Revista Novos Caminhos

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CAMINHOS Publicação da Escola Agrícola de Jundiaí | UFRN | Maio de 2021

UM ANO NA UFRN

EDUCAÇÃO PROFISSIONAL GERANDO MAIS OPORTUNIDADES

FOCO NA RESPONSABILIDADE AMBIENTAL

INTERAÇÃO ENTRE ALUNOS IGNORA DIFERENÇAS GEOGRÁFICAS E CULTURAIS

PREENCHIMENTO DE LACUNAS EM FORMAÇÕES ESPECÍFICAS

MELHORIA NOS PROCESSOS DE PRODUÇÃO E AUMENTO NA RENDA FAMILIAR



EDUCAÇÃO PROFISSIONAL GERANDO MAIS OPORTUNIDADES 10 - PERFIL DOS ALUNOS CONCLUINTES 15 - CURSOS OFERTADOS 17 - COMPARTILHA: DEPOIMENTOS 64

ESCOLA AGRÍCOLA DE JUNDIAÍ É REFERÊNCIA NACIONAL NA ÁREA DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS 06 AMBIENTE VIRTUAL DE APRENDIZAGEM E EQUIPE MULTIPROFISSIONAL 19 FORMAÇÃO PROFISSIONAL E EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA DURANTE A PANDEMIA 22 NOVOS CAMINHOS PARA TODOS 27 INTERAÇÃO ENTRE ALUNOS IGNORA DIFERENÇAS GEOGRÁFICAS E CULTURAIS 29 OTIMIZAÇÃO DO TRABALHO E INCENTIVO AO EMPREENDEDORISMO 31 MELHORIA NOS PROCESSOS DE PRODUÇÃO E AUMENTO NA RENDA FAMILIAR 34 FORMAÇÃO ESPECÍFICA PARA APLICAÇÃO IMEDIATA 37 O PROMISSOR MERCADO DA FORRAGICULTURA 39 FOCO NA RESPONSABILIDADE AMBIENTAL 41 CURSO PREENCHE LACUNA DE FORMAÇÃO ESPECÍFICA 45 UM MERCADO EM ASCENSÃO 47 CAPACITAÇÃO DE OLHO EM MERCADO POUCO EXPLORADO 51 INFORMAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO DA ALGICULTURA NO PAÍS 54 O POTENCIAL ECONÔMICO DA PISCICULTURA 56 FORMAÇÃO PARA UMA DAS ATIVIDADES MAIS PROMISSORAS DO PAÍS 59 FORMAÇÃO PARA INGRESSAR OU SE ATUALIZAR NO MERCADO 62


EXPEDIENTE Projeto Gráfico e Editorial: Gilberto Oliveira Redação: Carmem Spínola, Gilberto Oliveira e Rosana Pimentel Coordenação Novos Caminhos UFRN: Paulo Mário Carvalho de Faria Direção da Escola Agrícola de Jundiaí: Ivan Max Freire de Lacerda novoscaminhos.ufrn.br contato.novoscaminhoseaj@gmail.com UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE ESCOLA AGRÍCOLA DE JUNDIAÍ RN 160 - KM 03 - Distrito de Jundiaí - Macaíba/RN CEP: 59280-000 | Caixa Postal 07


PROMOVENDO NOVAS POSSIBILIDADES Proporcionar formação de qualidade e qualificar jovens e adultos para novas oportunidades tem sido o lema do Programa Novos Caminhos do Ministério da Educação desenvolvido no Rio Grande do Norte em parceria com a UFRN. Esta publicação traz um resumo do que está sendo feito há um ano pelo programa e que tem transformado vidas em todo o Brasil através da oferta de cursos de Formação Inicial e Continuada nas áreas das Ciências Agrárias e Informática. Conheça o perfil dos alunos egressos, os cursos ofertados e como a formação profissional a distância, com toda sua estrutura de apoio, tem sido importante durante a pandemia. Contando com a expertise da Escola Agrícola de Jundiaí, que é referência nacional na área de Ciências Agrárias, a interação entre alunos tem ignorado as diferenças geográficas e culturais. As formações têm otimizado o trabalho e incentivado o empreendedorismo, promovendo a melhoria nos processos de produção e o aumento na renda familiar, sempre levando em consideração a responsabilidade socioambiental. Confira como o programa tem proporcionado o ingresso ou a atualização de muitos no mundo do trabalho e apontado áreas promissoras e mercados em ascensão. Além de preencher lacunas de formações específicas e capacitar para negócios com potencial econômico ainda pouco explorado. Boa leitura! Carmem Spínola Gilberto Oliveira Rosana Pimentel


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EXCELÊNCIA

ESCOLA AGRÍCOLA DE JUNDIAÍ É REFERÊNCIA NACIONAL NA ÁREA DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS Texto: Carmem Spínola, Gilberto Oliveira e Rosana Pimentel | Fotos: Rosana Pimentel

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Unidade Acadêmica Especializada em Ciências Agrárias da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), a Escola Agrícola de Jundiaí (EAJ) é uma referência nacional em sua área de atuação. Isso se confirma na oferta de cursos do Novos Caminhos. Em diversos deles, a EAJ possui atuação referenciada com pessoal qualificado e expertise em educação a distância (EAD).

Macaíba da UFRN oferta Ensino Médio, com cursos técnicos (integrados e subsequentes), cursos de graduação e de pós-graduação. A EAJ também ofertou uma grande variedade de cursos semipresenciais e a distância por meio de programas como a Rede e-Tec Brasil e o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec). Sinônimo de prestígio e qualidade no ensino e na pesquisa, através do Novos Caminhos, a EAJ pode atender demandas de cursos ofertados a alunos em diversos estados brasileiros.

Fundada em 1949, a instituição consolidou-se como centro de excelência na formação do nível técnico à pós-graduação. Localizada no Campus

PREPARAÇÃO PARA UMA NOVA DEMANDA O exemplo dado pelo diretor é uma das ações em que a EAJ experimentou as primeiras práticas da EAD. Na ocasião, ainda de forma híbrida, os cursos promoviam atividades presenciais e virtuais. O que aconteceu também com o Pronatec, outra ação executada com sucesso pela EAJ.

Ao longo de seus mais de 70 anos de história, a EAJ tem formado profissionais vindos de todo o Rio Grande do Norte e até de outros estados, como Paraíba e Ceará. Em virtude disso, em diversos municípios potiguares, as ações de extensão rural e de assistência técnica são realizadas por ex-alunos da Escola.

Nos dois programas, os professores iniciaram uma prática fundamental para o próximo desafio que se apresentou: o Programa Novos Caminhos, que trouxe para a Escola uma proposta, ainda mais complexa, exigindo nova adaptação de docentes e técnicos. Desta vez, em uma experiência exclusivamente a distância, a EAJ passou a atender alunos de todos os estados do país. A expansão do trabalho da EAJ para o Brasil inteiro, demanda além dos servidores da instituição, a atuação de colaboradores externos. É essa equipe

Essa característica demonstra a importância da EAJ para o desenvolvimento rural no RN. O diretor da instituição, professor Max Lacerda, ressalta outro aspecto positivo de tal presença: a possibilidade de criar parcerias com as cidades que estão mais distantes da Escola. “Em programas anteriores, como a Rede eTec Brasil, só foi possível alcançar aproximadamente 30 municípios, porque tínhamos técnicos formados pela Escola que davam suporte à ação”, lembra.

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multidisciplinar que garante a pessoas que tinham limitações geográficas e de tempo, agora terem acesso a uma formação sem precisar sair de casa, na hora em que for mais conveniente para elas. “E, mais que isso: não só fazer a qualificação, mas fazer com um profissional altamente qualificado naquela área”, avalia o diretor.

Agora, estando em Rondônia ou no interior do RN é possível se qualificar, através de um curso do Novos Caminhos, com a EAJ”. Para o diretor adjunto da EAJ, professor Márcio Dias, "o Novos Caminhos é um investimento certeiro na formação técnica profissionalizante de milhares de brasileiros, que poderão colocar esses novos conhecimentos a serviço da sociedade, gerando mais renda e mais desenvolvimento". O gestor ressalta ainda que a importância do Programa pode ser medida não só pela qualidade e diversidade dos cursos oferecidos, mas também pelos impressionantes números alcançados.

Max Lacerda destaca ainda que o programa trouxe para a Escola a possibilidade de executar nacionalmente capacitações que eram escassas. "Piscicultura ornamental é o nosso exemplo mais emblemático, era muito difícil você ter acesso a uma formação de qualidade nessa área.

Temos uma equipe muito capacitada e contamos com colaboradores empenhados em promover qualificações de alto nível Ivan Max Freire de Lacerda, diretor da EAJ/UFRN

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1 ANO DO PROGRAMA NA UFRN

EDUCAÇÃO PROFISSIONAL GERANDO MAIS OPORTUNIDADES NOVOS CAMINHOS OFERTA CURSOS DE FORMAÇÃO INICIAL E CONTINUADA PARA JOVENS E ADULTOS NAS ÁREAS DAS CIÊNCIAS AGRÁRIAS E INFORMÁTICA Texto: Carmem Spínola, Gilberto Oliveira e Rosana Pimentel | Infográfico: Gilberto Oliveira | Ilustração: Freepik | Imagens: Pixabay

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O Programa Novos Caminhos, lançado em 2019 pelo Ministério da Educação (MEC), caracteriza-se por uma soma de ações que objetivam fortalecer a política de Educação Profissional e Tecnológica, desde o planejamento da oferta de cursos alinhada às demandas do setor produtivo até a incorporação das transformações produzidas pelos processos de inovação tecnológica. Junto a instituições de ensino, como a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), o Novos Caminhos oferta cursos de Formação Inicial e Continuada (FIC). Desde 2020, quando foi implementado na instituição, já foram oferecidos 17 cursos profissionalizantes de curta duração nas áreas de Ciências Agrárias e Informática através da Escola Agrícola de Jundiaí (EAJ) e do Instituto Metrópole Digital (IMD). A EAJ, além da excelência a nível nacional na sua especialidade, tem expertise na condução de cursos FIC. De 2011 a 2019 a unidade acadêmica ofertou esse tipo de formação em todo o Rio Grande do Norte através do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec). Ao todo 50 mil alunos foram atendidos em 140 municípios potiguares. Quando o Novos Caminhos foi anunciado pelo Governo Federal, um grupo de trabalho da EAJ estava formado e aguardando o lançamento de novas ações em que toda experiência acumulada com outros anteriormente pudesse ser utilizada. No final daquele mesmo ano, uma equipe de professores se deslocou a Brasília para buscar informações sobre as possibilidades de cursos a serem ofertados pela EAJ. “De

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imediato começamos a nos estruturar, fazendo levantamento dos possíveis cursos, definindo programações e aguardando a pactuação das vagas”, comenta o professor Paulo Faria, coordenador do Programa na UFRN. Com a disseminação da pandemia do coronavírus no início de 2020, atividades dos diversos setores da sociedade tiveram que ser paralisadas e a UFRN suspendeu toda sua programação acadêmica. Foi quando o MEC lançou a proposta de realização de cursos FIC, na modalidade de Educação a Distância (EAD), através do Novos Caminhos.

RESULTADOS POSITIVOS AMPLIARAM A OFERTA De acordo com Paulo Faria, o primeiro convênio com o MEC seria para oferta de 2.800 vagas financiadas pela Secretaria de Educação Tecnológica (SETEC). Como a proposta do Ministério da Educação era para realização imediata dos cursos, apenas aqueles que já tivessem uma programação pronta poderiam ser ofertados. Seguindo essa premissa, a UFRN iniciou o programa com seis cursos pela EAJ e três através do IMD. O coordenador ressalta que a oferta só foi possível devido à Universidade já possuir estrutura para realização dos cursos EAD através de plataformas Moodle – um ambiente de aprendizagem colaborativo, que utiliza sistema de gerenciamento online. “O IMD já possuía uma plataforma específica para os cursos a distância da unidade e a EAJ utilizou o AVA PROEX, desenvolvido pela Secretaria de Educação a Distância da

O Novos Caminhos caracteriza-se por uma soma de ações que objetivam fortalecer a política de Educação Profissional e Tecnológica 12


UFRN (SEDIS), uma plataforma sensacional para alocar cursos dessa natureza”, afirmou o professor. Foram então abertos os editais de contratação de pessoal para atuar no programa. Até agora são, aproximadamente, 30 profissionais da área administrativa e multiprofissional e 130 professores, entre servidores efetivos da Universidade e profissionais externos. Antes mesmo de finalizar a primeira oferta houve a possibilidade de ampliação das vagas através de uma nova chamada feita pelo MEC. Com isso, cinco novos cursos foram realizados pela EAJ e um total de 2.100 vagas foram financiadas. No mês de agosto de 2020, quando os cursos já estavam finalizando, foi possível lançar uma nova oferta, sendo mais quase 2 mil vagas financiadas, e em dezembro, pouco mais de mil vagas. Totalizando 8.190 vagas financiadas pelo MEC para execução dos cursos. Por isso, em contrapartida, conforme os termos de cooperação firmados, a UFRN deveria ofertar esse mesmo total de vagas. Entretanto, em função da grande procura, comprometimento da equipe e organização das ofertas, a UFRN abriu 35.500 vagas, ampliando em mais de 20 mil alunos capacitados, utilizando o mesmo recurso aportado.

