da mulher no período pré-menstrual e menstrual. Normalmente, o ciclo de uma mulher dura cerca de 28 dias. Nos primeiros 14 dias desse ciclo, os níveis de estrogênio do corpo aumentam porque a mulher irá ovular, e é este o hormônio que traz a sensação de bem-estar. Porém, nos 14 dias seguintes o útero irá se preparar para possivelmente receber um bebê, por isso a parede dele engrossa, e caem os níveis de estrogênio, aumentando os níveis de progesterona.

Atenção redobrada

É essa alteração de hormônios que pode ocorrer de forma brusca, que traz sintomas muito incômodos à saúde da mulher. E se tudo Érica explica que há mais de 200 sintomas que aparecem até 15 dias antes da menstruação

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isso não bastasse, ao final dos 28 dias do ciclo, se o útero não tem u m bebê dentro, ele irá iniciar o processo de escamação de suas paredes, eliminando o endométrio por meio da menstruação. Durante esta fase, ocorre novamente uma queda hormonal, tanto do estrogênio quanto da progesterona. É por isso que algumas mulheres ainda sofrem muito os efeitos da TPM durante a menstruação. A médica reforça que o tempo de duração da TPM varia de sete a 10 dias antes da menstruação, e segue até o fim dela. Todavia, se a mulher apresentar os sintomas frequentemente após o término, possivelmente é um problema mais sério e o recomendável é buscar ajuda. Além disso, muitos desconfiam que a libido diminui durante este tempo, mas essa informação não procede. “Quando ocorrem as oscilações de humor, a mulher pode ficar com a autoestima baixa e, desse modo, sentir-se irritada, o que ocasiona menos vontade para as relações sexuais”, comenta a especialista. O uso excessivo de bebidas alcoólicas podem intensificar em até 80% os sintomas durante o período pré-menstrual. No entanto, a TPM tem tratamento. “A tensão pré-menstrual pode atingir graus mais severos e isso pode comprometer a qualidade de vida, o ambiente familiar, social e profissional. Em alguns casos mais graves, a TPM é tratada com medicamentos. Já nos casos mais simples, é tratada com uma rotina de atividades físicas e uma boa alimentação. Isso ameniza bastante os sintomas”, completa Érica. e


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|História

Homenagem aos combatentes INSPIRADA PELAS HISTÓRIAS DO PAI, SUZANA DE FREITAS ESCREVEU O “HINO AOS VOLUNTÁRIOS DE FRANCA”

E

le foi o maior conflito armado do país no século 20, reunindo paulistas que queriam o fim do governo ditatorial e elaborar uma nova Constituição para o país. Iniciada em 9 de julho, a Revolução Constitucionalista terminou em 2 de outubro de 1932 e contou com vários francanos que bravamente tombaram nas várias frentes de batalha em defesa da causa e outros que lutaram e sobreviveram para contar a história ás futuras gerações. Um deles foi o pai da artista plástica e musicista Suzana Margareth Abdalla de Freitas. “Cresci ouvindo seus relatos emocionados sobre esse período e as mudanças que a revolução provocou em nosso país”, conta. As histórias contadas com riquezas de detalhes sobre as lutas e combates de jovens que se armaram dos ideais constitucionalistas para enfrentar militares profissionais com armamento muito supe-rior acabaram sendo inspiração para Suzana, que escreveu em 1998 o Hino aos Voluntários de Franca, uma homenagem aos combatentes. Tamanha a importância dele para a cidade, em 26 de junho de 2000, a Câmara Municipal de Franca instituiu o “Hino aos Voluntários de Franca”, com letra e música de Suzana de Freitas, através da lei 5372,

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como obrigatório em todas as solenidades em alusão à Revolução Constitucionalista de 1932. “Durante alguns anos sua execução foi cantada ao vivo pelo tenor Saulo Couto, com um play-back . Hoje procuro, junto com a Curadora do Museu Municipal, Maria Margarida Borges, uma maneira de produzir discos para facilitar a execução, inclusive nas escolas”, observa.

O 9 de julho

Suzana é autora do o “Hino aos Voluntários de Franca”, cuja execução é obrigatória nas solenidades em alusão à Revolução de 32

Para ela, manter a tradição da execução do “Hino aos Voluntá-rios de Franca” é manter a história da cidade viva, a memória daqueles que lutaram para que mudanças necessárias fossem implantadas no Brasil. “Este Hino, particularmente, nos leva a emoções muito fortes porque a cada ano as homenagens se repetem, outrora para os voluntários, hoje para os seus descendentes e estudantes”, comenta Suzana, que acredita que a cada nova audição deste Hino, as lembranças se renovam, sendo que os significados se ampliam e provocam sentimentos de respeito e admiração por pessoas tão jovens terem se engajado em uma luta armada por conta de seus ideais. “A História de um povo, as suas descendências e seus feitos, sãos os principais moti-

vos para que busquemos melhorar e assim fazer um mundo melhor, m a i s digno, solidário e fraterno”, reforça a musicista. Considerada como a primeira e maior revolta contra o governo ditatorial de Getúlio Vargas, a Revolução de 1932 foi uma mobilização do estado de São Paulo que liderou a tentativa de derrubar o então presidente da República do poder e promulgar uma nova Constituição para o Brasil. O movimento foi marcado pela morte dos estudantes paulistas Martins, Miragaia, Dráuzio e Camargo, em 23 de maio de 1932, em um comício na capital. As iniciais de seus nomes (MMDC) transfor-maram-se na sigla da Revolução Constitucionalista, que teve início em 9 de julho. Muitos morreram durante o combate. Entre os francanos, Mario Mazini, Adriano Cintra, Arnaldo Vilhena, Otacílio Dias Fernandes, José Rufino, Hermes Moura Borges, João Batista de Araújo, Jaime Barbosa e José Ferreira. Pela cidade é possível relembrá-los através de placas de ruas, que de certa forma, imortalizam sua coragem. e


Q

|Social

Uma luz no caminho de todos HÁ QUASE 70 ANOS, CASA DA SOPA DE RESTINGA FAZ A DIFERENÇA NA VIDA DE CRIANÇAS E SUAS FAMÍLIAS

uase 70 anos. É este o tempo que existe a Casa da Sopa de Restinga, uma instituição idealizada e fundada por José dos Santos Gomes, com o único objetivo de exercitar o amor ao próximo. Foi com recursos próprios que José dos Santos comprou o terreno onde funciona a Casa da Sopa e foi construindo os cômodos na medida em que a demanda aumentava e as necessidades também. Com a proposta de oferecer através do esporte, da arte, educação e cultura alternativas para que crianças e adolescentes possam ter melhores condições de vida, a Casa da Sopa de Restinga atende hoje 65 crianças e adolescentes na faixa etária de quatro a 17 anos. “Tivemos que reduzir o atendimento devido a problemas financeiros, mas até o ano passado, atendíamos 120 crianças e adolescentes”, destaca a assistente social e coordenadora há nove anos da entidade, Elaine Cristina Gomes Nalini, orgulhosa do trabalho iniciado pelo avô José dos Santos. A Casa da Sopa de Restinga oferece gratuitamente oficinas de informática, inglês, violão, balé, basquete, espanhol, recreação, teatro, boxe, lanches todos os dias, almoço e sopa, além de atendimento odontológico no contra turno escolar. “A nossa sopa é extensiva às famílias; distribuímos cestas

básicas e cobertores e antes até o atendimento odontológico era voltado também para a família, mas no momento não temos como arcar com as despesas de material para nosso consultório, então restringimos às crianças do projeto”, explica Elaine, acrescentando que um cirurgião dentista voluntário faz uma triagem com as crianças e adolescentes e realiza o atendimento de acordo com a necessidade. Com sede própria, a entidade conseguiu, através da mobilização de empresários da cidade e de doações, concluir duas grandes reformas em seu prédio, solucionando o problema da infraestrutura e melhorando as instalações da cozinha, onde as crianças fazem suas refeições. “Hoje falta finalizarmos a escada de acesso às salas do andar de cima e os vidros, uma vez que as salas estão prontas com piso, pintura e elétrica, e estão fazendo muita falta, pois precisamos melhorar ainda mais o atendimento às nossas crianças”, reforça a coordenadora.

