Informe Fecomércio

Page 1

06

O mercado por trás da vida das blogueiras

AG O

/

2 0 16

ENTRE LIKES E NÍQUEIS

VENDA INTEGRADA

Tendência omnichannel é ordem entre os varejistas

E D IÇ ÃO

028

JUL

-

28

32

ANO

V

MERCADOS PÚBLICOS

Um jeito particular de ver e viver o Recife

Pretinho nada básico CAFÉS ESPECIAIS GANHAM MERCADO APOSTANDO NA QUALIDADE E VARIAÇÕES DOS GRÃOS E DA TORRA 22


2

REVISTA INFORM E FEC OM ÉR CI O-P E  •   J U L/ A G O 2 016


editorial

CAFÉ ESPECIAL GANHA PALADAR DO PERNAMBUCANO

JOSIAS ALBUQUERQUE Presidente do Sistema Fecomércio/Senac/Sesc-PE e 1º vice-presidente da CNC presidencia@fecomercio-pe.com

A linha editorial da Informe Fecomércio-PE tem destacado em suas reportagens de capa, principalmente, novos hábitos de consumo em Pernambuco, mais especificamente da Região Metropolitana do Recife (RMR), que, de uns anos para cá, vem despertando para um novo mercado local: o de cafés de qualidade - os gourmet e especiais. Cafés de alta qualidade, que anos atrás destinavam-se exclusivamente à exportação, hoje podem ser adquiridos no Estado. A reportagem especial desta edição mostra quais estabelecimentos comercializam esses tipos especiais de cafés e onde e como eles são produzidos. Entrevistamos também consumidores e amantes de cafés especiais e convidamos um barista para explicar a diferença desses tipos de café para os encontrados nos supermercados. A entrevistada da revista é a filha do grande artista plástico pernambucano Abelardo da Hora, Lenora

da Hora, que conversou com a Informe e falou do acervo deixado pelo pai, considerado um dos maiores ceramistas e escultores de Pernambuco. Abelardo também se destacou como desenhista e ficou famoso com as suas gravuras. Na matéria sobre alimentação saudável a baixo custo, a reportagem mostra que é possível sim comer bem sem gastar muito no Recife e o maior exemplo são os restaurantes do Sesc, que oferecem alimentação balanceada a preços populares. A reportagem desmistifica a ideia de que comer bem sai caro e entrevista uma nutricionista do Sesc que explica como montar refeições completas e saudáveis com custo baixo. Ainda nesta edição, a revista traz a cobertura completa do V Congresso Internacional de Arte/Educação Sesc Pernambuco, evento que vem se destacando nos Departamentos Regionais do Sesc em todo o Brasil, além de matérias que falam do perfil do consumidor omnichannel e do mercado de automóveis. Uma boa leitura e até a próxima!

JU L / A G O 2 016  •  R E V I S T A I NF O R M E F E C O M É R CIO - P E

3


JOSIAS ALBUQUERQUE

SINDICATOS FILIADOS

FREDERICO LEAL

Sindicato do Comércio de Vendedores Ambulantes do Recife, Olinda e Jaboatão Tel./Fax: (81) 3231-6175

Presidente

1º Vice-presidente

BERNARDO PEIXOTO 2º Vice-presidente

ALEX COSTA

3º Vice-presidente

RUDI MAGGIONI

Vice-presidente para Assuntos do Comércio Atacadista Rua do Sossego, 264, Boa Vista | Recife-PE CEP: 50050-080 Tel.: (81) 3231-5393 / 3231-5670 www.fecomercio-pe.com.br

Sindicato dos Lojistas do Comércio do Recife Tel./Fax: (81) 3222.2416

ARCHIMEDES CAVALCANTI JÚNIOR

Sindicato do Comércio Varejista de Gêneros Alimentícios do Recife Tel./Fax: (81) 3221.8538

Vice-presidente para Assuntos do Comércio Varejista

JOSÉ CARLOS BARBOSA

Vice-presidente para o Comércio Armazenador

Sindicato do Comércio Varejista dos Feirantes do Estado de Pernambuco Tel.: (81) 3446.3662 / Fax: (81) 3446.2115

OZEAS GOMES

Sindicato do Comércio Varejista de Materiais Elétricos e Aparelhos Eletrodomésticos do Recife Tel./Fax: (81) 3221.6167 / 3222.2416

Vice-presidente para Assuntos de Saúde

JOÃO DE BARROS

1º Diretor-secretário

JOSÉ CARLOS DA SILVA 2º Diretor-secretário

JOÃO MACIEL DE LIMA NETO 3º Diretor-secretário

JOSÉ LOURENÇO

1º Diretor-tesoureiro

ROBERTO WAGNER

2º Diretor-tesoureiro

ANA MARIA BARROS

3º Diretor-tesoureiro

ALBERES LOPES

Diretor para Assuntos Tributários

FRANCISCO MOURATO

EDITORIAL Lucila Nastássia, Oswaldo Ramos, Michele Cruz, Antônio Tiné · COORDENAÇÃO-GERAL/EDIÇÃO Lucila Nastássia · REPORTAGENS Amanda Meira, Eduardo Sena, Elayne Costa, Ericka

MANOEL SANTOS

Diretor para Assuntos de Crédito

Sindicato do Comércio de Hortifrutigranjeiros, Flores e Plantas do Estado de Pernambuco Tel./Fax: (81) 3252.6464 Sindicato do Comércio do Jaboatão dos Guararapes Tel./Fax: (81) 3481.0631 Sindicato do Comércio Varejista de Maquinismos, Ferragens e Tintas do Estado de Pernambuco Tel./Fax: (81) 3471.0507 / 3338.1720 Sindicato do Comércio Varejista de Petrolina Tel.: (87) 3861.2333 / Fax: (81) 3861.2333 Sindicato dos Lojistas do Comércio de Caruaru Tel./Fax: (81) 2103.1313 / 3722.4070

EDUARDO CATÃO

Sindicato do Comércio de Auto Peças do Estado de Pernambuco Tel.: (81) 3422.0601

MÁRIO MAWAD

Sindicato dos Representantes Comerciais e Empresas de Representações Comerciais de Pernambuco Tel./Fax: (81) 3226.1839 / 3236.4799

Diretor para Assuntos de Relações do Trabalho Diretor para Assuntos de Desenvolvimento Comercial

Maria Eduarda Tavares, Marina Afonso,

CARLOS PERIQUITO

ILUSTRAÇÃO Gabrielle Souza, Ingrid Fraga

Sindicato do Comércio Varejista de Garanhuns Tel./Fax: (81) 3761.0148

JOSÉ CARLOS DE SANTANA

Diretor para Assuntos de Consumo

Juliana Ângela · DIAGRAMAÇÃO, ÍCONES,

Diretor para Assuntos de Turismo

MILTON TAVARES

Diretor para Assuntos do Setor Público

Sindicato das Empresas do Comércio e Serviços do Eixo Norte Tel./Fax: (81) 3371.8119

CELSO CAVALCANTI

Daniele Torres · FOTOS Agência Rodrigo

Diretor para Assuntos do Comércio Exterior

Sindicato do Comércio Varejista de Calçados do Recife Tel./Fax: (81) 3222.2416

Moreira · REVISÃO Iaranda Barbosa

Conselho Fiscal Efetivo

Sindicato do Comércio Atacadista de Drogas e Medicamentos de PE Tel./Fax: (81) 3033.8411 / 99165.5235

(Dupla Comunicação) · PROJETO GRÁFICO

Revisões Textuais· IMPRESSÃO Gráfica Flamar · TIRAGEM 7.000 exemplares ·

4

Diretor para Assuntos Sindicais

Farias, Kleber Nunes, Luiza Alencar, Natália Simões, Valéria Oliveira · EDIÇÃO

Sindicato do Comércio Varejista de Produtos Farmacêuticos do Estado de Pernambuco Tel./Fax: (81) 3231.5164

EDUARDO CAVALCANTI

Vice-presidente para Assuntos do Comércio de Turismo e Hospitalidade

Jul/Ago 2016 · XXVIII Edição · CONSELHO

Sindicato do Comércio de Vendedores Ambulantes de Caruaru Tel./Fax: (81) 3719.0867 / 3721.5985

JOAQUIM DE CASTRO

Vice-presidente para o Comércio de Agentes Autônomos

expediente

Sindicato do Comércio Varejista de Catende, Palmares e Água Preta Tel.: (81) 3661-0332

JOÃO LIMA FILHO

Obs.: Os artigos desta revista não refletem

JOÃO JERÔNIMO

necessariamente a opinião da publicação.

JOSÉ CIPRIANO

REVISTA INFORM E FECOM ÉR CI O-P E  •   J U L/ A G O 2 016

Sindicato do Comércio Atacadista de Gêneros Alimentícios de PE Tel./Fax: (81) 3033.8411 / 99165.5235


sumário

artigos

capa

entrevista

desbrave

GESTÃO PÚBLICA DE QUALIDADE

MAIS QUE UM CAFEZINHO

LENORA DA HORA

TEMPLOS DE CULTURA

A primogênita de Abelardo da Hora fala dos bastidores criativos do pai

Mercados públicos reforçam o ethos recifense

16

32

Por Murilo Cavalcanti

Bebida ganha desdobramentos gastronômicos

11 A (FALTA DE) CULTURA E INOVAÇÃO Por Sérgio Cavalcante

22

47

pág. 06

pág. 28

pág. 44

pág. 54

CLIQUE DE MIDAS

VENDA INTEGRADA

VER, FAZER E CONTEXTUALIZAR

CURTAS

A estratégica profissionalização das blogueiras

pág. 12 LAZER DE MÃO DUPLA Atividades divertidas também geram aprendizado

pág. 18 É TEMPO DE COMPRAR CARRO?

Plataformas unidas alavancam vendas

pág. 38 DE PAI PARA FILHO A herança afetiva nos negócios familiares

pág. 42 LUCRAR NO FRIO Cidades do Agreste e Sertão têm economia aquecida nos meses mais frios

Abordagem Triangular foi destaque na 5ª edição do Congresso Internacional do Sesc de Arte/ Educação

pág. 48 PREÇO SEM SAL É possível alimentar-se de maneira correta com um menor custo

Veja os modelos e negócios possíveis

JU L / A G O 2 016  •  R E V I S T A I NF O R M E F E C O M É R CIO - P E

5


DIGITAIS INFLUENCERS

PROFISSÃO?

BLOGUEIRA Os diários onlines foram além do compartilhamento de dicas e opiniões e tornaram-se um negócio POR

6

AMANDA MEIRA E NATÁLIA SIMÕES

REVISTA INFORM E FEC OM ÉR CI O-P E  •   J U L/ A G O 2 016


U

ma geração conectada, que não apenas consome, mas também produz e compartilha informação e conteúdo. Com o surgimento de tecnologias de informação e comunicação, surge também a necessidade de conteúdo para alimentar tais plataformas. Assim, aparecem as blogueiras ou bloggers, consideradas consumidoras influentes, já que fazem a ponte entre produtos e seguidores. Elas garimpam roupas e cosméticos e indicam suas preferências. Entretanto, a blogosfera se descobriu muito além de dicas e firulas ao aliar publicidade e conteúdo: virou negócio rentável e mercado forte. A atividade, que antes não era mais que um passatempo de adolescente, virou um modelo de negócio. Caso mundialmente conhecido é o da pernambucana Camila Coutinho, uma das principais blogueiras influentes do país, com um acumulado de 8,7 milhões de visualizações de página por mês, além de 1,9 milhões de seguidores no Instagram. A recifense, de 28 anos, criou o Garotas Estúpidas (GE) em 2006 para dividir sua paixão por moda com

as amigas. O projeto, desenvolvido em um momento de ócio, virou negócio. “Fiz design de moda e trabalhava com estamparia em uma marca de surfe. Saí para focar no blog, que eu realmente estava gostando e trazendo resultado”, afirma Camila Coutinho, que deixou a carreira e consagrou-se blogger. Sua página foi a única brasileira a participar do Bloglovin Awards, nas categorias de Melhor Blog Internacional e Blog do Ano. Ainda foi indicada pela revista Vogue Paris como um dos 45 principais sites de estilo e, segundo o Signature9, o GE ocupa a 7ª posição na lista dos 100 blogs mais influentes do mundo. Por trás desses números, está uma equipe. O GE é uma empresa que gera cinco postos de trabalho, possui assessoria nacional e internacional, uma assistente de conteúdo, comercial e financeiro. Essa estrutura rendeu a Camila Coutinho contrato com marcas internacionais como Adidas, M.A.C Cosmetics, Ômega e Pantene, além de cobertura de desfiles da Miu Miu, LV, Dior, Chanel e participação em eventos como a final do torneio Wimbledon com a marca Stella Artois e Festival de Cannes.