Junto a instituições de ensino, como a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), o Novos Caminhos oferta cursos de Formação Inicial e Continuada (FIC)

A evolução no número de vagas e a procura, crescente em cada oferta, atestam a qualidade dos cursos oferecidos. De acordo com uma pesquisa realizada com os egressos, 99% recomendam os cursos do Novos Caminhos para outras pessoas.

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UFRN ESTÁ PRONTA PARA NOVAS OFERTAS de Aprendizagem (AVA/PROEX) para ter acesso ao curso, também foram inseridos no Sistema Nacional de Informações da Educação Profissional e Tecnológica (SISTEC), do MEC, que gerencia as ofertas acadêmicas da Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica (SETEC). “Estamos, no momento, aguardando a autorização de novas vagas pelo MEC. A UFRN já está preparada, com estrutura e pessoal treinado para capacitar cada vez mais cidadãos brasileiros”, afirmou Paulo Faria.

Em março de 2021, mais 3.300 vagas foram ofertadas pela EAJ e outras 6.900 pelo IMD. Um ano após o início efetivo dos cursos na Universidade, o Programa ofertou quase 35 mil vagas beneficiado milhares de alunos em 2.255 municípios de todos os Estados do Brasil. O coordenador do Novos Caminhos explicou que todos os alunos foram cadastrados no Sistema Integrado de Gestão Acadêmica (Sigaa) da UFRN, como ação de extensão da Universidade, e no Ambiente Virtual

A UFRN já está preparada, com estrutura e pessoal treinado para capacitar cada vez mais cidadãos brasileiros Paulo Mário Carvalho de Faria, coordenador do Novos Caminhos UFRN

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PERFIL DOS ALUNOS CONCLUINTES

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35.377 alunos

cursos

de formação inicial e continuada ofertados

atendidos

AVALIAÇÃO DOS EGRESSOS

GÊNERO

ETNIA

IDADE 34% de 26 a 35 anos

45%

41%

pardos

brancos

22%

29%

de 36 a 45 anos

de 14 a 25 anos

52,7%

47,2%

homens

mulheres

9,6%

pretos

3%

1,4%

amarelos

índios

ONDE MORAM

10%

4%

1%

de 46 a 55 anos

de 56 a 65 anos

66 ou + anos

ACESSO AO CURSO Dispositivos mais utilizados para acessar o conteúdo das aulas

84,5%

15,5%

zona urbana

zona rural

Os alunos moram em

2.255 municípios brasileiros

68%

computador ou notebook

30,5%

smartphone

1,5%

tablet

espalhados pelos

26 estados e no Distrito Federal

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AVALIAÇÃO DOS EGRESSOS

17%

28%

23%

55,75%

trabalham na área de formação de seus respectivos cursos

Pós-graduação

Ensino Superior

Pós-graduação incompleta

Ensino Superior incompleto

2,9%

MERCADO DE TRABALHO

Ensino Médio

0,6%

Ensino Médio incompleto

Ensino Fundamental

ESCOLARIDADE

5,9%

38,25% afirmaram que aplicam os conhecimentos adquiridos no curso

21%

PORQUE ESCOLHERAM O NOVOS CAMINHOS EAJ?

AVALIAÇÃO Excelente

Bom

Regular

Ambiente Virtual de Aprendizagem

54%

40%

5%

Materiais Didáticos

61%

35%

3%

Conhecimentos Obtidos

69%

30%

1,6%

Professores

69%

28%

2,5%

Programa Novos Caminhos

74%

25%

1,3%

22% Por ser uma oportunidade de formação durante o isolamento social

17% Por ser uma formação gratuita

15% Pela qualidade de ensino da Escola Agrícola de Jundiaí

15% Por ser uma formação ser a distância

91%

Se consideram aptos para o mercado de trabalho

97%

Acreditam que terão mais oportunidades após a formação

99%

Recomendam os cursos para outras pessoas

14% Por ser um programa reconhecido pelo Ministério da Educação 8% Porque recebi informações positivas sobre a EAJ

6% Por ser a única instituição a oferecer esse curso

Fonte: Pesquisa realizada de setembro de 2020 a janeiro de 2021 no AVA PROEEX com alunos concluintes dos cursos do Programa Novos Caminhos na UFRN ofertados pela EAJ.

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CURSOS OFERTADOS Agente de Gestão de Resíduos Sólidos

O curso é destinado a gestores e a quem deseja torna-se agente multiplicador das ações voltadas para os cuidados inerentes à conservação ambiental proveniente da má gestão dos resíduos sólidos, por meio da aplicação de tecnologias ambientais para gestão adequada em parceria com agentes públicos e provados.

Caprinocultor

O curso é destinado a caprinocultores iniciantes ou experientes e uma oportunidade para os interessados em buscar capacitação técnica para prestar serviços relacionados as várias atividades ligadas a caprinocultura ou para empreender com a produção sustentável de caprinos.

Instalador e Reparador de Redes de Computadores O curso é destinado a quem quer ingressar ou atualizar seus conhecimento na área de instalação e reparação de redes de computadores, desenvolve competências que permitem o profissional atuar tanto na área de tecnologia da informação quanto na de internet como prestador de serviços ou empreendedor.

Algicultor

O estudante do curso irá conhecer assuntos gerais relacionados especificamente à algicultura envolvendo o cultivo de microalgas e macroalgas. A formação é voltada para jovens e adultos estudantes ou trabalhadores da zona costeira ou interiorana que pretendem desenvolver aptidão para trabalhos com o mar ou águas interiores.

Forragicultor

A formação aborda temas como a produção de plantas forrageiras, a formação e o manejo de pastagens e a conservação de forragens para o período de escassez. O curso capacita para um bom planejamento forrageiro que garanta o suprimento alimentar dos animais com regularidade e qualidade em todas as épocas do ano.

Operador de Processamento de Frutas e Hortaliças A formação promove o conhecimento e a operação das técnicas concernentes ao pré-processamento e ao processamento de frutas e hortaliças, atendendo aos princípios, as normas e procedimentos técnicos de qualidade, higiene, saúde e respeito ao meio-ambiente.

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Auxiliar de Operação de Estação de Tratamento de Águas Forma profissionais para atuar na medição da qualidade de água, identificando se está pronta ou não para o uso seguro. Apresenta como o processo ocorre em larga escala na Estação de Tratamento de Águas compreendendo cada uma das etapas envolvidas no processo.

Horticultor Orgânico

Trabalha os conhecimentos necessários para o desenvolvimento de habilidades específicas para produção de hortaliças sem uso de agrotóxicos e fertilizantes químicos solúveis, dentro de uma abordagem que auxilie na comercialização regional, possibilitando promoção do trabalho, renda, segurança alimentar e nutricional e o desenvolvimento sustentável.

Operador de Beneficiamento de Pescado O curso capacita estudantes para as boas práticas de manipulação de alimento e para a tecnologia e beneficiamento do pescado, contribuindo para sua inserção e/ou a sua atuação nas indústria, cooperativas e associações de beneficiamento do pescado ou como empreendedor.


Produtor Comercial de Organismos Aquáticos

Produtor Agropecuário

Aborda temas relacionados às atividades do cultivo de plantas (agricultura) e da criação de animais (pecuária). Promove o planejamento, execução e acompanhamento de projetos desenvolvidos em propriedades rurais, seja para consumo humano ou para fornecimento de matérias-primas.

O curso desenvolve nos alunos competências abrangentes às diversas áreas da aquicultura: limnologia, piscicultural continental, carcinicultura, reprodução e larvicultura, construções e instalações aquícolas, aquicultura ornamental, maricultura e processamento de pescado.

Produtor Comercial de Peixes Ornamentais

O curso aborda o desenvolvimento e a manutenção de projetos para a web; utilização de linguagens de programação, banco de dados e recursos para a segurança da informação; utilização de recursos de imagens, vídeos, animações, linguagens de marcação e folha de estilo para desenvolvimento web.

Apresenta a cadeia produtiva da piscicultura, os princípios e conceitos básicos do cultivo de peixes como nutrição, reprodução processamento das principais espécies cultiváveis e mercado de pescado para proporcionar ao participante poder ingressar ou aprimorar sua atuação na área.

Produtor de Derivados do Leite

O curso apresenta a cadeia produtiva da aquicultura ornamental propiciando que o participante possa atuar ou aprimorar sua atuação na área. Aprender como produzir diferentes espécies de peixes ornamentais e como ter retorno econômico dessa atividade são alguns dos principais objetivos do curso.

Programador Web*

Produtor Comercial de Peixes

Proporciona assimilação de conhecimentos necessários para o desenvolvimento de habilidades específicas e capacidade crítica em relação à qualidade da matéria-prima, o beneficiamento do leite, bem como, os processos de industrialização dos derivados, em suas diversas etapas, dentro de uma abordagem que contemple teoria e prática.

Programador de Dispositivos Móveis*

O curso trabalha conhecimentos para formar profissionais aptos para codificar, desenvolver e realizar manutenção de programas para dispositivos móveis; implementar rotinas especificadas em projetos e documentar as etapas do processo.

Desenvolvedor de Jogos Eletrônicos*

O curso de Desenvolvedor de Jogos Eletrônicos trabalha o desenvolvimento e a realização de manutenção de jogos eletrônicos utilizando recursos multimídia e ferramentas de desenvolvimento.

*cursos ofertados pelo IMD

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APOIO

AMBIENTE VIRTUAL DE APRENDIZAGEM E EQUIPE MULTIPROFISSIONAL Texto: Gilberto Oliveira e Rosana Pimentel | Imagens: Pixabay

A modalidade de Educação a Distância (EAD) tem algumas especificidades enquanto modelo planejado de ensino remoto. Além do curso ser ministrado inteiramente a distância com o auxílio de professores e tutores a utilização de ferramentas educacionais adequadas é essencial.

variados recursos adequados ao processo de ensino-aprendizagem: o ambiente virtual de aprendizagem (AVA). Por meio do AVA tanto os alunos podem acessar o conteúdo das disciplinas como interagir com professores, tutores e colegas de curso. Ao mesmo tempo em que os docentes e a equipe de apoio podem acompanhar todo percurso do estudante e avaliar seu desenvolvimento.

A aprendizagem a distância possibilita a flexibilização na rotina de estudos, visto que as aulas e o material didático ficam disponíveis para que o aluno os consulte quando desejar. Para estruturar essa dinâmica é necessária uma plataforma criada especialmente para atender às demandas da EAD e que disponibilize

O Programa Novos Caminhos na UFRN utiliza o AVA PROEX, plataforma da Próreitoria de Extensão da Universidade desenvolvida pela equipe da Secretaria de Educação a Distância (SEDIS). Nela são disponibilizadas uma série de cursos

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participantes e ministrantes do curso, o aluno também acompanha o seu percentual de conclusão dos componentes curriculares e, ao final, participa da pesquisa de egressos antes de receber seu certificado.

gratuitos em várias áreas do conhecimento ofertados para a comunidade acadêmica e para o público externo. Após confirmação da matrícula no Sistema Integrado de Gestão de Atividades Acadêmicas (Sigaa), os estudantes são direcionados para o AVA PROEX. No ambiente virtual, além de todo material introdutório do curso e comunicados da coordenação, estão disponíveis em as aulas gravadas bem como materiais didáticos complementares disponibilizados no decorrer das disciplinas. Todo material pode ser apresentado em diferentes formatos como áudio ou vídeo, e há também a possibilidade de utilização de variados recursos como enquetes, tarefas com prazo determinado, salas de bate papo e links para conteúdos externos.

Para possibilitar o melhor aproveitamento dos recursos disponíveis na plataforma, o Programa Novos Caminhos conta com uma equipe multiprofissional que dá suporte aos professores e tutores na utilização de ferramentas e recursos. Ela está dividida em duas áreas: Setor de Desenvolvimento de Conteúdo Gráfico e Audiovisual e o Setor de Suporte à Plataforma, compostos respectivamente por profissionais de Comunicação e de Tecnologia da Informação. Uma das ações desenvolvidas pela equipe foi a criação do curso autoinstrucional para a formação de docentes. Com isso, professores e

Além de poder interagir com outros

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materiais didáticos mais utilizados pelos professores.

tutores recebem orientações que variam desde como gravar e editar as videoaulas e materiais didáticos, adicioná-los à plataforma até a interação com os alunos. Responsável técnico pelo AVA PROEX no Novos Caminhos, o analista de sistemas Artur Nobre diz que o curso facilita o trabalho de formação, “além de otimizar o tempo e nivelar o conhecimento quanto ao uso dos recursos tecnológicos”.

Os templates variam desde apresentações de slides, apostilas e composições de cenas para gravadores de tela até projetos de edição de vídeo. Eles são utilizados pelos professores a partir das necessidades que cada curso ou disciplina possui e são criados, em sua maioria, para utilização em softwares livres.

O curso autoinstrucional, no entanto, é apenas o primeiro contato dos professores e tutores com as equipes de suporte. Para permitir a criação rápida dos conteúdos, por exemplo, a equipe de comunicação elabora templates, que são modelos customizáveis dos

Além disso, há suporte permanente aos professores e tutores em dúvidas sobre uso das ferramentas e adaptações de materiais, bem como aos alunos em relação ao acesso à plataforma e sua primeira utilização.