As dificuldades A Casa da Sopa tem oficinas de informática, inglês, balé, além da distribuição de sopas, lanches e cestas básicas

Única entidade de Restinga, a Casa da Sopa é mantida com recursos próprios. Para isso, realiza eventos como pizza, galinhada, feijoada e almoço. Também conta com seu bazar permanente e no mês de dezembro realiza a tradicional Feira da Casa da Sopa no

Ginásio dos Esportes, onde vende tudo o que conseguiu arrecadar, desde roupas usadas e novas, até eletrodomésticos. “Recebemos todo e qualquer tipo de doação, como mantimentos para cesta básica, óleo para o bazar do óleo, suprimentos para sopa, lanche, almoço”, completa a coordenadora. Além de não receber nenhuma verba do município ou estado, a Casa da Sopa de Restinga, que funciona de segunda a sábado, das 8h30 às 17h, conta com uma equipe composta 90% de voluntários. “Nossa principal dificuldade é manter o atendimento contando apenas com recursos próprios e conseguir voluntariado com comprometimento para as oficinas e outros trabalhos da casa. Estamos em um município com sérios problemas sociais, como desemprego, evasão escolar, e a demanda é muito grande. Precisamos aumentar nosso recurso próprio com todo e qualquer tipo de doação. Precisamos mobilizar as pessoas para esse problema social, que é muito sério”, salienta Elaine. e

No foco Casa da Sopa de Restinga Rua Ângelo Felício, 107, Centro – Restinga Para ajudar, entrar em contato com Elaine pelos telefones (16) 3143-1397 e 9.9133 3776

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|Terceira Idade

Independência com segurança

HELPNET LANÇA O SOSME, SERVIÇO QUE PROPORCIONA ASSISTÊNCIA AOS IDOSOS QUE MORAM SOZINHOS

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número de idosos que moram sozinhos vem aumentando cada vez mais no país e em Franca isso não é diferente. De acordo com o IBGE, esta quantidade já representa 14% dentre as pessoas com mais de 60 anos - parte desse número significa autonomia conquistada através dos avanços tecnológicos, tanto na saúde como na vida prática. Enquanto a população com 60 anos ou mais deve duplicar no mundo até 2050, o país tende a ver o número de idosos quase triplicar nesse período. A estimativa é da Organização Mundial de Saúde - OMS, que classifica o envelhecimento populacional como uma das tendências mais significativas do século 21. Conforme o órgão, a população global acima de 60 anos deve subir de cerca de 900 milhões (12,3%) em 2015 para 2,1 bilhões (21,5%) em 2050, quando o número de idosos será o mesmo que o de pessoas com até 15 anos. No mesmo período, a população acima de 60 anos do Brasil deve passar de 23 milhões (12,5%) para 63 milhões (30%), resultado da combinação entre o aumento da expectativa de vida e a diminuição da taxa de natalidade. Mas viver mais não significa viver bem. Pesquisa divulgada neste ano pela Fundação Oswaldo Cruz, por exemplo, mostra que um em cada três idosos brasileiros tem alguma limitação funcional. Desse grupo, 80% contam com ajuda de familiares para realizar alguma atividade da rotina, como vestir-se ou fazer compras. Além de prevenir e tratar as limitações funcionais ou adaptar os ambientes para que os idosos vivam melhor, o dado alerta para a necessidade de criação de alternativas para o cuidado com essa população,

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que levem em conta suas condições de saúde, familiares e econômicas. Ciente disso, a Helpnet que vende, instala e monitora Sistemas de Segurança Eletrônicos para uso residencial, comercial e industrial em Franca, criou o SOSme, uma solução simples de acionamento à distância para quem quer continuar a viver uma vida independente em casa. “Trata-se de uma alternativa para o cuidado com esta população, levando em conta suas condições de saúde, familiares e financeiras”, explica a gerente da Helpnet, Eva Nunes.

Como funciona

Segundo Eva, o SOSme é uma teleassistência, serviço já utilizado há algum tempo na Europa e Estados Unidos, também presente hoje no Brasil e, agora em Franca. Funcionando de forma simples, ele faz a conexão de um botão de emergência via rádio, usado no pulso do idoso, com uma central de atendimento 24 horas. Também tem um colar que, além do botão de emergência, possui um sensor de queda que aciona a central se o idoso cair. “Através de um aparelho, a central entra em contato e

O aposentado Antônio de Pádua Garcia é um dos clientes do SOSme da Helpnet e garante que, desde contratou o serviço, se sente muito mais seguro

o idoso escuta e fala com a central sem necessidade de sair do lugar. Dependendo da situação e necessidade, são acionadas pessoas ou serviços que prestarão assistência”, explica a gerente da Helpnet. Por conta de sua funcionalidade e eficiência, o SOSme pode substituir, em alguns casos, a contratação de um cuidador, com um custo muito mais atraente e também pode ser utilizado temporariamente por pessoas em convalescença. “O equipamento já sai programado com o perfil do usuário, é despachado pelos Correios. Temos clientes em vários estados do território nacional”, completa Eva Nunes. Uma inovação que veio atender às necessidades e à nova realidade de uma população que vive cada vez mais, procurando ser independente, saudável e feliz. E tudo isso, com muito mais segurança! e

No foco Helpnet - Sistemas de Segurança Eletrônicos Av. Dom Pedro I, 159, Recanto Itambé Telefones (16) 3707-3100 e 0800-9433712


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|Comportamento

Habilidades que fazem diferença

COMPETÊNCIAS COMO EMPATIA E RESILIÊNCIA SÃO ATRIBUTOS VALORIZADOS QUE PODEM SER DESENVOLVIDOS

E

mpatia, proatividade, resiliência, autonomia, inteligência emocional, projeto de vida, curiosidade, trabalho em equipe, gestão do tempo e relacionamento interpessoal. Atributos cada vez mais valorizados nos ambientes corporativos, eles não são encontrados em livros, mas a boa notícia é que essas competências socioemocionais até então consideradas apenas como traço de personalidade ou a partir da criação familiar, podem ser desenvolvidas e melhoradas sempre, a partir da vivência e da força de vontade. “As competências socioemocionais podem ser defini-das como um conjunto de habilidades próprias do indivíduo, que são utilizadas para lidar com as próprias emoções e relacionar-se com outras pessoas. São desenvolvidas no convívio com as pessoas, e no dia a dia na mediação de situações nas quais é necessário o controle das emoções e adaptação a condições novas”, explica o palestrante, educador e coach, Joster Lopes. O mercado corporativo moderno valoriza cada vez mais pessoas com esse tipo de habilidade e, em

Franca, a procura por profissionais que despertem essas competências – sejam em estudantes ou profissionais já no mercado de trabalho – tem aumentado. “Esse tema está em alta tanto no campo escolar quanto no empresarial”, reforça Joster, que diz que as competências socioemocionais devem ser estimuladas constantemente nos indivíduos. Os ganhos são para a família, sociedade, empresas, escolas e o planeta. Por exemplo, uma pessoa que desenvolve resiliência consegue passar por situações de estresse e de conflitos mais conscientemente, com potencial criativo construindo soluções e aprendendo com a dificuldade. “Ela também se adapta mais facilmente às constantes mudanças,às quais estamos vivenciando atualmente”, diz.

