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Yuganov Konstantin/Shutterstock.com (Página

Foto: Yuganov Konstantin/Shutterstock.com

 “O homem quando deixa    de SONHAR,      morre.”

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CAPÍTULO 1

Você é o resultado de quem O criou

Eu nasci em 1988, no interior de Goiás, e lá fiquei até meus sete anos. Meu pai, fugindo da responsabilidade da paternidade, abandonou minha mãe. Para me sustentar, ela precisou trabalhar e quem acabou me criando foram a minha madrinha e o meu avô – pessoas a quem tenho muita gratidão!

Meu avô era um homem muito sério, responsável e trabalhador. Para ele, “Falou, tem que cumprir”. Sempre estava muito alinhado e com roupas bem engomadas. Muito sereno, educado e respeitoso, ele sabia entrar e sair de qualquer lugar e resolvia tudo na base do diálogo... sempre negociando.

Minha madrinha veio para a família logo que minha avó materna morreu. Quando isso aconteceu eu tinha apenas doze anos e minha madrinha já estava na família há quase uma década. Enérgica, de muita fé, forte, determinada e confiante em tudo que se dispunha a fazer, persuasiva e de valores muito bem definidos, ela fazia e brigava por aquilo que acreditava. Tratava a todos como se fossem conhecidos de longa data e amava as pessoas tanto com palavras quanto com gestos.

Eu sou muito daquilo que acabei de descrever dos meus dois avós e também das muitas pessoas com quem convivi. Você conseguiria definir, como eu fiz agora, as pessoas que lhe criaram? Observe, puxe pela memória, converse com quem lhe criou e também com as pessoas com as quais convive ou conviveu. Talvez você repita os mesmos erros de quem o criou e não perceba. Talvez você crie seus filhos da mesma forma que foi criado, pois essa é a sua única referência de criação. Talvez você não perceba, mas isso irá ajudá-lo ou atrapalhá-lo ao longo da sua vida.

Refletindo a esse respeito, percebi as muitas pessoas que eu era em determinadas situações e que não queria ser mais. Por isso, sempre me observo e analiso as minhas atitudes após realizá-las, tentando identificar se correspondem a alguns comportamentos aprendidos/herdados de familiares. Não precisei questionar meus avós, brigar ou culpá-los por algo. Simplesmente determinei não agir daquela forma. No entanto, quando observo que há muitos comportamentos bons que são reflexos das pessoas com quem convivi, demonstro a elas que sou muito grato e elas se sentem orgulhosas.

Aprenda com quem o criou também a não cometer os mesmos erros que eles. Isso também é uma forma de aprender! Mas não fique falando ou jogando na cara de ninguém seus erros passados. Esse processo de análise é interno e está ligado à evolução como pessoa. Ser uma pessoa melhor a cada dia é bom demais! Você sente que está vivendo a vida quando extrai dela o seu melhor.

Meu pai nunca foi presente. Eu só o conheci porque, aos 13 anos, fui atrás de meus avós paternos. Minha madrinha dizia que meu pai tinha diversas qualidades: era comerciante, bom negociador e bem relacionado, bem apresentável, cuidava muito de sua estética, nunca fumou, bebeu ou jogou. Porém, como ela mesma dizia:

“Meu filho só tem três coisas que você não pode errar como ele errou. A primeira é não ter palavra – isso o fará, ao longo da vida, cair em descrédito, como ele caiu, o que só lhe fechará portas – honre seus compromissos e cumpra as suas promessas. Segundo é não se aventurar em vários relaciomentos – seu pai teve mais de seis mulheres e, no mínimo, um filho com cada uma delas (eu nunca recebi pensão); isso é um atraso de vida, pois você não irá conseguir regar nenhum lar de amor e somente criará tristezas na vida daquelas moças e também na de seus filhos. Isso não é ser pai ou ser homem. Terceiro é “pular de galho em galho” – se você começou algo, termine! Não fique pulando pra cá ou pra lá, pois não irá concluir nada e concluir tem a ver com aprender de fato o que aquela situação queria lhe trazer”.

Esses três pontos sempre andaram comigo e eu refletia muito se estava errando em algumas deles. Sou muito grato à minha madrinha, pois ela me direcionou como deveria. O fato de ela nunca denegrir a imagem do meu pai e de também pontuar que ele tinha habilidades e competências muito boas foi importante para que eu pudesse endender que, se meu pai tinha qualidades, eu também tinha. E mais, compreender que eu poderia ser melhor que ele. Evoluir do legado que ele deixou, pois ainda que não estivesse presente, ele conseguiu mostrar a mim o que não fazer.

Dessa forma, eu procurei enxergar nas pessoas da minha família e nas que tiveram maior contato comigo suas principais características e os pontos dos quais não concordava. E, assim, pude observar e analisar a minha própria vida e a que eu queria ter.

Observe atentamente também as pessoas com as quais você se relaciona no trabalho, na faculdade, no bairro. Analise se elas têm competências ou valores que você admire. As pessoas nos influenciam! Por isso, aproxime-se e relacionese especialmente das que possam fazê-lo evoluir.

Saber em qual cenário social você se encontra também é importante. Eu tive amizades que pertenciam ao mesmo nível social que o meu e também de nível acima. O cuidado é entender que “galinha que acompanha ganço, morre agofada”, mas nem por isso não se poderá aprender com eles.