DIFERENCIAIS DA PLATAFORMA AVA/PROEX

ATUAÇÃO DA EQUIPE MULTIPROFISSINAL Demandas Setor de Suporte à Plataforma

Facilidade Objetividade

Acesso de alunos ao AVA

Responsividade

Capacitações

Integração dos cursos, turmas e usuários cadastrados no sistema acadêmico

Videotutoriais Demandas Setor de Produção de Conteúdo Gráfico e Audiovisual

Curso autoinstrucional produzido pelo Novos Caminhos

Desenvolvimento de templates Desenvolvimento de tutoriais Produção de conteúdo para divulgação Produção de material didático

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EAD

FORMAÇÃO PROFISSIONAL E EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA DURANTE A PANDEMIA Texto: Carmem Spínola | Imagem: Pixabay

Em março de 2020, com as incertezas trazidas pela pandemia do coronavírus e a suspensão das aulas presenciais, o Ministério da Educação (MEC) propôs ofertar cursos de Formação Inicial e Continuada (FIC) através da modalidade de Educação a Distância (EAD).

Dentre as vantagens do Novos Caminhos no formato EAD estão as aulas assíncronas, isto é, aulas gravadas previamente e disponibilizadas diariamente no Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA). Desse modo, o aluno pode assistir as videoaulas de acordo com sua disponibilidade de tempo.

“Tínhamos a ideia de realização de diferentes cursos presenciais, que sofreram algumas alterações e foram adaptados para o formato EAD”, explicou o professor Paulo Faria coordenador do Programa na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). A pandemia alterou os planos de toda equipe, mas trouxe uma oportunidade de capacitação para mais brasileiros de Norte a Sul do país.

Essa atenção dada aos alunos tem sido uma aliada na diminuição do índice de evasão, um dos obstáculos enfrentados pelas instituições de ensino que ofertam cursos de forma remota. Garantir ao aluno um ambiente acessível e com qualidade, que lhe permita entender a importância do estudo

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remoto, são ferramentas essenciais para que ele reconheça o papel da educação a distância. “Foi, e está sendo, um período difícil para todos nós, mas acreditamos que o impacto da

pandemia, pelo menos para esses estudantes, no quesito capacitação, tenha sido positivo, em decorrência do Novos Caminhos”, ressaltou o professor Paulo Faria.

PALAVRA DE ORDEM: ADAPTAÇÃO trabalho, ao desafio de ministrar aulas atrativas, dinâmicas, utilizando meios que despertassem o interesse dos alunos.

O sucesso das aulas na modalidade de Educação a Distância vai além da utilização de equipamentos de ponta com tecnologia avançada, softwares atualizados e plataformas de ensino de fácil acessibilidade. O trabalho de professores e tutores é fundamental para a apresentação dos conteúdos, bem como na interação com alunos para sanar dúvidas e compartilhar informações, experiências pessoais, sugestões, elogios e críticas.

No caso da professora Fabiana Borges, do curso de Beneficiamento de Pescado, trabalhar com a modalidade EaD não foi complicado, isso porque, ela teve toda sua formação superior a distância. “Sou licenciada em Química pela UFRN e também cursei duas especializações, no IFRN e na UFRN, todos na forma EaD”, explicou a professora. Fabiana disse, ainda, que iniciou o mestrado em março de 2020 e, devido à pandemia, as aulas estão sendo realizadas de forma remota.

Localizados em diversos estados do país, os professores do Programa Novos Caminhos, no decorrer dos cursos, aliaram suas experiências profissionais, seja em sala de aula ou no mercado de

Sou licenciada em Química pela UFRN e também cursei duas especializações, todos na forma EaD Fabiana Borges, professora do curso de Beneficiamento de Pescado

Como docente, sua experiência com a EaD começou em 2017, quando foi professora do curso técnico em Agroindústria, ofertado pela Rede e-Tec Brasil em parceria com a Escola Agrícola de Jundiaí (EAJ), na modalidade semipresencial. "Nessa época já utilizávamos um Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) bastante parecido com o do Novos Caminhos e isso facilitou bastante o meu trabalho no Programa”, explicou Fabiana. Professora do curso de Horticultor

Orgânico, Patrícia Silveira contou que sua primeira experiência com EaD foi quando ministrou a disciplina de Agroecologia no curso de Técnico em Grãos, na cidade de Formosa/GO. As aulas eram ao vivo, através de uma plataforma digital que permitia os encontros em tempo real. "No Programa Novos Caminhos tínhamos que gravar as aulas, daí veio a dificuldade de encontrar um espaço adequado, silencioso, havia a preocupação com o som da gravação, volume, a qualidade

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gravação, edição, mas todas essas dificuldades foram sanadas com muita paciência e dedicação para montarmos um material didático, dinâmico e dialógico para nossos discentes, de maneira que o ensino-aprendizagem fosse eficiente e principalmente compreendido pelo nosso público alvo que é o principal foco dessa construção", ponderou.

Tivemos uma dinâmica muito boa na troca de conhecimento com os alunos, não só na interação pelos fóruns, mas também durante as webconferências Patrícia Silveira, professora do curso de Horticultor Orgânico

Segundo a professora, por meio das conferências online foi possível chegar mais próximo dos alunos, permitindo, assim, saber as principais dúvidas e dificuldades enfrentas nas aulas. "As webconferências funcionaram como canal de diálogo que muito contribuiu para o aprimoramento das atividades ministradas durante o período do curso".

da Internet, mas fomos adequando tudo isso e conseguimos nos adaptar à nova realidade", relatou. Patrícia falou também que, mesmo ela e outros professores que já tinham experiência com o ensino remoto, ficaram apreensivos com o uso do Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA), por não terem conhecimento prévio sobre como manusear a plataforma. Esse impacto inicial foi logo dissipado e o curso foi desenvolvido com sucesso. "Tivemos uma dinâmica muito boa na troca de conhecimento com os alunos, não só na interação pelos fóruns, mas também durante as webconferências. Os alunos participavam interagindo e nós, professores, procuramos apresentar o conteúdo de forma mais leve, para que todos entendessem, independente de já terem ou não uma formação na área", ressaltou.

Apesar das dificuldades encontradas, Luany vê no ensino remoto a oportunidade para auxiliar aqueles alunos que não têm tempo para fazer um curso de forma presencial. "Umas das vantagens do ensino remoto é chegar nesse público que trabalha e, apesar da rotina cansativa do dia a dia, está disposto a sempre compartilhar experiências", finalizou.

As aulas a distância foram desafiadoras, tivemos que driblar os ruídos nas gravações, bem como aprender algumas tecnologias como de gravação e edição.

Os desafios relatados pela professora Patrícia também foram compartilhados por sua colega de curso, a professora Luany Silva. "As aulas a distância foram desafiadoras, tivemos que driblar os ruídos nas gravações, bem como aprender algumas tecnologias como de

Luany Silva, professora do curso de Horticultor Orgânico

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MUDANÇAS NA ROTINA E NOS ESPAÇOS

Setor de horticultura orgânica construído para as aulas do Novos Caminhos

com os professores sobre a importância de montar um setor de horticultura orgânica que pudesse ser utilizado como área prática para as aulas. Foi escolhida uma área de 200 m² e, enquanto os professores passavam as informações, o setor era construído. “Tudo foi planejado, desde a aquisição de materiais mínimos necessários, escolha do terreno, definição de um melhor manejo”, explicou Paulo Faria, coordenador do Novos Caminhos na UFRN.

A dinâmica das aulas do Novos Caminhos exigiu flexibilidade e criatividade do corpo docente. Dentre todos, dois cursos trouxeram modificações em várias áreas na EAJ: Horticultor Orgânico e Piscicultura Ornamental. Contando com professores de seis diferentes estados do Brasil, o curso de Horticultor Orgânico apresentou aos alunos exemplos de como acontece a horticultura de norte a sul do país, mostrando realidades diversificadas e aumentando o leque de informações. Para a professora Luany Silva o curso oportunizou uma miscigenação de saberes, com disciplinas que possibilitaram vivenciar no cotidiano o que estava sendo ministrado. “Vejo nessa estrutura pedagógica uma forma de aproximar os conhecimentos técnicos e empíricos de forma dialógica, permitindo aproximar saberes das mais diversas áreas”, completou.

Em virtude da pandemia, com restrição de funcionários no local e dificuldade de aquisição de materiais, algumas ações tiveram que ser improvisadas, segundo o relato do coordenador, que acompanhou as orientações e muitas vezes foi o responsável pelo manejo de plantação de sementes, mudas e limpeza do espaço. “Era um momento relaxante, uma vez que a ideia não era montar uma horticultura comercial, mas aprender, ensinar, produzir, exercitar-me em período de pandemia e ainda usufruir de algumas hortaliças produzidas com meu suor”, comemorou.

Essa interdisciplinaridade possibilitou um olhar diferenciado para o ensino. Assim, no início do curso, foi discutido

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As imagens do desenvolvimento da horta eram diariamente enviadas aos professores para utilização nas aulas. Manejo de pragas que acometiam o setor, período de plantio, adubação, foram algumas das principais aulas gravadas utilizando esse material. Com cerca de mil alunos matriculados, o curso contribuiu com a capacitação de profissionais mais humanizados para o mercado de trabalho e a viabilização de sistemas produtivos que garantam a qualidade desejada pelos consumidores e o retorno econômico almejado pelos produtores.

Ele explicou que a falta de pessoal fez com que o manejo fosse o mínimo possível. Surgiu, então, o Programa, com a oferta de cursos na área de aquicultura, fazendo com que aparecesse a proposta de se ter o máximo de peixes reproduzindo e sistemas funcionando, para que as aulas do curso fossem gravadas durante a manutenção e o manejo que aconteciam no setor. “Aulas de como construir estufas, tanques, como reproduzir cada espécie, eram realizadas diariamente”, disse o professor. Toda essa estrutura para mostrar aos mais de 5.000 estudantes matriculados no curso como produzir comercialmente peixes ornamentais.

Outra área que passou por modificações foi o Laboratório de Aquicultura Ornamental da EAJ, que possui uma área de aproximadamente 4.000 m², onde são produzidas diferentes espécies em sistemas diversos de produção, com o objetivo de mostrar aos alunos, na prática, como é a produção de peixes ornamentais.

A rotina do laboratório todo mudou porque alguns professores que eram do Rio Grande do Norte, constantemente se deslocavam até lá para gravar, na prática, as aulas do curso. Além do laboratório ter voltado à rotina de trabalho, uma sala de aula nova foi preparada para o retorno gradual das atividades: uma arquibancada ao ar livre ao lado de um lago ornamental, dentro do espaço físico da EAJ. Mais um legado do Novos Caminhos para a Instituição.

“Quando ainda não existia o Novos Caminhos, vários peixes do laboratório foram doados, tanques e caixas desativados, pelo fato de todo setor ser mantido com o trabalho de bolsistas e estagiários”, esclareceu o professor.

Mudanças no Laboratório de Aquicultura Ornamental da EAJ para as aulas do Novos Caminhos

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INCLUSÃO

NOVOS CAMINHOS PARA TODOS Texto: Carmem Spínola e Rosana Pimentel | Imagem: Pixabay

Com vagas abertas para toda a sociedade, o Novos Caminhos alcança pessoas de diferentes localidades e realidades. Até mesmo aquelas que estão privadas de liberdade têm oportunidade de se capacitar. É o caso de 10 pessoas em cumprimento de pena no Rio Grande do Norte, que concluíram cursos por meio do Programa ano passado, e de outras quatro matriculadas em 2021.

Com faixa etária entre 25 e 40 anos, sendo seis mulheres, internas no Complexo Penal Dr. João Chaves Feminina (PCJCFEM), em Natal, e quatro homens, da Cadeia Pública de Caraúbas (CPC), os alunos realizaram capacitações nas áreas de piscicultura e informática. Na oferta de 2021, todos os participantes são internos da CPC, matriculados nos cursos de Horticultura Orgânica e Piscicultura.

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A Secretaria de Estado da Administração Penitenciária do RN (SEAP) desenvolve ações de reinserção de pessoas privadas de liberdade, no mercado de trabalho. Entre elas, a capacitação dos custodiados. As unidades prisionais contam com salas equipadas para ações educacionais e as aulas são acessadas diretamente pelo AVA/PROEX, sob acompanhamento de policiais penais. "Quero registrar a dedicação dos servidores dessas unidades em abraçar a causa da educação tecnológica profissional como meio de transformar vidas”, comentou a coordenadora do Departamento de Promoção à Cidadania da SEAP, Alcineia Rodrigues.

agricultura familiar e que pode ser aplicado com baixo custo”. Alguns dos internos também possuíam algum tipo de experiência com agricultura antes de serem privados de liberdade e a capacitação pode ser uma forma de gerar renda de forma independente, quando retornarem ao convívio social. É o caso dos internos PWSF e JFA (nomes preservados por segurança). Ambos cultivavam alimentos antes de serem presos, mas possuíam pouco ou nenhum conhecimento técnico sobre manejo de solo, adubos e cultivo sem agrotóxicos. O custodiado TCSM, por sua vez, disse que "quando o preso sai, não é visto com bons olhos pela sociedade e tem dificuldades para conseguir emprego”. E tem interesse em aplicar os conhecimentos adquiridos para construir novas oportunidades: “eu vejo no curso uma chance de ganhar dinheiro através da venda de hortaliças”, afirmou.

