CIDADE | MEMÓRIA
Está tudo registrado Cartório fundado em 1930 guarda parte da história da cidade, como as escrituras de fazendas que deram origem a diversos bairros GEÓRGEA CHOUCAIR
Uma parte da história de Belo Horizonte, que completou 118 anos em dezembro, pode ser contada através do Cartório Bolivar (3º Ofício de Registro de Imóveis), que comemora 85 anos de fundação. Quem buscar um registro de imóvel de 1930, por exemplo, vai encontrá-lo em livros gigantes, escritos à mão e com caneta tinteiro. Localizado no fundo de uma galeria da rua São Paulo, no centro, ele guarda muitas outras lembranças do passado. É lá que estão registradas, por exemplo, as famosas fazendas do falecido empresário Antônio Luciano Pereira Filho, que deram origem a vários bairros da capital, como Adelaide, Dom Bosco, Paquetá, Manacá, entre outros. Logo na entrada, atrás do guichê número 2, está a foto de Carlos Bolivar Moreira, fundador do cartório. O tabelião Bolivar – que morreu em 1989, aos 93 anos –, como era conhecido na época, ultrapassou gerações e se adaptou bem a todas elas. Bom de prosa, brincalhão e ajustado às mudanças dos tempos, construiu história com os registros públicos. Nascido em Ubá (MG), veio para Belo Horizonte trabalhar no Palácio da Liberdade, no gabinete do governador, na época presidente de estado, Arthur da Silva Bernardes. Acabou se tornando oficial de gabinete de cinco governadores. Em 1930, o governador Antônio Carlos Ribeiro de Andrade o nomeou titular de três cartórios: o 5º Ofício de Notas, o 3º Tabelionato de Protestos e o 3º Ofício de Registro de Imóveis, que recebeu o nome de Cartório Bolivar. Na época, BH era cidade pequena e o tabelião conhecia muita gente. Cuidadoso, tinha a preocupação com a honra das famílias. “Quando chegava um título para protestar, ele ligava para a pessoa ir lá pagar 42 |Encontro
Fotos: Gláucia Rodrigues
Reprodução
Silvana Bolivar, tabeliã, filha de Carlos Fernando (no detalhe, em foto de arquivo da família): ela ainda mantém tradições de seu pai e dirige o cartório de registro de imóveis Pádua de Carvalho
Casa construída na década de 1930 pelo tabelião Bolivar, na esquina da ruas Curitiba e Gonçalves Dias, no Lourdes: galo desenhado (no detalhe) em uma das paredes para homenagear o time do coração
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