Com meus amigos de rua, classe D, aprendi como não errar. Desses dez amigos que pertenciam a essa classe social, somente dois se saíram bem. Porém, sou muito grato, pois pude aprender com o erro deles. Com meus amigos de classe média e classe média alta aprendi a maneira como eles pensavam, agiam.

Atualmente tenho 32 anos e sou casado com a Larissa, aliás, muito bem casado. Tenho dois cachorrinhos que se chamam Floquinho e Bela. Já morei em favela, peguei metrô, andei de “busão”. Já pensei em desistir e tive vontade de fugir dos problemas pelos quais passava. Já fui gordinho e me sentia mal por isso. Já fui a festas de pessoas ricas e me senti mal. Já saí de ambientes nos quais havia pessoas mais cultas do que eu. Já pensei que dinheiro faz dinheiro. Já achei que escola privada é melhor que pública e que faculdade pública é melhor que privada. Já quis culpar o governo pelas situações que estava vivendo. Já deixei pessoas opinarem nos meus sonhos e, como resultado, tudo deu errado. Já tentei ser jogador de futebol e já achei que minha estrutura familiar era responsável pelas dificuldades pelas quais estava passando. Já refleti, critiquei e opinei sobre todas essas coisas e hoje posso dizer apenas uma coisa: ressignifique!

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Entenda, nessa estrada da vida, quem o criou era o motorista e você o passageiro. Enquanto criança, os seus tinham controle sobre você e controlavam a direção de seus passos. Porém, quando adulto, você teve que assumir o volante e decidir quais caminhos percorrer, o momento de parar e o destino a seguir. Tomar as rédeas não é facil, pois isso envolve riscos, medos, dúvidas, mas você precisa assumir o controle.

Aceitar a posição de passageiro não tem a mesma emoção que a ser o motorista nesta viagem da vida.

Pense em cinco aspectos bons e cinco comportamentos ruins que as pessoas que o criaram têm. Depois, faça a simples pergunta: eu quero ser assim? Se a resposta for negativa, mude! Mas mude hoje! Essa história de postergar as mudanças para a segunda-feira, para a próxima semana, após uma data importante ou para o próximo ano apenas atrapalha a sua vida. Não seja como a medíocre maioria, você está acima e, por isso, quando toma uma decisão, já a inicia, afinal, “para quem diz “agora” e não “depois”, um dia vale por dois”.

Também compreendi que cumprir com a sua palavra é algo fundamental. As portas começam a se abrir a partir do momento que se diz a verdade, quando se reconhece seus erros e quando se admite que precisa de ajuda.

Começar e terminar algo pode doer demais. Muitas vezes eu pensei em desistir de algumas funções por não me adaptar às pessoas, ao ritmo de trabalho ou até mesmo ao desafio que a empresa me impunha, mas nunca renunciei àquilo que era meu: sempre fui até o final! Sempre!

Se você optar em mudar de rota, não há problemas, desde que conclua o desafio primeiro.

Quando você se propõe a começar um trabalho em determinada função que nunca exerceu, nos primeiros meses terá motivação. Porém, após um tempo, começará a enxergar como aquele setor ou aquela função realmente funciona, o que pode trazer desconforto e desânimo. Isso pode ocorrer por dois motivos: porque você não fazer o que a função exige ou porque não gostou de fazer. E nesse ponto eu lhe pergunto: tem circunstância melhor para aprender do que com essas duas situações?

Começar algo novo é como iniciar um novo relacionamento: inicialmente é só paixão; somente depois se começa a enxergar os defeitos. É neste momento que a maioria dos casais briga e chega a terminar o relacionamento, ou pior: briga e não termina. Em meu relacionamento com a Larissa, por exemplo, após o primeiro período da paixão, vieram as discussões e, mesmo assim, dialogávamos para melhorar. Ora eu errava, ora ela errava. Porém, tanto eu quanto ela somos

determinados e fizemos dar certo. Hoje somos um. Vivemos muito bem, sabemos os defeitos um do outro, estamos nos ajudando, dialogando e evoluindo juntos.

Com isso aprendi que somente após os 50% iniciais é que realmente se começa a evoluir. É o que ocorre, por exemplo, com o milho na panela: ele não estoura logo de cara, mas precisa passar pelos 50% de aquecimento inicial para começar a estourar e se transformar em pipoca. Eu namorei muito e poderia ter me casado com 19 anos, mas, felizmente, preferi seguir carreira profissional e me casar após os 30 anos, pois minha meta era “tirar” a minha mulher da casa dela apenas quando eu pudesse lhe oferecer algo melhor do que ela já tinha. E isso se referia a todos os sentidos, tanto no que diz respeito aos aspectos financeiros quanto aos emocionais.

Refletindo sobre esse ponto, creio que minha madrinha fez o dever de casa, mas eu também escolhi isso, visto que poderia fazer diferente, mas optei pelo caminho que ela me mostrou. Você poderá ter na sua vida direcionamentos diferentes. No entanto, sempre ouça os mais velhos, pois eles erraram muito e sabem como encurtar os seus caminhos. Aprenda sempre com o erro dos outros, é muito mais fácil e dói menos!

Perceba, a vida lhe dá sinais, basta você estar atento a eles! O grande segredo é ser camaleão!