A formação para Horticultor Orgânico foi a mais procurada pelos custodiados, este ano. O diretor da Cadeia Pública de Caraúbas, André Leandro, diz que o curso chama atenção pela “aproximação que ele propõe através dos conteúdos voltados para a

Quando o preso sai, não é visto com bons olhos pela sociedade e tem dificuldades para conseguir emprego. Eu vejo no curso uma chance de ganhar dinheiro através da venda de hortaliças TCSM, aluno de Horticultor Orgânico

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CAPRINOCULTOR

INTERAÇÃO ENTRE ALUNOS IGNORA DIFERENÇAS GEOGRÁFICAS E CULTURAIS Texto: Rosana Pimentel | Imagem: Pixabay

Fórum, chat, videochamadas, grupos de WhatsApp. O que não faltam são canais de comunicação entre os alunos do professor Henrique Rocha, coordenador do curso “Caprinocultor”, do Programa Novos Caminhos, na UFRN. A primeira oferta por meio da Escola Agrícola de Jundiaí para esse curso contempla mais de 160 alunos residentes em diversos estados brasileiros. Eles têm idades, histórias e níveis de escolaridade tão diversas quanto as distâncias geográficas que os separam. Mas tanta diversidade não impede que os estudantes interajam diariamente,

troquem experiências e aprendam com professores e colegas. Aliás, o coordenador comemora o nível de participação da turma: “no início, eu achei que essas diferenças regionais não fossem interferir, mas confesso que existia um pouco de medo”. No entanto, ele comenta que a resposta foi positiva. “Eu sempre coloco algumas particularidades de cada região para eles perceberem que há problemas diferentes em cada lugar, depois eles mesmos discutem de forma independente sobre os detalhes, fazem

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perguntas uns aos outros, criam seus próprios canais de discussão”, diz.

livre para se capacitar e buscar outro trabalho ou iniciar sua própria atividade.

O curso de Caprinocultor possui dois perfis principais de estudante: um formado por alunos mais jovens, que estão na graduação e outro de pessoas que estão aposentadas ou próximas disso e estão buscando uma nova atividade. “Nunca se é velho para aprender e os maiores exemplos que tenho nesse curso vêm desse segundo grupo” comenta, o coordenador. Foi deles que partiu uma proposta de que houvesse pelo menos dois encontros semanais ao vivo. Entre eles, há também alunos que são produtores rurais e começam a aplicar os novos conhecimentos para melhorar suas atividades ou que estão empolgados aprendendo a usar ferramentas digitais.

De acordo com Henrique Rocha, a presença de jovens que produzem animais caprinos para suas famílias e vendem o excedente para gerar renda extra, também é comum, além daqueles que não vão trabalhar especificamente na área, mas adquirem informações que podem ser utilizadas de outras formas: “Minha expectativa era formar pessoas aptas a trabalhar na produção, com noção de gerenciamento, e ter perspectivas de crescimento como funcionário ou que pudessem gerar renda para eles. Mas alguns que não vão trabalhar na área, aprenderam também uma coisa nova que vão usar para a vida, então espero que o Programa continue e que possamos montar outras turmas”, finaliza.

O coordenador conta que uma das alunas, que é produtora há muitos anos, voltou para o interior, por causa da pandemia, e começou a mudar práticas, seguindo as orientações do curso. “Ela entra rigorosamente todos os dias na plataforma, sempre faz perguntas, aplica os conhecimentos no dia-a-dia, tem melhorado o rebanho e está animada porque está aprendendo a mexer no celular”, destaca.

Henrique Rocha, coordenador do curso

Minha expectativa era formar pessoas aptas a trabalhar na produção e ter perspectivas de crescimento como funcionário ou que pudessem gerar renda para eles

O outro grupo, formado principalmente por estudantes universitários e de nível técnico busca, no geral, aprimorar a formação. “Eles têm aqui [no Programa Novos Caminhos] uma chance de fazer pequenos cursos e aprender mais do ponto de vista profissional”, comenta, o coordenador. Há ainda aqueles que perderam o emprego, mas estão usando o tempo

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PRODUTOR AGROPECUÁRIO

OTIMIZAÇÃO DO TRABALHO E INCENTIVO AO EMPREENDEDORISMO Texto: Gilberto Oliveira | Imagens: Pixabay

Dar uma pausa nas atividades cotidianas para se qualificar e repensar seu trabalho deixou de ser algo inatingível para produtores agropecuários. Pessoas que trabalham na lida diária estão aplicando na prática os conhecimentos adquiridos a partir do curso de formação inicial e continuada do programa Novos Caminhos. Outros, estão formulando ideias para criar

novos empreendimentos ou acessar o mercado de trabalho. "O curso de Produtor Agropecuário ofertado pela Escola Agrícola de Jundiaí (EAJ) é construído por um conjunto de disciplinas que visam tanto a melhoria da produção quanto o incentivo ao empreendedorismo", aponta o professor Mário Cardoso, coordenador da

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trabalho com a terra, com a forragem, com os piquetes, com o manejo do gado e com o trato de alguns equinos que há em minha propriedade”, afirma. Com os conteúdos apreendidos nas aulas ele assegura que está mais confiante para desenvolver sua propriedade.

formação. Para Hailson Alves Ferreira Preston, professor de sanidade vegetal, o curso tem cumprido seu objetivo de preparar novos ou incrementar negócios dos próprios alunos. “A iniciativa tem contribuído para o desenvolvimento socioeconômico. Os temas estudados são bem direcionados à prática e promovem a profissionalização”, assegura o professor.

Rever ou aprofundar os conhecimentos também tem sido uma constante para estudantes do curso. Gustavo Victor Teixeira da Costa é do campo e acreditava que sabia de tudo sobre manejo de animais, mas no decorrer das aulas viu que tinha muito a aprender. "Aprofundei meus conhecimentos e esse tem sido o melhor curso que já fiz", avalia. Enquanto Carla Patrícia Pereira, que é graduada em Zootecnia, relata que aprendeu muitas coisas novas e reviu outras que não lembrava mais.

Isso está sendo possível através dos cursos ofertados na Educação a distância (EAD). Um dos diferenciais dessa modalidade é que as aulas podem ser acessadas a qualquer momento e podendo ser encaixadas na rotina de acordo com as outras atividades do aluno. Além de possibilitar consultas posteriores para a revisão dos assuntos mais complexos. Considerável parcela dos alunos já atua na área e tem testado em campo os conteúdos estudados. Para José Gomes Neto, o curso tem sido bastante proveitoso. Apesar de ser licenciado em Letras, ele desenvolve a atividade agropecuária há algum tempo. “A pandemia mudou minha rotina fazendo com que eu ficasse mais tempo em casa e procurei aproveitar isso buscando conhecimentos mais específicos sobre meu trabalho”, conta.

O curso de Produtor Agropecuário é construído por um conjunto de disciplinas que visam tanto a melhoria da produção quanto o incentivo ao empreendedorismo.

O aluno destaca o preparo dos professores e as metodologias utilizadas nas aulas, o que tem contribuído para a absorção do conhecimento e para aproveitamento na prática.

Mário Cardoso, coordenador do curso

“Os conhecimentos adquiridos no curso trouxeram-me mais segurança no

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Estou aproveitando tudo e já formulei um projeto para iniciar uma atividade pecuária Pedro Lopes de Lima Júnior, aluno do curso

consumo próprio, relata que muita coisa que viu no decorrer do curso abriu seus olhos para otimizar a criação produzindo mais com menos custos. "Principalmente no que diz respeito à nutrição e à sanidade animal, vislumbro uma oportunidade de negócio de criação de aves", comemora.

Quem ainda não atua no mercado de trabalho ou ainda não tem o seu próprio negócio tem se animado com as possibilidades apresentadas. O curso qualifica quem quer atuar junto a empresas da iniciativa privada, mas também incentiva o empreendedorismo. “Recebemos, além do material didático, indicações de livros. Estou aproveitando tudo isso e já formulei um projeto para iniciar uma atividade pecuária”, comenta Pedro Lopes de Lima Júnior. Ação seguida também por Tiago Junior Pinheiro que, até o final do ano, pretende organizar sua propriedade e realizar um melhoramento animal associado ao manejo e à sanidade do rebanho.

Para ele a experiência com a EAD foi novidade. "Tem sido uma ótima experiência. Mesmo sem ter a parte prática a dedicação dos professores através de videoaulas bem didáticas e a riqueza dos conteúdos trabalhados suprem essa falta", conta. "Os professores também se dispuseram a participar dos chats para conversar com os alunos tirando dúvidas e dando orientações, isso o que aproximou os alunos das disciplinas", acrescenta.

Marcos Antônio de Araújo Bezerra Filho, que atualmente cria galinhas para

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DERIVADOS DE LEITE

MELHORIA NOS PROCESSOS DE PRODUÇÃO E AUMENTO NA RENDA FAMILIAR Texto: Carmem Spínola | Ilustrações: Freepik | Imagens: Pixabay

requer uma atenção especial com o manejo do produto que chega ao consumidor. “Sabe-se que algumas regiões do nosso país ainda apresentam condições de produção e relações de trabalho precárias e informais”, segundo a professora Claudia Souza Macedo, que coordena o curso na Escola Agrícola de Jundiaí. Daí vem o objetivo principal do curso Produtor de Derivados de Leite, oferecido pelo Programa Novos Caminhos: contribuir para o desenvolvimento teórico-prático do profissional da área, desmistificando assuntos sobre qualidade e processamento do leite.

Consumido em todo o mundo, o leite é um dos principais alimentos na nutrição humana, de acordo com a Organização das Nações Unidas para Alimentação e a Agricultura (FAO). O consumo do produto e de seus derivados fornece proteínas e minerais essenciais à promoção do crescimento e manutenção da vida para o ser humano. A Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição (SBAN), incentiva o consumo de produtos lácteos, destacando os benefícios do leite para a saúde, principalmente por ser fonte de cálcio, mineral fundamental para a boa formação dos ossos. Além do cálcio o leite também possui vitaminas, proteínas, potássio, aminoácidos e fósforo.

Para alcançar esse objetivo, a profa. Claudia explica que as disciplinas ministradas no curso contemplam temáticas sobre a qualidade da matériaprima (leite), abordando assuntos

Tamanha importância para a saúde

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de diversas áreas. São Engenheiros de Alimentos, Zootecnista, Médico Veterinário, Tecnólogo em Gestão Ambiental, Engenheiro Agrônomo e Gastrólogo. Além disso, o material disponibilizado para os alunos está em sintonia com o que de mais atual é abordado na área.

relevantes como elementos para detectar “fraudes” ou adulterações no produto, assim como apresentam os principais derivados lácteos. Com uma equipe de professores altamente qualificada, o curso conta com mestres e doutores, profissionais

FORMAÇÃO DAS TURMAS E DINÂMICA DAS AULAS O curso teve início em maio de 2020, mas nas primeiras turmas foi verificado que uma grande parcela dos participantes inscritos não deu continuidade aos estudos, segundo informou a profa. Claudia. “Porém, nas novas turmas iniciadas em agosto, o número de inscritos foi bem mais alto e a participação dos discentes foi mais ativa", explicou.

conseguem aproveitar ao máximo os conteúdos. Muitos desses alunos já são produtores de leite e alguns possuem o próprio negócio, desse modo, a troca de conhecimentos tem sido proveitosa. No decorrer das aulas, os tutores estão constantemente incentivando os discentes a participarem dos Fóruns de discussão, estimulando-os a tirar dúvidas, compartilhar experiências, promover discussões relevantes sobre os temas. “Recebemos mensagens toda semana elogiando sobre os conteúdos postados”, comemora a coordenadora.

A professora disse, ainda, que as turmas são formadas por alunos de todos os níveis de escolaridade e todos

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até mesmo possa montar seu negócio próprio, o que representa uma alternativa de aumento da renda familiar. “Estamos promovendo uma formação técnica sólida e, consequentemente, melhorias na cadeia produtiva de derivados lácteos visando também à solução de problemas ambientais e sociais”, concluiu.

A cadeia produtiva do leite é uma das mais importantes da agropecuária brasileira, por isso a qualificação é extremamente importante na formação desses profissionais cidadãos, afirmou a professora Claudia. Essa formação permite que o profissional atue na área de laticínios e

Estamos promovendo uma formação técnica sólida e melhorias na cadeia produtiva de derivados lácteos Claudia Souza Macedo, coordenadora do curso

O profissional que trabalha com o beneficiamento do leite e o processamento de seus derivados, precisa estar atento às normas e procedimentos técnicos, de qualidade, higiene e saúde, bem como, de meio ambiente.

qualidade nutricional, sanitária e tecnológica. Os derivados lácteos são aqueles obtidos mediante a transformação do leite ou de um dos seus componentes em outro produto, com características próprias. Entre eles estão o queijo, a manteiga, a coalhada, o requeijão, o iogurte, o doce de leite, produtos que fazem parte do consumo de famílias em todas as regiões do Brasil, por isso seu destaque na economia nacional.

