Corpo do trabalho

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AGRADECIMENTOS À minha orientadora, professora Carina Rodrigues, por todos os esforços da parte dela, para que o meu estágio tivesse sido realizado no SeiaLab. À gerência do Laboratório SeiaLab, que sem o parecer da mesma, o estágio não se realizaria. De uma forma especial, gostaria de agradecer a uma vasta equipa com a qual tive o grande privilégio de trabalhar, por todo o acompanhamento, dedicação, preocupação e por tudo o que me ensinaram e transmitiram. Um muito obrigado á Dr. Isabel Ferreira, orientadora e responsável pelo meu estágio no SeiaLab durante o período que nele permaneci, por todos os concelhos, ensinamentos e carinho que manteve neste período. À Dr. Cármen Saraiva que, tanto na presença como na ausência da orientadora sempre se mostrou preocupada e interessada neste percurso e aprendizagem, e por toda a amizade. Às Dr. Ângela, à Dr. Andreia, à dona Eduarda e à dona Deolinda (técnicas de laboratório), á dona Filomena, á dona Fernanda e à dona Cláudia (rececionistas) e ao Engenheiro Peres. Por ultimo, mas não menos importante, gostaria de agradecer aos meus pais, irmã e avós por toda a preocupação e disponibilidade que sempre demonstraram no decorrer deste percurso, sem eles seria impossível a realização do mesmo.

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ÍNDICE Agradecimentos....................................................................................................................................................... i Índice de Figuras .................................................................................................................................................. iii Introdução ............................................................................................................................................................... 1 Cronograma de atividades ................................................................................................................................ 3 Discussão .................................................................................................................................................................. 4 I - Considerações gerais ................................................................................................................................ 4 II - Considerações procedimentais ........................................................................................................... 4 Secção de Hematologia .......................................................................................................................... 5 Secção de Bacteriologia ........................................................................................................................ 7 Secção de Bioquímica ........................................................................................................................... 10 Secção de Serologia ............................................................................................................................... 11 Manutenção dos Aparelhos............................................................................................................... 11 III - Controlo de Qualidade ..................................................................................................................... 11 IV- Caso prático: Fungos .......................................................................................................................... 12 Conclusão ............................................................................................................................................................... 14 Bibliografia ............................................................................................................................................................ 15 Anexos ...................................................................................................................................................................... iv

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ร NDICE DE FIGURAS Figura 1|Tubos de vรกcuo.................................................................................................................................... 5 Figura 2| ADVIA 120 ............................................................................................................................................ 5 Figura 3| TEST 1 THL .......................................................................................................................................... 6 Figura 4| HA-8160 ................................................................................................................................................ 6 Figura 5|Start 4 ...................................................................................................................................................... 7 Figura 6| Urisys 2400 .......................................................................................................................................... 7 Figura 7| Uroculturas .......................................................................................................................................... 8 Figura 8| miniAPI .................................................................................................................................................. 8 Figura 9| Cobas e 411 ........................................................................................................................................ 10 Figura 10|MODULAR ......................................................................................................................................... 10 Figura 11| minicap ............................................................................................................................................. 10 Figura 12| VIDAS ................................................................................................................................................. 10 Figura 13| Cresicmento dos fungos ............................................................................................................. 13

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INTRODUÇÃO "O Técnico Especialista de Laboratório é o profissional que, de forma autónoma ou sob orientação, é responsável pela manipulação de equipamentos laboratoriais, aplicação de metodologias analíticas, manutenção e controlo de equipamento laboratorial e preparação e organização do trabalho. [...]" Despacho n.º 9805/2008 de 3 de Abril. Diário da República, 2.ª série — N.º 66.