Fiz design de moda e trabalhava com estamparia em uma marca de surfe. Saí para focar no blog, que eu realmente estava gostando e trazendo resultado” Camila Coutinho

JU L / A G O 2 016  •  R E V I S T A I NF O R M E F E C O M É R C IO - P E

7


Para a analista do Sebrae em Pernambuco, Conceição Moraes, os blogs e redes sociais mantidos por formadores de opinião são a ampliação da comunicação na web. “O blog tornou-se um meio de comunicação. Está entre os novos canais de diálogo dos nativos digitais – pessoas que nasceram no mundo digital avançado e que sentem falta de rede e telefone. Como tudo na rede é muito rápido, esse público busca informação e resposta rápida, tanto que, na pirâmide de engajamento, o funil é o comentário e a interação entre o autor da página e seus seguidores”, conta Conceição. Foi nessa busca de informação na web que Cuca Amorim, integrando a geração de nativo digital, começou a ter vontade de criar um blog. Formada em Direito, Cuca não deixava de acompanhar blogueiras de moda. Iniciou, assim, sua página. Gostou tanto da ideia de gerar conteúdo que, em um mês, decretou que isso não seria um hobby, e sim sua profissão. Com uma rede de relacionamento grande, começou a buscar e receber apoio. Ia de loja em loja mostrar o seu trabalho e pedir para fotografar. Deu certo. Virou mesmo profissão e os registros, que antes eram feitos de forma amadora por sua irmã, são feitos hoje por dois fotógrafos - um fixo e outro terceirizado - e uma produtora de vídeo. E o negócio não se resume só a isso. Cuca hoje tem salário, clientes fixos e equipe, além de assessoria comercial e de imprensa. Já atinge no Instagram 64,5 mil seguidores e no Facebook 13.975.

PROFISSIONALIZAÇÃO Há quatro anos no mercado, a expertise de Cuca Amorim na geração de conteúdo a fez perceber uma demanda reprimida: profissionalizar outras blogueiras. Nasceu, assim, a Cena Comunicação. Suas assessoras, comercial e de imprensa, transformaram-se em suas sócias. Começava ali a primeira empresa do Recife especializada em gestão de imagem e conteúdo para novas digitais influencers. No time gerido por Cuca, Marcela Sotero e Helô Paiva, mais de dez nomes recebem a consultoria da empresa. A Cena já é rentável, e fica com parte do percentual dos contratos assinados para suas clientes. “São muitas blogueiras, mas falta conteúdo bom. Diante da ausência de profissionalismo de muitas, enxerguei uma carência do mercado e agreguei mais um trabalho a minha profissão blogueira”, conta Cuca Amorim. Ela reforça ainda que o trabalho é divertido, mas precisa ser levado a sério. Quem também abandonou carreira, criou uma página e abriu uma agência para blogueiras foi Gedai Silton. Ela abandonou o curso de Direito no 7º período e deixou qualquer emprego fixo para se dedicar exclusivamente a esse universo. “Não me arrependo de ter deixado minha graduação em Di-

São muitas blogueiras, mas falta conteúdo bom. Diante da ausência de profissionalismo de muitas, enxerguei uma carência do mercado e agreguei mais um trabalho a minha profissão blogueira” Cuca Amorim

8

REVISTA INFORM E FECOM ÉR CI O-P E  •   J U L/ A G O 2 016


Helô Paiva, Marcela Sotero e Cuca Amorim, sócias da Cena Comunicação

reito e ter feito moda, nem de ter entrado no mundo dos blogs”, completa Gedai, que, além da faculdade de Moda, participou de cursos voltados ao segmento no Senac-PE. Com o negócio rentável, emissão de nota fiscal e CNPJ regularizado, ela busca ficar cada vez mais perto dos seus clientes na hora de oferecer o serviço de publicidade. “Procuro, antes de fechar qualquer parceria, entender e estudar a empresa para a qual vou direcionar o meu trabalho. Vai muito além. Não é só tirar foto e publicar”, completa. Gedai também comanda a Bloggers Team, agência em parceria com a sua assessora de imprensa Jéssica de Lima. Focada na consultoria comercial, faz a ponte entre as blogueiras e as empresas, além do suporte com a imprensa quando necessário. Com sete bloggers cadastradas, a agência recebe uma mensalidade de cada uma e não se configura um grupo fixo, podendo alternar a quantidade de acordo com o perfil.

Bloggers Team de Gedai Silton e Jéssica de Lima

JU L / A G O 2 016  •  R E V I S T A I NF O R M E F E C O M É R C IO - P E

9


Para o futuro, a ideia das meninas é criar um site para facilitar ainda mais a troca de informação entre o mundo dos blogs e os empresários. “Entendemos a necessidade da procura dos empresários por blogueiras e queremos um site para ajudar nas parcerias publicitárias entre eles e facilitar o entendimento do mercado local, já que, muitas vezes, os empresários não sabem da grande potência que é”, destaca Gedai. O ponto levantado por Gedai é abordado por Conceição Moraes, analista do Sebrae em Pernambuco. Ela explica que multinacionais e assessorias passaram a dar credibilidade e oportunidade a esses formadores de opinião. “Até por uma nova configuração dos meios de comunicação, as empresas passaram a criar eventos específicos para esse público. Os empresários que já possuem familiarização com as redes, quando constroem seu plano de negócio, já vão mapeando os perfis que carregam em si a essência das suas empresas. Esse é um caminho sem volta. É resultado da ampliação do diálogo online”, esclarece Conceição.

Procuro, antes de fechar qualquer parceria, entender e estudar a empresa para a qual vou direcionar o meu trabalho. Vai muito além. Não é só tirar foto e publicar” Gedai Silton

PARA SEGUIR CARREIRA PARA QUEM DESEJA SEGUIR A CARREIRA, COM FOCO EM MODA, O SENAC OFERECE CURSOS NO SEGMENTO, ESTILO E MARKETING NAS REDES SOCIAIS. GRADUAÇÃO (05 semestres) • Tecnologia em Design de Moda CURSO TÉCNICO (15 meses) • Técnico em Modelagem do Vestuário CURSO LIVRE • Design e Estilo (100h) • Analisando Tendências de Moda (30h)

10

REVISTA INFOR M E FEC OM ÉR CI O-P E  •   J U L/ A G O 2 016

• Desenho Técnico de Moda (45h) - Marketing nas Redes Sociais (15h) CURSO LIVRE EAD • Estilo e Imagem Pessoal (20h) PÓS-GRADUAÇÃO (15 meses) • Produção de Moda e Styling EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA (40h) • Desenho de Moda no CorelDraw • Jornalismo em Moda Contato: 0800 081 1688 ou www.pe.senac.br


artigo MURILO CAVALCANTI

GESTÃO PÚBLICA DE QUALIDADE

J

osé Carlos Melo, ex-vice-prefeito do Recife, costuma dizer que a obra pública no Brasil começa a se acabar no dia em que é inaugurada. Por um motivo simples: falta de gestão. De uma forma geral, a administração pública no Brasil está na era analógica e seus clientes - os cidadãos - na era digital. É muito comum a falta de zelo com os prédios públicos e mais ainda a forma como são tratados os cidadãos brasileiros, principalmente os mais humildes, quando recorrem aos serviços públicos.

Em março deste ano, entregamos à população do Recife um equipamento transformador na vida das pessoas, notadamente dos moradores da zona norte da cidade, o COMPAZ- Centro Comunitário da Paz Governador Eduardo Campos, situado no Alto Santa Terezinha. O COMPAZ quebrou a lógica perversa de se fazer “obra pobre para quem é pobre”. A partir da sua arquitetura inovadora e imponente, de sua engenharia de qualidade, de seu modelo construtivo aberto e sem “paredões penitenciários” (modelo de edificação que não dialoga com a rua e com as pessoas), o COMPAZ representa um novo modelo de interação entre o poder público e as pessoas que mais necessitam - as mesmas pessoas que são excluídas de um tipo de cidade segregada entre pobres e ricos, que só impulsiona a violência urbana, a desagregação social e a estigmatização de uma juventude da periferia esquecida e subestimada pelo Estado e pelas classes mais abastadas. A transformação proporcionada pelo COMPAZ não se limita à qualidade da construção. O centro foi concebido para ter uma gestão de resultados. O que faz e com quanto faz, para quem faz, quais os resultados esperados são alguns dos paradigmas incorporados ao capital humano que cuida do projeto. Ou melhor, que cuida do cidadão/ cliente do COMPAZ. Zelo com a coisa pública, compromisso com a qualidade dos serviços, eficiência com a forma de governança, cuidado no trato humano (carinho, respeito, atenção, acolhimento). Tudo isso é facilmente percebido pelos usuários do COMPAZ Alto Santa Terezinha. Desde antes do equipamento abrir as portas, a comunidade foi ouvida e respeitada em suas necessidades, história e tradições. Em quase cinco meses de funcionamento, o COMPAZ traz uma lição ino-

vadora que deixará o grande técnico e homem público, José Carlos Melo, feliz: é sim possível inaugurar uma obra pública de qualidade e torná-la referência em gestão de resultados.

Murilo Cavalcanti, secretário de Segurança Urbana do Recife.

ANDREA RÊGO BARROS/PCR

ANTONIO TENÓRIO/PCR

POR

O COMPAZ representa um novo modelo de interação entre o poder público e as pessoas que mais necessitam”

JU L / A G O 2 016  •  R E V I S T A I NF O R M E F E C O M É R C IO - P E

11


EXTRACLASSE

É HORA DE APRENDER SE DIVERTINDO Cursos, esportes ou brincadeiras fora do horário escolar estimulam criatividade, lógica e habilidades sociais das crianças. É preciso ter cuidado para não sobrecarregá-las POR

ERICKA FARIAS

J

á se foi o tempo em que o único compromisso da criança durante o dia era a escola. Seja curso de idiomas, de informática ou até mesmo um esporte, as atividades extraclasse ajudam a estimular a criatividade e a desenvolver características importantes, como trabalho em equipe e raciocínio lógico. Porém, manter a criança ocupada muitas horas na semana pode ser prejudicial para a saúde dos pequenos. Desde muito cedo, é saudável acrescentar uma atividade extracurricular à rotina. “Aos dois, três anos a criança ainda tem muito o que explorar dentro do ambiente escolar, mas ela já pode iniciar uma modalidade esportiva compatível com sua faixa etária”, destaca a coordenadora pedagógica da educação infantil do Lubienska Centro Educacional, Ana Paula Figueiredo. O movimento contribui para o bem-estar físico e mental dos pequenos. “Além do exercício ser benéfico, os esportes podem ensinar muito sobre criatividade, lógica e trabalho em grupo”, explica Ana Paula Figueiredo.

