MONTAIGNE: CÉTICO OU FIDEÍSTA?

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Revista do Seminário dos Alunos do PPGLM/UFRJ: n.1, 2010

MONTAIGNE: CÉTICO OU FIDEÍSTA? Edgard Zanette (Mestrando Unioeste, CAPES/ CNPq)

RESUMO: RESUMO: No presente trabalho apresentaremos um modo de ler a Apologia de Raymond Sebond de Michel de Montaigne. Iremos apontar cinco momentos principais desta obra que possibilitam estabelecer uma certa estrutura argumentativa que visa problematizar a controversa questão: Montaigne era um cético que usou o fideísmo para auxiliá-lo em sua crítica à razão, ou o fideísmo de Montaigne se valeu do ceticismo para que sua resposta aos ateus e para os que defendiam a primazia da razão fosse mais contundente? Visando superar essas duas possibilidades que se apresentam como excludentes entre si, iremos propor uma outra leitura dessa questão, pautada nos cinco momentos cruciais ao texto, que são os seguintes: 1) Contraposição entre fé e razão e desenvolvimento de uma defesa do fideísmo; 2) Incursão filosófica e preparação para a radicalização cética; 3) Radicalização da filosofia: ceticismo pirrônico ou neo-pirrônico; 4) Que sei eu? Desenvolvimento da originalidade do pensamento de Montaigne e inserção da noção de subjetividade; 5) Problematização da finitude humana (desenvolvimento da noção de subjetividade), retomada do fideísmo, discussão sobre a experiência do tempo. Após a discussão destes elementos fundamentais ao texto, propomos considerar que fideísmo, ceticismo e o desenvolvimento da noção de subjetividade, em Montaigne, compõe um mesmo projeto, e não precisam necessariamente serem contraditórios.

O percurso da Apologia de Raymond Raymond Sebond de Michel de Montaigne A tradicional pergunta: Montaigne é Cético ou Fideísta? Aparece como a grande questão filosófica a ser problematizada, e, talvez, respondida pelo texto dos Ensaios mais controverso, debatido e admirado pelos intérpretes, a Apologia de Raymond Sebond. Em nossa rápida abordagem, na qual apontamos cinco momentos, ou melhor, movimentos que

caracterizariam essa pergunta determinante ao

pensamento montaigniano, iremos propor um modo de discuti-la a partir da hipótese de que não haveria uma primazia do ceticismo ou do fideísmo na Apologia de Raymond Sebond, mas um mesmo projeto pautado na radicalização do legado socrático conhece-te a ti mesmo e só sei que nada sei, pela pergunta Que sei eu? Os três livros que compõem os Ensaios de Montaine compõem uma obra complexa e difícil de interpretar sistematicamente, até porque esse modo de proceder é mesmo contrário ao que propõe Montaigne. Diante dessa enorme abrangência, limitaremos o presente trabalho a investigar o texto Apologia de Raymond Sebond, que está inserido no livro II, capítulo XII dos Ensaios. Como afirmamos na introdução precedente, iremos propor como chave de leitura cinco momentos que

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