Pregação Pura e Simples

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Aplicação Penetrante

Pregar sem a aplicação é como atirar uma flecha no ar com a esperança de que ela talvez atinja alguém, em algum lugar. Na providência de Deus, isso pode acontecer, tal como infelizmente o descobriu o rei Acabe, conforme relatado em 1 Reis 22.34-35. Sermões sem objetivo às vezes realizam algo! Contudo, a maneira normal de Deus agir é bem diferente. Na batalha de Agincourt, quando os arqueiros galeses atiraram ao ar, eles sabiam exatamente o que estavam fazendo. Acertaram o alvo e destruíram os franceses. Um cirurgião tem a vocação de curar, e o instrumento que ele usa é um bisturi. Sem o bisturi, ele não pode curar, mas, se não sabe onde fazer o corte, matará o paciente. O pregador tem de ser muito mais cuidadoso. A aplicação pode curar uma alma, enquanto o erro na aplicação pode arruinála para sempre. A aplicação que é conveniente a um ouvinte pode causar danos irreparáveis em outro. Onde não há aplicação penetrante, não há pregação verdadeira. Temos muito a aprender dos apóstolos. Suas epístolas estão repletas de doutrina, mas eles não disseram: “Bem, é isso. Expliquei a doutrina. Agora deixarei que o Espírito Santo lhes mostre como essas verdades devem ser colocadas em prática”. Não! Não! Não! Eles deixaram isso bem claro. Rogaram que seus leitores tivessem uma vida digna da vocação a que haviam sido chamados (Ef 4.1). Mostraram-lhes com detalhes o que isso significava, falando a respeito de sua vida pessoal e seu comportamento na igreja, na família e na sociedade. Lidaram com pecados, deveres, problemas, oportunidade e alegrias específicas. E, deste modo, nos dão um modelo que devemos imitar. A aplicação penetrante, que constitui a verdadeira pregação bíblica, não tem correspondente no mundo dos não-convertidos. Discursar era uma parte muito importante da vida nos antigos impérios grego e romano, mas a aplicação pública não era encorajada. Não a encontramos em Platão, ou em Aristóteles, ou em seus discípulos. Mas a encontramos em Paulo, Crisóstomo, Wickliffe, Lutero, Calvino, Owen, Bunyan, Whitefield, Wesley, Spurgeon, Lloyd-Jones e Hugh Morgan! Não podemos explicar o poder do púlpito cristão, sem considerarmos o assunto da aplicação. Quando Cristo envia um homem a pregar, Ele não o comissiona apenas para expor a verdade, mas também para dizer aos seus ouvintes como praticá-la. • 103 •


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