12

REVISTA INFOR M E FECOM ÉR CI O-P E  •   J U L/ A G O 2 016


Luiz Estevão Leal faz curso de inglês e escolinha de futebol, mas tem tempo para descansar e brincar

Até mesmo as brincadeiras tradicionais infantis e atividades simples, como ajudar nas tarefas de casa, podem ser momentos importantes de evolução. “Temos cada vez menos espaço para que os pequenos brinquem de barra-bandeira, pular corda e bambolê, por exemplo. Elas estimulam a coordenação motora, trabalho em equipe e criatividade e devem ser estimuladas”, destaca a coordenadora. Para trazer todas essas vantagens, é preciso que a criança se identifique com a atividade proposta. “Muitas vezes os pais querem se realizar através do filho. Às vezes a menina faz balé, mas prefere o judô. A vontade do aluno deve ser levada em conta para que a rotina não vire castigo”, afirma a pedagoga. Além de identificação, é preciso estar atento à quantidade de cursos. “Alguns pequenos têm a agenda completamente ocupada por compromissos dos mais diversos tipos e isso pode causar estresse”, alerta. A falha

de memória, sono agitado e hiperatividade são alguns dos sintomas que esse excesso pode causar. “A criança acaba achando que tem que fazer alguma coisa o tempo todo e, na verdade, o descanso é muito importante porque é o momento de recuperação do corpo”, ratifica. Luiz Estevão Leal, 9 anos, além da escola, frequenta curso de inglês e escolinha de futebol. “Gosto dos dois, mas prefiro jogar bola”, revela. As atividades ocupam apenas uma hora diária do menino, o que faz com que sobre tempo bastante para o descanso e as brincadeiras. No período de férias, o esporte preferido ganha mais espaço na rotina. “Vou para escolinha de futebol nas terças, quintas e sextas, mas jogo todos os dias com meus amigos do prédio”, conta. Tanto treino é, na verdade, uma preparação para o futuro. “Quero ser jogador de futebol quando crescer”, sonha.

Além do exercício ser benéfico, os esportes podem ensinar muito sobre criatividade, lógica e trabalho em grupo” Ana Paula Figueiredo

JU L / A G O 2 016  •  R E V I S T A I NF O R M E F E C O M É R C IO - P E

13


QUANDO CURSOS COMBINAM COM FÉRIAS O recesso escolar é momento de diversão para a criançada. Os cursos de férias podem ser uma ótima opção para aprender brincando em um período em que os pequenos têm tempo de sobra para atividades extraclasse. O Senac-PE oferece temas diversos para tipos de cursos rápidos. Durante as férias de julho, Vinícius Arruda, de 10 anos, reservou uma semana para ter como companhia o fogão e as panelas. “Eu já gostava de cozinhar, mas aprendi muitas coisas no Minichef do Senac”, revela. O curso de Minichef dura cinco tardes e é voltado para crianças com idades entre 06 e 11 anos e tem como objetivo ensinar os pequenos a elaborarem pratos comuns para a faixa etária, como brigadeiro, minipizza, biscoito e pirulito. “Minha receita preferida foi o pop cake. Ficou muito gostoso e foi divertido”, revela Vinícius Arruda.

14

Já o Chef Teen é voltado para a faixa etária dos 12 aos 16 anos e tem a mesma duração. Durante as aulas, os jovens colocam em prática várias técnicas de preparação de mesa decorada, elaboração de drinks sem álcool, brigadeiro gourmet e manipulação de alimentos, além de boas práticas e como receber amigos em casa. “Esses cursos estimulam criatividade, coordenação motora e trabalho em grupo, além de mudar a relação da criança com a comida. Eles acabam ficando mais abertos a experimentar novos sabores e acabam gostando bastante da experiência”, explica Bartô Monteiro, coordenador pedagógico da Unidade de Hotelaria e Turismo (UHT) do Senac-PE. Unindo o aprendizado à tecnologia, outra opção de curso que faz sucesso entre os pequenos geeks é o Programação em Bloco para Kids. Voltado para crianças com idades entre 8 e 11 anos e com duração de 30 horas, o

REVISTA INFORM E FECOM ÉR CI O-P E  •   J U L/ A G O 2 016


objetivo das aulas é desenvolver competências através de práticas voltadas ao raciocínio lógico, com jogos educativos e fundamentos de programação com o auxílio do Scratch, uma plataforma onde os programas são construídos com blocos de comandos visuais. “O aluno fica fascinado quando passa a entender melhor como funciona a programação. As habilidades adquiridas podem ser bastante úteis para resolução de problemas do dia a dia e eles têm a oportunidade de trabalhar em projetos em grupo, como a criação de um jogo que estimule o combate ao mosquito da dengue, por exemplo”, ressalta o professor do curso, Alexandre Souza. O Senac-PE ainda oferece cursos de idiomas e de desenho.

As habilidades aprendidas podem ser bastante úteis para resolução de problemas do dia a dia Alexandre Souza

INSCREVA-SE

Durante as férias, o Senac-PE oferece curso de Minichef, para crianças dos 06 aos 11 anos, e curso de Chef Teen, para adolescentes dos 12 aos 16

AS INSCRIÇÕES PARA OS CURSOS DEVEM SER REALIZADAS PRESENCIALMENTE NA CENTRAL DE ATENDIMENTO DO SENACPE (CAS), QUE FICA NA AV. VISCONDE DE SUASSUNA, 500, SANTO AMARO. OUTRAS INFORMAÇÕES: 0800 081 1688 OU (81) 3413.6728 / 3413.6729 / 3413.6730

JU L / A G O 2 016  •  R E V I S T A I NF O R M E F E C O M É R C IO - P E

15


entrevista POR

EDUARDO SENA

LENORA DA HORA

FILHA DA ARTE, DO AMOR E DO HUMOR

R

ua do Sossego, nº 307, Recife, 1954. Lenora da Hora, cinco anos, assiste com um humor apreensivo a sua casa ser destelhada para que uma escultura pudesse ser removida dali. Corta para 2016. Na sala da mesma residência, a defensora pública, primogênita de Abelardo da Hora com Margarida Lucena, olha para o teto e constata que foi ali que ela percebeu que o pai era um artista. “Papai tinha essa coisa de ir criando, criando, sem ir se dando conta. A arte sempre em primeiro plano. Aí aconteciam esses imprevistos”, conta com ar de orgulho do legado deixado pelo pai e um sorriso no rosto ao lembrar-se dele. No Mês dos Pais, a Informe Fecomércio conversou com Lenora, presidente do Instituto Abelardo da Hora - que abriga cerca de 250 peças do artista - sobre a arte e as outras faces do nome que deu um novo sentido à cultura pernambucana.

16

REVISTA INFORM E FEC OM ÉR CI O-P E  •   J U L/ A G O 2 016

Quando você se deu conta da grandeza do seu pai enquanto artista? Desde muito cedo. Quando percebi que a minha casa era uma casa diferente. Nenhuma era igual a minha. Via as residências vizinhas, dos parentes, e aqui (onde hoje funciona o Instituto Abelardo da Hora) fugia aos padrões. Tinha cavalete no meio da sala. Papai não tinha aquela concepção de uma coisa organizada. Uma vez, ele fez uma peça no meio da sala, foi fazendo, e estava para concluir. Quando ele viu, lembrou-se de como ela iria sair. Eram umas três figuras grandes. Aí tivemos que destelhar a casa e o guindaste da Marinha tirou por cima. Já houve obras que passaram seis meses na sala. Além das aulas que ele dava, de desenho, de esculturas. Era muito movimentado. Mesmo nesse ambiente, por que você não se tornou artista também? Acho que houve uma certa rejeição dos meus pais para isso. Mas eu sempre quis desenhar joias. Ainda hoje me arrisco, mando fazer. Mas seguir, seguir mesmo, só Iuri, meu irmão caçula, que faz esculturas há um tempo. Mas agora, como estou à frente do Instituto Abelardo da Hora, farei um curso de produção cultural. Abelardo era escultor, ceramista, gravurista, professor, poeta. Qual face dele mais te encantava? O humorado. Ela era uma pessoa muito bem-humorada. Tanto que ele faleceu e até hoje a gente fica lembrando as frases dele, o jeito de falar. O bom humor de papai era de levantar o astral e nos momentos mais difíceis então... Essa presença dele é uma coisa muito forte. Chegávamos aqui tristes, ele fazia a gente rir, tudo era maravilhoso. Qual era o bordão dele? O amor é o bem de terra. Queria dizer que tudo é o amor, que o amor vence tudo. E o processo de criação? Era espontâneo. De repente, ele começava a desenhar, depois ia para o ateliê. Não havia uma rotina, mas, até falecer, ele tra-


balhou diariamente. Todo dia ele trabalhava, às vezes, oito horas. Com escultura, por exemplo, algumas ele desenhava. Mas, na maioria das vezes, ele fazia direto no barro, daí tirava a forma e escolhia o material para construí-la. Fosse concreto, gesso e concreto, fundir em bronze... É possível escolher uma peça preferida? A Fome e o Brado, que foi uma das primeiras peças que figurou em exposição. Lembra muito o tom social do trabalho dele. Era uma arte politizada também, concorda? Sem dúvidas. A frase de que ele mais gostava era: “minha arte é feita de amor e solidariedade”. O amor representava a família e as mulheres, ele admirava muito o feminino. E a solidariedade é totalmente dedicada à gente sofrida do Nordeste. As esculturas dele são pioneiras no quesito de arte brasileira. Você vê nelas as características do brasileiro. O tipo físico fruto de uma mestiçagem, referências culturais e arquétipos. E, em A Fome e o Brado, você percebe essas características de forma gritante no trabalho.

Uma vez, ele fez uma peça no meio da sala, foi fazendo, e estava para concluir. Quando ele viu, lembrouse de como ela iria sair. Eram umas três figuras grandes. Aí tivemos que destelhar a casa”

Entre outros legados políticos, o Projeto de Lei que obriga os prédios recifenses com mais de 1,5 mil m² terem obras de arte em sua decoração. Como você analisa esse resultado? Temos hoje quase uma galeria a céu aberto. O cidadão comum identifica painéis, vê esculturas nos prédios, cerâmicas, uma enormidade de peças. Coisa que não se vê em nenhuma cidade brasileira. Fora do Brasil, apenas em prédios muito sofisticados na Europa, em Nova York. Mas no Brasil, é difícil. Não foi uma herança só pra nós, mas para a cidade do Recife, e é um exemplo a ser seguido. Essa é a verdadeira democratização da arte, levá-la para onde as pessoas passam, estão. Ela trazia muito forte esse discurso da popularização da arte. Que outra bandeira ele levantou? A dos direitos iguais. E expressava isso no jeito de agir, sempre enfatizava que todos nós temos os mesmos direitos e igualdade de oportunidades. O que ele não fez e que você gostaria que ele tivesse feito? O Instituto Abelardo da Hora do jeito que ele queria, como uma universidade popular de arte, sem cobrar de ninguém. Ele sonhava com uma ala de exposições, sala de aula. Ele tinha esse sonho, e ficamos entristecidos por não poder ter concretizado.

JU L / A G O 2 016  •  R E V I S T A I NF O R M E F E C O M É R C IO - P E

17


CONSUMO

REALIZANDO O SONHO SOBRE RODAS A venda de automóveis está em queda no Brasil. Optar por seminovos ou pagar à vista são dicas de especialistas para quem quer comprar ou trocar de carro

18

REVISTA INFOR M E FEC OM ÉR CI O-P E  •   J U L/ A G O 2 016


O

auxiliar administrativo André Galdino, 31 anos, vem se preparando para comprar o primeiro carro. A realização do sonho, que chegou a ser adiado em fevereiro, esbarrou nos altos juros e na restrição de crédito. Para driblar o pessimismo da crise econômica, Galdino intensificou as pesquisas na procura da melhor condição de pagamento. Assim como ele, outros brasileiros também estão com o pé no freio em relação à compra do primeiro veículo ou à troca do carro. Dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) mostram que, nos primeiros seis meses deste ano, a indústria automobilística teve uma queda de 25,4% nas vendas de carros novos, em relação ao mesmo período do ano passado. Para a entidade, o desempenho preocupa, pois o Brasil apresenta os patamares de dez anos atrás. Em Pernambuco, segundo empresários e vendedores do setor, não foi diferente. “O primeiro semestre geralmente não é tão bom, mas, nos últimos dois anos, as vendas estavam ótimas, isso porque os juros não estavam tão altos. Hoje, está difícil vender carros novos”, afirma Beto Nunes, proprietário da concessionária Auto Nunes. Há um ano, a taxa básica de juros brasileira é de 14,25%. Na análise do economista do Instituto Fecomércio, Rafael Ramos, além da alta dos juros, a restrição do crédito que vem crescendo no país também contribui para uma queda na venda de automóveis. “A classe média até dois anos atrás vinha consumindo muito, mas em cima de crédito concedido pelo governo federal. Depois que não foi mais possível garantir esse crédito e a coisa apertou, todos os setores da economia sentiram, não foi diferente com o mercado automobilístico”, diz.