A começar na ordenha, passando pela sua utilização in natura ou na forma de derivados, é necessário que o leite seja manipulado e processado com cuidado e higiene para a manutenção da sua

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PROCESSAMENTO DE FRUTAS E HORTALIÇAS

FORMAÇÃO ESPECÍFICA PARA APLICAÇÃO IMEDIATA Texto: Gilberto Oliveira | Imagens: Pixabay

Um dos diferenciais do curso de Operador de Processamento de Frutas e Hortaliças é a formação mais específica. Ou seja, prepara profissionais para atuarem em um nicho particular. Esse direcionamento favorece o entendimento e a identificação do aluno com a área.

longa para somente depois focar em algo particular, os cursos de Formação Inicial e Continuada do Novos Caminhos são mais objetivos. Isso contribui para uma aplicação prática mais imediata. Quem já atua na área pode atualizar seus conhecimentos e quem pretende ingressar no mercado ou empreender já pode entrar com uma ideia do que pode fazer.

Ao invés de fazer uma formação mais

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conhecimentos adquiridos e as múltiplas possibilidades que os estudantes têm com a formação. “Esse é um fator muito importante porque motiva ações que proporcionam aproveitamento de matérias-primas regionais, qualificação e fixação de mão de obra, geração de renda e diversificação de produtos de qualidade no mercado”, acrescenta Robson Coelho.

“Os conhecimentos adquiridos na formação visam permitir qualquer percurso possível ou pretendido pelo aluno. Empreender ou atuar no mercado de trabalho são possibilidades reais para os egressos”, ressalta o professor Robson Coelho, que coordenou o curso. O curso de Operador de Processamento de Frutas e Hortaliças tem o objetivo de formar profissionais para atuar no préprocessamento e no processamento de frutas e hortaliças, atendendo às normas e procedimentos técnicos, de qualidade, higiene e saúde e de meio ambiente.

“O perfil dos alunos atendidos foi diverso, a exemplo dos diferentes níveis de escolaridade: a maioria tinha graduação, mas havia pessoas com ensino médio e outras com pósgraduação”, comenta o coordenador.

A formação é dividida em quatro partes: fundamentos da ciência e tecnologia de alimentos aplicada às frutas e hortaliças; pré-processamento de frutas e hortaliças; processamento de frutas e hortaliças; qualidade, segurança, meio ambiente e saúde.

A experiência com EAD, sobretudo no contexto atual de pandemia, precisou ser bem planejada. Os materiais produzidos foram postados no ambiente virtual de aprendizagem (AVA) de acordo com um cronograma acertado em reunião. Além disso, diariamente, os professores acessavam a plataforma para dar explicações e sanar dúvidas dos alunos por meio de chat, sala de aula virtual, fóruns e mensagens.

Com a impossibilidade de realização de atividades presencias, os alunos foram incentivados, nas videoaulas, a aplicarem na prática os conhecimentos adquiridos com os conteúdos estudados. Dentre os experimentos desenvolvidos estão a produção de hortaliças em conserva (rabanetes, beterrabas e cenouras), bem como doce de pêra em calda e geléia de goiaba.

“Creio que as maiores dificuldades encontradas foram relacionadas ao acesso remoto em si, ou seja, dificuldades com a conexão à internet ou pouca familiaridade com a plataforma”, pontua o professor. Para contornar isso, foram criados grupos em aplicativos de mensagens para manter a interação entre alunos e professores, como aditivo às ferramentas disponíveis no AVA.

A possibilidade de fabricação caseira de produtos derivados de frutas e hortaliças usando o mínimo de tecnologia e seguindo rigorosos controles de qualidade apreendidos no curso comprova a aplicabilidade dos

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FORRAGICULTURA

O PROMISSOR MERCADO DA FORRAGICULTURA Texto: Rosana Pimentel | Ilustrações: Freepik

encontrar empresários atuando no campo da mesma forma que seus pais, com técnicas rudimentares e pouco eficazes enquanto os estudantes geralmente vindos de áreas urbanas tinham pouco ou nenhum contato prévio com o campo. “Unir essas duas realidades, pode gerar mudanças significativas no mercado”, avaliou.

“Quem vai trabalhar na área de produção animal tem que empreender”. A advertência feita pelo professor Emerson Aguiar buscava estimular nos alunos a união entre teoria e prática. Mais: carregava um desejo de levar para a produção diária no campo, a aplicação das informações discutidas na sala de aula e tornar rentável esse conhecimento.

Para Emerson Aguiar, não era preciso ser um grande produtor para alcançar um bom retorno financeiro. Em poucos minutos e fazendo cálculos rápidos, mostrou diversas possibilidades de se produzir renda mesmo sem ter um espaço físico grande: “em uma área de 4 hectares é possível se obter uma renda mensal de R$ 6 mil a R$ 8 mil. Quantas pessoas têm esse salário aqui?”, questionou.

Emerson Aguiar faleceu, vítima de covid-19 em março deste ano. Em gratidão ao trabalho desenvolvido na Escola Agrícola de Jundiaí e junto ao Programa Novos Caminhos, esta edição resgatou sua mensagem de incentivo aos alunos e futuros produtores rurais. A entrevista foi realizada no final de 2020 Entusiasmado, durante toda a conversa, o professor - que coordenou o curso de forragicultor, chamou a atenção, frequentemente, para a distância existente no Brasil entre quem produz e quem estuda sobre produção rural.

Desde iniciativas independentes a ações de cooperativismo, o professor apontou soluções de produção e tinha o desejo de que seus alunos fossem capazes de detectá-las também: “juntem três, quatro alunos numa sociedade e vão produzir!”

Falou sobre o quanto era comum

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MERCADO CARENTE DE SOLUÇÕES PROFISSIONAIS encontrar as soluções adequadas”, ponderou.

O forragicultor é o profissional que conhece e atua na produção das plantas mais adequadas para a alimentação animal e o mercado brasileiro oferece diferentes oportunidades para os concluintes do curso que desejam iniciar seus negócios.

Segundo o professor, as pastagens no país sofrem por falta de planejamento. “Elas devem durar no mínimo 40 anos, mas no Brasil duram pelo menos 4 anos. Isso acontece porque o produtor coloca animais demais ou coloca animais de menos”, analisou. Falhas como essa refletem diretamente no custo da produção, pois a alimentação é responsável pela maior parte do custo do animal, cerca de 60 a 70%.

Consolidado como maior exportador de carne do mundo desde 2004, segundo a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), o Brasil é o país que detém o maior rebanho bovino, com 213,68 milhões de cabeças, registradas em 2019. O cenário é otimista e um dos motivos é que há muito espaço para ser melhorado.

Questionado sobre qual seria o maior desafio da pecuária nacional, foi taxativo: a difusão de tecnologia. “Nenhum outro país chega a produzir o que a gente produz. Nós produzimos barato, em quantidade e com qualidade. Mas falta uma difusão de tecnologia maior, falta melhorar o nível de escolaridade no meio rural”.

Quando perguntado sobre quais possíveis melhorias seriam essas, Emerson Aguiar, ressaltou os índices zootécnicos: “ainda são baixos e podem mudar com informação e tecnologia, elevando a produção”. E destacou entre eles a taxa de desfrute, ou seja, a quantidade de animais de determinado rebanho que poderá ser abatido no ano.

E deu exemplos de pessoas que perderam o rebanho inteiro, por falta de informação: “só costumam dar atenção a isso, quando perdem sua produção. Imagine você perder 200 vacas, uma média de R$5 mil por cabeça!”. Para ele, cursos como o de forragicultor, oferecido de forma gratuita, a distância e por professores universitários, eram fundamentais para estimular mudanças nesse cenário.

No Brasil, a taxa é de aproximadamente 20%, enquanto nos Estados Unidos, por exemplo, é de 60%. A utilização adequada da alimentação dos animais pode melhorar essa produção. “O forragicultor tem condições de

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GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS

FOCO NA RESPONSABILIDADE AMBIENTAL Texto: Carmem Spínola | Ilustrações: Freepik | Imagem: Pixabay

a destinação ambientalmente adequada dos rejeitos – aquilo que não pode ser reciclado ou reutilizado.

Em 2020 a promulgação da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) completou dez anos e o Brasil ainda alcança altos índices de destinação incorreta do lixo, além de uma taxa mínima de reciclagem. O objetivo central da PNRS é o “enfrentamento dos principais problemas ambientais, sociais e econômicos decorrentes do manejo inadequado dos resíduos sólidos”.

O Brasil está caminhando a passos lentos para solucionar essas questões e isso tem gerado uma demanda por profissionais qualificados que reflitam sobre como desenvolver soluções sustentáveis. Foi com esse intuito que o Programa Novos Caminhos na Escola Agrícola de Jundiaí ofereceu o curso Agente de Gestão de Resíduos Sólidos.

Para tanto, tem como proposta a prática de hábitos de consumo sustentável e um conjunto de instrumentos para propiciar o aumento da reciclagem e da reutilização dos resíduos, bem como

“De uma forma geral procuramos desenvolver uma reflexão analítica sobre a geração e o tratamento dos

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resíduos sólidos, fornecendo aos alunos conhecimentos específicos sobre o gerenciamento destes e buscando, acima de tudo, formar um cidadão consciente, que possa agir profissionalmente em um caminho mais sustentável, característica cada vez mais valorizada pelo atual mercado de trabalho”, explicou a professora Ana Paula Câmara, coordenadora do curso.

ORGANIZAÇÃO DAS AULAS Para atender ao cronograma de estudos, o curso foi estruturado em três módulos principais. No primeiro deles, os professores trabalharam o tema “Sociedade, meio ambiente e segurança”; no segundo, o foco foram os aspectos jurídicos e as certificações; e, no terceiro, foi dada ênfase aos aspectos tecnológicos. Com uma equipe de professores constituída por profissionais de diferentes formações, as disciplinas foram construídas e ofertadas de forma participativa. Inicialmente, a previsão era atender uma demanda de 100 alunos distribuídos em duas turmas. No entanto, devido à alta procura durante o período de inscrições, o Programa acabou abrindo 11 turmas, com um número de alunos superior a mil matriculados.

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e outras ferramentas participativas que focassem na discussão”, apontou a professora Ana Paula. Segundo ela, essa metodologia proporcionou que os encontros online fossem mais dinâmicos.

Para o professor Lúcio César Dantas, um grande desafio foi trabalhar na modalidade de Educação a Distância, “porém, com o início das aulas ficou nítido que as interações virtuais geraram um ótimo resultado devido à boa participação que obtivemos”, comemorou o professor.

E isso também foi apontado como ponto positivo pelos alunos. Nos fóruns promovidos pelo curso destacam-se as diversas declarações postadas, oportunidade em que os discentes mencionaram o quanto o curso estava sendo importante para suas formações e atuações profissionais, e ainda, o quanto estavam gostando dos materiais e metodologias empregadas.

Muito do êxito obtido foi fruto dos recursos utilizados e do constante esforço de toda a equipe envolvida. “No decorrer do curso, utilizamos materiais escritos, videoaulas, vídeos complementares, entrevistas com alguns profissionais e, ao mesmo tempo, procuramos fazer uso de fóruns

DE OLHO NO MERCADO Diante da demanda da área de gestão de resíduos sólidos por profissionais qualificados, uma contribuição efetiva que foi pensada para a formação dos discentes é a elaboração de um projeto final de curso. Segundo a coordenadora, ao final do último módulo, os participantes receberão instruções de como elaborar um projeto

de trabalho relacionado à sua área, como forma de incentivar o aluno a aplicar os conhecimentos adquiridos no decorrer do curso e simular uma atuação profissional. “O que esperamos com essa simulação é que o ingresso desse aluno no mercado de trabalho seja facilitado, devido à experiência adquirida”, explicou Ana Paula.

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Quase metade dos municípios brasileiros pesquisados ainda despeja resíduos em lixões, que são depósitos irregulares e ilegais. Além disso, de acordo com o estudo, 1 em cada 12 brasileiros não recebe serviços regulares de coleta de lixo porta a porta, o que corresponde a 17,8 milhões de cidadãos. Outro dado alarmante diz respeito à reutilização dos resíduos: apenas 3,85% do que é coletado no país passa por algum processo de reciclagem.

Dessa maneira, unindo teoria e prática, o curso cumpre com sua missão de formar um profissional cidadão consciente de sua responsabilidade socioambiental, que busca atuar com sustentabilidade. Segundo o Panorama dos Resíduos Sólidos 2018/2019, que se configura como a pesquisa mais atual sobre o tema, realizada pela Associação Brasileira das Empresas de Limpeza Pública (Abrelpe), em 2018 foram geradas no Brasil 79 milhões de toneladas de resíduos. Desse montante, 92% (72,7 milhões) foi coletado. Esse dado, porém, evidencia que 6,3 milhões de toneladas de resíduos não foram recolhidas junto aos locais de geração.

“Enquanto o mundo avança em direção a um modelo mais moderno e sustentável de gestão de resíduos, o Brasil continua apresentando as deficiências verificadas há vários anos, ficando abaixo dos indicadores médios de nações da mesma faixa de renda e desenvolvimento”, é umas das conclusões apresentadas na pesquisa.

No tocante à destinação adequada desse material, a pesquisa revela que, do total coletado, 59,5% foram depositados em aterros sanitários. O restante (40,5%) foi despejado em locais inadequados. Observa-se, assim, que 29,5 milhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos acabaram jogados em lixões ou aterros que não possuem condições necessárias para proteger a saúde das pessoas, bem como preservar o meio ambiente contra degradações.

Para reverter esse quadro, é necessário que se desenvolva na população o senso de responsabilidade individual sobre o impacto ambiental provocado pelos seus hábitos de consumo e pela forma com que descartam seus resíduos, assim, a sociedade atual e as gerações futuras poderão desfrutar de uma vida mais sustentável e equilibrada.

