Comentário 2 Corintios

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284   • Comentário de 2 Coríntios

todos os primogênitos da casa de Abraão. No entanto, uma vez mais, para prevenir contra as falsas interpretações, ele prefacia suas reivindicações, dizendo que fala como alguém que está fora de si. “Admitido que esta ostentação é insensata”, diz ele, “ela ainda é procedente” Em trabalhos. Esta é a sua maneira de provar que ele é um servo de Cristo com mais evidência do que eles, e, seguramente, a prova é confiável, visto que os argumentos consistem não de palavras, mas de fatos. Aqui ele fala de trabalhos (plural) e mais tarde fala de trabalho (singular). Não vejo diferença entre os dois termos, a não ser, talvez, que no segundo caso ele estava falando de uma forma mais geral, combinando, umas com as outras, as coisas que continua a enumerar. Podemos, igualmente, considerar morte como significando qualquer espécie de perigo que ameaça morte iminente. Paulo, então, prossegue nomeando esses perigos. É como se dissesse: “Eu tenho provado a mim mesmo em mortes freqüentemente; e em trabalhos, muito mais freqüentemente”. Ele fala de mortes no mesmo sentido que falou no primeiro capítulo [2Co 1.10]. 24. Dos judeus. É verdade que naquele tempo os judeus não tinham poderes jurisdicionais, mas, como esta era uma das classes dos assim chamados castigos moderados, provavelmente lhes era permitido aplicá-lo. A lei de Deus preceituava que os que não mereciam castigo capital seriam açoitados na presença de um juiz,62 contanto que não fossem aplicados mais de quarenta chicotadas, de modo que o corpo não ficasse desfigurado ou mutilado por um ato de crueldade. É provável que, com o passar do tempo, o costume arraigado se detivesse nas trinta e nove chicotadas, para que, no calor do momento, não viessem a exceder o número determinado por Deus. Muitas dessas

62 Josefo faz menção do costume de fustigar alguém com azorrague quarenta vezes menos uma:  - “quarenta chibatadas menos uma” (Antiguidades, liv. iv., cap. viii, seção 21). Wolfius nota que os judeus dos tempos modernos fazem uso do mesmo número de açoites – trinta e nove – em punir os ofensores. Há evidência disso no que é declarado por Uriel Acosta, que, em seu livro Vida, anexado por Limborch ao seu livro Diálogo com um judeu erudito, declara que, na punição de seu afastamento dos judeus, recebera açoites acima desse número.


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