NOS PRIMEIROS SEIS MESES DESTE ANO, A INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA TEVE UMA QUEDA DE

25,4% NAS VENDAS DE CARROS NOVOS

AO CONTRÁRIO DOS NOVOS, OS VEÍCULOS USADOS REGISTRARAM CRESCIMENTO DE VENDAS DE

EM PERNAMBUCO, HOUVE UM CRESCIMENTO DE

20% EM RELAÇÃO AO PRIMEIRO SEMESTRE DE 2015

10,3% NAS VENDAS DE SEMINOVOS EM JUNHO ANTE O MÊS DE MAIO

JU L / A G O 2 016  •  R E V I S T A I NF O R M E F E C O M É R C IO - P E

19


Ramos avalia o momento como “um dos piores” para o setor. Além da redução das vendas de veículos leves, o especialista destaca a queda também na venda de ônibus e caminhões. “É o outro lado da crise, queda em vendas de caminhões e ônibus mostra que há uma maior desconfiança dos investidores no Brasil”, explica. Diante desse cenário, como André Galdino e vários outros brasileiros podem comprar carro? É possível? O economista Rafael Ramos garante que sim. “O momento dá mais poder de barganha para o consumidor. Mas o conselho é que só compre quem puder pagar à vista, fazer um financiamento, agora, não é um bom momento”, aconselha. Diretor do grupo ADT, Luiz Henrique Gouveia destaca que é possível encontrar nas concessionárias muitas unidades de carros novos com taxa zero. Além disso, uma boa entrada pode reduzir os juros do parcelamento. “Uma entrada de 30% ou 40% do valor do veículo já garante parcelas mais baixas, que não vão exigir tanto aperto do cliente”, afirma. Dar o carro antigo como entrada

20

As concessionárias estão com o estoque de seminovos em baixa, isso faz com que o valor do carro usado esteja com uma avaliação muito boa” Luiz Henrique Gouveia também pode ser uma boa estratégia, segundo Gouveia. “As concessionárias estão com o estoque de seminovos em baixa, isso faz com que o valor do carro usado esteja com uma avaliação muito boa. De todas as vendas das nossas lojas, 60% recebem veículos usados como entrada”, conta.

REVISTA INFO R M E FEC OM ÉR CI O-P E  •   J U L/ A G O 2 016


SEMINOVOS GANHAM ESPAÇO EM MEIO À CRISE Morando em São Lourenço da Mata, Região Metropolitana, mas trabalhando no Recife, o carro passou a ser uma necessidade para André Galdino. “Minha esposa também trabalha no Recife, minha filha estuda aqui e, infelizmente, não dá para contar com ônibus e metrô”, argumenta. Ciente das condições de crédito restrito, Galdino vai optar por um carro seminovo. Segundo Beto Nunes, o auxiliar administrativo segue uma tendência que está sendo vivenciada pelo setor. Ao contrário dos novos, os veículos usados registraram crescimento de vendas. “Aumentou cerca de 20% em relação ao primeiro semestre de 2015”, calcula Nunes. Números da Associação dos Revendedores de Veículos de Pernambuco (Assovepe) revelam um crescimento de 10,3% nas vendas de seminovos em junho ante o mês de maio. Ao todo, foram 36.095 veículos, incluindo comerciais leves, pesados e

motocicletas. Para Luiz Henrique Gouveia, a expectativa é de que as vendas de seminovos continuem na curva de crescimento no segundo semestre. De acordo com ele, julho já deu sinais positivos para o mercado. “Nas primeiras duas quinzenas vendemos 10% a mais do que esperávamos para o mês. O segundo semestre tem mais dinheiro circulando com pagamentos como o décimo terceiro”, afirma o diretor.

JU L / A G O 2 016  •  R E V I S T A I NF O R M E F E C O M É R C IO - P E

21


capa POR

KLEBER NUNES

A VEZ DOS CAFÉS ESPECIAIS O cultivo do fruto e o tipo da torra do grão agregam valor à bebida, que vem conquistando o mercado pernambucano

22

REVISTA INFO R M E FECOM ÉR CI O-P E  •   J U L/ A G O 2 016

E

spresso ou coado, com leite ou canela, no início da manhã ou no fim da tarde, não importa como, nem quando, difícil é resistir a um bom café. A bebida, que cada vez mais atrai admiradores pelo aroma e sabor, tornou-se a matéria-prima de um negócio que está conquistando os pernambucanos: as cafeterias. Mas, ao contrário do café comum normalmente passado em casa, esses empreendimentos apostam nos chamados “cafés especiais”. Para o café receber a certificação de “especial” e garantir ao consumidor a melhor experiência com a bebida, o produto precisa ser submetido à rigorosa avaliação da Associação Brasileira de Cafés Especiais. A entidade avalia todo processo de produção do café, desde o cultivo, passando pela colheita e torra até chegar à xícara. As notas variam entre 60 e 100 pontos e, acima de 80, o café é classificado como especial.


A pontuação determina a diferença entre os especiais e os considerados gourmet. Estes, são classificados pela Associação Brasileira da Indústria do Café (Abic). “Os cafés especiais estão relacionados às regiões de cultivo e à origem do plantio, bem como à altitude e latitude das plantações. Do ponto de vista do grão, o tipo especial é chamado de café arábico. Selecionados em peneiras de 16 (16/64 de polegadas) e 18 (18/64 de polegadas), esses grãos permitem maior doçura e cremosidade na extração da bebida”, explica o barista e professor do Senac-PE, Fernando Marcos. Além do tipo do grão, segundo o professor, a qualidade da água, a compactação do pó do café e o tempo de extração da bebida também ajudam a determinar se ele é especial ou não. Ao contrário do tipo gourmet, que pode ser encontrado facilmente em supermercados, o especial, no Recife e Região Metropolitana, está à venda em empórios e cafeterias. Embalagens de 250g custam de R$ 15 a R$ 40 e as de 1Kg podem chegar a R$ 250. “Um pacote desses chega a render até 30 xícaras médias, então o preço não chega a ser um absurdo. O consumidor tem que ficar atento em relação à qualidade. Depois de aberto, o café deve ser consumido em até três semanas, no máximo, depois disso ele começa a oxidar”, afirma a barista Lidiane Santos. Amantes de longa data, especialistas ou até mesmo curiosos podem saborear a bebida em locais diferenciados espalhados pelo Estado, mas sua maioria fica concentrada na Capital. Denominados de “cafeterias autorais”, os estabelecimentos vêm se proliferando em Pernambuco, sobretudo, nos dois últimos anos. Contrapondo-se aos cafés de grandes redes de franquias, os espaços são mais intimistas e bem decorados para potencializar a experiência de beber um café diferenciado e atender ao consumidor mais exigente. Outro diferencial é o atendimento personali-

O Pequeno Expediente, comandado por Eduardo Freitas, tem o café especial como carro-chefe

zado feito pelos donos. Engenheiro eletrônico com carreira no setor de informática, Eduardo Freitas, há nove meses, resolveu empreender. O Pequeno Expediente, localizado no bairro da Boa Vista, coração do Recife, tem o café especial como carro-chefe. “Eu já gostava de café, mas como um consumidor comum. Praticamente todos os dias ia a uma dessas cafeterias de rede. Percebi que no entorno da Assembleia Legislativa faltava um ambiente assim, então resolvi abrir o Pequeno Expediente e colocar o café especial para vender. Não esperava que a procura fosse ser tão grande, mas tem muita gente se interessando por bons cafés”, afirma Freitas, que aprendeu a preparar a bebida em um curso de barista. No Pequeno Expediente, são oferecidas mais de dez opções de cafés entre quentes e gelados. Os preços das xícaras variam entre R$ 4 e R$ 12. “Existe uma mudança de cultura em nossa cidade que tem levado cada vez mais

JU L / A G O 2 016  •  R E V I S T A I NF O R M E F E C O M É R C IO - P E

23


pessoas a apreciarem um bom café em um ambiente diferenciado, isso faz com que as expectativas de crescimento sejam as melhores possíveis”, diz Freitas. O potencial de mercado levou o empresário do ramo de bares e restaurantes, Mário Telles Moreira Neto a abrir mão do conservadorismo - natural em tempos de crise como o que o Brasil vive - e investir em um empreendimento novo. Este ano, ele resolveu encarar o pessimismo da economia e comprar o Ernesto Café, no bairro das Graças, também na capital pernambucana. “A experiência tem sido muito positiva. Estou aprendendo a tomar café de verdade, que é uma bebida da qual eu já gostava, porém ainda não tinha esse amor todo. Nas primeiras semanas de reabertura do estabelecimento, em julho, o movimento foi muito bom e há uma margem boa de lucro. As perspectivas são de crescimento”, comemora Moreira Neto, que também fez o curso de barista. Amante do café, o advogado Gabriel Guaraná, 32, é um dos que torcem pelo fortalecimento das cafeterias autorais. Segundo ele, há dois anos, era difícil achar, na Região Metropolitana do Recife, um lugar para tomar um café especial. Atualmente, a variedade de estabelecimentos tem feito surgir um novo hábito de consumo entre os pernambucanos e turistas que visitam o Estado. “Quando aqui não tínhamos tantas opções, matava minha vontade nas viagens sempre incluindo cafeterias no roteiro. Hoje, frequento diversos cafés aqui mesmo. Gosto dos ambientes dos estabelecimentos e faço questão de visitá-los, às vezes com um bom grupo de amigos”, afirma Guaraná.

24

A Associação Brasileira de Cafés Especiais avalia todo processo de produção do café, desde o cultivo, passando pela colheita e torra até chegar à xícara

REVISTA INFO R M E FEC OM ÉR CI O-P E  •   J U L/ A G O 2 016


CAFÉ PERNAMBUCANO CONQUISTA BRASILEIROS E JAPONESES Segundo a Associação Brasileira de Cafés Especiais, o segmento representa, hoje, cerca de 12% do mercado internacional da bebida. Pernambuco é o segundo maior produtor de café do Nordeste, com cerca de 4,8 mil hectares cultivados, o que gera, anualmente, R$ 8,5 milhões em vendas. Garanhuns, Taquaritinga do Norte, Jurema, Brejão, Saloá e Paranatama concentram 80% da produção estadual. É desta região do agreste pernambucano, mais precisamente no município de Taquaritinga do Norte, que vem um dos melhores cafés especiais do País. O Yaguara é cultivado e produzido em uma área privilegiada pela geografia, que mesmo com este período de estiagem – o pior dos últimos 50 anos – consegue manter a alta qualidade do grão. De acordo com Tatiana Peebles, uma das proprietárias da fazenda, a qualidade do café Yaguara é fruto de um rigoroso processo que vai desde o cultivo até a xícara do consumidor final. “Para começar, não plantamos os pés enfileirados como no Sudeste. Aqui as plantas são plantadas juntas de árvores frutíferas. São cerca de 20 mil mudas por ano, que crescem à sombra e sem a ação de pesticidas”, afirma. Além do modelo de plantio de policultura, o café Yaguara é colhido manualmente, garantindo que apenas os grãos maduros sejam retirados. Depois o café passa por um processo chamado “cereja descascada” e colocado para secagem em uma estufa por 15 dias. Em seguida, os frutos são retirados e descansam entre 90 e 120 dias, sendo classificados por tamanho antes da torra.

JU L / A G O 2 016  •  R E V I S T A I NF O R M E F E C O M É R C IO - P E

25


“Para se ter uma ideia, são necessários 60 frutos para fazer um único espresso. Quando se trata de café especial, leva-se mais em conta a qualidade do que a quantidade”, diz Tatiana. Há 15 anos, o café pernambucano faz parte do dia a dia dos japoneses. O país asiático é o grande cliente do Yaguara. “Nós começamos exportando, mas hoje nosso foco também é o mercado interno. Muitos estados brasileiros recebem o nosso café, isso porque cada vez mais as pessoas estão querendo um produto de qualidade”, comenta Tatiana. O café Yaguara é vendido em embalagens de 250g a 1Kg que variam de R$ 22 a R$ 88. Só este ano, com uma melhor regularidade das chuvas no Agreste, foi possível o plantio de 12 mil mudas. Além de abastecer as principais cafeterias e restaurantes de Pernambuco e outros estados brasileiros, a marca também vende por meio de uma loja virtual no site www.yaguara.com.br. A empresa garante que a torra é feita somente quando recebe a encomenda. Com a torra mais fresca, os consumidores podem saborear o café nas suas duas primeiras semanas de vida - após esse período o produto exposto ao ar tem o aroma e o sabor comprometidos.