Família e escola juntas

As competências socioemocionais são desenvolvidas na família, onde os pais devem ouvir os filhos e deixar que eles falem de seus sentimentos e orientá-los sobre quais são os mais importantes para a vida. “Os pais devem ser exemplos

Segundo Joster, o mercado corporativo moderno valoriza cada vez mais pessoas com competências socioemocionais

para os filhos: cumprindo combinados, não sendo permissivos, tendo momentos de interação com eles, desta forma os filhos desenvolverão autonomia”, observa. Na escola, para que haja o desenvolvimento das competências socioemocionais, Joster diz que os professores devem desenvolver com os alunos exercícios de reflexão, resolução de problemas bem como orientar os jovens para o desenvolvimento de projeto de vida, através de debates, levantamento de hipóteses e palestras. Entre as habilidades em alta, ele reconhece ser a empatia fundamental nas relações humanas, uma vez que a todo o momento as pessoas se deparam com situações em que são chamadas a se colocar no lugar do outro, sentido a dor do outro e estando pronto a ajudá-lo. “A empatia nos faz compreender com maior lucidez atitudes das outras pessoas, sem rótulos e sem máscaras. Essa competência socioemocional nos leva a uma sociedade mais solidária, com menos conflitos e menos violência”, enfatiza o palestrante, educador e coach, acrescentando que a família e a escola precisam formar crianças e adolescentes que venham cuidar do mundo, fazendo a diferença na própria vida e na das outras pessoas e na sociedade. Este é o caminho para que possamos ter menos violência, mais felicidade e uma sociedade mais justa. e

No foco Joster Lopes Palestrante, educador e coach Telefone (16) 982100356 E- mail: joster@josterlopes.com.br Facebook: joster lopes consultoria

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COMO O SOFRIMENTO PODE SER TRANSFORMADO EM EXPERIÊNCIA POSITIVA E FAVORECER GUINADA DE VIDA

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ra para ser dor. Foi uma dor. Mas uma dor transformada em algo maior e melhor. O psiquiatra e psicoterapeuta suíço Carl Gustav Jung, criador da psicologia analítica, acreditava que o sofrimento é algo a ser superado, sendo o único meio de superá-lo a capacidade de suportá-lo. E suportar pressupõe conseguir falar sobre ele e reavivar capacidades de enfrentamento. Ele não estava errado. Há tempos percebe-se que uma experiência de dor pode ajudar pessoas a revisitar valores, perspectivas e significados que dão à própria vida. A despeito do sofrimento, eventos traumáticos podem ser chacoalhadas da vida, um jeito de despertar o indivíduo para novas reflexões, que colaboram para uma qualidade superior de vida. É como se o trauma, quando superado, ensinasse. Que o diga a cabeleireira Márcia Oliveira Maiote, 46 anos. Na manhã de 1º de outubro de 2017 ela viu sua vida mudar depois que se envolveu em um acidente. Na vicinal entre Cajuru e Santa Rosa do Viterbo a roda traseira travou e ela perdeu o controle. O carro subiu em um barranco, bateu em eucaliptos e a jogou de volta para a pista. Márcia só acordou horas depois em Franca, onde recebeu o diagnóstico de politraumatismo. Começava ali uma guerra física e emocional. “Como uma pessoa muito ativa, independente, que morava sozinha, me vi numa cama fazendo uso até de fraldas, sendo conduzida e cuidada, pois não conseguia sequer pentear o cabelo, tamanha dor que sentia”. Foram cinco meses com as duas pernas engessadas, fazendo

uso de cadeira de rodas, andador e muletas. Nesse período, Márcia passou pela fase da revolta, do descontrole emocional e até do questionamento a Deus sobre os motivos d’Ele não tê-la levado. “Entendi que na vida não temos controle sobre nada”, comenta.

Força interior ajuda

Após um acidente de carro que a deixou por cinco meses de cama, Márcia trocou os questionamentos e a revolta pela gratidão

Segundo a psicóloga Juliana Peres Malta, diante de adversidades, traumas ou tragédias, comportamentos como o de Márcia são nor-mais. “As reações a um trauma são diversas, mas são dois os caminhos possíveis: cultivar o sofrimento ou buscar a superação. Experiências de dor levam a uma condição de fragilidade e incapacidade, mas superá-las traz confiança”, observa. E a crença em uma força maior ajuda. Estudos mostram que pessoas com a religiosidade intrínseca são capazes de superar adversidades mais facilmente. Isto porque religiosidade promove uma atribuição de significados que facilitam a recuperação. Ela pode dar ordem e compreensão aos eventos dolorosos. Pode, nessas

|Comportamento

Quando a dor transforma

situações de vulnerabilidade, dar um significado maior ao trauma. Foi isso que aconteceu com a cabeleireira, que hoje encara o acidente como um presente de Deus, pois além de ter uma segunda chance, ainda teve os verdadeiros amigos presentes, a ajuda de seu filho Felipe e de sua mãe Beatriz, que cuidaram dela com amor e carinho. “Aos 46 anos enxergo a vida com mais paciência, tranquilidade, com mais coragem de colocar meus projetos em prática. Perdi o medo que sentia de arriscar, pois quem vence uma batalha, como a que venci, vence qualquer coisa”, desabafa Márcia, que completa: “e ainda descobri que dinheiro é só dinheiro e o que vale mesmo é o amor, e que o amor não está em ninguém, e sim em mim mesma. Enfim, a vida se mostrou”. De volta ao trabalho, Márcia está cheia de projetos, retomou a atividade física e a terapia, dedicando-se a manter o equilíbrio físico e mental. “Minha missão é muito amor a partir de agora. O que fica do que vivi pode ser traduzido em três palavras: eu posso, eu mereço, eu consigo”. e

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|Economia

O outro lado do desemprego A

PARA DRIBLAR A FALTA DE SALÁRIO FIXO, FRANCANOS BUSCAM DIFERENTES ALTERNATIVAS DE TRABALHO

trás da capital paulista, Franca foi um dos municípios que mais gerou empregos no primeiro bimestre deste ano no Estado – foram 4.739 vagas, uma alta de 25% no comparativo com os dois primeiros meses de 2017 -, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados – Caged. A geração de empregos foi puxada pelos setores da indústria e serviços. Apesar destes dados, são muitos os francanos que viram nos últimos dois anos sua estabilidade

