Introdução – John Bunyan (1628-1688)
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Bunyan casou-se duas vezes. Sua primeira esposa, que faleceu em 1658, uma moça pobre como ele, trouxe-lhe um simples dote de dois livros sobre a piedade puritana, popular naqueles dias: The Plain Man’s Pathway to Heaven (O Caminho de um Homem ao Céu — 1601), de Arthur Dent, e The Practice of Piety (A Prática da Piedade — 1612), de Lewis Bayly. A história não registrou o nome de sua primeira esposa. Quatro filhos nasceram deste casamento, incluindo uma filha cega, Mary. O dote de sua primeira esposa, os dois livros puritanos, talvez tenham encorajado Bunyan a tentar ser religioso. Entretanto, durante o início dos anos 1650, ele foi levado a compreender que toda religião no mundo em nada contribui para estabelecer paz entre o homem e Deus, se Cristo estiver ausente do coração. Bunyan passou por um longo período de profundo tormento espiritual, o qual, mais tarde, ele registrou em Graça Abundante ao Principal dos Pecadores, escrevendo posteriormente: “Eu estava sob grande senso de condenação e temia que, em razão de meus pecados, minha alma fosse deixada fora da glória eterna”. Por volta de 1653 ou 1654, Bunyan chegou à época de sua vida em que sabia, por experiência própria, que Cristo havia assumido a total responsabilidade por seus pecados, na cruz, e que agora possuía a perfeita justiça dEle, pela fé. Bunyan escreveu a respeito de sua conversão: “Senti em minha alma uma convicção interior de que a justiça do Senhor está no céu, juntamente com o esplendor e o brilho do Espírito da graça em minha alma, que me fez ver claramente que a justiça por meio da qual eu seria justificado (de tudo que me poderia condenar) era o Filho de Deus, que, em sua própria Pessoa, agora sentado à destra de seu Pai, me representava completamente diante do trono de misericórdia”.2 Bunyan foi batizado e uniu-se ao que é provavelmente mais bem descrito como membresia de uma igreja batista calvinista, em Bedford, pastoreada por um ex-oficial monarquista, chamado John Gifford (morto em 1655). Logo Bunyan era chamado a falar a pequenos grupos, para compartilhar seu testemunho e pregar as Escrituras. No final dos anos 1650, Bunyan descobriu que o Espírito de Deus lhe concedera o dom de evangelismo. Veja como ele descreveu sua motivação para pregar: