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SoviĂŠtico Realismo

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Indice


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Realismo Socialista

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Posters

Origens da EstĂŠtica Russa

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Meta

ExpansĂŁo


Por Samuel Oliveira de Sousa Matrícula: 201402265271 DESIGN, SOCIEDADE E CULTURA Professor: Luíz Alves Manhã


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a época de Stalin, o chamado “realismo socialista” foi a arte oficial soviética do regime até os idos dos anos 60. “Arte” seria caridade, já que tal moda não passava de propaganda ideológica soviética disfarçada. O mais característico nas pinturas, esculturas e retratos do “realismo socialista” é o total irrealismo das cenas. Enquanto milhões de cidadãos soviéticos estavam sendo dizimados pela fome, pelos expurgos, pela repressão politica em massa, as pinturas e esculturas stalinistas retratavam camponeses e operários felizes,

risonhos, com faces coradas, bajulando a imagem de Stalin e do Politburo soviético. Durante a Revolução Russa, as vanguardas culturais e intelectuais também se debatiam e assumiam seus posicionamentos frentes à luta que estava posta. De um lado, havia a monarquia czarista, sustentada politicamente pela Igreja Ortodoxa e pela aristocracia, que adotavam um padrão estético acadêmico; do outro, um grupo político que propunha uma renovação geral, que trazia consigo uma revolução cultural e estética. 05


Sendo necessário fazer a propaganda revolucionária, num país com uma população majoritariamente analfabeta ou de baixo nível de escolaridade em 1917 (ver Likbez), aliada a deficiências materiais no campo das gráficas disponíveis, optou-se por cartazes com poucas palavras, poucas cores (basicamente, preto, bran-

co e vermelho), elementos geométricos simples e uma linguagem icônica. Outra característica exclusiva da cultura russa é o paternalismo muito acentuado de sua população. Desde os primórdios vikings, o monarca do Estado russo era apresentado como “Pai”, com a missão divina de comandar seus milhões

O Estética Russa:

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de “filhos” (ou “Mãe”, no caso de Catarina, a Grande). O próprio czar Nicolau II, deposto em 1917, era chamado de “paizinho”. Em vez de destruir esse hábito, o regime de Stalin acabou por reforçá-lo e prolongá-lo, ao colocar o líder bolchevique como o novo “Pai” do povo russo.

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urante a Revolução Russa, as vanguardas culturais e intelectuais também se debatiam e assumiam seus posicionamentos frentes à luta que estava posta. De um lado, havia a monarquia czarista, sustentada politicamente pela Igreja Ortodoxa e pela aristocracia, que adotavam um padrão estético acadêmico; do outro, um grupo político que propunha uma renovação geral, que trazia consigo uma


revolução cultural e estética. Sendo necessário fazer a propaganda revolucionária, num país com uma população majoritariamente analfabeta ou de baixo nível de escolaridade em 1917 (ver Likbez), aliada a deficiências materiais no campo das gráficas disponíveis, optou-se por cartazes com poucas palavras, poucas cores (basicamente, preto, branco e vermelho), elementos geométricos simples e uma linguagem icônica. Outra característica exclusiva da cultura russa é o paternalismo muito acentuado de sua população. Desde os primórdios vikings, o monarca do Estado russo era apresentado como “Pai”, com a missão divina de comandar seus milhões de “filhos” (ou “Mãe”, no caso de Catarina, a Grande). O próprio czar Nicolau II, deposto em 1917, era chamado de “paizinho”. Em vez de destruir esse hábito, o regime de Stalin acabou por reforçá-lo e prolongá-lo, ao colocar o líder bolchevique como o novo “Pai” do povo russo.

Josef Vissarionovitch Stalin 18/12/1879 - 05/03/1953 Secretário-geral do Partido Comunista da União Soviética

Leonid Ilitch Brejnev - 19/12/1906 à 10/11/1982 Estadista soviético que esteve à frente da liderança da União Soviética entre 1964 e 1982.