26

REVISTA INFOR M E FECOM ÉR CI O-P E  •   J U L/ A G O 2 016

SENAC-PE OFERECERÁ CURSO PARA A FORMAÇÃO DE BARISTAS O crescimento da demanda tanto de quem quer empreender no mundo do café, quanto de quem busca apreciar o melhor da bebida levou o Senac-PE a criar um curso para a formação de baristas. Previsto para iniciar ainda no segundo semestre deste ano, a formação terá uma carga horária entre 20 e 40 horas. “O barista é o especialista em preparar o café de alta qualidade. Porém, além de servir um bom espresso, esse profissional é responsável pela criação do cardápio de diversas bebidas à base do café, das mais simples aos mais elaborados drinks. Para isso, ele deve conhecer a matéria-prima, acompanhar todo processo de cadeia produtiva do grão, saber sobre os tipos de torras e entender de técnicas de degustação e extração”, diz Fernando Marcos, barista há quatro anos. O professor garante que o novo curso do Senac-PE tende a fomentar ainda mais a cadeia de cafeterias que vem se instalando no Estado e a contribuir com o aumento de amantes da bebida. “Hoje, vemos muitas cafeterias e esse pessoal precisa receber um treinamento melhor na extração do grão de café. Há todo um conhecimento por trás da xícara de café perfeita. O consumidor também ganhará, pois terá mais opções para apreciar um café de qualidade”, declara.



VAREJO

A ERA DO OMNICHANNEL Nova tendência do varejo integra todos os canais de uma marca como web, lojas físicas e redes sociais para atender o consumidor onde ele estiver POR

VALÉRIA OLIVEIRA

A

pesquisa de campo sempre foi uma grande aliada do consumidor na hora das compras. Mas com o advento da tecnologia, o velho hábito de “bater pernas” em busca das melhores ofertas tem ficado para trás, abrindo espaço para um novo modelo de consumo: o omnichannel. O conceito trata-se de uma tendência do mercado de varejo que se baseia na convergência de todos os canais utilizados por uma empresa, integrando lojas físicas e virtuais. Agora, o processo de compra/venda está mais interligado e à distância de um clique. O consumidor pode explorar todas as possibilidades de canais de compras (lojas físicas, venda porta a porta, e-commerce mobile commerce, TV commerce, social commerce, etc), fazendo com que a diferença entre o mundo online e o off-line seja quase imperceptível. Esse novo modelo de consumo, que ganhou força nos últimos anos, permite que o cliente realize as compras no momento em que for mais conveniente e prático para ele e possa cruzar compras em ambientes físicos e virtuais.

28

REVISTA INFO R M E FECOM ÉR CI O-P E  •   J U L/ A G O 2 016


“O cliente, que antes batia pernas para pesquisar e definir suas compras, hoje pode ‘bater dedos’. Estamos mudando nossa forma de enxergar as compras. O processo de compra mudou, temos mais informações e o grande desafio das empresas está na experiência que oferece aos seus clientes. Este é um movimento que ganhou força nos últimos anos com o avanço das novas mídias e com o crescimento na venda de smartphones e tablet’s e, sem dúvidas, não tem mais volta”, explica o consultor e coach Saulo Veríssimo, que ministra o curso sobre Consumidor Omnichannel no Senac-PE. De acordo com o especialista, o conceito do omnichannel se relaciona com outros termos muito parecidos, como o multichannel e crosschannel, sobretudo quando se fala de e-commerce e plataformas de vendas pela internet. No entanto, diferentemente dos outros conceitos, que se resumem em utilizar diferentes canais, o omnichannel (“omni”, do Latim, significa tudo) engloba todas as possibilidades e variáveis. Ou seja, o consumidor omnichannel usa todos os canais simultaneamente. “Omnichannel trata-se do cliente que usa a pluralidade de canais para realizar suas compras. É um movimento sem volta, que iniciou simplesmente com a criação de sites para as lojas e hoje integra sites interativos, mídias sociais, aplicativos e as lojas físicas como um ambiente focado na experiência do cliente”, esclarece Veríssimo.

Omnichannel trata-se do cliente que usa a pluralidade de canais para realizar suas compras” Saulo Veríssimo

JU L / A G O 2 016  •  R E V I S T A I NF O R M E F E C O M É R C IO - P E

29


Uso o meio virtual para poder saber onde tem tal peça ou produto que procuro, então eu vou até a loja e efetuo a compra” Tainah Zooby

30

REVISTA INFOR M E FEC OM ÉR CI O-P E  •   J U L/ A G O 2 016

A estudante de odontologia Tainah Zooby, 21 anos, faz parte do grande grupo de consumidores que, ainda que inconscientemente, adotaram a tendência. “É muito mais prático e cômodo quando você, do conforto do seu lar, pode escolher as peças de que gosta pela internet. Você pode visitar o perfil da loja, olhar os modelos disponíveis e saber o preço, além de diminuir o tempo perdido ‘batendo perna’ atrás de algum produto. Uso o meio virtual para poder saber onde tem tal peça ou produto que procuro, então eu vou até a loja e efetuo a compra”, afirma. Tainah conta que a estratégia de pesquisa também ocorre do modo inverso, dependendo das ofertas. “Em algumas lojas que eu sei que o mesmo produto, se comprado pelo site, sai mais barato, eu provo na loja física e logo em seguida vou verificar a disponibilidade no site”, explica a estudante. Para o consultor Saulo Veríssimo, as múltiplas plataformas disponíveis para que os produtos ou serviços físicos sejam conhecidos primeiramente no ambiente virtual contribuem para que a compra ou contratação seja ainda mais assertiva. “Hoje os clientes podem conhecer sua empresa no ambiente virtual, através de um ‘post’ compartilhado por um amigo, buscar referências sobre sua empresa, visitar o site e, somente após isso, partir para o contato off-line. Ou seja, o contato físico hoje é muito mais assertivo para o cliente, uma vez que a decisão para isso aconteceu no conforto da sua casa e com apenas alguns cliques”, analisa o especialista.


MERCADO Atentos a esse novo comportamento dos consumidores, os varejistas estão mudando suas estratégias e investindo em múltiplos canais de comunicação para atender à nova demanda, além de atrair ainda mais clientes. Foi o que aconteceu com a grife de bijuterias Trocando em Miúdos, das empresárias pernambucanas Juliane Miranda e Amanda Braga. A marca foi criada em 2006 e, inicialmente, contava apenas com loja física. Mas, graças ao crescimento da grife – impulsionado, sobretudo, pelas redes sociais, de acordo com as sócias –, a Trocando em Miúdos adentrou no ambiente virtual e lançou seu e-commerce em 2012. “Com as mídias sociais, a marca conseguiu ganhar visibilidade e incitar desejo de compra em mulheres de outros estados do país. Recebíamos várias mensagens perguntando se as peças poderiam ser enviadas para outras cidades”, explica Juliane Miranda. Com apenas quatro anos de atuação efetiva no mundo online, com canal de vendas virtual e utilização massiva de redes sociais, como Facebook e Instagram, a Trocando em Miúdos já colhe os frutos da iniciativa. Além de estreitar a relação com os consumidores já conquistados, a grife conseguiu ultrapassar fronteiras, aumentando

Esse novo modelo de consumo permite ao cliente realizar as compras quando for mais conveniente para ele e cruzar as compras em ambientes físicos e virtuais

seu leque de clientes em países como Canadá e Portugal. “Por meio de mensagens diretas e e-mails através da loja virtual, conversamos diretamente com o nosso cliente virtual, recebemos sugestões, opiniões e muitas vezes tiramos dúvidas que estão “impedindo” que ele finalize a venda. Nosso grande desafio é cuidar da loja virtual com o mesmo carinho com que cuidamos das nossas lojas físicas, desde a apresentação das peças na loja, até a embalagem/ envio e pós-compra”, conta Amanda Braga. “Temos uma ação estratégica mensal que fazemos justamente para quem não tem tempo de ir à loja física, que é o frete grátis e entrega garantida até o fim de semana para as clientes da mesma cidade. É um sucesso de vendas! E damos o “bônus” no desconto integral do frete”, complementa Juliane. Embora a integração dos canais de venda seja positiva para o varejista, assim como para o consumidor, é preciso cuidado. O especialista alerta que um canal pode acabar atrapalhando o outro, caso a empresa não cuide de forma estratégica de todos os canais. “O cliente é a ‘razão de existir’ da empresa, assim, onde ele estiver, a empresa precisa estar, precisa se comunicar, precisa gerar experiências e isso é constante, rápido. Jamais a empresa deve achar que sua presença é suficiente em um canal. O que mais vale é de fato o quanto essa presença é relevante para o cliente”, finaliza Saulo Veríssimo.

JU L / A G O 2 016  •  R E V I S T A I NF O R M E F E C O M É R C IO - P E

31


desbrave POR

MARIA EDUARDA TAVARES

Além de pontos turísticos, os mercados públicos do Recife são uma forma de conhecer e vivenciar a riqueza cultural da cidade

32

REVISTA INFOR M E FECOM ÉR CI O-P E  •   J U L/ A G O 2 016


I

mponentes arquiteturas dos séculos XIX e XX com grandes portões de ferro guardam traços fortes da cultura pernambucana. Espalhados por diversas regiões da cidade, os mercados proporcionam um mergulho na história, nos costumes e nos sabores de Pernambuco. Vendo de perto toda a diversidade de produtos que é vendida nos mercados públicos do Recife, fica fácil entender por que eles agradam tantos turistas e nativos. Frutas e verduras frescas, trabalhos artesanais, queijos e carnes trazidos do interior, roupas e bordados feitos à mão. São inúmeras as representações da cultura pernambucana. No Box 461 do Mercado de São José, Cêça Tavares vende ervas medicinais, mel de engenho, rapadura e outras especiarias na “Casa das Ervas”. Enquanto presidente do Sindicato dos Mercados Públicos do Recife, Olinda e Jaboatão dos Guararapes, ela conhece de perto a rotina dos vendedores e comerciantes e explica que ainda são necessárias melhorias. Porém, acredita que os turistas e recifenses têm muito o que aproveitar visitando os mercados. “Fui nascida e criada em mercado público. Meu pai era locatário do Mercado da Encruzilhada e quando minha mãe ficou grávida, todo o meu enxoval foi comprado lá, tudo meu sempre foi dos mercados. Mercado Público é a minha menina dos olhos”, explica Cêça. Assim como Cêça, muita gente vive e aproveita os mercados públicos de diversas maneiras. Nesta edição da Informe Fecomércio, a seção “Desbrave” preparou um guia especial dos principais mercados que você não pode deixar de visitar.

JU L / A G O 2 016  •  R E V I S T A I NF O R M E F E C O M É R C I O - P E

33


MERCADO DE SÃO JOSÉ Construído em 1875, o Mercado de São José chama a atenção pela sua arquitetura. A estrutura, inspirada nos mercados europeus, foi montada com materiais importados da França e a construção é reconhecida e tombada pelo Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Peixes, crustáceos e outros frutos do mar são vendidos ao público, mas também é possível encontrar diversos artigos de artesanato. Couro, barro, palha, madeira e tecido servem de matéria-prima para os artesãos e costureiras criarem itens de decoração, cestas e até brinquedos. Na parte externa, o colorido das frutas, verduras e temperos oferece ótimas opções para incrementar na cozinha. Em uma sala confortável localizada nos fundos do mercado, o Centro de Atendimento ao Turista (CAT) atende os visitantes em diferentes idiomas, além de oferecer folders e panfletos sobre os diversos pontos turísticos e praias do Estado.

