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Adenilda Silva Souza

ILUSÃO DE VIVER

Adenilda Silva Souza

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Quando se é criança pensa-se e sonha muita coisa, acha-se que o mundo é todo nosso e tudo será bom para nós se fizermos a nossa parte, mas é pura balela. Já ouviu certas palavras, olhares, frases e o que mais for que lhe cortaram profundamente? Talvez não tenha passado por isso, pois é diferente para você, desde cedo vivendo com “sorte”.

Quero que meus filhos, se um dia eu os tiver, me perguntem sobre as coisas dessa vida, os sentimentos, acontecimentos e o dia a dia nesse mundo. Não para os ensinar, porque eu nunca poderia fazer isso, mas para falar sobre os aprendizados que tive.

Se eles me perguntarem: mãe, posso confiar nas pessoas? Direi: depende, que confiança é essa? É preciso dar um voto de “confiança” para as pessoas, mas não seja cego e obcecado, todos cometemos erros o segredo está em pesar se eles foram feitos com o único objetivo de lhe atingir e magoar ou um mero incidente e deslize, que nossas falhas dão oportunidade. Não exija uma completa perfeição em seres completamente imperfeitos.

Então devo aceitar e relevar tudo? Não. É bom que se entenda os problemas e dificuldades de cada um, mas lembre-se de que você já existia antes de alguém chegar, não é preciso deixar que eles te adestrem para aceitar, concordar e relevar tudo o que 16

façam contigo. E os sonhos? Vale tudo para alcançálos? Não, não vale, mas o ideal dos sonhos não é, como dizem, o conquistar porque quem sonha sempre tem um novo objetivo em mente, mesmo depois da conquista, o que vale no sonho é descobrir quem está disposto a sonhar com você. Quem andaria contigo, ainda que precisasse deixar um sonho pessoal mais de lado naquele momento. A parte mágica do sonho são aqueles que acreditam junto com a gente.

E quero que perguntem ainda mais… Mãe, por que viver se doe tanto?! Onde encontrar a felicidade?! O amor existe?!

Para coisas complexas eu sempre busco o mais simples argumento, resposta ou explicação e não é por preguiça de responder é, simplesmente, porque também não sei. Como vou dizer para que não acreditem em algo que já acreditei ou não busquem ser racionais, se eu mesmo tentei? Quero que saibam no futuro se lerem essas linhas o meu pensamento ao menos nesse momento sobre essas perguntas!

Temos muitos momentos na vida e, para a maioria, eles serão mais tristes do que bons, a vida não é sobre aprender com a felicidade, dessa a gente aproveita porque é momentânea, é sobre conviver com a dor desde o nascimento até a morte. Dor essa que muda para cada ser, dor essa que nos permite

gritar e chorar; vivemos para sermos sobreviventes a cada dia, arriscando ser cada segundo o nosso último para nos tornarmos menos obcecados pela perfeição, mas estamos fracassando.

A felicidade está no mesmo lugar que a tristeza, você não as encontra elas que encontram você. Se você quer muito alguma coisa ela acaba te prendendo em seu mundo de uma maneira que já não consegue enxergar mais nada. A felicidade não quer ser serva nem submissa a ninguém, ela busca os que a deixam livre.

Não sei o que realmente existe, se for pensar apenas pelo que vejo com meus olhos, preciso considerar muitas coisas para responder se o amor existe, não é fácil e rápido, mas sei que sim. Sim, há amor, mas não da maneira que se idealiza e lê nos papéis, esses amores são minorias e, às vezes, de apenas uma parte. O que existe é “amor humilhado’, ou seja, o amor que é chato para a maioria pois não liberta, não faz alcançar coisas incríveis nem causa inveja nas pessoas, ele é simples, na verdade, ele nem se importa em ser nada porque ele não precisa transbordar para lugar nenhum além do seu.

Se acaso eles me fizerem ou pensarem nessas perguntas, eis aí minhas respostas, para que possam ler e reler e depois decidirem se concordam, discordam ou acrescentam coisas que ainda não percebi, vivi e nem sei sobre a ilusão de viver.