Enquanto o mundo avança em direção a um modelo mais moderno e sustentável de gestão de resíduos, o Brasil continua apresentando as deficiências verificadas há vários anos Ana Paula Câmara, coordenadora do curso

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TRATAMENTO DE ÁGUAS

CURSO PREENCHE LACUNA DE FORMAÇÃO ESPECÍFICA Texto: Rosana Pimentel | Imagens: Pixabay

centenas de alunos, a maioria de estados do nordeste.

“Um dos potenciais do nosso curso é sua natureza interdisciplinar, porque a água sempre desperta interesse, seja de quem vai atuar especificamente no tratamento, seja de um profissional de saúde”, avalia o coordenador do curso Auxiliar de Operação de Tratamento de Águas, Anderson Viana. Ofertado pela Escola Agrícola de Jundiaí (EAJ) em parceria com o Programa Novos Caminhos, o curso já formou algumas

O público que se identifica com a área é heterogêneo. Tanto que a formação foi estruturada inicialmente para atender a pessoas que terminaram o primeiro ciclo do ensino fundamental e atraiu também graduados e pós-graduados, bem como alguns profissionais de saúde.

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Segundo o coordenador, um dos principais motivos para isso é o fato de ainda não existir no país uma graduação específica para o tratamento de águas e os profissionais desejarem aprender mais sobre a temática. “Há quem tenha se matriculado como se fosse uma especialização”, comenta. Anderson Viana diz que, ao perceber a diversidade dos inscritos, a equipe precisou repensar algumas estratégias: “tinha que ser introdutório, mas também um curso atraente para esse outro público”, lembra.

Quando a primeira turma estava na metade do curso, foi realizada uma pesquisa de satisfação e a partir dela, os estudantes demonstraram querer mais atividades e novas práticas foram adotas. “Agora, em todas as aulas, os alunos têm uma videoaula e um questionário, para perceberem se estão acompanhando ou não. No final de oito semanas perguntamos o que acharam sobre os questionários e mais de 80% disseram que eles foram positivos para o aprendizado”, comemora.

Um dos potenciais do nosso curso é sua natureza interdisciplinar, porque a água sempre desperta interesse, seja de quem vai atuar especificamente no tratamento, seja de um profissional de saúde Anderson Viana, coordenador do curso

Os conhecimentos adquiridos sobre o tratamento de águas permitem ao profissional atuar em instituições públicas e privadas. O campo abrange companhias de distribuição de água e esgoto como a CAERN, no Rio Grande do Norte, e grandes empresas que precisam de sistemas de tratamento de água autônomos, como indústrias do setor de alimentos e bebidas e empresas com grandes extensões agrícolas. Nesses locais existe demanda de profissionais tanto para atuar em funções operacionais, quanto na gestão e o curso tem atendido aos dois grupos e Anderson Viana destaca alguns dos comentários que costuma receber de quem já atua na área, como

auxiliar: “alguns alunos já chegaram e disseram que agora entendem porque fazem determinadas coisas daquela maneira, pois começaram a saber mais sobre o próprio ambiente de trabalho”. Ou no caso de gestores, é comum que expressem o desejo que tinham de aprofundar o conhecimento técnico sobre aquilo que gerenciam. O coordenador também afirma que o mercado está se preparando para mudanças na legislação e isso pode ser positivo para quem busca capacitação na área: “pode abrir mais o mercado de trabalho com o surgimento de novas empresas e o perfil do profissional talvez exija mais essas certificações para a atuação”, finaliza.

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PEIXES ORNAMENTAIS

UM MERCADO EM ASCENSÃO Texto: Carmem Spínola | Ilustrações: Freepik | Imagens: Pixabay

“A rede de contatos existente com professores de outras universidades e pessoas que atuam no setor nos permitiram mais esse passo. Trabalhamos com o desenvolvimento da cadeia produtiva no Estado do Rio Grande do Norte e trazer conhecimento para esses produtores sempre foi um dos nossos objetivos”, explicou o professor Paulo Faria, coordenador do curso.

Suas cores e formas diversificadas chamam atenção. Os peixes ornamentais já ocupam o quarto lugar na preferência dos brasileiros na escolha de um animal de estimação, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet). Um dos setores mais lucrativos da piscicultura, a criação de peixes ornamentais tem apresentado um crescimento significativo, o que requer dos criadores um domínio cada vez maior das técnicas de produção. Com esta visão de fortalecer a cadeia e levar educação profissional e tecnológica a estes e novos produtores, a Escola Agrícola de Jundiaí (EAJ) criou o curso “Aquicultor: Produção comercial de peixes ornamentais”.

Por se tratar de um curso profissionalizante, de 160 horas, a coordenação convidou professores de áreas específicas espalhados pelo Brasil para ministrar aulas sobre: legislação, produção de espécies comerciais, sistemas de cultivo e mercado. Assim, cada um dos 40 especialistas da área de aquicultura ornamental passou a fazer parte da equipe do curso, no âmbito do Programa.

Inicialmente, a ideia era de uma oferta presencial, mas com a proposta foi alterada para a modalidade de Educação a Distância (EAD). E essa mudança veio com novos desafios, uma vez que a oferta passou a ser ampliada para todo o país.

Inicialmente foram abertas mil vagas, elevando o curso de aquicultura ornamental ao de maior oferta no

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o professor Paulo, ao explicar ainda, que isto é possível pois as aulas ficam disponíveis na plataforma de estudos permitindo que sejam atendidos, com a mesma qualidade, os alunos que iniciam nos mais diversos períodos.

Programa Novos Caminhos. Com as inscrições de forma online, a procura chegou à marca de 5 mil inscritos em todo país, que foram divididos em grupos de acordo com sua área de interesse: produtores, lojistas, aquaristas e entusiastas. Ao todo foram formadas 55 turmas com, aproximadamente, 100 alunos cada.

O Programa também dispõe de professores tutores, que fazem o acompanhamento da turma e a mediação entre alunos e instrutores de cada módulo, respondendo ou encaminhando questionamentos e dúvidas. Após a matrícula, o estudante tem 4 meses para conclusão do curso, e seu acesso ao conteúdo didático liberado por mais 4 meses após o término.

“O que acontece com o número de inscritos na modalidade EaD é que nem todos efetivam sua matrícula e já iniciam o curso. Somando todas as ofertas, chegamos ao numero real de 5.065 alunos em 'sala de aula' e processo de inscrição continua aberto, pois não sabemos quando haverá uma nova proposta do MEC”; complementou

Trabalhamos com o desenvolvimento da cadeia produtiva no RN e trazer conhecimento para esses produtores sempre foi um dos nossos objetivos Paulo Faria, coordenador do curso

Além dos professores, o curso conta com o envolvimento e a participação de órgãos governamentais, como o Ministério da Agricultura; instituições como o Sebrae; empresas privadas relacionadas à produção de insumos, importação, exportação, produção e venda de peixes; além de associações brasileiras que trabalham junto ao setor; produtores e lojistas externos convidados para trocar conhecimento, fazer relatos de experiência, ministrar uma aula e até promover lives, e “batepapos” ao vivo nas redes sociais.

Durante todo o curso, os professores apresentam o que é o setor de aquicultura ornamental, como ganhar dinheiro com a atividade, as possibilidades que existem dentro dessa cadeia produtiva, além de aulas sobre empreendedorismo e marketing para o setor. O professor Paulo Faria esclarece que o objetivo do curso é que o aluno seja um produtor, um lojista, ou se já trabalha no setor, que melhore sua produção. “Mostramos a parte de legalização da atividade, quais as licenças que o produtor precisa, onde adquirir cada uma das espécies e como produzi-las”.

Apesar do exponencial crescimento do mercado de ornamentais, a equipe

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envolvida no curso não esperava reunir um número tão alto de interessados, que trabalham e que não trabalham, ainda, na área. “Está sendo bem proveitoso o curso! Estamos tendo uma repercussão excelente”, relatou de forma positiva, o coordenador.

pratica a elaboração de projetos, sendo instruído a fazer cálculos, planejar a sua produção e ao final, com base no aprendizado, o estudante monta seu plano de atuação profissional, seja em uma loja ou com a sua produção. Os professores oferecem todo o suporte, orientando o certo e o que está errado, e as melhorias possíveis.

Essa comemoração vem do fato que vários alunos já procuraram a coordenação pedindo auxílio no processo de legalização de suas atividades, e uma destas experiências também foi tema de aula: “Pegamos um caso prático - um produtor de determinado estado buscando suas licenças nos órgãos competentes, e nós como professores, o auxiliamos no processo, tanto de uma loja, quanto de uma produção”.

Dessa forma, a coordenação espera que o curso ajude a mudar o cenário da aquicultura ornamental nos próximos anos: “Acreditamos que o mercado de peixes ornamentais vai crescer muito depois desse curso, tanto pelo número de pessoas que estamos atendendo, quanto pela qualidade do que está sendo ofertado; uma vez que nossos professores são todos especialistas na área, já trabalham no setor e conhecem bem essa cadeia produtiva”.

Em outro módulo do curso, o aluno

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PEIXES ORNAMENTAIS ESTÃO ENTRE OS PETS PREFERIDOS DOS BRASILEIROS

Ocupam um pequeno espaço na casa

Não provocam mau odor no ambiente

Não sujam os cômodos da residência

Não fazem xixi no tapete e não comem chinelos

Não precisam de atenção o tempo todo

Trazem um pedacinho da natureza pra dentro de casa

Acalmam

O gasto mensal é muito menor do que com outros animais

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ORGANISMOS AQUÁTICOS

CAPACITAÇÃO DE OLHO EM MERCADO POUCO EXPLORADO Texto: Carmem Spínola | Imagens: Pixabay

A costa marítima brasileira possui uma unidade territorial que se estende por 8.500 km, passando por 17 estados e cerca de 400 municípios, de Norte a Sul do país. Além disso, abarca 12% de toda a água doce disponível no planeta. Por essas condições favoráveis, o Brasil apresenta um grande potencial para a aquicultura, atividade crescente e promissora.

Escola Agrícola de Jundiaí (EAJ), contribuiu efetivamente para suprir essa lacuna, oferecendo qualificação para profissionais e pessoas interessadas nesse mercado, com o curso “Aquicultura: Produção Comercial de Organismos Aquáticos”. A oferta superou as expectativas. “Inicialmente iríamos abrir apenas duas turmas e, devido à demanda, acabamos expandindo para cinco, totalizando 383 alunos matriculados”, informou o professor David Borges, coordenador do curso.

Umas das grandes dificuldades do setor, no entanto, é o fato de muitos produtores ainda não terem acesso ao conhecimento mínimo necessário para desenvolver adequadamente seu trabalho. É uma barreira a ser superada. E o Programa Novos Caminhos, na

O professor disse, ainda, que o público foi bastante diversificado, com alunos

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Nivelados os conteúdos, os alunos receberam muito bem as informações. “Os que já trabalhavam no setor de aquicultura elogiaram bastante as disciplinas correspondentes às áreas em que eles atuam, e os que nunca tiveram contato com os assuntos também se mostraram satisfeitos por estarem conhecendo o universo totalmente novo da aquicultura”, comemorou o professor.

que estavam ainda cursando o Ensino Médio até profissionais gabaritados, já com pós-doutorado. “Foi um grande desafio, porque tivemos que transmitir conteúdos que não fossem tão tecnicistas para aqueles alunos com menor formação e, ao mesmo tempo, que não se apresentassem superficiais para os alunos mais qualificados”, explicou.

Foi um grande desafio, porque tivemos que transmitir conteúdos para aqueles alunos com menor formação e, ao mesmo tempo, para os alunos mais qualificados David Borges, coordenador do curso

A estrutura do curso foi montada no sentido de englobar as disciplinas essenciais para o estudo dos organismos aquáticos, como Limnologia, Piscicultura Continental, Carcinicultura, Reprodução e Larvicultura, Maricultura, Construções e Instalações Aquícolas, Aquicultura Ornamental e Processamento do Pescado.

aluno não tinha a possibilidade de realizar a prática, “os professores levavam a prática até eles”, explicou. Outros aliados foram os chats e fóruns realizados pela plataforma de estudo do Programa Novos Caminhos. “Quando o aluno, após assistir a aula, ficava com uma dúvida, entrava em contato e o professor sanava seus questionamentos por esses meios. E, para facilitar ainda mais esse contato, ao final de cada disciplina fazíamos uma grande webconferência, reunindo todos os alunos em uma única sala, uma oportunidade que o aluno tinha de fazer perguntas diretamente para os professores especialistas no tema em discussão. Era um momento muito enriquecedor”, apontou o coordenador.

Segundo o professor David, com o desafio de oferecer um curso na modalidade EAD, foi preciso criar maneiras de tornar a apresentação dos conteúdos mais dinâmicas. "Via de regra, tínhamos uma videoaula expositiva sobre o tema a ser abordado e, posteriormente, fazíamos uma aula prática de campo, que era gravada e apresentada aos alunos”. Uma vez que o

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MERCADO POUCO EXPLORADO áreas de temperaturas mais tropicais, propícias ao cultivo do camarão marinho, por sua vez, na região mais interiorana temos um potencial hídrico extremamente elevado, mesmo nós, que estamos no Nordeste, temos ainda um potencial elevado para produção de peixe de águas continentais”.

