Carta Pastoral 2017/2018

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✤ SOMOS IGREJA QUE AGRADECE ✤

mesmo contexto e em tons cada vez mais duros: —Na primeira, estavam os discípulos a atravessar, sozinhos, o mar fortemente agitado pelo vento; ao verem, além disso, Jesus a caminhar sobre as águas, e julgando tratar-se de um fantasma, sentiram-se aterrorizados. Porquê? Porque não tinham entendido o episódio dos pães; pelo contrário, tinham o coração endurecido (Mc 6, 45-52). —Na segunda, estavam preocupados por não levarem consigo senão um pão. Porque discutis por não terdes pão? — pergunta-lhes Jesus; e continua: Ainda não compreendeis nem entendeis? Tendes o vosso coração endurecido? E atira-lhes mesmo com uma acusação divina: Tendes olhos, não vedes; tendo ouvidos, não ouvis59. E depois de os obrigar a dizer quantos cestos de restos tinham recolhido na dupla (versão da) multiplicação, repete: Ainda não entendeis? (Mc 8, 14-21). Ou seja, nem sequer os discípulos acreditavam ainda no poder vivificante do pão eucarístico, transmissor do amor invencível de Jesus manifestado na sua morte e ressurreição. Padeciam, ainda que só parcialmente, da mesma falta de fé daqueles que estão fora da Igreja, entre os quais os fariseus que o rejeitavam por não quererem ver sinais do Reino de Deus nas poderosas acções de Jesus60. Um mal de que nenhum de nós, cristãos de hoje, está livre. Por isso, examine-se cada um a si próprio, pede-nos S. Paulo, a propósito da participação na Eucaristia (1 Cor 11, 28).

A NECESSIDADE DA FÉ 36 Para nos mostrar a necessidade e a energia vivificante da fé, S. Marcos apresenta-nos Jesus, ainda no contexto da multiplicação dos pães, a manifestar por três vezes o seu poder: A primeira (Mc 7, 24-30) é no estrangeiro, nas regiões de Tiro. Mal aí chegou, imediatamente uma mulher cuja filha pequena tinha um

59.  Jer 5, 21; cf. Ez 12, 2. 60.  Cf. Mc 4, 11; 8, 11-13.

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