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Patrícia descobriu na venda de cosméticos e consultoria de imagem uma atividade, além de prazerosa, com grande potencial de faturamento

financeira se perder juntamente com seus empregos. Uma delas é Karina Fernandes Teles dos Santos, 39 anos, que sempre trabalhou como assalariada, e após oito meses de registro, engrossou as estatísticas de desemprego na cidade. Mas ela aproveitou a situação para fazer o que já desejava, que era trabalhar por conta própria. “Já vinha atendendo como cabeleireira em domicílio e decidi unir a isso a venda de roupas. Desde janeiro deste ano faço as duas coisas”, diz ela, que contou com o apoio do marido. Apaixonada pelo que faz, Karina aproveita a flexibilidade de horário para definir sua agenda: pela manhã ela cuida da casa e à tarde e à noite atende suas clientes. “Acho que essa mudança só tem sido favorável porque hoje almoço todos os dias com meu marido – antes almoçava na empresa – e, sem contar que tenho minha independência financeira e ajudo nas despesas da casa. Quanto aos ganhos, está cada dia melhor”, comenta a cabeleireira e vendedora, que se diz muito realizada e feliz. Foi assim que Karina entrou para um exército de trabalhadores praticamente invisíveis, que nem o IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística consegue identificar com precisão em suas estatísticas. Em junho de 2017, o número de brasileiros que trabalham por conta própria no país chegou a 22 milhões – nesse grupo há, por exemplo, autônomos que pagam impostos, mas a grande

maioria está mesmo na informalidade, fazendo bicos e tentando se virar. Em um ano, o total de pessoas nessa situação aumentou quase 5%, o que indica um avanço, previsível, dos trabalhadores informais.

Fase de descobertas

A vendedora e consultora de imagem Patrícia Moura Corrêa, 43 anos, faz parte dessa estatística há dois anos. Mas até decidir o que fazer após ter sido dispensada do setor financeiro de uma indústria calçadista, onde atuou por sete anos, ela admite que não foi fácil. “Na época da demissão perdi o chão e fiquei bem abalada, perdida. Eu e minha família não podíamos nos dar ao luxo de perder meu salário e mesmo tendo uma recolocação – o que foi difícil em razão do cenário econômico do país e da cidade, acabei aceitando o convite de uma amiga para conhecer o trabalho de uma empresa multinacional de cosméticos. Desde então, minha vida mudou para melhor”, diz. Hoje Patrícia diz que além dos benefícios de trabalhar por conta própria, como sobra de tempo para dedicar aos filhos e à casa, ela conseguiu conquistar uma renda maior do que tinha enquanto assalariada. “Imagine poder trabalhar com a beleza, a autoestima das pessoas e, de quebra, ser bem remunerada por isso? O que posso dizer é que, muitas vezes, os revezes da vida servem para nos levar ao caminho certo”, observa Patrícia. e


|Economia

Franca na rota do turismo

INICIATIVAS PRIVADA E PÚBLICA SE UNEM PARA TORNAR A CIDADE MUNICÍPIO DE INTERESSE TURÍSTICO

B

asquete, indústrias de calçados, cafés especiais, áreas ricas em natureza próprias para descanso e esportes de aventura. Estes são alguns dos fatores que podem contribuir para que Franca entre na rota do turismo no Brasil. E se depender dos esforços entre a iniciativa privada e o governo municipal, isso deve ocorrer em breve. O primeiro passo foi a criação do Plano Diretor de Turismo, que contém inventário e diagnóstico dos atrativos turísticos - naturais, histórico-culturais, ambientais, contendo as diretrizes estratégicas para o Plano de Ação do Município. O documento deverá ser encaminhado à Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo para avaliação e aprovação. "O turismo só acontece com o envolvimento de todos: poder público, iniciativa privada e comunidade”, enfatiza a diretora de Turismo, Rosana Branquinho, acrescentando que essa união ajudará a mostrar o imenso potencial turístico de Franca. “Somos a principal cidade da região, capital do calçado, do basquete, dos cafés especiais, e ainda estamos localizados numa das mais bonitas regiões do estado: a região turística Lagos

do Rio Grande, rica em recursos naturais e que oferece diversas modalidades de turismo", afirma.

Guia turístico

Essas e outras características podem ser vistas no “Descubra Franca”, um guia turístico que acaba de ser finalizado em parceria com a ACIF – Associação do Comércio e Indústria de Franca. Com design moderno, o guia conta com textos em português e inglês e possui QR Code, que permite o acesso pelo celular a detalhes sobre os lugares, projetos e eventos citados. Ao todo são 46 páginas divididas por seções. Na primeira, é contada a história da cidade e, em seguida, são divulgados os indicativos econômicos e de desenvolvimento do município, com base em números dos últimos anos. Na sequência, são apresentados os pontos turísticos da cidade, que há muitos anos projetam Franca no cenário nacional e internacional. “Na relação, estão o Colégio Champagnat, o prédio da antiga Estação Ferroviária, a Praça Barão, a Catedral de Nossa Senhora da Conceição e a Capela Santa Cruz, que fica no bairro Miramontes”, esclarece Rosana. Por fim, o guia traz uma série

Entre os fatores considerados de grande potencial turístico de Franca estão o basquete e as indústrias calçadistas

de informações sobre a indústria, o comércio e o setor agropecuário da cidade, além de uma lista com endereços e telefones úteis a qualquer turista. “Percebemos que a cidade tem um enorme potencial turístico, que vem sendo suba-proveitado. Temos que valorizar o que é nosso, divulgar pelos quatro cantos todas as coisas boas que a cidade tem e que podem gerar recursos para o município. Esse é o nosso objetivo”, salienta a secretária de Desenvolvimento, Flávia Lancha, que se empenhou desde o início do seu trabalho para transformar Franca numa polo turístico. Os esforços da municipalidade têm um motivo: se a cidade conquistar o título MIT - Município de Interesse Turístico, de acordo com Lei Complementar Estadual 1261/2015, será beneficiada com o repasse de R$ 600 mil por ano. Na região, alguns municípios já conquistaram esse título, como Pedregulho, Rifaina, Miguelópolis, Nuporanga, Altinópolis e Brodowski, todas elas com potencial turístico voltado para a natureza. “Estou muito confiante que a cidade poderá ser classificada nessa categoria”, comenta a secretária Flávia Lancha. e

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|Pet

Silenciosa e progressiva CONSIDERADA GRAVE, LEISHMANIOSE AFETA DESDE CÃES E PESSOAS, E NEM SEMPRE APRESENTA SINAIS

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nome é complicado e assusta, e poucas pessoas sabem exatamente do que se trata. Uma das doenças que mais afeta os cães no Brasil, a Leishmaniose é considerada grave, silenciosa e progressiva. “Ela é considerada como doença reemergente, negligenciada e uma das seis endemias tropicais prioritárias no programa de controle de doenças. Sua importância está no impacto que causa na saúde pública, devido à alta incidência, alto índice de letalidade e aos problemas econômicos sociais”, observa a médica veterinária Francelini Viscondi Lopes Martins, que atende na Clínica Centro Veterinário Paulo VI. A principal forma de transmissão da doença para os mamíferos é através da picada de fêmeas hematófagas infectadas do mosquito palha. Alguns fatores, como a migração de pessoas para grandes centros urbanos, condições higiênico-sanitárias inadequadas, presença de doenças imunossupressoras, desmatamento e a adaptação do mosquito nas grandes cidades, têm contribuído para o aumento da incidência da doença, taxa de letalidade e na presença de novos reservatórios que disseminam a doença rapidamente. “O cão é o principal reservatório e uma importante fonte de infec-