O estágio a que se refere este relatório foi realizado no Laboratório SeiaLab, pertencente ao grupo Beatriz Godinho, no âmbito do curso de Técnico de Laboratório, onde esteve sob a orientação profissional e pedagógica da Dra. Isabel Ferreira licenciada em Ciências Farmacêutica e especialista em Análises Clínicas. O referido estágio, com duração de aproximadamente três meses e meio, decorreu entre o dia 2 de Abril e 12 de Julho de 2013, perfazendo assim o plano idealizado para o corrente ano lectivo. O laboratório SeiaLab presta serviço no ramo das análises clínicas, tendo postos de colheita em Seia, São Romão, Gouveia, Mangualde, Vila Nova de Tázem e Oliveira do Hospital. Deste modo, o laboratório realiza uma vasta gama de análises no ramo da Hematologia, Bacteriologia, Bioquímica e Serologia, encontrando-se divididas em setores, como serão relatados no presente relatório. O trabalho desenvolvido no SeiaLab subsiste em três fases, sendo a primeira a fase pré - analítica que é a fase de preparação do paciente e colheita, a segunda fase, fase analítica, que consiste na análise em si, sendo esta a fase que se enquadra no trabalho realizado por um técnico de laboratório e que se encaixa, de modo geral, no estágio realizado, e por último a terceira fase que é a fase pós analítica. A fase de preparação do paciente é bastante importante visto que a determinação de certos parâmetros biológicos podem ser decisivamente influenciados por múltiplos fatores, Assim, a conversa com o paciente é essencial para a avaliação de possíveis causas de interferência nos resultados analíticos, bem como para lhe transmitir instruções detalhadas no sentido de observar determinados requisitos pré analíticos (jejum, dieta prévia, medicação, etc.). A fase da análise em si procede à realização de todas as análises solicitadas pelo paciente ou pelo seu médico e por último a fase pós analítica engloba desde a análise/observação detalhada dos resultados até ao seu envio até ao utente. 1


Atendendo que o curso não habilita o técnico a tirar sangue, não foi possível, em parte, a realização da fase pré-analítica, não sendo por isso possível a colheita do sangue em si mas a simulação desta mesma técnica, não só para perceber como chega até nós o material a analisar mas também para garantir uma perceção mais abrangente daquilo que constitui o nosso trabalho, bem como os cuidados a ter em conta nesta fase para que na fase seguinte (analítica) as análises possam sair com resultados viáveis. Como referido anteriormente, é sobre a fase analítica do Laboratório que se desenrolou o estágio realizado e sobre a qual irei abordar a seguir. O presente relatório procura contemplar os procedimentos vivenciados e aprendizagens adquiridas ao longo do estágio.

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CRONOGRAMA DE ATIVIDADES 2 a 12 de Abril

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Integração no Laboratório; Interação com todas as áreas e secções; Funcionamento do laboratório (conhecimento).

15 a 19 de Abril

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Integração aprofundada nas secções de Hematologia e Bacteriologia; Conhecimento das técnicas.

22 a 26 de Abril

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29 de Abril a 3 de Maio -

Integração aprofundada nas secções de Bioquímica e Serologia; Conhecimento das técnicas.

Secções de Hematologia e Bacteriologia.

6 a 10 de Maio

-

Secções de Bioquímica e Serologia.

13 a 17 de Maio

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Secções de Hematologia e Bacteriologia.

20 a 24 de Maio

-

Secções de Bioquímica e Serologia.

27 a 31 de Maio

-

Secções de Hematologia e Bacteriologia.

3 a 7 de Junho

-

Secções de Bioquímica e Serologia.

10 a 14 de Junho

-

Secções de Hematologia e Bacteriologia.

17 a 21 de Junho

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Secções de Bioquímica e Serologia.

24 a 28 de Junho

-

Secções de Hematologia e Bacteriologia.

1 a 5 de Julho

-

Secções de Bioquímica e Serologia.

