Vereda Digital Literatura

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A primeira época medieval (I) – Trovadorismo

Capítulo 6

Leia a seguir uma cantiga de amor de D. Dinis, transcrita em português moderno.

Leitura Se eu pudesse forçar meu coração, obrigá-lo, senhora, a vos dizer quanta amargura me fazeis sofrer, posso jurar – dê-me Deus seu perdão! – que sentiríeis compaixão de mim. Pois, senhora, conquanto apenas dor e nenhuma alegria me causeis, se soubésseis o mal que me fazeis, posso jurar – perdoa-me, Senhor! – que sentiríeis compaixão de mim. Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Não me querendo nenhum bem, embora, se soubésseis a pena que me dais, e quanta dor há nos meus tristes ais, posso jurar – de boa-fé, senhora! – que sentiríeis compaixão de mim. E mal seria, se não fosse assim. D. DINIS. In: BERARDINELLI, Cleonice (Org.). Cantigas de trovadores medievais em português moderno. Rio de Janeiro: Simões, 1953. p. 21.

1. Compare

essa cantiga de amor de D. Dinis à cantiga de amigo de Joan Lopes D’Ulhoa que você leu anteriormente. a) Em qual das cantigas o eu lírico é masculino e em qual delas é feminino? b) O tema das duas cantigas é o mesmo? Justifique sua resposta.

2. Em qual das duas cantigas pode-se dizer que há maior proximidade entre o

eu

lírico e a pessoa amada? Por quê?

3. Na cantiga de amor, há paralelismo como na cantiga de amigo? 4. Na cantiga de amigo, há um refrão. É possível identificar um refrão

também na

cantiga de amor? Qual?

Você certamente observou, ao responder às questões, que na cantiga de amor a expressão poética é mais sutil e elaborada do que na de amigo. Na cantiga de amor, não temos a simplicidade da estrutura paralelística, e os sentimentos são analisados com mais profundidade. O tema frequente desse tipo de cantiga é o sofrimento amoroso, chamado de “coita”, que faz do trovador um “coitado” ou sofredor. Apesar dos séculos que nos separam das cantigas de amor, sentimos que esse conteúdo poético nos é familiar. Afinal, todas as poesias e canções de amor se parecem. Pois é exatamente essa a importância das cantigas do Trovadorismo. Sua linguagem poética é tão marcante que está viva até hoje. É claro que o ritmo das melodias mudou, o próprio vocabulário enriqueceu-se, mas, no fundo, toda canção de amor lembra as velhas cantigas medievais. Você deve conhecer muitas canções que falam da dor de um amor não correspondido, da saudade do ser amado, etc. Esses também eram os temas dos trovadores medievais.

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