ção para o mosquito palha pela grande quantidade de protozoários presentes na pele”, destaca Francelini. No entanto, eles podem não apresentar nenhum sintoma. “As manifestações clínicas dos animais infectados sintomáticos podem aparecer aleatoriamente, além de variar de indivíduo para indivíduo e estágio da doença”, afirma. São observados aumento dos linfonodos, do baço, dificuldade em se alimentar, aumento do tamanho das unhas, emagrecimento, mucosas pálidas, sinais oculares, vômitos, diarreia, febre, anemia, comprometimento da função renal, inflamação, hemorragias, nódulos subcutâneos e reação no local da infecção. “As manifestações cutâneas na LVC podem aparecer na maior parte dos cães infectados. A dermatite esfoliativa e descamativa é o sinal mais comum, porém com a progressão da doença, nódulos e ulcerações multifocais podem acompanhar a descamação nas orelhas e focinho”, explica a veterinária, que completa: “acompanha inflamação ao redor das unhas, dermatite generalizada, piodermite bacteriana, despigmentação nasal com erosão e ulceração. A principal causa de óbito em cães é a falência renal, resultante da nefrite crônica”.

Segundo Francelini, o cão é considerado o principal reservatório para a doença e uma importante fonte de infecção

Barack, um cão com leishmaniose, veja sinais clínicos

Doença afeta todos

Os cães não são os únicos afetados. Nos gatos, a leishmaniose visceral felina, em sua maioria não apresenta sinais clínicos, e quando presentes os sinais da LVF são inespecíficos. Os sintomas mais comuns são dermatopatias, nódulos, úlceras, alopecias localizadas ou generalizadas, descamações, eritemas, crostas e onicogrifose. Perda de peso, anorexia, vômitos, diarreias, atrofia muscular, ulceras orais, secreção ocular, anemia e oftalmopatias. E, no caso de pessoas, Francelini diz que a maioria não desenvolve a leishmaniose visceral. “Mas, quando não diagnosticada e tratada a tempo, ela mata em 90% dos casos. Não há vacina que previna a doença. Febre de longa duração e aumento do fígado e baço está entre os sintomas em humanos”, salienta ela, acrescentando que para a confirmação do diagnóstico de LVC ou LVF, exames sorológicos, moleculares e parasitológicos poderão ser realizados. Para a prevenção da doença, novas estratégias estão sendo adotadas, como a vacina capaz de induzir resposta imunológica 21 dias depois da terceira dose aplicada. Outra opção é a coleira impregnada com produtos repelentes que impedem que o mosquito tenha contato com o animal. “A coleira e a vacina se tornam uma forma de proteger a saúde de toda a comunidade. Proteja seu ani-mal!”, reforça Francelini. e

No foco

Barack depois de seis meses de tratamento. Ausência de sinais clínicos

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Francelini Viscondi Lopes Martins Médica Veterinária CRMV 17348- SP Atende na Clínica Centro Veterinário Paulo VI Telefone (16) 3703-6517


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|Profissão

Uma área ainda em expansão

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SEGMENTO PUBLICITÁRIO CRESCE EM TODO O PAÍS E INCREMENTA AS OPORTUNIDADES DE EMPREGO EM FRANCA

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m 2018, os investimentos em publicidade devem movimentar, no mundo todo, aproximadamente US$ 578 bilhões. O montante representa um crescimento de 4,1% sobre o valor registrado no ano passado. De acordo com a consultoria Zenith, responsável pelas projeções, esse índice positivo na casa dos 4% deve se repetir também em 2019 e em 2020, ano em que a publicidade movimentará, globalmente, algo em torno de US$ 650 bilhões. Nesse cenário de crescimento, o Brasil fica em 7º lugar no ranking de incrementos até 2020, o que confirma o quanto a co-municação está em plena expansão e o país tem uma participação significativa no setor. Para Fellipe Roland, docente da área de comunicação e artes do Senac Franca, a publicidade ainda ganha força pela sua constante inovação. “As redes sociais, por exemplo,

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trouxeram novos canais para se comunicar e, com eles, a necessidade de repensar estratégias de marketing em um prazo curto de tempo”, destaca Fellipe, que acredita não ser só nas mídias on-lines que surjam formas de se propagar a mensagem comercial. “Inúmeros casos de utilização e criação de conteúdos alternativos vêm sendo destaque no meio publicitário”, diz. Por isso, o setor precisa de profissionais especializados. Para atender às necessidades de empresas e consumidores, que estão cada vez mais exigentes, é necessário que o publicitário, além da extrema criatividade, esteja qualificado em práticas e conteúdos e atualizado com as mudanças do mercado e do perfil de consumo, para ser capaz de propor ideias inovadoras e que engajem o público.

Aprimorando

Fernanda Abreu, 28 anos,

Após a qualificação na área, Fernanda Abreu conseguiu ingressar em uma das maiores agências de publicidade de Franca

ex-aluna do Técnico em Publicidade do Senac, comprova o quanto o conhecimento abre portas. Após a qualificação na área, conseguiu ingressar em uma das maiores agências de publicidade de Franca. “Entrei como estagiária e, depois de um ano, fui efetivada. Estou conquistando meu espaço dentro da empresa e o reconhecimento no mercado”, ressalta. Fernanda também destaca que o setor é promissor. “Atualmente, a publicidade se tornou a forma mais dinâmica de comunicação, pois age com resultados objetivos e assertivos. Dessa forma, é importante que os profissionais sejam capacitados para desenvolver campanhas e mensagens atrativas e inteligentes”, afirma. Conforme pontua Fellipe, para conseguir destaque para marcas, produtos ou serviços, é importante que o publicitário crie conteúdos criativos e que realmente interessem à sociedade. Assim, também terá retorno de sucesso na carreira. Com as transformações na área, inf luenciadas por fatores como o advento de novas tecnologias e o aumento da concorrência pelas empresas, o profissional de publicidade precisa manter o aprendizado em dia. Assim, para quem deseja aprimorar conteúdos e práticas de comunicação, o Técnico em Publicidade do Senac Franca está com inscrições abertas. A formação tem início previsto para o dia 30 de julho e possui vagas limitadas. e


|Carreira

Competência de gerir pessoas

SEJA QUAL FOR O CENÁRIO, PRINCIPAL MISSÃO DO LÍDER É GARANTIR UMA PERFORMANCE SUSTENTÁVEL

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o mundo corporativo existe sempre a cobrança por melhorar a qualidade dos produtos e serviços, reduzir custos, ganhar mercado e aumentar a lucratividade. Nesse cenário, é fundamental ter pessoas que maximizem o uso do capital e saibam desenvolver e aplicar conhecimentos, métodos e tecnologias. Porém, nada se consegue com uma equipe desmotivada, sem referência, planejamento ou objetivos bem definidos. Mais do que isso, o trabalho torna-se moroso sem uma liderança que consiga perceber as potencialidades e os talentos dos funcionários de forma a aproveitá-los para o desenvolvimento pessoal e da empresa. Por isso, sejam quais forem as circunstâncias, a principal missão do líder é basicamente a mesma: garantir que a organização mantenha uma performance sustentável a fim de gerar os resultados desejados. Porém, se as circunstâncias incluírem um cenário de crise, a relevância dessa missão – bem como os desafios que você terá de superar para cumpri-la – são ainda maiores. Garantir que a empresa mantenha uma performance sustentável requer uma série de competências. E talvez a mais básica e primordial seja a capacidade de manter seus colaboradores engajados. “O líder é, por excelência, um gerador de esperança, e embora muita gente sinta-se capaz de desenvolver esse papel, são poucos que conseguem de-sempenhá-lo com eficiência”, acredita o analista de marketing João Pedro Diniz, 31 anos. Em uma das empresas que trabalhou, ele viveu na pele a experiência de ser liderado por um profissional que, segundo sua análise, não tinha o perfil ou preparo para liderar. “Ví-amos dia

a dia que a equipe não conseguia performar por não ter um planejamento e direcionamento claros do que a empres a neces-sitava e, embora existissem excelentes profissionais na equipe, a falta de gestão coerente se tornou um desmotivador para muitos”, comenta João Pedro.

