Ciencia e mito wolfgang smith

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Aristóteles diz começar todo o conhecimento, espanto esse que, segundo Smith, “prova ser, em essência, um reconhecimento, conquanto obscuro, da imanência impenetrável de Deus nas coisas deste mundo”. Toda a tragédia moderna e pós-moderna parte da premissa de que somente conhecemos aquilo que a mente mesma fabrica, de que vivemos num universo caótico e sem sentido e que é a mente humana quem organiza o mundo, os dados do sentido. O incrível é que tal premissa é perfeitamente descartável para que a ciência matematizante moderna faça sentido – na verdade, somente se livrando deste lixo ela faz pleno sentido. Uma vez que se a adote, tanto faz que seja “o” homem, “um” homem, a “humanidade”, ou ainda um movimento político, a decretarem o sentido da vida para todas as outras pessoas, o que viveremos é o inferno na Terra – mas não sem boas risadas, admitamos, porque se do ponto de vista moral a cena toda é uma grande perversão, do ponto de vista intelectual, ela é de um primarismo cômico. Como aponta Huston Smith, um autor muito citado pelo professor Wolfgang Smith, “nenhuma vida pode ter sentido num mundo, ele mesmo, sem sentido”. Ou ainda, como diz Saul Below: “A idéia da vida que vivemos hoje pode nos doer tanto mais tarde quanto agora nos dói a idéia da morte”. Raphael D. M. De Paola Rio de Janeiro, Brasil (antes que acabe), março de 2014. [ 1 ] Wolfgang Smith, O enigma quântico, Campinas: Vide Editorial, 2012. [ 2 ] França, Paris: LGF, 1999. [ 3 ] The End of Physics: The Myth of a Unified Theory, Basic Books, 1994. [ 4 ] The Trouble with Physics: The Rise of String Theory, The Fall of a Science and What Comes Next, Penguin Books, 2008. [ 5 ] The Wisdom of Ancient Cosmology: Contemporary Science in Light of Tradition, Foundation for Traditional Studies, 2009. [ 6 ] Publicado pela Vide Editorial em 2013.


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