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Jogos Olimpicos: Moscow 1980

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sucessor ideal em estética: Brejnev mbora tardiamente, os permitiu que a estética oficial conjogos olímpicos realizados tinuasse por décadas aquela mesma em Moscou em 1980 foram do Realismo Socialista, que enfatiza representativos da estética realisa imponência do Poder Soviético ta-socialista, principalmente em – uma estética criada a mando do suas cerimônias e no design gráfico Partido para substituir o construtiaplicado ao evento. vismo caótico dos primeiros revoluA União Soviética demorou a ter cionários. a mesma chance que os nazistas Essa estética foi mostrada em seu tiveram, 44 anos antes, de exibir melhor exemplo no design de Mosseu sistema político-econômico em cou 1980. A começar pelo símbolo jogos olímpicos. Porém, os soviétie pelo pôster oficiais, na qual uma cos prepararam este evento com um enorme torre conceitual em barras design extremamente limpo, prático, totalmente inserido em seu estilo (uma figura muito usada pelos soviéticos) ergue, nas alturas, os Aros estético. Olímpicos. O ilustrador soviético Victor Curiosamente, a URSS só teria Tchijikov, famoso por seus desechance de participar de mais uma nhos para livros infantis, acabou olimpíada. Em 1992, ela já estaria sendo o criador do ursinho Misha, extinta. que emocionou o mundo através de seus movimentos produzidos por um enorme mosaico de coreógrafos carregando placas coloridas, com movimentos perfeitamente sincronizados. Tchijikov levou seis meses para desenhá-lo, entre centenas de variações, e acabou finalizando em dezembro de 1977 o ursinho (que tinha até nome inteiro: Mikhail Potapich Toptygin). Em 1980, o regime que imperava na União Soviética era o de Leonid Brejnev, alto funcionário eleito secretário-geral 16 anos antes e apontado por muitos como sucessor de Stalin. Se não na política, foi seu

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Emblema dos Jogos

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J Jogos Olímpicos de Verão de 1980

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A propaganda da URSS estava trabalhando duro para

inspirar as pessoas com orgulho em seu país e confiança no futuro.

“A pá é amigo do soldado”

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“Aniquilar impiedosamente sabotadores fascistas”

“Para fortalecer a amizade dos países socialistas juventude!” 11


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ma grande meta da propaganda totalitária, na qual foi muitas vezes bem-sucedida, era transmitir ao povo a ideia da onipresença do grande líder. Com a onipresença, a onisciência. E, com esta, a onipotência. Ele estaria presente em todos os lugares, desta forma sabendo de tudo. Sabendo tudo que ocorria no país, teria o poder de tomar todas as providências necessárias. Dessa forma, era preciso temê-lo. De acordo com a Encyclopaedia Britannica (edição brasileira), O maior teórico do realismo socialista foi o húngaro György Lukács, para quem o realismo não se limita à descrição do que existe, mas se estende à participação ativa do artista na representação das novas formas da realidade. Essa doutrina foi implementada na União Soviética por Andrei Jdanov. Em pintura, destacou-se entre os soviéticos Aleksandr Gherassimov. Os retratos de intrépidos trabalhadores produzidos dentro da linha do realismo socialista, no entanto, deixam transparecer um positivismo heroico, mas a

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ambição realista perde-se na idealização de uma organização social perfeita. Grande número de artistas soviéticos, partidários de uma sociedade de justiça social mas cerceados em sua liberdade essencial de criar, abandonaram o realismo socialista, deixaram a União Soviética e se integraram aos movimentos artísticos do Ocidente.


“Viva o poderoso aviação do país socialismo” - 1939 Os cartazes apresentados até agora têm a maior parte foi bastante restrito em seu conteúdo, dedicado a um único assunto com um olhar simples conformidade. Isso, entretanto, é nada menos do pomposo. Com toda uma frota de aviões voando acima, o povo da União Soviética são moagem através do quadrado vermelho por baixo de uma enorme marcha. A aeronave, no entanto, são o elemento central, com o monoplano centro vermelho brilhante que domina a metade superior do cartaz.

“O Zoo recebeu um grande monte de novos animais” - 1930 Cartazes soviéticos não eram tudo sobre fábricas e lutando contra o burguês. Este cartaz funk passa a explicar com algum pormenor todas as belas instalações do Petrogrado (São Petersburgo) Zoo.

