Manual do Professor | Ilegais

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ligam pra família, exigindo resgate. E nessa também o cara desaparece. Tudo garotão da nossa idade. Olha, Rildo, essa coisa de ser enterrado feito bicho sem dono me dá um arrepio! E a aflição dos meus pais...? – Para de tanto vacilo, meu irmão! Você viu o Fred! Ele não é desses bandidos, é? – Como você arrumou a grana? E, aliás, como o seu primo arranjou a dele? Ele é ainda mais duro do que a gente. Como...? – O que você tem de se preocupar é como vai arrumar a sua grana. – Não tenho nem ideia. Se eu tivesse esse dinheiro, acho... – ...que dava pra sua mãe, pra ela pagar as dívidas – debochou Rildo. Jair ficou calado um instante, encarando, magoado, o amigo: – E se eu desse? Rildo baixou os olhos, arrependido. Mas murmurou: – Jair! Olha, cara, meu irmão! Eu vou. Com você, ou sem você. Pra mim, aqui acabou. Aliás, nem ia ter como começar. Cansei. Não tem jeito. Não tem nada pra gente aqui. É tudo aquilo que o Fred disse... – Você fica falando nesse cara o tempo todo. Virou deus, um sujeito que a gente nem desconfia de que toca saiu. Parece que ele sabe mesmo convencer a gente.

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