Tratamentos Térmicos e Superficiais dos Aços

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Tratamentos térmicos e superficiais dos aços

2.2 CURVAS TTT E TRC A mudança nas condições de resfriamento altera as características de formação dos produtos de decomposição da austenita. As transformações previstas pelo diagrama Fe-Fe3C assumem que o resfriamento é sempre suficientemente lento para permitir que a difusão do carbono ocorra durante as transformações sem restrição da temperatura e do tempo, sempre próximas do equilíbrio termodinâmico. Quando a temperatura é reduzida bruscamente, a taxa de nucleação e de crescimento dos produtos de decomposição da austenita muda. Em geral, as transformações em temperaturas menores sofrem um atraso, ou seja, começam e terminam em tempos maiores. Como a transformação da austenita em ferrita deve ser acompanhada por uma redistribuição de carbono entre essas fases, pois a solubilidade em ambas é diferente, a diminuição da temperatura de transformação a partir da temperatura de equilíbrio da austenita diminui a difusividade do carbono e com isso modifica as condições cinéticas da decomposição. Os produtos de transformação da austenita fora do equilíbrio constituem agregados de ferrita e carbonetos. Entretanto, a morfologia destes agregados, bem como seu mecanismo de formação, pode ser diferente em função da temperatura e do tempo para a transformação. Para temperaturas de transformação isotérmicas mais elevadas, próximas de 600-700 °C, ocorre a formação da perlita com morfologia tipicamente lamelar, mas com espaçamento lamelar menor que a perlita de equilíbrio. Para temperaturas de transformação próximas de 500 °C ou inferiores ocorre a formação de uma nova fase chamada “bainita”, que se constitui de um agregado de ferrita e cementita com morfologia acicular. A transformação em perlita ainda possui um forte caráter de difusão, mas a transformação em bainita possui um caráter de difusão e de cisalhamento. No caso de um resfriamento muito rápido, a formação da perlita e da bainita é suprimida, e em baixas temperaturas não existe condição para a difusão do carbono. Neste caso, ocorre a transformação da austenita sem difusão e a fase formada é chamada de “martensita”. Esta transformação ocorre por um mecanismo complexo de cisalhamento, e não por difusão. O progresso de transformação da austenita de um aço resfriado a partir da temperatura de equilíbrio até a temperatura de transformação isotérmica está representado esquematicamente na Figura 2.1. Quando a austenita é resfriada rapidamente para a temperatura de 700 °C, abaixo de Ac1, existe um tempo no qual a austenita permanece metaestável nesta temperatura sem que a transformação ocorra, denominado tempo de incubação. Transcorrido esse tempo, a austenita inicia sua transformação de forma progressiva, de modo que o produto de transformação tem sua fração elevada de 0-100% e a austenita em transformação tem sua fração reduzida de 100-0%, gerando uma curva em “S” na qual se determinam os tempos para início, 50% e final de transformação da austenita. Um conjunto de curvas em “S” determinadas para uma ampla faixa de temperatura permite obter as curvas de transformação em “C”, que são denominadas “curvas TTT” (temperatura, tempo, transformação) em resfriamento isotérmico (2).


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