34

REVISTA INFO R M E FECOM ÉR CI O-P E  •   J U L/ A G O 2 016


Fui nascida e criada em mercado público. O mercado é a minha menina dos olhos” Cêça Tavares

JU L / A G O 2 016  •  R E V I S T A I NF O R M E F E C O M É R C IO - P E

35


MERCADO DA BOA VISTA E MERCADO DA MADALENA Construído em meio aos casarões e igrejas do bairro, o Mercado da Boa Vista é tão antigo quanto o de São José e registros apontam que, no século XIX, o local possuía um compartimento de venda de escravos. Atualmente, o mercado oferece uma variedade de frutas, verduras e opções gastronômicas. Seu pátio interno é uma ótima opção de lazer, principalmente no fim de semana, quando muita gente se reúne para degustar comida regional e aproveitar apresentações de bandas locais. Já o Mercado da Madalena foi construído em 1925 e era conhecido como o “Mercado do Bacurau”, por funcionar à noite. Além da presença dos feirantes, que vendiam frutas e verduras, muitos boêmios também frequentavam o local nas noites recifenses. Hoje em dia, o mercado ainda é ponto de encontro com bares que reúnem muita gente para os almoços de domingo.

36

REVISTA INFO R M E FEC OM ÉR CI O-P E  •   J U L/ A G O 2 016

O Mercado da Madalena foi construído em 1925 e era conhecido como o “Mercado do Bacurau”, por funcionar à noite


MERCADO DA ENCRUZILHADA E MERCADO DE CASA AMARELA Como já vimos, muitos mercados do Recife oferecem opções variadas de comidas regionais. Apesar de ser possível comer bem em qualquer um deles, o Mercado da Encruzilhada se destaca neste aspecto. Inaugurado em 1950, o mercado oferece produtos diversificados como artesanato, plantas, carne, frutas, verduras e outras especiarias. Porém diversos bares e restaurantes oferecem opções de café da manhã, almoço e jantar que agradam os mais diversos públicos. Bastante conhecido no local é o restaurante português “O Bragantino”. Em 1965, o Seu Manuel José Alves saiu de Portugal para o Brasil com 25 anos e, depois de trabalhar em diversos empregos em São Paulo, mudou-se para o Nordeste e abriu o Bragantino em 1991. Com receitas de família, o restaurante oferece clássicos da culinária portuguesa, dentre eles o bacalhau, o arroz de polvo, o pastel de nata e os famosos bolinhos de bacalhau. Com arquitetura semelhante à do Mercado de São José, o Mercado de Casa Amarela foi originalmente construído na Avenida Caxangá mas, em 1928, foi desmontado e levado ao bairro que hoje lhe dá o nome. Além dos produtos regionais normalmente oferecidos, como queijos e carnes vindos do interior, no mercado também estão localizados bares e restaurantes com cardápios variados.

JU L / A G O 2 016  •  R E V I S T A I NF O R M E F E C O M É R C IO - P E

37


NEGÓCIOS

TAL PAI, Administrar um negócio familiar e dar continuidade aos passos do pai vai além de perpetuar uma empresa. Muitas vezes, representa uma herança afetiva POR

38

REVISTA INFO R M E FEC OM ÉR CI O-P E  •   J U L/ A G O 2 016

LUIZA ALENCAR


Francisco Peixoto inspirou seu filho Francieud Peixoto a dar continuidade à Dobradinha do Gordo

Q

uando criança, o administrador Francieud Peixoto circulava e brincava pelo estabelecimento de seu pai, Francisco Peixoto. Hoje, adulto, é ele quem ajuda o patriarca da família a manter o negócio. Inaugurado há 37 anos, o restaurante Dobradinha do Gordo, inspirado no apelido de Francisco, é um dos mais tradicionais do Recife. Mas, dos três filhos, apenas Francieud seguiu a carreira de seu genitor. E a inspiração para dar continuidade ao trabalho desenvolvido pela família vem desde cedo, quando vivenciava o dia a dia do ofício do pai, que saiu de Caruaru para tentar a sorte na capital pernambucana. Entretanto manter a tradição familiar e herdar a profissão não significa obrigação, falta de oportunidade ou comodidade. A admiração e o carinho pelo trabalho são os gatilhos que desenvolvem o desejo por trilhar esse mesmo caminho. “Fica meio que no sangue. Somos muito unidos, muito juntos. Meu pai veio de Caruaru sem estudo, sem nada e colocou o braço no trabalho. Tenho muito orgulho. Não há pessoa melhor em quem eu possa me espelhar do que ele”, enfatiza Francieud. “Com a história do meu pai e sua vontade de ganhar, comecei a ver o restaurante de outra forma. Fui me introduzindo ao negócio, iniciei despretensioso. Trabalho desde os 18 anos, o marco inicial foi a carteira de habilitação. Muita coisa, hoje, é comigo. Ele com a experiência e eu executando”, complementa. E o desejo é que o legado seja mantido.

Com a história do meu pai e sua vontade de ganhar, comecei a ver o restaurante de outra forma. Fui me introduzindo ao negócio, iniciei desprentensioso” Francieud Peixoto

JU L / A G O 2 016  •  R E V I S T A I NF O R M E F E C O M É R C I O - P E

39


Paulo Barreto Neto foi criado pelo avô, Paulo Barretto, e herdou dele o interesse pela ourivesaria e comercialização de joias

E é mantendo a tradição que passa de geração em geração, há mais de um século, que o contador Paulo Barreto Neto administra a Novo Diamante, loja do ramo de joalheria. A profissão foi herdada não do seu pai, mas do seu avô que o criou, Paulo Barretto, já falecido. “Como fui criado pelo meu avô, ele foi a pessoa que tomei como referência, pois me influenciou pelo exemplo. A paixão que ele tinha pelo trabalho me contagiou”, conta animado. Com 30 anos de profissão, teve os primeiros contatos com o negócio ainda quando criança. Desde os 13 anos já demonstrava interesse pela arte de ourivesaria e pela comercialização de joias e relógios, ajudando o avô nas atividades da empresa. Aos 43 anos e formado em Ciências Contábeis, Paulo relembra a época de faculdade, em que cogitou mudar de profissão. “A paixão e a responsabilidade em dar continuidade à tradição da família me fizeram seguir. Tenho sangue de comerciante e meu avô sempre prezou pelo meu estudo. Hoje a contabilidade me ajuda no exercício da profissão”, explica. A satisfação em dar seguimento ao serviço é refletida no prazer que Paulo tem em trabalhar. “É uma profissão muito bonita, artesanal. Nós trabalhamos mexendo com sonhos”, ressalta. Transformar sentimentos em joias e produtos é o que move o empresário. “Vendemos sonhos. E isso me fez ficar fascinado”, recorda.

A paixão e a responsabilidade em dar continuidade à tradição da família me fizeram seguir. Tenho sangue de comerciante e meu avô sempre prezou pelo meu estudo” Paulo Barreto Neto

40

REVISTA INFOR M E FECOM ÉR CI O-P E  •   J U L/ A G O 2 016


EXEMPLO A SER SEGUIDO Mesmo que um ofício passe de pai para filho, não basta somente optar por dar sequência ao trabalho e ficar à frente dos negócios. Para que ele siga dando certo, é preciso preparar-se e qualificar-se. Como no caso da família Ferreira Costa, que mantém em funcionamento a empresa homônima há cinco gerações. “A trajetória da Ferreira Costa é fruto de muita dedicação da família e dos colaboradores. Além do comprometimento e empenho em entender as necessidades dos consumidores e do mercado onde atuamos”, explica o administrador Guilherme Ferreira Costa. “Entendemos que não é muito comum uma empresa com 132 anos de existência ser liderada pela mesma família, o que torna o nosso caso de sucessão familiar um modelo para as empresas e um exemplo a ser seguido”, complementa. Para que isso aconteça, Guilherme considera que a sucessão é um tema que deve ser administrado na empresa, além dos temas comuns ao negócio. “É muito importante que se invista na preparação e formação dos membros da família, identificando os que têm vocação para o negócio. Na Ferreira Costa, como norma, todos os membros da família devem ter formação superior, trabalhar um tempo fora da empresa e fazer MBA específico da área de atuação para, só então, ingressar no quadro da empresa como um profissional contratado”, pontua. A Ferreira Costa atua no Nordeste com unidades em Garanhuns, Recife e Salvador e faz parte de um seleto grupo de empresas que conseguem se manter por tantos anos no mercado, ainda em processo de expansão.

Não basta somente optar por dar sequência ao trabalho do pai. Para que o negócio siga dando certo é preciso preparar-se e qualificar-se

JU L / A G O 2 016  •  R E V I S T A I NF O R M E F E C O M É R C IO - P E

41


ECONOMIA

FRIO QUE AQUECE OS NEGÓCIOS As baixas temperaturas atraem turistas e movimentam o setor de hotéis, pousadas, bares e restaurantes em cidades do Agreste e Sertão

D

e maio a agosto, o clima muda no agreste pernambucano. Na região privilegiada por estar em cima do Planalto da Borborema e, portanto, com locais entre 400 e mil metros de altitude, sai o calor típico do Nordeste e entra em cena o frio. Com termômetros marcando pouco mais de 20 graus Celsius, cidades como Garanhuns e Gravatá se destacam com o aquecimento da economia. Além dessas cidades, Triunfo, que fica no Sertão do Pajeú, também se destaca pelas baixas temperaturas. O clima de montanha tornou o município conhecido como “Oásis do Sertão”. No inverno, os termômetros marcam abaixo dos 8 graus. O período propício para o turismo movimenta uma cadeia de hotéis, pousadas, bares e restaurantes, além do setor de comércio desses municípios gerando emprego e renda. Em tempos de crise e de seca, como os que o Estado vive atualmente, o frio é um refrigério para a economia das cidades que investem em uma vasta programação cultural, esportiva e artística. Somente Garanhuns, a 230 quilômetros do Recife, onde acontece o tradicional Festival de Inverno, a população flutuante, durante os dez dias de evento, é de 20% a 30% em relação ao número de residentes da cidade, estimado em 136.949, em 2015, pelo IBGE. Em uma única noite de shows concorridos, por exemplo, o município chega a registrar 40 mil pessoas no principal polo da festa.

42

REVISTA INFO R M E FEC OM ÉR CI O-P E  •   J U L/ A G O 2 016

“Mesmo com o país ainda atravessando uma crise econômica, fomos surpreendidos por um incremento de 5% na economia em relação ao Festival de Inverno de Garanhuns do ano passado. Entendemos que seja fruto de uma parceria entre a prefeitura da cidade, que investe na divulgação, e dos empresários, que estão sempre buscando melhorar seus negócios”, avalia o secretário de Desenvolvimento Econômico da Prefeitura de Garanhuns, Geandré Nogueira. Com uma oferta de passeios que incluem, além das opções artísticas culturais, um roteiro turístico com trilhas, cachoeiras, visitas a engenhos e as famosas cachaçarias Triunfo, a 402 km do Recife, também se beneficia com a queda da temperatura. A resposta dos turistas, a maioria vinda de outros estados do Nordeste, reflete-se na taxa média de ocupação dos hotéis, que mesmo em um ano crítico como 2016 consegue atingir 70% de leitos ocupados. Gerente da Pousada Alpes de Triunfo, Thomas Malaquias registrou, neste ano, um aumento na ocupação na empresa da família quase sete vezes maior do que em abril passado. “Atualmente, oferecemos 60 leitos. Neste período do ano, devido ao crescimento do número de visitantes, contratamos camareiras, recepcionistas e outros profissionais. Há uma geração de emprego e renda que beneficia toda a cidade”, diz.


