Vereda Digital Filosofia

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A filosofia no período clássico

Capítulo 14

Há quatro sentidos para a causa: material, formal, eficiente e final. Por exemplo, numa estátua: a causa material é aquilo de que a coisa é feita (o mármore); a causa eficiente é aquela que dá impulso ao movimento (o escultor que o modela); a causa formal é aquilo que a coisa tende a ser (a forma que o mármore adquire); a causa final é aquilo para o qual a coisa é feita (a finalidade de fazer a estátua: a beleza, a glória, a devoção religiosa etc.). Essas são as causas que explicam o movimento, que para Aristóteles é eterno.

A descrição das relações entre as coisas leva Aristóteles ao reconhecimento da existência de um ser superior e necessário, ou seja, Deus. Se as coisas são contingentes – pois não têm em si mesmas a razão de sua existência –, é preciso concluir que são produzidas por causas exteriores a elas. Dizendo de outro modo, todo ser contingente foi produzido por outro ser, que também é contingente, e assim por diante. Para não ir ao infinito na sequência de causas, é preciso admitir uma primeira causa, por sua vez incausada, um Ser Necessário (e não contingente).

Saiba mais Para os gregos antigos, a matéria é eterna, portanto, Deus não é criador. Segundo Aristóteles, Deus não conhece nem ama os seres individualmente. Ele é puro pensamento, que pensa a si mesmo, é “pensamento de pensamento”. Por isso a teologia aristotélica é filosófica, e não religiosa.

O Primeiro Motor Imóvel – por não ser movido por nenhum outro – é também um puro ato (sem nenhuma potência). Segundo Aristóteles, Deus é Ato Puro, Ser Necessário, Causa Primeira de todo existente. No entanto, como Deus pode mover sendo imóvel? Deus não é o primeiro motor como causa eficiente, mas sim como causa final: Deus move por atração, ele tudo atrai como “perfeição” que é.

A física Antes de tudo, uma explicação. O termo grego physis, que traduzimos por “física”, significa propriamente “filosofia da natureza”, por isso não se confunde com o que atualmente entendemos por física, mas abrange todos os seres da natureza em movimento. Vejamos alguns pressupostos teóricos nos quais se baseia a física aristotélica.

A teoria do lugar natural Segundo Aristóteles, os corpos estão em constante movimento retilíneo. Como todos eles buscam o seu lugar natural, os corpos encontram-se em direção ao centro da Terra ou em sentido contrário a ele. Em outras palavras: o s corpos pesados (graves), como a terra e a água, tendem para baixo, pois esse é o seu lugar natural; os corpos leves, como o ar e o fogo, tendem para cima, que é o seu lugar natural.

Paul Debois/GAP Photos RM / Getty Images

Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Deus: Primeiro Motor Imóvel

Aristóteles classificava o fogo como um corpo leve, pois, como o ar, tende para cima.

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