Comportamento do líder

Segundo Marina, a equipe é o resultado do esforço do gestor em alcançar objetivos coletivamente e em alinhar perfis para bons resultados

De acordo com Marina Latuf Bittar, coordenadora da área de gestão e negócios do Senac Franca, a equipe é reflexo do seu líder, ou seja, ela é o resultado do esforço do gestor em alcançar objetivos coletivamente e em alinhar perfis para bons resultados. “Dessa forma, quando o líder se qualifica e se atualiza com novas técnicas, suas equipes garantem resultados melhores e, consequentemente, a empresa também”, destaca. Entre as principais posturas do líder, Marina destaca: manter uma comunicação assertiva por meio de reuniões, diálogos e e-mails claros e objetivos, para que toda a equipe

saiba os planos da empresa e qual o sentido de suas tarefas no cumprimento dessas demandas; realizar feedbacks pontuais e estruturados, para que os colaboradores saibam os pontos fortes e os que precisam desenvolver; combinar prazos de entrega e metas com a equipe; elogiar conquistas; e, acima de tudo, colocar-se como “líder servidor”, que está junto com os liderados nas suas demandas, e não acima deles. Atualmente, também se tem falado sobre trabalhar por tarefas, situações ou projetos, aproveitando os talentos que cada um possui em termos profissionais. “Outra forma do líder direcionar conquistas da equipe é trabalhar a liderança situacional, a qual pede que o gestor conheça o nível de competência técnica e de com-promisso do liderado em cada tarefa, para poder direcioná-lo, aconselhá-lo, treiná-lo e liberá-lo para realizar a demanda com autonomia”, diz Marina. e

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|Linguagem

As expressões dos jovens CRIATIVOS, JOVENS CRIAM SUA PRÓPRIA LINGUAGEM ATRAVÉS DE GÍRIAS QUE CHEGAM A SER ENGRAÇADAS

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Para a estudante Nayara, 16 anos, hoje são poucas as pessoas que não utilizam gírias em seu dia a dia

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artiu. Lacrou. Deu ruim. Trollar. SQN. Brinks. Shippar. Estas são apenas algumas das expressões hoje mais usadas pelos jovens de Franca, e que muitas vezes deixam um ponto de interrogação entre os mais velhos, que tentam compreender o que foi dito. “A linguagem é o veículo mais fantástico para expressão, comunicação e manifestação cultural de um povo. Nesse campo da linguagem, fenômeno curioso é o uso de gírias e expressões populares, nas-cidas em meio aos jovens, sempre a imprimir dinamicidade, velocidade, criatividade e animação à língua”, diz a professora de Português, Samantha Clara Peixoto. E, apesar de muitas pessoas sentirem repulsa pelas gírias, ela diz que essas expressões são utilizadas para conferir maior expressividade à fala e não devem ser consideradas como vícios de linguagem ou desrespeito à norma culta. “A língua é

cheia de peculiaridades, variações linguísticas e idiossincrasias. E as gírias provam o constante movimento de nosso idioma”, destaca Samantha, acrescentando ser inútil negar que a língua não seja um elemento vivo e mutável, pois, de acordo com a época e com a moda, assume algumas características que podem se transformar em pouco tempo. “As línguas estão inseridas em um contexto cultural e, conforme o panorama muda, ela também se modifica”, reforça.

Gírias para todos

Para a estudante Nayara Carvalho Passos, 16 anos, hoje em dia, são poucas as pessoas que não utilizam gírias. “Pode-se falar que todos usam alguma, sem exceção, nem que seja a famosa - tipo assim”, diz. E, segundo a professora, a estudante está certa, uma vez que as gírias nascem da necessidade de se utilizar recursos expressivos na fala, e é o tempo que determinará a permanência ou descarte de uma expressão idiomática. “Algumas gírias que eram muito utilizadas nos anos 60 hoje se tornaram obsoletas, porque deixaram de cumprir sua função, sendo substituídas por novas palavras e expressões”, esclarece. Infelizmente, algumas pessoas associam as gírias à falta de cultura e ao desconhecimento da norma culta, pregando uma verdadeira “caça às bruxas” a esse movimento espontâneo da língua. “Tentar coibir a juventude - que é quem melhor se apropria desse jeito diferente de falar - de usar gírias é

inútil, mas vale saber que o princípio da adequação linguística deve ser lembrado sempre. Você, em uma entrevista de emprego, não vai se expressar da mesma maneira que se expressa quando conversa com seus amigos, não é verdade?”, salienta Samantha. Nayara concorda e diz saber separar bem onde utilizar as gírias. “Por exemplo, quando estou em sala de aula, penso antes de falar e até escrever. São em situações e ambientes onde a informalidade existe que me sinto mais à vontade para usar esse tipo de linguagem”, afirma. E o que não faltam são expressões curiosas e até mesmo engraçadas, que se disseminam entre grupos – independente da faixa etária – e até mesmo na internet. Estas são algumas com seus significados: • Partiu: vamos • Lacrou: mandou bem • Deu ruim: quando algo realmente não dá certo • Trollar: sacanear alguém • SQN: abreviação de “só que não” • Brinks: de brincadeira • Crush: paquera • Shippar: aprovar novos casais • Chave/chavoso: – legal, bacana. “Esse tênis é muito chave” • Mitou: – para qualquer acerto ou frase considerada positiva • Pai: – vocativo, jeito de chamar o outro no lugar de “cara” • Pode pá: – pode crer. Quando você aceita o que foi dito e


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|Atualidade

A necessidade de se defender AUMENTO DA VIOLÊNCIA LEVA FRANCANOS A BUSCAREM ARMAS DE FOGO PARA DEFESA PESSOAL

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umento da criminalidade, insegurança, falta de leis mais rigorosas para manter criminosos longe da sociedade, violência em todas as escalas. São muitos os motivos que têm levado alguns francanos a engrossarem as estatísticas de cidadãos em busca de armas para uso pessoal. Segundo dados do Exército, a partir de 2016, foram emitidas 20.575 autorizações para pessoas físicas terem acesso a arma de fogo – 185% a mais que os 7.215 do ano anterior. Em 2017, mais de 14.024 cidadãos obtiveram o aval, média de 2.033 por mês ou 66 por dia, confirmando que entre 2010 e 2017, o número de novas licenças triplicou no país. “Nos últimos meses, de 40 a 50 processos mensais, a procura saltou para 90. São processos que vão desde pessoas que estão entrando no mundo do tiro pela primeira vez até aquelas que já possuem armas de fogo e estão fazendo nova aquisição”, explica Márcio Augusto Essado, diretor da 1911 Brasil, empresa que