Pedro Júnior, empresário responsável pelo complexo turístico que reúne cachaçaria, parque aquático e a Pousada Baixa Verde, comemora o amadurecimento do setor, que começou a ser explorado, pelos seus cálculos, há cerca de 30 anos. “Crescemos e estamos sempre buscando crescer mais, pois, hoje, Triunfo é uma cidade de 16 mil habitantes, mas com um prestígio de uma com 40 mil habitantes por causa do turismo. No próximo ano, vamos incrementar ainda mais nossa programação com a realização de festivais de vinhos e cervejas artesanais, teremos mais turistas e mais empregos”, afirma. “No fim das contas não são apenas os hotéis e restaurantes que ganham com o período frio, mas também os guias turísticos, o comércio em geral, enfim, toda a cidade e o Estado também”, analisa o secretário de Turismo da Prefeitura de Triunfo, Antônio Evanildo. Dados da Agência Estadual de Planejamento e Pesquisas de Pernambuco (Condepe/Fidem) corroboram a importância do turismo para a economia como

um todo, pois mostram que mais de 70% do Produto Interno Bruto (PIB) provêm do setor de serviços, que engloba o segmento. Além dos investimentos em parcerias entre os empresários e o poder público nas cidades do chamado “Circuito do Frio”, fatores externos acabaram contribuindo para o aquecimento da economia a partir do trade turístico desses locais. De acordo com Eduardo Cavalcanti, vice-presidente da Fecomércio-PE para assuntos de Turismo e Hospitalidade, a valorização do dólar e do euro em relação à moeda brasileira e o aumento dos preços das passagens de avião dentro do país, indiretamente, ajudaram o turismo desses municípios. “Com as moedas estrangeiras mais caras fica mais difícil viajar para fora do Brasil a turismo. Ao mesmo tempo, as Olimpíadas elevaram o custo das passagens de avião, favorecendo o turismo por meio rodoviário. A maior parte dos nossos clientes vem dos estados de Alagoas, Paraíba, Rio Grande do Norte e de Pernambuco. Nosso desafio é manter

a qualidade dos serviços com a capacitação constante dos nossos funcionários que o resultado vem”, afirma Eduardo Cavalcanti, que também é proprietário do hotel fazenda Portal de Gravatá. Dos 400 leitos de hotel, o Portal de Gravatá registrou a ocupação de 70% das vagas só em julho um aumento de 15% se comparado com o mesmo período do ano passado.

Triunfo é uma das cidades pernambucanas que lucra nos períodos de baixa temperatura

JU L / A G O 2 016  •  R E V I S T A I NF O R M E F E C O M É R C I O - P E

43


EDUCAÇÃO

MAIS SENSO CRÍTICO E CRIATIVIDADE NA ESCOLA 5ª edição do Congresso Internacional do Sesc de Arte/ Educação debate a Abordagem Triangular de Ana Mae Barbosa POR

O

MARINA AFONSO

bservação e repetição. É comum que os adultos que passaram pela vida escolar, há pelo menos 10 anos, não tenham uma habilidade criativa aguçada e um espírito crítico afinado, como é possível observar nas gerações atuais. O básico papel em branco, uma dezena de lápis coloridos e a repetição em série de um quadro artístico famoso é o mais próximo do que pode ser lembrado de estímulo ao processo criativo dentro das escolas tradicionais. Uma das principais críticas dos educadores e arte-educadores é o modelo engessado e pouco funcional de ensino que oferece uma única perspectiva ao aluno. Foi pensando na quebra desse paradigma e no debate de novos modelos educacionais que, aproximadamente, 800 educadores se reuniram no V Congresso Internacional do Sesc de Arte/ Educação, realizado entre os dias 25 a 29 de julho, na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Dentre apresentações de artistas, trabalhos, pesquisas e diálogos, a Abordagem Triangular foi um dos temas mais debatidos durante o evento. Essa metodologia surge como uma possível solução no estímulo à criatividade e criticidade dentro do currículo escolar. Em resumo, o modelo, sistematizado há aproximadamente 26 anos no Brasil, consiste em “ver, contextualizar, realizar”. A missão

44

REVISTA INFOR M E FEC OM ÉR CI O-P E  •   J U L/ A G O 2 016

não implica apenas ensinar os alunos a observar e replicar o que tem sido visto, mas que o professor incentive a contemplação, a contextualização, a criação de novos modelos, formatos, cores e funcionalidade para o que foi apresentado ao aluno. Com 60 anos de magistério e formada pela Universidade Federal de Pernambuco, a sistematizadora dessa metodologia é a professora doutora em Arte-Educação e homenageada do evento, Ana Mae Barbosa. A pernambucana esteve presente durante os cinco dias do evento falando sobre sua extensa obra, que ratifica a importância da inserção da ludicidade nas escolas como disciplina primária, e não subtema curricular, para fomento do processo criativo e crítico de crianças e adolescentes. Metodologia aplaudida e incentivada pelos olhos atentos dos que preenchiam o auditório Dênis Bernardes, do Centro de Ciências Sociais Aplicadas da UFPE. Uma lei concernente à inserção das artes na educação foi criada no período do Regime Militar (1964-1985), mas, segundo Ana Mae, “foi um modo


genérico e polivalente de ensino das artes, em que usavam apenas um professor para ensinar música, teatro, artes plásticas e desenho geométrico. Um absurdo”. Contudo avanços relativos ao tema podem ser comemorados, pois, em maio de 2016, foi aprovada e sancionada pela presidente Dilma Rousseff a Lei 13.278/2016, que estabelece o prazo de cinco anos para que os sistemas de ensino promovam a formação de docentes com o objetivo de implantar o ensino das artes visuais, teatro, dança e música no currículo do ensino infantil, fundamental e médio. Para a arte-educadora, que atualmente é professora aposentada titular da Universidade de São Paulo (USP) e leciona na Universidade Anhembi Morumbi, também localizada na capital paulista, a arte “permite que a criança desenvolva a capacidade de inventar, de ousar, estimula a capacidade motora e o poder criativo e concede autonomia artística e crítica, e não apenas a repetição das coisas que o professor quer que ela aprenda”. Diante da conquista da Lei 13.278 para a Educação, Ana Mae levanta um alerta para a prática da polivalência educacional, na qual um profissional acumula funções em diversas áreas de ensino. “É preciso que haja interdisciplinaridade sem polivalência. Os professores precisam estar devidamente habilitados para cada área”, ressalta.

A arte permite que a criança desenvolva a capacidade de inventar, de ousar, estimula a capacidade motora e o poder criativo” Ana Mae Barbosa

JU L / A G O 2 016  •  R E V I S T A I NF O R M E F E C O M É R C IO - P E

45


CONGRESSO Organizado pelo Sesc Piedade, sob a direção do gerente da unidade, Rudimar Constâncio, a quinta edição do evento demonstra a importância do tema e abre espaço para o debate entre educadores e arte-educadores. Para a diretora de Educação e Cultura do Sesc Pernambuco, Teresa Ferraz, o ensino das artes proporciona a sensibilização e maior igualdade entre as pessoas. “Se tivermos esse olhar desde os primeiros anos que ingressamos na escola, desde a educação infantil até aos três anos, é possível ir humanizando as pessoas e fazer a educação dos sentidos”. Realizado pela segunda vez com porte internacional, o evento contou com a presença de vários docentes de países europeus e latino-americanos, tanto na apresentação de trabalhos quanto na composição dos diálogos. O chefe do Departamento de Educação do Sesc Nacional, Jorge Teles, destaca o protagonismo de Pernambuco no desenvolvimento de espaços inovadores. “Essa iniciativa é uma das mais ricas que acontece no Brasil. A dimensão artística, hoje, faz parte da vida. A vida artística é exatamente a do século XXI. A juventude está demonstrando isso. Pensar o desenvolvimento do país, pensar o novo Brasil e o bem-estar, que são missões relativas ao Sesc, passam por pensar uma vida artística”, analisa Teles. Durante o congresso, houve um coquetel de lançamento de várias obras de autores com temática educacional. Foram elas “Redesenhando o desenho – Educadores, Política e História”, de Ana Mae; “além do Corpo – Uma experiência em Arte/Educação”, de Ana Amália Barbosa, que é filha da homenageada do evento; “A Viagem

46

Cerca de 800 educadores se reuniram no V Congresso Internacional do Sesc de Arte/Educação

de Volta – Ações do Movimento Intercultural Identidades em Comunidades de Colonização Lusa”, de Madalena Zaccara. Pela Editora Sesc, foram lançados “Caminhos para Inclusão: uma reflexão sobre áudio-descrição no teatro infanto-juvenil”, de Andreza Nóbrega; “A Abordagem Triangular no Ensino das Artes como Teoria e a Pesquisa como Experiência Criadora”, de Fernando Antonio Gonçalves de Azevedo; o e-book, “Ecos de Resistências na América Latina”, de Antonio Edson Cadengue e Rudimar Constâncio”. Os últimos três citados estão disponíveis para venda no Sesc Piedade.

REVISTA INFO R M E FEC OM ÉR CI O-P E  •   J U L/ A G O 2 016


artigo POR

SÉRGIO CAVALCANTE

A (FALTA DE) CULTURA DE INOVAÇÃO

O

contexto brasileiro de inovação é preocupante. Se analisarmos os relatórios da Pesquisa Industrial de Inovação Tecnológica - PINTEC, produzidos trienalmente pelo IBGE desde 2000 até 2011 (o relatório de 2012 a 2014 ainda não foi disponibilizado), veremos que a maioria das indústrias copia mais do que inova e isso não mudou de 1998 até 2011. Segundo os relatórios, as três maiores fontes de conhecimento para gerar “inovações” são outras áreas da própria empresa (processos de uma área que são aproveitados em outra), feiras e exposições (produtos que são licenciados ou copiados para produção no país) e concorrentes (não carece de comentários). Apenas em quarto lugar aparecem as opiniões/desejos dos clientes. Mas será que isso também não é comum nos demais países? Pode até ser, mas o Brasil caiu 9 posições e está em 70º entre 141 países analisados no Global Innovation Index (GII - Cornell

University, INSEAD, WIPO). O Brasil continua perdendo terreno em inovação em relação a outros países, segundo a Organização Mundial da Propriedade Intelectual (WIPO). Em 1981, o Brasil fez 53 depósitos de patentes internacionais, enquanto a Coreia do Sul apenas 33. Em 2015, o Brasil fez 547 pedidos, enquanto a Coreia do Sul fez 14.626. Israel, que tem uma população menor que a de Pernambuco, mas tem empresas inovadoras e universidades que focam em problemas da sociedade, como irrigação no deserto e sistemas de defesa, fez 1.698 depósitos. As universidades seguem um modelo de geração de conhecimento focado em publicação de artigos e não na geração de inovação, emprego e renda. Há uma verdadeira mercadofobia e falta de conexão com problemas reais, uma redoma de isolamento. Segundo o Livro Branco 2002 do MCT, de 1981 a 2001 o número de publicações no Brasil cresceu mais de 450%, enquanto a média mundial cresceu apenas 67%. De 2001 a 2011, segundo a Folha de São Paulo de 22/04/2013, o Brasil aumentou em 350% o volume de publicações, passando para o 13º mundial. Infelizmente, no mesmo período o país passou de 31º para 40º lugar na qualidade das publicações, mensurado pelo número de vezes que um artigo foi citado em outras pesquisas. E mesmo com esses números, as universidades brasileiras são as maiores fontes de depósitos de patentes. Nos Estados Unidos, apenas 5% das patentes concedidas são de universidades. Nas escolas, usamos um modelo educacional que não favorece a inovação, mas sim passar no vestibular. E mesmo nas universidades, este modelo “tudo de bandeja” é perpetuado. Nosso modelo pedagógico fornece livro-texto/apostila, slides das apresentações e não ensina a procurar e analisar informações diversas. Com a avalanche de informações atual, é fundamental que a capacidade

analítica e a proatividade sejam exercitadas. Do contrário teremos sempre profissionais passivos, com a “Síndrome do Empregado”, como mencionado por Fernando Dolabela em O Segredo de Luísa. Além disso, uma universidade no Brasil não é uma “união de diversidades” como ocorre, por exemplo, nos EUA. Nossos estudantes (e professores) têm cursos estáticos, restritos às suas áreas, e não têm contato com outros estudantes de outras áreas. Não enxergam problemas/oportunidades/experiências de outras áreas. Nossas universidades são conjuntos de departamentos isolados. Resultado: em 2014 e 2015, a aceleradora de startups do CESAR recebeu 308 propostas e só aceitou 7. Muitas eram ideias para novas redes sociais, ônibus, bares, festas e pegação: o contexto dos estudantes! Do lado governamental, os incentivos públicos focam, em geral, no desenvolvimento e não no entendimento de problemas, concepção de soluções, criação de cenários futuros. Entretanto, neste campo, há um alento com a criação do novo Marco Legal de Ciência, Tecnologia e Inovação, apresentado no início deste ano. Ele altera diversas leis e traz um entendimento muito mais abrangente e objetivo das estratégias necessárias para permitir, incentivar e alavancar a inovação no país. As expectativas são muito altas com relação à aprovação definitiva e regulamentação deste Marco. Que necessidades temos? Dá pra mudar? Claro! Precisamos criar uma Cultura de Inovação! É fundamental a criação de observatórios para identificar e avaliar problemas atuais bem como tendências futuras. Sem isso, ficaremos sempre “às escuras” propondo soluções para problemas inexistentes.