8 a 12 de Julho

-

Secções de Hematologia e Bacteriologia. 3


DISCUSSÃO I - CONSIDERAÇÕES GERAIS O estágio foi realizado no Laboratório SeiaLab, em Seia, no período compreendido entre 2 de Abril e 12 de Julho de 2013, num total de 535 horas. Durante este período foram observados os vários procedimentos e técnicas que se realizaram no Laboratório, nomeadamente Colorações, Velocidades de Sedimentação, Tempo de Protrombina, Tempo Parcial de Tromboplastina Ativada, Hemoglobina Glicosilada, entre outros. O Laboratório SeiaLab fundou-se no dia 11 de Abril de 1987. A sua sede situava-se na avenida 1º de Maio, no centro de Seia. Nove anos mais tarde, em Setembro de 2006, o SeiaLab mudou-se para a Avenida dos Bombeiros Voluntários, lote 1. Inseriu-se no grupo LabMed passando mais tarde a pertencer ao grupo Beatriz Godinho, no qual ainda se encontra inserido. O grupo Beatriz Godinho presta, para além das análises clínicas, serviços como análises de águas, de alimentos, ambientais, entre outros, sendo o SeiaLab um espaço integrante das análises clínicas, tal como outros laboratórios do grupo. Para uma discussão mais esclarecedora do relatório de estágio irei inicialmente tecer algumas considerações relevantes sobre a globalidade das técnicas. Posteriormente irei contextualizar as áreas de intervenção observadas.

II - CONSIDERAÇÕES PROCEDIMENTAIS As colheitas do sangue são feitas em tubos de vácuo (fig.1). Há três tipos de tubos, de acordo com a análise que se pretende realizar, devendo para isso ser retirados segundo uma ordem: 1. Tubo de soro (vermelho); 2. Tubo de coagulação (azul); 3. Tubos com K3EDTA (lilás).

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Os tubos vermelhos usam-se na secção da Bioquímica e Serologia, contêm um gel que após a centrifugação (4000 rpm - 15 min) separa o soro dos restantes elementos figurados do sangue que não fazem parte deste. Os tubos azuis, que contêm um anticoagulante, citrato, são usados nas provas de coagulação, sendo centrifugados (2000 rpm - 10 min) para o posterior uso do plasma. Os tubos lilases que FIGURA 1|TUBOS DE VÁCUO

contêm o anticoagulante K3EDTA, usam-se na secção da Hematologia e não são centrifugados.

SECÇÃO DE HEMATOLOGIA  Hemograma O aparelho utilizado para efetuar os hemogramas (anexo I) designa-se ADVIA 120 (fig.2). Um hemograma consiste na análise de sangue total (não coagulado,

devido

anticoagulante

à

presença

k3EDTA,

do

referido

anteriormente) no interior de cada tubo para

o

Vermelhos,

doseamento

de

Glóbulos

Glóbulos

FIGURA 2| ADVIA 120

Brancos,

Hemoglobinas, contagem de Plaquetas e Fórmula Leucocitária. Quando os resultados de um hemograma não se encontram dentro dos padrões normais é feita uma repetição da análise e posteriormente é realizado um esfregaço que se cora, segundo a coloração de Wright para observação do mesmo ao microscópio.

 Coloração de Wright A coloração de Wright (anexo II), destina-se a ser utilizada na coloração de esfregaços do sangue. Esta coloração consiste numa modificação da coloração de 5


Romanowsky utilizada para a diferenciação através da coloração dos elementos celulares do sangue. Quando se efetua a coloração deste tipo de esfregaços, o núcleo dos glóbulos brancos e o citoplasma assumem uma coloração característica azul e cor-derosa , respetivamente.

 Velocidade de Sedimentação A velocidade de sedimentação (anexo III) é medida em jejum. Exprime-se pela altura em milímetros da coluna de eritrócitos que sedimentaram em 1 hora. A velocidade de

sedimentação

aumenta

em

doenças

inflamatórias ou infeciosas encontrando-se moderadamente aumentada em certos estados fisiológicos (gravidez, idade avançada). O

FIGURA 3| TEST 1 THL

aumento da velocidade de sedimentação persiste muitas vezes durante várias semanas após a cura da doença que a causou. No laboratório, esta análise é feita com o aparelho TEST1 THL (fig.3).