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O médico Rodolfo Bartoci começou na Sniper há seis anos e após obtenção de seu CR, começou a atirar com armas de fogo

Segundo Rodrigo, ter uma arma de fogo para defender a si mesmo, a família e o patrimônio é um direito de todo brasileiro de bem

presta serviços junto ao Exército e Polícia Federal, realiza cursos de Tiro Tático Defensivo e fornece produtos para armamentos, proteção pessoal, cutelaria e vestuário tático. Atualmente, mais de 331 mil pessoas têm registros ativos no Sistema Nacional de Armas - Sinarm — banco de dados da Polícia Federal que controla armas de fogo em poder da população. Márcio explica que existem duas

formas de se ter arma legal. Uma delas pela Polícia Federal, que oferece a opção da posse de arma de fogo para defesa pessoal em sua residência ou empresa. “Porte Federal é quase que impossível, exceto se tiver ameaças de morte comprovadas”, esclarece o diretor da 1911 Brasil, acrescentando que a outra opção seria voltada à prática esportiva através do CR – Certificado de Registro perante o Exercito Brasileiro. “Com CR o cidadão pode adquirir armas de calibres permitidos e restritos, munição para treino, recarregar suas próprias munições, além de ter uma Guia de Tráfego que lhe permite transportar sua arma por todo o Brasil para participar de campeonatos ou visitar clubes”, explica. Desde março de 2017, o Exército autorizou o que já era previsto na lei 10826, que o atirador possa transportar sua arma municiada e pronto uso no itinerário de ida e volta do clube, seja ele onde for. “Enfim, porte federal aqui em Franca, não existem muitos”, diz Márcio.

Aumento da procura

A corrida à certificação como


Para José Manoel, armas dão segurança e força e na Sniper é possível aprender a usá-las para defesa ou prática do esporte

CAC – sigla usada para denominar caçadores, atiradores e colecionadores registrados – pode ser explicada por diferentes fatores. Um deles é que essa modalidade de registro virou uma alternativa ao controle da Polícia Federal e uma forma de se armar em meio à escalada da violência. A consolidação de clubes de tiro desportivo pelo país e a popularização da modalidade que deu a primeira medalha ao Brasil nas Olimpíadas do Rio também contribuem. Mas na visão dos donos das armas, o aumento do grupo é consequência de uma política que impede o acesso ao armamento de forma injustificada. “Ter uma arma de fogo para defender você, sua família e seu pa-trimônio é um direito de todo brasileiro de bem. A polícia e toda força de segurança pública não tem como estar em todo local ao mesmo tempo, portanto, quanto mais atrapalharmos a vida dos bandidos, melhor para todo mundo”, afirma o químico Rodrigo Alessandro Mendes, 39 anos. Ele começou a se interessar por armas quando prestou o Tiro de Guerra e diz ter se apaixonado pelo assunto. “Possuo vários tipos de armas, entre elas tenho revólveres, pistolas, carabinas, rifles, cada um com uma finalidade dentro do esporte de tiro”, conta Rodrigo, que possui licença há quatro anos, desde quando começou a frequentar a Sniper Academia de Tiro Esportivo de

Franca, que existe há 22 anos. “Na Sniper aprendi tudo sobre tiro esportivo, técnicas, disciplina, responsabilidade, sem contar nas grandes amizades que fiz”, afirma.

Processo para licença

Entre outros critérios para obter a certificação de CAC estão atestado psicológico, comprovante de aptidão técnica e vinculação a um clube de tiro. Essa modalidade de registro virou uma alternativa ao controle da Polícia Federal e uma forma de se armar em meio à escalada da violência no país. Só na Sniper são 130 atiradores licenciados pelo Exército. “Gostamos do esporte, de armas, participamos de campeonatos. Em nosso caso a motivação é o esporte, embora também prati-

Márcio confirma o aumento da procura por autorização para uso de armas de fogo: “Saltou de 40, 50 processos por mês, para 90”, diz

quemos tiro de defesa”, observa o analista de sistemas, despachante no Exército e Polícia Federal, e presidente da Sniper, José Manoel de Paula, 72 anos. Um deles é o médico ortopedista Rodolfo Bartoci, que sempre se interessou por armas, mas tinha receio por não conhecer nada sobre legislação e como manuseá-las. Há seis anos ele se associou à Sniper Academia de Tiro. “Comecei a atirar com espingarda de chumbinho, além de aprender o seu funcionamento e as posturas de tiro. Em 2016, fiz meu CR – Certificado de Registro no Exército e comecei a atirar com armas de fogo. Fizemos muitos cursos na academia focando a questão da segurança e as diversas modalidades de tiro esportivo”, conta. José Manoel explica que a documentação necessária começa com um exame psicotécnico e um laudo de tiro com parte teórica e prática quando o candidato terá avaliada sua aptidão para aprender. Vencidas essas duas etapas são obtidas todas as certidões que comprovem não ter ou ter tido problemas criminais e será protocolado o pedido de concessão de CR – Certificado de Registro de Atirador no SFPC – Serviço Federal de Produtos Controlados do Exército Brasileiro. O custo desse processo na Sniper fica em torno

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de R$ 1.210 e leva três meses. Na 1911 Brasil o procedimento é o mesmo: em uma semana é possível dar entrada nos processos. “Na Polícia Federal levam em média de 45 a 60 dias, e o interessado já estará pegando sua arma de fogo para defesa residencial ou para sua empresa. Quanto ao Exército, é tudo mais demorado pela demanda e processos necessários”, comenta Márcio, acrescentando que o prazo de entrada é o mesmo, mas o CR demora três meses para sair. Após isso, cada arma que for adquirir pode demorar de quatro a sete meses, dependendo de onde vai comprar, ou seja, um prazo de sete a 10 meses para estar com a primeira arma em mãos.

O tiro esportivo

Fundada em 1996 como clube de tiro com armas de fogo, a Sniper passou a se dedicar após o Estatuto do Desarmamento e a eventual perda da licença para armas de fogo, ao Arqueirismo com a formação de vários bons atletas, inclusive Daniel Martini, que foi campeão brasileiro. “Ficamos com arqueirismo e armas de pressão até 2015 quando obtivemos licença para tiro com armas de fogo”, explica José Manoel. A faixa etária dos associados é de 25 a 80 anos e eles se reúnem de duas a três vezes por

semana para treinar, além de conversar, trocar ideias e experiências. Além disso, participam de campeonatos por todo o país. “Nossos atiradores estão entre os melhores do Brasil. Franca está muito bem representada no Campeonato Regional CBC/Taurus onde participam 28 clubes com mais de três mil atletas. Estamos nos primeiros lugares em várias modalidades”, destaca o presidente da Sniper, que completa: “Em 2016, ganhamos 35 medalhas e fizemos quatro campeões no ranking final. Em 2017, 46 medalhas e oito campeões em dez modalidades. É um resultado expressivo. Tenho a honra de estar entre os campeões nos dois anos”, celebra José Manoel. Desde que se associou à Sniper, Rodolfo participa dos cam-

Alguns dos associados da Sniper, onde as reuniões ocorrem três vezes por semana e onde eles contam com instrutor

A faixa etária dos praticantes de tiro esportivo é de 25 a 80 anos e muitos deles também participam de campeonatos por todo o país

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peonatos, tendo ficado em 1º lugar em 2016, no Campeonato Regional Paulista da CBC – Categoria Benchrest com carabina de chumbinho (sênior A) e também com pistola semiautomática de fogo (sênior C). “O tiro esportivo começou como hobby e hoje se transformou num esporte, que me faz muito bem. Meu trabalho é estressante. Quando vou para o estande, tenho a oportunidade de me concentrar no tiro e exercito minha paciência, tolerância e, principalmente, a precisão no que faço”, diz o médico.