“Um fantasma ronda a Europa - o espectro do comunismo” 1920

Lenin era conhecido como um grande orador, com um estilo de fogo, bem ilustrado por sua postura neste cartaz, apontando o caminho a seguir. Dois elementos importantes da propaganda soviética pode ser visto aqui, a bandeira vermelha representa a revolução, e as chaminés que representam a indústria, que terá o novo estado em um futuro brilhante. O texto é tomado em linha reta fora da introdução de Karl Marx do “Manifesto Comunista”.

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“O trabalho é essencial, o rifle está próximo” - 1920 Com a guerra civil ainda furiosa, não houve tempo para relaxar para os habitantes da Rússia Soviética. Um outro cartaz interessante, com um visual estilizado, simples que transmite claramente a sua mensagem.

“Glória aos heróis do povo de Potemkin” - 1920 O motim do encouraçado Potemkin, em 1905, mais tarde foi visto como parte do prólogo da revolução de 1917, eo evento foi muito explorada para fins de propaganda, como visto neste cartaz olha muito heróico. O que fez a Potemkin verdadeiramente famoso, não só na União Soviética, mas também no exterior, foi o filme “O Couraçado Potemkin”, de Sergei Eisenstein, lançado em 1925, que é contado entre os maiores clássicos do cinema de todos os tempos.

“Em nenhum outro lugar, mas Mosselprom” - 1925 Mosselprom foi uma grande loja de departamentos do Estado de execução, em Moscou, famosa por suas propagandas incomuns. O construtivismo, o movimento de arte presentes em ambos a arquitetura do edifício Mosselprom, e no próprio poster, originado na Rússia nos anos ao redor e depois da revolução. Nos últimos tempos, Mosselprom foi relançado, principalmente como uma empresa avícola, re-utilizando grande parte do imaginário criado para o Mosselprom originais.

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“Cuidado com as rodas!” - 1926 Com um olhar que faz com que você acha da peste negra, em vez de segurança de tráfego, este cartaz foi desenhado para informar as pessoas sobre os grandes perigos de um método relativamente novo transporte que estava se espalhando em cidades soviéticas; o bonde.

“Mulher liberada - construir o socialismo!” - 1926 A libertação das mulheres era uma parte importante da Revolução Russa desde o seu início, eo menino, que este cartaz mostrá-lo! Com o olhar confiante, proa deste trabalhador do sexo feminino, não há dúvidas sobre a sua capacidade e vontade de se comprometer com a revolução. Magnífico!

“Para defender a URSS” - 1930 Ainda um outro exemplo da influência do movimento de arte moderna em cartazes soviéticos, este cartaz nem sequer tentar olhar como algo fora do mundo real, com ele é vermelho marcha gigante passado, acompanhado por pequenos aviões brancos que me lembram o canadense aviões em “South Park”.

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lém da União Soviética, o Realismo Socialista também foi adotado e aplicado em outros países sob regimes de inspiração stalinista (comunista ortodoxa), como a República Popular da China, a Coreia do Norte, o Vietnã, o Laos, o Camboja, a Alemanha Oriental e diversos países do Leste Europeu. De todos esses países, o que mais desenvolveu e ainda continua desenvolvendo a estética do realismo socialista foi a Coreia do Norte tanto na propaganda de estado, mas principalmente no urbanismo e na arquitetura. Na América Latina (principalmente em Cuba, na Nicarágua e em movimentos revolucionários de esquerda), tentou-se seguir este estilo, ou pelo menos seus princípios, aplicando-os na confecção de produtos de agitprop (muitas vezes clandestinos) ou arte revolucionária, como destacadamente no design de cartazes. Entretanto, a adaptação das ideias ao tipo de estética multicolorida, ar tesanal e naïf

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da arte latino-americana resultou em obras que, esteticamente, têm pouco ou nada em comum com o Realismo Socialista original soviético. Hoje, a estética realista-socialista é reproduzida em produtos de memorabilia ou merchandising nostálgico soviético (e de outros países ex-socialistas), como em broches (bottons), camisetas, bonés, miniaturas e outras mercadorias.




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