David Borges informou que o curso contou com inscritos oriundos do extremo norte ao sul do país, como Rondônia e São Paulo, e que muitos deles se inscreveram com a intenção de abrir o seu próprio negócio. Além dos que demonstraram interesse em empreender, seja na aquicultura ornamental, que exige um custo inicial menor, seja na piscicultura de corte ou na área de processamento de pescado, muitos alunos, segundo o professor, externaram que o curso ajudou bastante no posto de trabalho que ocupam. Ele citou como exemplo o pessoal de um laboratório de Larvicultura que cedeu as instalações para a gravação de imagens utilizadas nas aulas práticas da disciplina. “Tivemos três funcionários desse laboratório fazendo o curso e mais dois de outro concorrente, todos buscando aprimoramento dentro do setor em que já trabalham”.

Diante desse quadro propício, o professor David Borges destacou um diferencial que poderia ser mais bem explorado no país. Segundo ele, em regiões interiores – onde se tem águas com níveis de sal mais elevados, a água salobra, utilizada pra o cultivo do peixe e do camarão –, também existe um nicho de mercado inexplorado, que é o cultivo de microalgas, tanto para alimentação humana quanto para a indústria de derivados alimentícios, a chamada health food (comida saudável). “Poderíamos explorar bastante esse mercado, inclusive na parte de cultivo de macroalgas, que podem ser utilizadas na produção de biodiesel ou na produção de 'health food' para a população”, pontuou o professor.

Ainda sobre o mercado de trabalho, o professor apresentou o cenário do Rio Grande do Norte para exemplificar. David disse que, naturalmente, o Estado já tem um potencial grande para a área da aquicultura, principalmente a aquicultura marinha, que é muito forte por causa do camarão. “Isso é histórico. Inclusive, a palavra potiguar, de origem dos índios potiguares, significa comedor de camarão”, ratificou. O potencial do Brasil, como um todo, é muito forte, por conta da extensão de sua costa. “Temos

Presente em todo o território brasileiro, a atividade aquícola tem muito a seu favor: disponibilidade de recursos hídricos, clima favorável e um mercado interno cuja demanda é crescente. São muitas barreiras a serem ultrapassadas, entretanto, o mercado está aberto para os profissionais que estão dispostos a encarar esses desafios.

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ALGICULTURA

INFORMAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO DA ALGICULTURA NO PAÍS Texto: Carmem Spínola | Imagens: Pixabay

O cultivo de algas, a algicultura, é uma atividade econômica que vem se desenvolvendo nos últimos anos. Fonte de nutrientes, as milhões de toneladas de algas produzidas no mundo têm usos diversos, que vão além da indústria alimentícia. Suas propriedades antioxidantes, entre outras, também são muito exploradas pelos fabricantes de cosméticos em várias partes do mundo. As algas têm, ainda, uma grande importância ambiental, contribuindo com a produção de oxigênio e absorção de CO2 e como alimento, refúgio e proteção para diversos organismos que vivem no mar.

Coordenador do curso Algicultor, ofertado pelo Programa Novos Caminhos, o professor Dárlio Teixeira explicou que a algicultura não tem um progresso significativo no Brasil por falta de conhecimento das pessoas a respeito do assunto e por não existirem políticas públicas voltadas para o incremento dessa cadeia produtiva. Segundo ele, em um dos trabalhos de conclusão do curso foi realizada uma pesquisa com mais de 400 pessoas e a maioria delas sequer sabia o que são algas. “Por isso é muito importante o conhecimento difundido pelo nosso curso para a sociedade, visto que as algas estão presentes no dia a dia de

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todos nós”, afirmou. Dárlio Teixeira citou a pasta de dentes, que contém compostos extraídos das algas, e outros produtos, como sorvete e picolé, que têm a carragena, também extraída de algas marinhas.

que o Brasil não tem nenhum planejamento para produção de algas visando esse mercado, simplesmente importa os insumos. “Em países como Indonésia, China, e Japão, todas as pessoas sabem o que são algas e qual sua importância. Mas isso não ocorre aqui no Ocidente, principalmente no Brasil”. Por esses motivos, o professor ressalta a importância da divulgação de ações desenvolvidas no curso de algicultor, como forma de levar conhecimento à população.

“O clarificante da cerveja é feito com carragena e as pessoas não sabem disso, de um modo geral. Sem falar no mercado nacional e internacional de alimentos e cosméticos, que é enorme”, disse o professor, ratificando o fato de

VISÃO EMPREENDEDORA produção de organismos aquáticos em ambientes controlados – é uma área que ainda precisa ser desenvolvida, por ser pouco explorada no país. “No Nordeste, há alguns projetos que têm se destacado no litoral do Rio Grande do Norte. E, com a formação desses estudantes em nosso curso, é possível desenvolver uma atividade produtiva”, apontou.

O curso ofertado pelo programa Novos Caminhos, trata sobre a habilidade de cultivar, de produzir algas, segundo informou o seu coordenador. “No universo das algas temos as microalgas e as macroalgas, então nosso conteúdo foi dividido em duas partes, sendo a primeira voltada para produção e uso sustentável de microalgas, e a outra para produção, uso e aplicações sustentáveis de macroalgas”.

Dárlio Teixeira disse que, finalizado o curso, alguns alunos procuraram os professores para iniciar em suas cidades um processo produtivo, ainda preliminar, de microalgas e macroalgas. “Nossos estudantes tiveram uma visão e podem procurar aprofundamento no assunto, desenvolvendo alguma atividade em parceria com diferentes órgãos, sejam governamentais, não governamentais ou associações de produtores”, assegurou. “São processos que demoram para serem desenvolvidos, mas acredito que essa área, aqui no Brasil, só será promissora a partir do momento em que tiver mais gente formada e com conhecimento sobre esse assunto”, concluiu.

Contando, inicialmente, com 200 inscritos, o curso permitiu uma troca de conhecimentos com os alunos, em virtude da dinâmica utilizada nas videoaulas e nos fóruns, que possibilitaram um diálogo permanente. Essa interação positiva se deu pelo fato de muitos estudantes já terem feito algum curso na área e, com a noção sobre os assuntos, puderam colaborar com os professores no desenvolvimento das aulas. Para o professor, do ponto de vista de mercado, em relação à empregabilidade, a maricultura –

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PISCICULTURA

O POTENCIAL ECONÔMICO DA PISCICULTURA Texto: Carmem Spínola | Infográfico: Gilberto Oliveira | Imagens: Pixabay

Segundo a Divisão de Pesca da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), o pescado é a proteína animal mais produzida e consumida mundialmente. A comercialização de pescado é o maior negócio entre todas as proteínas animais no mundo, superando o consumo de carnes bovina, suína e de aves.

para um manejo adequado da criação, assistência técnica insuficiente e carência de profissionalização. É inegável o potencial aquícola que o Brasil apresenta e, por esse motivo, a criação de peixes para comércio tem sido estimulada. “Em função da experiência com o curso de criação de peixes ornamentais, para o qual tivemos mais de três mil inscritos na primeira oferta, imaginamos a quantidade de alunos que poderíamoster com o de piscicultura, que é uma área já consolidada e conta com diversos profissionais”, ponderou o professor Paulo Mario Faria, coordenador do curso Aquicultor: produção comercial de peixes, no Programa Novos Caminhos na Escola Agrícola Jundiaí/UFRN.

Mesmo diante desse quadro favorável, a cadeia produtiva da aquicultura no Brasil ainda necessita aparar arestas que dificultam seu pleno desenvolvimento. Entre as barreiras enfrentadas pelo setor, pode-se destacar a dificuldade em obtenção de licenças ambientais, forte concorrência com o mercado estrangeiro, deficiência na infraestrutura 56


aulas são todas gravadas, possibilitando ao aluno entrar na plataforma e assistir a qualquer momento, mas, sempre no final dos módulos, acontece uma aula ao vivo. “No início do curso, por exemplo, tivemos um encontro reunindo os professores, tirando dúvidas dos alunos sobre tudo que foi discutido ao longo das aulas”, explicou o coordenador. Ele pontuou ainda que, ao final de cada módulo, são ainda convidados palestrantes externos para trocar ideias e relatar experiências, como forma de motivar os discentes.

Para a formação da primeira turma do curso, o passo inicial foi a abertura de um edital para contratar professores em áreas específicas, como, por exemplo, reprodução de peixes, limnologia, qualidade de água, nutrição. Segundo o professor Paulo, participaram da seleção profissionais de todo o país, professores de universidades, pessoas que atuam em órgãos governamentais, profissionais liberais, que trabalham em associações da área, cada um com sua experiência dentro da piscicultura. Como a ideia inicial seria ter dois mil alunos divididos em turmas de 100 participantes, foram selecionados e contratados 20 professores, para atender a essa demanda.

Essas aulas ao vivo contemplam todas as turmas do curso, ou seja, são oferecidas para os três mil alunos matriculados. Mesmo não conseguindo reunir todos ao mesmo tempo, o professor Paulo relata que a média de participação nesses encontros é de 600 alunos e que os demais assistem em outros momentos o que fica gravado, para complementar a carga horária exigida.

Ao contrário da aquicultura ornamental, que é uma cadeia produtiva ainda em crescimento, a piscicultura já possui um nível de estrutura e organização consolidado. Em virtude desse cenário, Paulo Faria explica que a metodologia aplicada foi um pouco diferente: as

SUPERANDO EXPECTATIVAS “Eu achava que piscicultura era só fazer o tanque, colocar água, peixe e ração e pronto. Mas não, os detalhes fazem toda diferença no cultivo. O planejamento, conhecimento das espécies, saber o que é um pH e como monitorá-lo, a temperatura ideal, oxigenação, biomassa, amônia, nitrito, além de outras coisas que são essenciais para cultivo comercial. Ainda não aprendi tudo, mas aprendi muito”, comenta Wilson Pierre da Silva, aluno do curso.

estão realmente gostando das aulas”. Com a experiência do curso anterior, de criação de peixes ornamentais, a equipe conseguiu aperfeiçoar a metodologia didática, como, por exemplo, sanando dificuldades de gravação e edição das aulas e revisando conteúdos. “Atualizamos tudo no curso de piscicultura, então está bem organizado, muito bem feito, contamos com profissionais excelentes, com experiência mais específica em algumas áreas, e assim conseguimos juntar muita coisa boa nessa formação”, finalizou.

O professor Paulo Faria comemora a dedicação dos discentes. “Temos uma assiduidade muito boa dos alunos, eles

O pescado tem grande importância na

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Atualizamos tudo no curso, está bem organizado, e contamos com profissionais excelentes, assim conseguimos juntar muita coisa boa nessa formação Paulo Faria, coordenador do curso

economia, na saúde, na cultura e na vida do brasileiro. O Brasil, que já foi considerada a nação com maior potencial para o desenvolvimento da pesca e aquicultura, hoje, ocupa a 13ª posição na produção de peixes em cativeiro e é o 8º na produção de peixes de água doce.

60% da produção do país, o que torna o Brasil o quarto maior produtor mundial da espécie. Os peixes nativos, liderados pelo tambaqui, participam com 38% e outras espécies com 5%. Ainda de acordo com os dados do Anuário da PeixeBR, a cadeia da produção de peixes cultivados no Brasil, no ano passado, atingiu receita em torno de R$ 7 bilhões, gerando cerca de 1 milhão de empregos diretos e indiretos. O ranking dos 10 maiores produtores do país é encabeçado pelo Estado do Paraná.

Dados do Anuário 2021 da Associação Brasileira da Piscicultura (PeixeBR), divulgados em fevereiro deste ano, apontam que a cadeia produtiva de peixes brasileira cresceu 5,9% em 2020, com 802.930 toneladas produzidas. Desse total, a tilápia representa mais de

MAIORES PRODUTORES DE PEIXE DE CULTIVO

1º PARANÁ 172.000 t 2º SÃO PAULO 74.600 t 3º RONDÔNIA 65.500 t

6º MATO GROSSO 46.800 t

4º SANTA CATARINA 51.700 t

7º MINAS GERAIS 44.300 t

9º BAHIA 30.270 t

5º MARANHÃO 47.700 t

8º MATO GROSSO DO SUL 32.390 t

10º GOIÁS 30.062 t

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PROCESSAMENTO DE PESCADO

FORMAÇÃO PARA UMA DAS ATIVIDADES MAIS PROMISSORAS DO PAÍS Texto: Carmem Spínola | Imagem: Pixabay | Foto: Maria da Conceição Bezerra

A atividade pesqueira é a principal base alimentar de comunidades do litoral brasileiro. Lucrativa, a aquicultura – criação e cultivo de organismos aquáticos para fins comerciais – faz parte de uma cadeia produtiva considerada como uma das mais promissoras para as próximas décadas. Isso se deve à grande capacidade do país para produção de recursos pesqueiros naturais e à crescente demanda por alimentos de qualidade.

para atuar na área, o Programa Novos Caminhos ofertou o curso de Operador em Beneficiamento de Pescado, capacitando alunos de várias partes do país. “Há um grande número de indústrias instaladas, não só no Rio Grande do Norte, mas no Brasil inteiro e, aproveitando o momento da pandemia, com o surgimento de novas oportunidades de qualificação profissional, observamos a necessidade de fortalecer a área de processamento de pescado”, explicou o professor Fábio Santana, coordenador do curso na Escola Agrícola de Jundiaí/UFRN.

