Tessituras e tramas

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cularmente, entendo que é necessário realizar inversão, alteração da representação da UAB na UnB. Por vezes, no município se percebe mais a representação da UAB do que a própria UnB. A representação da UAB cria o imaginário de outra instituição que não a UnB. A modalidade educativa a distância deve ser a referência na UnB e não a UAB! É lógico que no âmago da discussão haverá a discussão central sobre o papel do Estado e como este configura, reconfigura e influência no trabalho docente nas IES públicas. Enxergando-me e tentando concluir Educar é um ato extremamente desafiador em qualquer situação educativa e é por isso que tenho enfrentado os riscos, encontrado potencialidades e algum otimismo no caminho. Numa vertente mais particular de inserção na graduação em Pedagogia/UAB-UnB, me enxergo muito mais ensinando do que educando, se tomo como referência os estudantes que estão nos polos. Em relação aos professores mediadores, que estão na relação direta com os alunos e que vão aos polos, o processo educativo se instala diretamente por meio da realização dos encontros semanais ou quinzenais de discussão – também ocorrendo em ambiente virtual – sendo essa ação desafiadora, já que opera no sistema UAB a lógica que modela as relações estabelecidas. Acredito que é possível educar para uma perspectiva cidadã, de apropriação crítica do conhecimento, da construção do conhecimento em sua qualidade formal e política, fazendo uso de tecnologias e buscando nos momentos de relação direta, quando dos encontros presenciais, os momentos de crítica e práxis. Educo jovens e adultos, provocando-os em sua autoria e autonomia, considerando que em nossa sociedade há uma disputa por capital cultural, apropriado de forma desigual por grupos e classes sociais diferenciadas. Acredito no potencial dos grupos e classes populares e na perspectiva de engendrarmos espaços coletivos de contribuição à qualidade formal e política desses segmentos.

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No meu ensinar e aprender e no meu educar pela pesquisa tenho que fazer um esforço para reconhecer, compreender e explicar o que dissimula os processos de dominação nesse processo e o que me faz ser um opressor ou um oprimido na relação que mantenho com o outro. Na minha história de docência no ensino superior, nunca esqueci o fato de uma aluna, após estudo e análise da obra de Paulo Freire, dizer em classe para mim: “Professor Carlos, dê-me o tema da pesquisa para eu fazer. Eu quero ser dominada, quero ser oprimida”! Essa fala exige minha reconstrução lógica da aula, sendo este o tema ou questão a ser tomada como objeto do meu educar pela pesquisa em sala aula, realizando a discussão do tema. Assim, o cronograma das aulas é reconstruído sob uma nova Tessituras e Tramas: Refletindo sobre a experiência da Licenciatura em Pedagogia a distância na FE/UnB - UAB


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