Riquezas ocultas - Primeiro Capítulo

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tornar assados e costeletas. Agora humanos, agasalhados com casacos e cachecóis, passeavam pelo local, apontando taças, resmungando sobre pinturas e debatendo sobre cristaleiras e cabeceiras entalhadas. O ambiente era perigoso, mas ela já havia atuado em locais menos auspiciosos. E, é claro, aquela era exatamente a razão para estar ali. Isadora Conroy adorava encontrar ofertas. As palavras “em promoção” faziam um arrepio passar por todo seu corpo. Sempre adorara comprar e achava a simples troca de dinheiro por objetos extremamente satisfatória. Tão satisfatória que ela havia, muitas vezes, trocado dinheiro por objetos de que não precisava. Fora o amor pelas ofertas que havia feito Dora abrir a própria loja e, em seguida, descobrir que vender era tão prazeroso quanto comprar. — Lea, veja só isto. — Dora se virou para a irmã, mostrando uma cremeira de prata em forma de sapato de salto. — Não é maravilhosa? Ophelia Conroy Bradshaw deu uma olhada, levantando uma única sobrancelha castanho-clara. Apesar do nome teatral, a mulher era enraizada na realidade. — Você quer dizer frívola, não é? — Por favor, pense além da estética óbvia. — Sorrindo, Dora correu a ponta do dedo pelo arco do sapato. — Existe um lugar para o ridículo no mundo. — Eu sei. A sua loja. Dora riu, sem se ofender. Pôs a cremeira de volta no lugar, mas já havia decidido que daria um lance naquele lote. Sacou um caderninho e uma caneta com um desenho de Elvis e sua guitarra para anotar o número. — Estou muito feliz que você tenha vindo comigo nessa viagem, Lea. Você me mantém concentrada. — Alguém tem que fazer isso. — A atenção de Lea se voltou para uma coleção de objetos de vidro colorido da época da Depressão. Havia

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