Sérgio Cavalcante, superintendente do CESAR.

JU L / A G O 2 016  •  R E V I S T A I NF O R M E F E C O M É R C IO - P E

47


ALIMENTAÇÃO

COMER BEM SEM GASTAR MUITO Em casa ou em restaurantes, é possível fazer refeições completas e saudáveis com menor custo POR

ELAYNE COSTA

É

possível comer bem sem gastar muito dinheiro? Em tempos de inflação, essa certamente é a pergunta que muitas pessoas devem fazer. E a resposta é sim! É consenso entre nutricionistas que, para fazer uma refeição considerada completa, é necessário colocar no prato os três principais grupos alimentares: os carboidratos, as proteínas e os reguladores, que são as frutas e as verduras. Ter atenção na escolha dos alimentos, pesquisar, fazer substituições, é primordial. E, para quem come fora de casa, recorrer a serviços que oferecem refeições saudáveis a baixo custo é uma saída para combinar qualidade com economia na hora de se alimentar. “Não é necessário gastar muito para comer bem. É preciso abusar na variedade de cores e texturas para consumir uma refeição saudável e rica em vitaminas e minerais. O cardápio deve conter verduras, pois esses alimentos ajudam a fortalecer o organismo contra o aparecimento de doenças. Na escolha da proteína é recomendado evitar preparações com molhos, indo

48

REVISTA INFO R M E FECOM ÉR CI O-P E  •   J U L/ A G O 2 016


para opções magras, assadas ou grelhadas”, orientou a coordenadora de Nutrição do Sesc Pernambuco, Renata Ali. Um prato equilibrado, segundo a especialista, deve conter porção de salada crua e cozida, o arroz ou macarrão e o feijão, a lentilha ou grão-de-bico. Além disso, é necessário ter a carne, o frango ou o peixe. Os grãos integrais também são uma boa pedida. Eles são ricos em fibras e auxiliam no controle de glicose no sangue e de colesterol total. Em feiras livres é possível encontrar vários alimentos que contribuem para a saúde e possuem preço baixo, como a macaxeira, o inhame, a batata-doce, a banana, o limão, a maçã, o abacate e a castanha-de-caju. “Entre as verduras, a cenoura é um ótimo alimento funcional e excelente fonte de vitamina A, proporcionando benefícios para a pele, cabelos e o sistema de defesa do corpo. Já a alface é altamente nutritiva, rica em carboidratos, fibras e proteínas e fornece cerca de 15 calorias por 100 gramas do seu consumo”, explicou Renata Ali. Alimentos como esses podem ser encontrados sem agrotóxicos, que são considerados um risco para a saúde, em feiras orgânicas e comprados diretamente ao agricultor familiar, opção que reduz o custo do produto.

É preciso abusar na variedade de cores e texturas para consumir uma refeição saudável e rica em vitaminas e minerais” Renata Ali

JU L / A G O 2 016  •  R E V I S T A I NF O R M E F E C O M É R C I O - P E

49


Além disso, é importante verificar quais são as frutas e verduras que estão na safra, pois são as melhores em qualidade e, devido à grande oferta, são achadas com valor mais em conta no mercado. Outra dica passada pelos profissionais é explorar ao máximo todo o alimento, utilizando-o de maneira integral, aumentando o aporte nutricional e diminuindo os desperdícios. As pessoas que passam o dia fora de casa também não têm desculpa para não comerem bem. Quem não pode levar sua própria refeição na bolsa, deve pesquisar locais que ofereçam alimentação variada a preço justo. Moradora do bairro do Monteiro, na Zona Norte do Recife, Avante Soledade Nascimento trabalha no centro da cidade e almoça na rua de segunda a sexta-feira. Ela, que desde criança gosta de frutas e verduras, inseriu esses alimentos na sua refeição fora de casa também. “É necessário ter uma alimentação saudável para o bem-estar da gente. Há alguns

50

anos, soube, através de um exame, que estava com colesterol alterado. Depois disso, tentou melhorar cada vez mais os meus hábitos”, revelou. De acordo com pesquisa realizada este ano pela Associação das Empresas de Refeição e Alimentação Convênio para o Trabalhador (Assert), o preço médio gasto pelo recifense em uma refeição fora de casa chega a R$ 30,75, incluindo o prato principal, a bebida, a sobremesa e o café. O estudo analisou estabelecimentos que fazem pratos do tipo comercial, executivo, autosserviço e à la carte. Na contramão desse valor, oferecendo alimentação balanceada e praticada a preço baixo, os restaurantes das Unidades do Sesc Pernambuco são opções para quem deseja comer bem e gastar pouco. Nas unidades de Piedade, Casa Amarela, Santa Rita, Caruaru, Garanhuns, Arcoverde, Triunfo e Petrolina é possível alimentar-se com variedade e qualidade, de acordo com a necessidade de cada

REVISTA INFOR M E FECOM ÉR CI O-P E  •   J U L/ A G O 2 016

É necessário ter uma alimentação saudável. Há alguns anos, descobri que estava com colesterol alterado. Depois disso, tento melhorar os meus hábitos” Avante Soledade


Com alimentação regrada por conta da diabetes, Luciana Sodré almoça e janta no restaurante do Sesc Santa Rita

um. Funcionando no sistema self-service, o almoço possui o valor único de R$ 12 o quilo para comerciários e dependentes. Entre as opções servidas, estão, diariamente, dois tipos de arroz, de feijão, de carne, uma opção de massa e frutas, além de saladas crua e cozida. E ainda há preparações integrais e soja para quem prefere não consumir as proteínas animais. O jantar funciona com um sistema de sopa, caldos e cremes e, em algumas unidades, há lanches como omeletes, crepes e tapiocas. “Faço duas das minhas refeições principais fora de casa. Há três anos descobri, em uma campanha educativa, que estava com diabetes. Preciso ter uma alimentação correta no dia a dia para controlar as minhas taxas. Para isso, conto com acompanhamento de uma nutricionista e sigo uma dieta orientada”, contou Luciana Sodré, de 67 anos, que integra o grupo da Terceira Idade do Sesc Santa Rita e almoça e janta no espaço. Localizado no centro comercial do Recife, onde há grande fluxo de trabalhadores e pessoas que se deslocam diariamente pela região, a unidade do Sesc em Santa Rita conta com um balcão de alimentos preparados com pouca gordura e sal para portadores de doenças que possuem restrição alimentar como

diabetes, hipertensão arterial e obesidade. “Em média, 20% dos clientes consomem alimentos do programa DietoSesc, como macarrão integral, feijão macassar e proteína grelhada, de forno ou cozida. Esse tipo de refeição é adotada geralmente pelo público adulto, que não paga nada a mais por isso”, afirmou a nutricionista da unidade, Celeste Priscila Pereira da Silva. Ao todo, lá são servidas mais de mil refeições, diariamente distribuídas no turno da manhã, tarde e noite. O desenvolvedor de software, Rodrigo Lira, de 27 anos, que almoça no local há dois meses, considera que pode ter um pouco de “regalia” nas refeições. “Acho muito importante ter uma alimentação saudável. Eu não me privo de comer nada, mas tento sempre colocar verduras no meu prato para balancear o que como”, contou.

JU L / A G O 2 016  •  R E V I S T A I NF O R M E F E C O M É R C IO - P E

51


INTERIOR Na cidade de Garanhuns, no Agreste, o restaurante Chá Preto, que possui 713 m² e fica localizado dentro do Sesc conta com cardápio regional. O local funciona para almoço e jantar e possui capacidade para receber 700 pessoas, considerando a permanência mínima de trinta minutos por pessoa. Por dia, são servidas 560 refeições na hora do almoço, 96 no jantar e 168 na lanchonete. Das 11h30 às 14h, ficam disponíveis três opções de salada, uma guarnição, dois tipos de proteínas, dois de arroz e de feijão, além de massa. “Um dos pratos mais pedidos é o cozido, que é servido toda terça-feira. O cardápio é alternado diariamente e a maior parte do público atendido são pessoas que trabalham no centro da cidade”, disse a nutricionista da unidade, Arenilda Lisboa.

FIQUE DE OLHO NAS DICAS: - Dê preferência aos alimentos sazonais, pois apresentam boa qualidade e são de baixo custo; - Ao temperar e cozinhar alimentos, utilize óleos, gorduras, sal e açúcar em pequenas quantidades; - Evite o consumo de alimentos processados como refrigerantes, bolos, biscoitos recheados, bolachas e embutidos; - Preparações com aproveitamento integral dos alimentos aumentam o aporte nutricional das refeições e reduzem a produção do resíduo orgânico; - Beba bastante líquido e evite o consumo excessivo de bebida alcoólica, mesmo que nos finais de semana; - Planeje o tempo para realizar as refeições. Comer devagar e mastigar bem os alimentos facilita a digestão. Dê preferência a ambientes tranquilos e que produzam refeições diariamente.

52

REVISTA INFO R M E FEC OM ÉR CI O-P E  •   J U L/ A G O 2 016



curtas

PONTE COM O LEGISLATIVO

CIDADÃO CAMARAGIBENSE O presidente do Sistema Fecomércio/Senac/ Sesc, Josias Albuquerque, recebeu, no dia 17 de junho, o título de Cidadão Camaragibense. O vereador Daniel Passos foi o autor da proposta que homenageou o professor Josias pelos relevantes serviços prestados a Camaragibe, por meio das entidades que ele preside: Fecomércio, Senac e Sesc.

TÍTULO NACIONAL Um pernambucano está entre os vencedores do Prêmio Sesc de Literatura 2016. Natural de Garanhuns, a 230 km do Recife, o escritor e professor Mário Rodrigues venceu, na categoria Contos, a premiação nacional com a obra “Receita para se fazer um monstro”. O trabalho resgata, por meio das palavras, as brincadeiras e descobertas dos anos 80, leva o leitor à infância e estimula o paralelo com a atualidade. Nessa edição do prêmio, foram mais de 1,5 mil livros inscritos, sendo 709 contos e 794 romances.

54

REVISTA INFOR M E FEC OM ÉR CI O-P E  •   J U L/ A G O 2 016

O

estreitamento da relação Fecomércio-PE e poderes legislativos fomenta o debate de importantes resoluções, que podem gerar impactos positivos no setor terciário. Nesse sentido, e com o intuito de integrar os dirigentes de sindicatos filiados no acompanhamento de projetos de lei de interesse do segmento do comércio e serviços, a Assessoria Legislativa da Fecomércio-PE realizou, no dia 16 de maio, a 2ª Fase do Projeto de Integração da Assessoria Legislativa/ Segs / Sindicatos Filiados. Participaram do evento os representantes dos seguintes Sindicatos: Sincopeças-PE, Sindfrutas, Sindloja-Caruaru, SincofarmaPE, Sindlojas-Recife, Sircope, Sindvarejista-Recife, Sindcom-Jaboatão e Sindnorte. Na ocasião, a Assessoria Legislativa ministrou palestra sobre o Processo Legislativo, esclarecendo todas as etapas, desde a proposição do Projeto de Lei até a sanção da legislação pelo Poder Executivo. Essa fase do projeto complementa as visitas realizadas aos Sindicatos, com o intuito de apresentar a Assessoria Legislativa e a importância da participação no acompanhamento do processo legislativo. A terceira e última fase do Projeto de Integração busca posicionamento oficial dos Sindicatos perante os Projetos de Lei de interesse das Entidades. Para defender os interesses do segmento empresarial do comércio, em consonância com a legislação pertinente, a Assessoria Legislativa acompanha os legislativos estadual e municipal, atuando integrada à Rede Nacional de Assessorias Legislativas (Renalegis) e à Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), fazendo o monitoramento das proposições em tramitação na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) e na Câmara Municipal do Recife.




Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.