A violência no país

Cerca de 60 mil assassinatos são registrados todos os anos no Brasil. Diante disso, boa parte da população brasileira defende a liberação das armas de fogo para que o brasileiro possa se armar e defender. Para o aposentado e um dos sócios-fundadores da Sniper, Edison Célio Garcia Costa, 68 anos, isso ocorre porque o cidadão de bem já está cansado de sofrer nas mãos de bandidos, por isso está começando a procurar a melhor maneira de se proteger e à sua família. “As autoridades que deveriam nos proteger não o fazem como deveriam, até porque, apesar dos esforços de nossos policiais, é humanamente impossível nos darem a segurança necessária, seja por falta de elemento humano ou de melhores condições”, destaca. Por isso, ele não concorda quando alguém diz


que andar armado é um convite para uma tragédia – levantamentos apontam que com 10% das armas dos Estados Unidos, o Brasil tem taxa de homicídios com armas de fogo cinco vezes maior que aquele país -, mas faz uma ressalva: quem possui uma arma deve estar bem treinado para usá-la quando for necessário. “Esses índices demonstram que o Estatuto do Desarmamento não funciona no Brasil, pois só desarmou o cidadão de bem, enquanto os bandidos continuam a ter as melhores armas, melhores até do que as dos policiais. Esses sim, é que deveriam ter as melhores armas para nos defender”, diz o aposentado. Márcio concorda com Edison, uma vez que não acredita em solução rápida ou definitiva para acabar com a violência. “Uma forma efetiva seria uma educação de qualidade em primeiro lugar e punir quem comete crime”, observa. Ele passa como exemplo alguns dados do governo Dilma: foram quase 60 mil mortes com arma de fogo no Brasil no ano de 2015. Destes, 92% não se sabe a autoria do crime. Dos 8% restantes, 6% não chegam a cumprir toda a pena e apenas 2%, efetivamente cumprem sua pena até o fim. “Não acredito que punir resolva a questão de violência e segurança, mas muda o comportamento de nossos políticos. Se começarem a ser presos, muda desde a pessoa que rouba um chocolate em um mercado,

Cerca de 90% do total de autorizações para uso de arma de fogo hoje são para caçadores, atiradores e colecionadores registrados

Edison diz que o Estatuto do Desarmamento não funciona, pois só desarmou o cidadão de bem, enquanto os bandidos continuam armados

quanto ao político ou empresário que rouba milhões ou bilhões”, salienta o diretor da 1911 Brasil.

Discussão nacional

Três projetos de lei tramitam no Congresso sugerindo alteração ou até a extinção do Estatuto do Desarmamento, por meio de plebiscito que seria realizado em 2018 – o que não deve ocorrer. Os defensores da revisão alegam que a legislação atual restringe o acesso de civis às armas. Acham que se a sociedade tivesse facilidade para adquirir uma arma a violência poderia ser contida. O Mapa da violência revela que 42.291 pessoas foram assassinadas por arma de fogo no país em 2014. Em 2004, foram 34.187 mortes. De 1980 a 2014, morreram 967.851 pessoas. Desse

total, 830.420 dos casos (85,8%) foram homicídios, enquanto os outros foram suicídios ou acidentes. “Quem diz que a arma é um convite para uma tragédia é quem não conhecem uma arma”, defende Rodrigo. Ter uma arma legalizada não é fácil. “No Brasil, quem tem uma arma legalizada está bem preparado para que não ocorram tais tragédias. Dificilmente terá ocorrência com uma arma legalizada: sempre que acontece algo pode ver que é arma com numeração raspada ou arma de bandido vinda do tráfico de armas”, pondera o químico. O perfil de francanos que recorrem às armas é variado. Vai de advogados, médicos, empresários, fazendeiros, mecânicos, vigilantes até vendedores. E não são apenas os homens que estão recorrendo às armas. Segundo Márcio, muitas mulheres têm procurado a 1911 Brasil para saber mais sobre armas para defesa pessoal. José Manoel diz que a Sniper tem quatro mulheres entre seus sócios. “Armas dão segurança e equilibram forças, mas é preciso saber quando e como devem ser usadas para defesa. Armas são ferramentas antigas e simples, exigindo cuidado e habilidade. Armas não matam ou ferem pessoas: pessoas matam e ferem”, completa o presidente da Sniper Academia de Tiro. e

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|fraseado

Às vezes, o mundo nos pede para lutar por coisas que não conhecemos, por razões que jamais vamos descobrir. PAULO COELHO

O futuro não virá. Você tem que ir buscá-lo.

Ajuda teu semelhante a levantar sua carga, mas não a carregues.

JONATAN TITOTTO

TALES DE MILETO

Lembre-se: a melhor maneira de realizar seus sonhos é ajudar o maior número possível de pessoas a realizar os delas. ROBERTO SHINYASHIKI

No amor ocorre o paradoxo de dois seres se tornarem um, mas continuarem a ser dois. ERICH FROMM

O vitorioso tem muitos amigos, mas o vencido tem bons amigos. PROVÉRBIO MONGOL

O que a juventude tem de melhor, é ser capaz de admirar sem compreender.

A vida oferece a cada criatura sua taça de amargura. Os bons a bebem, o malvado faz com que todos ao seu lado bebam.

ANATOLE FRANCE

MANOEL PALÁCIO

De nada vale tentar ajudar aqueles que não se ajudam a si mesmos. CONFÚCIO

A falta de recursos pode ser reparada com facilidade, mas a pobreza da alma é irreparável. MONTAIGNE

Se você tem uma maçã e eu tenho outra e nós trocamos as maçãs, então cada um terá sua maçã. Mas se você tem uma idéia e eu tenho outra, e nós as trocamos, então cada um terá duas ideias. GEORGE BERNARD SHAW

Os homens sempre querem ser o primeiro amor de uma mulher, as mulheres gostariam de ser o último caso de um homem. OSCAR WILDE

Os anjos o chamam de alegria celeste, os demônios o chamam de sofrimento infernal, os homens o chamam Amor. HEINE

Onde Deus lhe plantou, é aí que deve dar flores. PROVÉRBIO CANADENSE

Um único momento de reconciliação vale mais que toda uma vida de amizade. GABRIEL GARCÍA MARQUES

Viver é a única coisa que não dá para deixar para depois. GUTTENBERG GUARABYRA

Se conhecimento pode trazer problemas, não é sendo ignorante que poderemos solucioná-los. ISSAC ASSIMOV

A oração talvez não mude as coisas para você, mas, com certeza, mudará você para as coisas. SAMUEL DHOEMAKER

O que vale na vida não é o ponto de partida e sim a caminhada. Caminhando e semeando, no fim terás o que colher. CORA CORALINA

O que torna belo o deserto é que ele esconde um poço em algum lugar. SAINT-EXUPÉRY

O futuro tem muitos nomes. Para os fracos, é o inatingível. Para os temerosos, o desconhecido. Para os valentes, é a oportunidade. VICTOR HUGO




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