 Hemoglobina Glicosilada Hemoglobina glicosilada (anexo IV), também abreviada como HBA1c, é uma forma de hemoglobina presente naturalmente nos eritrócitos humanos que é útil na identificação de altos níveis de

glicemia

durante

períodos

prolongados. Este tipo de hemoglobina é formado

a

partir

de

reações

não

FIGURA 4| HA-8160

enzimáticas entre a hemoglobina e a glucose. Quanto maior a exposição da hemoglobina a concentrações elevadas de glucose no sangue, maior é a formação dessa hemoglobina glicosilada. Para esta determinação utiliza-se o aparelho HA-8160 (fig.4). 6


 Determinação do grupo sanguíneo de um individuo No laboratório também é realizada a determinação de grupos sanguíneos. Para isso são usados quatro reagentes: anti-A, anti-B, anti-AB e anti-D. É identificado o grupo sanguíneo através de reações de aglutinação que podem ou não ocorrer, dependendo do grupo que seja, ao se adicionar uma gota de sangue a uma gota de cada um dos quatro reagentes (ver anexo V).

 Coagulação No

Laboratório

as

provas

de

coagulação mais utilizadas são o Tempo de Protrombina

e

o

Tempo

Parcial

de

Tromboplastina Ativada. Ambas as provas são testes de rastreio de problemas de coagulação nas vias de coagulação extrínseca e intrínseca, respetivamente. Estas provas são

FIGURA 5|START 4

realizadas no aparelho Start4 (fig.5).

SECÇÃO DE BACTERIOLOGIA  Análise sumária de urinas O exame de urina é dividido em três etapas: na primeira etapa analisam-se as características gerais da urina. Corresponde a avaliação das propriedades físicas da urina, como o volume, a densidade, a turvação, a cor, entre outras. Na segunda etapa é feita a pesquisa de elementos anormais, que corresponde à pesquisa química feita na urina. Estas duas primeiras etapas são realizadas num aparelho designado por Urisys 2400 (fig.6).

Na terceira e ultima etapa é feita a

sedimentoscopia,

que

corresponde

ao 7

exame

FIGURA 6| URISYS 2400


microscópico das urinas, após a centrifugação, a 2000 rpm. A finalidade da sedimentoscopia é detetar e identificar elementos como as hemácias, leucócitos, cilindros, células epiteliais, bactérias, leveduras, cristais, etc.

 Exame bacteriológico É realizado para pesquisa de bactérias potencialmente patogénicas, em vários produtos biológicos

como:

Urinas,

Exsudados

de

Orofaringe, Exsudados Vaginais, Expetorações, entre

outros.

Deste

modo

é

essencial

complementar, sempre que positivo, com a

FIGURA 7| UROCULTURAS

pesquisa de antibióticos eficazes para essa infeção através do respetivo antibiograma. A Urocultura (fig.7) é um exame realizado no laboratório, para diagnóstico de infeção urinária, normalmente causada por bactérias das espécies: Escherichia coli, Enterococcus, Klebsiella sp e Proteus sp (anexo VI).

 Antibiograma Um antibiograma é um ensaio que mede a suscetibilidade ou resistência de uma bactéria aos antibióticos sendo um complemento de um exame bacteriológico (Urocultura ou outro). A determinação da sensibilidade aos antibióticos é uma das provas mais solicitadas em laboratório, pois constitui o principal fator na escolha de um

FIGURA 8| MINIAPI

agente terapêutico para o tratamento de uma infeção bacteriana. Um exemplo de um antibiograma realizado no laboratório é o Teste de Sensibilidade a Antibióticos designado por "TSA" (procedimento descrito no anexo VII) no qual, após 24 horas de incubação e à temperatura de 37 ºC, será lido automaticamente pelo aparelho miniApi (fig.8).

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 Teste Imunológico da Gravidez O teste imunológico de gravidez normalmente designado de "TIG”, é um teste que se realiza através de uma amostra de urina, cujo objetivo é averiguar se existe ou não um estado de gravidez e que se realiza por pesquisa semi-quantitativa da Hormona Coriónica Gonadotrófica (HCG), presente na urina das grávidas.

