O legado de Lutero - R. C. Sproul e Stephen J. Nichols

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Um Deus Gracioso e um Monge Neurótico

de uma virgem, e ainda está sentado à mão direita de nosso Deus, o Todo-poderoso Pai”.2 Lutero escreveu essas palavras em 7 de fevereiro. Onze dias depois, morreu. Eisleben, cidade onde nasceu, também se tornou a cidade de sua morte. Justus Jonas pregou seu sermão fúnebre. A multidão transbordava da igreja e enchia a praça. Os três filhos de Lutero acompanhariam o corpo de seu pai de volta a Wittenberg, onde mais multidões se reuniriam para prestar as últimas homenagens. Pouco antes de morrer, Lutero pregou de sua cama o que seria seu último sermão. O “sermão” consistia simplesmente na citação de dois textos: um dos Salmos e um dos Evangelhos. Lutero citou o Salmo 68.19: “Bendito seja o Senhor, que a cada dia nos levanta; Deus é a nossa salvação”. Então, citou João 3.16. Nosso Deus é realmente o Deus da salvação, e essa salvação vem pela obra de seu Filho. Lutero estava em paz, ainda que fisicamente abalado e cercado por conflitos de todos os lados. Mas nem sempre Lutero esteve em paz e nem sempre pensava em Deus como o Deus da salvação. De início, ele temia a Deus a ponto até de murmurar que o odiava. Nas primeiras décadas de vida, era um homem ansioso. Nesses anos, sua vida foi muito mais de lutas do que de descanso. Antes de seu “avanço reformado” e de sua conversão, a qual provavelmente ocorreu em 1519, Lutero era um homem profundamente perturbado. A vida de Lutero começou em meio a trevas, em Eisleben. Mas chegou ao fim em Eisleben, na plena luz do evangelho. No entanto, essa jornada e essa história são muito maiores que um homem. Essa história singular afetou toda a história humana. 2  Para a sra. Martinho Lutero, Halle, 25 de janeiro de 1546, em LW, 50:302.

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