Revista Educatrix 4

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Também é importante conhecer os diversos tipos de imagens, cada um com suas características e usos particulares. Imagens podem ser naturais – aquelas produzidas em nossa retina pela emanação da luz sobre os objetos – ou artificiais – feitas pelo homem. Dentre essas últimas, temos as artesanais – produzidas pela mão do homem – e as tecnológicas, cuja feitura é mediada por um aparato tecnológico. As imagens artificiais ainda se subdividem em bidimensionais e tridimensionais. Em sala de aula, o trabalho com imagens artificiais bidimensionais é o mais explorado, por meio dos materiais didáticos, mas o estudo do meio permite ao aluno entrar em contato com imagens tridimensionais.

imagens artísticas: representação e ideologia A História da Arte oferece um material farto para o trabalho em sala de aula em diferentes disciplinas. É comum, por exemplo, que obras de Escher sejam utilizadas em aulas de Geometria e Óptica, ou que pinturas de Debret sejam analisadas como documentos históricos. Mas essa atividade pode se enriquecer ainda mais com o conhecimento sobre a natureza desse tipo de imagem. As obras artísticas têm muitas características específicas, resultantes da variedade de técnicas disponíveis para sua produção e da própria complexidade do conceito de arte. Para compreender esse tipo de imagem é preciso não só conhecer essas técnicas, mas também o percurso construído pelos artistas ao longo da história, como se pode observar no infográfico ao fim da matéria. 84

MAIO 2013

Talvez o aspecto mais importante a se destacar quando se fala em arte é o desenvolvimento da perspectiva monocular. Forjada no Renascimento por artistas como Rafael Sanzio e Leonardo da Vinci, esta “forma de enxergar” foi dominante até o século XX, constituindo-se em fundamento das imagens tecnológicas e do que chamamos hoje de cultura visual. E, apesar de nos parecer muito natural por simular a tridimensionalidade, foi historicamente construída. Isso significa que esse modelo de representação carrega as características ideológicas de seu tempo, a saber: a centralidade da razão. A perspectiva é um expediente geométrico que produz a ilusão de tridimensionalidade, pois mostra os objetos no espaço em suas posições e tamanhos relativos. A perspectiva monocular, também conhecida como artificial, simula a visão do olho humano, tentando fixar no suporte bidimensional uma imagem resultante de leis geométricas semelhantes às da imagem retiniana, com a instituição de um ponto de vista. Ela surgiu num momento histórico de centralidade da razão — em que ocorreram inúmeras conquistas no pensamento filosófico, político e econômico — e pode ser considerada extremamente racional, não apenas por ser fruto dos progressos da matemática, mas porque organiza hierarquicamente os objetos representados no plano, tendo como referência o indivíduo que observa. Fonte: Aumont, Jacques. a estética do filme (papirus). VIDEO.GRAFIAS: <http://www.univ-ab.pt/~bidarra/ hyperscapes/video-grafias-195.htm>.

imagens tecnológicas O desenvolvimento da fotografia no século XIX revolucionou a produção e a circulação de imagens e consagrou o modelo de representação renascentista, que visava construir imagens objetivas, ou seja, que reproduzissem fielmente a realidade. Isso é fundamental para compreendermos a sedução que a fotografia exerce sobre nós e seu amplo uso social, para fins documentais ou publicitários. Fotos se parecem muito com o real, mas é importante notar que elas não são a realidade. São apenas um vestígio dela, um recorte feito pelo fotógrafo. Por trás da aparente objetividade desse tipo de imagem, há a subjetividade daquele que fotografou. A fotografia é reveladora de uma visão de mundo particular. E não se pode perder isso de vista para uma leitura crítica da imagem fotográfica.

livros ilustrados, publicidade e hipermídia Engana-se quem pensa que a cultura visual diga respeito apenas a imagens. O intercâmbio entre essas e as palavras tende a se tornar onipresente nas novas mídias e é uma prática que remonta aos primeiros livros ilustrados. Como diz Lucia Santaella, entre 1500 e 1675 “as imagens nos tratados técnicos e (...) alquímicos passaram das iluminuras para as xilogravuras, até as gravuras em metal”. E assim foi se consolidando um percurso histórico da cultura visual. A partir do século XIX, com o advento de novas tecnologias de produção e reprodução imagética, essa mistura ga-


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