Para atender à essa necessidade do mercado por profissionais qualificados

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Com o surgimento de novas oportunidades de qualificação profissional, observamos a necessidade de fortalecer a área de processamento de pescado Fábio Santana, coordenador do curso

processamento de pescado, e o nosso curso aparece para suprir essa lacuna”, afirmou.

Segundo Fábio Santana, há escassez de profissionais nesse segmento específico pelo fato de que os cursos superiores de engenharia de alimentos e de medicina veterinária, por exemplo, bem como os cursos técnicos em agroindústria, em aquicultura e de pesca, são todos voltados para a área de processamento e tecnologia do pescado de uma maneira geral. “Cursos bem específicos, que tratam do processamento de pescado, a gente não tem”, enfatizou o professor. “Sempre é bom lembrar que o RN é o maior produtor brasileiro de camarão, então, a carcinicultura é muito forte no Estado, entretanto, não temos um bom número de pessoas que são especializadas nessa área de

Outra vantagem, de acordo com ele, é que a pessoa que faz esse curso de operador em beneficiamento de pescado sai preparada pra trabalhar com alimentos de uma maneira em geral. Isso porque as disciplinas apresentam, entre outros, conteúdos relacionados à microbiologia, higiene e segurança alimentar, que é o acesso ao alimento de qualidade para a população. Além disso, o curso enfoca o aproveitamento de resíduos, apontando sempre para as questões alinhadas com a sustentabilidade.

QUALIDADE NA CAPACITAÇÃO aliada ao programa multidisciplinar do curso, possibilitam um aprendizado integral, como explica o prof. Fábio: “Antes de entrar na parte mais direcionada a beneficiamento e tecnologia do processamento de pescado, o aluno aprende conteúdos como matemática aplicada, legislação, segurança, prevenção de acidentes, que é de suma importância, enfocamos, também, higiene e sanidade, a parte de limpeza, de sanitização, de controle de qualidade, ensinamos como identificar o perigo físico biológico, a importância das boas práticas de manipulação de alimentos, principalmente no caso do pescado, que é a proteína de origem animal que mais rápido se deteriora”.

Com uma carga horária de 200 horas, o curso de Operador em Beneficiamento de Pescado contou com 14 turmas, atendendo cerca de 1.700 alunos de todas as regiões do Brasil.. E não só os alunos, os profissionais envolvidos no processo de ensino-aprendizagem também são de várias partes do país, todos muito bem conceituados dentro de suas áreas de atuação: engenheiros de pesca, de alimentos, médicos veterinários, licenciados e bacharéis em química e biologia, profissionais com experiência na indústria, que trabalham com controle de qualidade de pescado, especialistas na área de legislação. A experiência desses profissionais,

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Para tanto, os professores empenharam-se em apresentar videoaulas bastante interativas, a fim de que o estudante sentisse como se estivesse numa sala de aula, como se visitasse um laboratório de microbiologia ou de processamento de pescado, visitando um supermercado ou feiras livres, para avaliar a qualidade dos produtos. “As demonstrações práticas necessárias para apresentar determinado conteúdo eram gravadas em vídeo pelos professores, sempre interagindo de modo a levar o melhor para os estudantes”, pontuou o coordenador.

Bezerra, que concluiu o curso em 2020, e aproveitou o conhecimento adquirido para fortalecer seu trabalho na comunidade rural de Bebida Velha, município de Pureza/RN. Formada em Administração, Conceição integra a Cooperativa Mista da Agricultura Familiar e Economia Solidária de Bebida Velha – COOPABEV, que está implantando sua agroindústria de pescado, com foco principal na criação e no cultivo da tilápia. “A oportunidade de fazer esse curso trouxe um nível elevado de qualificação e vai me ajudar a contribuir mais e melhor para o empreendimento do qual faço parte. Temos aprendido como aproveitar o pescado em sua integralidade para que tenhamos uma maior viabilidade econômica”, afirmou Conceição.

Fábio Santana comemorou o fato de que o curso teve um público “bem eclético e democrático”, segundo o professor, formado por estudantes e graduados em diversas áreas, muitos deles com o intuito de se especializar. “Mas o nosso curso não é só pra esses atores, é também para pessoas que atuam em cooperativas, que são microempresárias individuais ou que querem montar uma empresa de processamento de pescado”.

“Podemos afirmar que o curso de Operador em Beneficiamento de Pescado é sustentável, uma vez que, mesmo formando dezenas de turmas, sempre teremos público”, ratificou o prof. Fábio. “E, assim, além de agregar valor ao produto que estamos estudando, vamos agregando valor, também, àquelas pessoas que fazem parte desse curso”, finalizou.

É o caso de Maria da Conceição

Agroindústria de pescado na comunidade rural de Bebida Velha, município de Pureza/RN

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INFORMÁTICA

FORMAÇÃO PARA INGRESSAR OU SE ATUALIZAR NO MERCADO Texto: Gilberto Oliveira | Imagem: Pixabay

Seja por qualquer um desses motivos, outra vantagem para quem ingressa nesses cursos é a qualidade do corpo docente e do ensino ofertado com o selo de qualidade da Escola Agrícola de Jundiaí da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

Seja para quem deseja ingressar ou para quem já atua no mercado de trabalho os cursos de Formação Inicial e Continuada (FIC) são uma opção enriquecedora. Para jovens que procuram qualificação para o primeiro emprego ou para quem deseja mudar de área, a formação traz o conteúdo básico necessário para a profissionalização. Ao mesmo tempo em que atualiza e certifica quem já trabalha e precisa de uma certificação para formalizar o que já faz na prática.

Um dos exemplos de cursos escolhidos por jovens almejando o mercado de trabalho e por adultos que já atuam na área é o de Instalador e Reparador de

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são algumas das temáticas com as quais os instaladores e reparadores de redes de computadores poderão se deparar na sua atuação profissional.

Redes de Computadores. O curso tem matriculado desde estudantes do Ensino Médio até profissionais que atuam na área de informática há mais de 30 anos.

O aluno Fábio Batista de Souza só tem elogios para a formação. “O curso foi totalmente interativo, um dos melhores que eu fiz online pelo fato de não ser somente aulas gravadas, os professores estavam sempre presente, organizaram lives e desenvolvemos até um laboratório virtual para estudos”, conta.

Constituída por duas etapas, a formação oferece inicialmente o módulo básico no qual os alunos tem uma noção de redação de textos técnicos, matemática aplicada a redes de computadores e informática básica. Em seguida, no módulo profissional, aprendem o conteúdo aplicado à resolução de problemas práticos de redes computacionais.

Os professores utilizaram os recursos disponíveis no Ambiente Virtual de Aprendizagem para conduzir da melhor forma o processo de ensinoaprendizagem. “Eles estavam sempre ali para dar suporte, sugerindo aulas práticas e interagindo conosco”, acrescenta o aluno.

“Como o curso é focado na resolução de problemas do cotidiano na área de redes, os alunos estarão aptos a proporem soluções para o dia a dia aplicando os conhecimentos obtidos durante a formação”, ressalta Carlos Henrique Grilo Diniz, coordenador do curso. O professor aponta isso com um diferencial para os estudantes que concluírem a formação. “Poderão atuar profissionalmente em empresas ou empreenderem com novas iniciativas”, conclui.

Os conhecimentos adquiridos no curso somaram bastante à atuação profissional do Fábio. “Em uma das disciplinas tínhamos que desenvolver um projeto e aproveitei um problema que estava procurando solucionar de um cliente, desenvolvi o projeto no papel e depois coloquei em prática. Foi muito bom porque o problema do cliente foi resolvido e eu ainda fui contratado pela empresa”, comemora.

Aspectos que tratam da navegação segura, privacidade de dados, boas práticas de segurança da informação na Internet, otimização de aplicativos para uma navegação mais rápida e eficiente

O curso foi totalmente interativo, um dos melhores que eu fiz online pelo fato de não ser somente aulas gravadas, os professores organizaram lives e desenvolvemos até um laboratório virtual para estudos Fábio Batista de Souza, aluno do curso

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Com esse curso vou contribuir mais e melhor no empreendimento de que faço parte, aproveitando o pescado na integralidade e tendo viabilidade econômica Maria Conceição, Operador de Beneficiamento de Pescado

Aprendi várias técnicas de plantio, de adubação, controle de pragas e aprendi que eu posso aplicar isso em maior escala, podendo gerar uma renda significativa pra mim Helena Martinez Moreira, Horticultor Orgânico

Com o conhecimento adquirido no curso, irei trabalhar com enxertia de tomateiros, preparação de fertilizantes, preparação de bokashi e defensivos naturais José Dantas, Horticultor Orgânico

No curso eu pude desenvolver teoria e prática sobre queijos, iogurtes e derivados, aprendi também a qualificar a matéria-prima, ponto de massa e processamento de queijo Marcos Paulo, Derivados do Leite

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O curso me fez despertar uma pequena ideia: para onde vão os resíduos sólidos do meu município? Se não tiver um destino adequado, eu penso em fazer um projeto de melhoria para o município Maria Conceição, Resíduos Sólidos

O curso teve uma metodologia e programação muito bem estruturadas, os conteúdos foram de grande relevância para a nossa formação Ivelisiane de Souza, Resíduos Sólidos

Foi um curso muito rico, tivemos professores de todo o Brasil, pessoas que trouxeram muita informação. Isso pode enriquecer muito o nosso o trabalho Robson de Medeiros, Produção Comercial de Peixes Ornamentais

O curso tem sido uma grande oportunidade de aprendizado, onde eu posso rever alguns conceitos e aprender sobre as novas tecnologias que estão sendo aplicadas na produção de peixes ornamentais Sandro Henrique, Produção Comercial de Peixes Ornamentais

O curso foi demais! Muitas das técnicas aprendidas no curso a gente está botando em prática aqui no criatório novo Bruno Hobbybetta, Aquicultor: Produção Comercial de Peixes

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O curso foi espetacular, muito bom! Foi um achado único José Amarildo, Aquicultor: Produção Comercial de Peixes

Já estou indicando pra todos os meus amigos a fazer esse curso, porque é muito bom e já estou querendo me inscrever no de peixes ornamentais Marilia Lazarotto, Aquicultor: Produção Comercial de Peixes

Quero agradecer a toda equipe do Novos Caminhos, foi um curso maravilhoso, excelentes professores, adquiri um vasto conhecimento na área. Gilvan Torres, Aquicultor: Produção Comercial de Peixes

O curso foi essencial para que eu desenvolvesse a atividade aqui na região Eduardo Garcia, Aquicultor: Produção Comercial de Peixes Ornamentais

Esse curso vai me abrir novas oportunidades de trabalho. A todos, muito obrigada! Maria de Lourdes Gonçalves Monteiro, Produtor de Derivados do Leite

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO Milton Ribeiro (ministro) Wandemberg Venceslau Rosendo dos Santos (secretário de Educação Profissional e Tecnológica)

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE José Daniel Diniz Melo (reitor) Henio Ferreira de Miranda (vice-reitor) Graco Aurélio Câmara de Melo Viana (pró-reitor de Extensão) Edvaldo Vasconcelos de Carvalho Filho (pró-reitor adjunto de Extensão) Zilmar Rodrigues de Souza (secretário de Ensino Básico, Técnico e Tecnológico) Maria Carmem Freire Diógenes Rego (secretária de Educação a Distância) Ione Rodrigues Diniz Morais (secretária Adjunta de Educação a Distância)

ESCOLA AGRÍCOLA DE JUNDIAÍ Ivan Max Freire de Lacerda (diretor) Márcio Dias Pereira (diretor adjunto)

NOVOS CAMINHOS Paulo Mario Carvalho de Faria (coordenador geral) Ana Paula Costa Câmara (coordenadora do curso de Agente de Gestão de Resíduos Sólidos) Anderson Dias Viana (coordenador do curso de Auxiliar de Operação de Tratamento de Águas) Carlos Henrique Grilo Diniz (coordenador do curso de Instalador e Reparador de Redes de Computadores) Claudia Souza Macedo (coordenador do curso de Produtor de Derivados do Leite) Dárlio Inácio Alves Teixeira (coordenador do curso de Algicultura) David Araújo Borges (coordenador do curso de Aquicultura: Produção Comercial de Organismos Aquáticos) Emerson Moreira de Aguiar (coordenador do curso de Forragicultor) Fábio Magno da Silva Santana (coordenador do curso de Processamento de Pescado) Henrique Rocha de Medeiros (coordenador do curso de Caprinocultor) Marcel Vinicius Medeiros Oliveira (coordenador de cursos técnicos do IMD) Mário Cardoso de Albuquerque Neto (coordenador do curso de Produtor Agropecuário) Paulo Mário Carvalho de Faria (coordenador dos cursos de Aquicultor: Produção Comercial de Peixes Ornamentais e de Aquicultor: Produção Comercial de Peixes) Robson Rogério Pessoa Coelho (coordenador do curso de Operador de Processamento de Frutas e Hortaliças) Artur Nobre Silva, Matheus Santos Freitas, Tiago Tobias Freitas (equipe administrativa e de suporte à plataforma) Carmem Daniella Spinola da Hora, Francisco Gilberto Silva de Oliveira, Rosana Rayssa Pimentel (equipe de comunicação e produção de conteúdo gráfico e audiovisual)


novoscaminhos.ufrn.br


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