 Pesquisa de sangue oculto nas fezes A pesquisa de sangue oculto é um exame laboratorial que tem como objetivo identificar a presença de sangue nas fezes, não detetável visualmente, de modo a verificar se há alguma hemorragia no trato gastrointestinal. Caso seja descoberto sangue nas fezes serão necessários outros exames, devidamente encaminhados pelo médico, para diagnosticar a origem da hemorragia criando

assim condições para tratar

precocemente possíveis úlceras, tumores ou outras anormalidades.

 Exame parasitológico de fezes Este exame consiste na identificação de diversas infestações parasitárias, ovos ou larvas de helmintas, platelmintas e de cistos de protozoários. O diagnóstico laboratorial das parasitoses compreende métodos diretos e indiretos. No laboratório usámos o método direto e o método concentrado, por observação de suspensão de fezes ao microscópio óptico.

 Colorações de lâminas A coloração é um dos passos mais importantes na identificação de bactérias. A finalidade da coloração é facilitar a observação microscópica das bactérias e diferenciálas de acordo com as suas características tintoriais. Foram duas as colorações que foram realizadas na secção da Bacteriologia: coloração de Gram e coloração de Ziehl- Neelsen (anexos VIII e IX, respetivamente).

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SECÇÃO DE BIOQUÍMICA

Esta secção é sem dúvida o que mais técnicas compreende, pois engloba um grande número de doseamentos muito importantes para o diagnóstico ou prevenção de inúmeras doenças. Este setor é composto por quatro aparelhos: MODULAR, Cobas e 411, Vidas e minicap. O MODULAR (fig.9) é constituído por 3 módulos: módulo ISE 900 para o doseamento de iões, módulo P800 para as análises de bioquímica e módulos E170 para as análises de imunologia. Neste aparelho são realizadas diversas análises como por exempo a glicose, ureia, creatinina, colesterol, HDL, LDL, TGP, TGO, Bilirrubinas entre outras. No Cobas e 411 (fig.10) são realizadas as seguintes análises: PSA livre, PSA total e Antigénio HBs, etc. O VIDAS (fig.11) realiza HCG, TOXO IgG, TOXO IgM e AFP, etc. O minicap (fig.12) realiza a eletroforese das proteínas.

FIGURA 10|MODULAR

FIGURA 9| COBAS E 411

FIGURA 12| VIDAS

FIGURA 11| MINICAP

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SECÇÃO DE SEROLOGIA

Neste sector executa-se a pesquisa de anticorpos ou antigénios presentes no soro sanguíneo, através de reações de aglutinação. Existem vários tipos de reações serológicas consoante o que se pretende pesquisar: Reação de rosa Bengala (brucelose), Reação de Widal (febre tifoide), Reação de Waller-Rose (para a pesquisa de fator reumatoide), TASO (para deteção de anticorpos anti-estreptococos beta hemolíticos do grupo A) e VDRL (Pesquisa de anticorpos de sífilis). Existem ainda outros tipos de reações serológicas, no entanto os relatados anteriormente são os mais comuns.

MANUTENÇÃO DOS APARELHOS

Existem manutenções diárias e semanais dos vários aparelhos utilizados no Laboratório. No decorrer do estágio executei as diversas manutenções necessárias ao bom funcionamento de cada aparelho, após a observação e aprendizagem das mesmas.

III - CONTROLO DE QUALIDADE Um laboratório clínico deve assegurar que os resultados produzidos reflitam, de forma fidedigna e consistente, a situação clínica apresentada pelos pacientes. A informação produzida deve satisfazer as necessidades dos pacientes e possibilitar a determinação e a correta realização do prognóstico,

diagnóstico e tratamento das

doenças. O controlo da qualidade é o conjunto das técnicas e medidas que são adotadas para garantir que o sistema de gestão da qualidade é o mais fidedigno possível e por conseguinte que o produto/serviço garanta as especificações previstas e exigidas pelo paciente. Este controlo pode ser realizado tanto a nível interno como externo. Em termos analíticos, a fiabilidade dos resultados é suportada pelo uso sistemático de controlos internos que se processam diariamente e semanalmente. Os

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controlos são processados como amostras normais, os seus resultados são registados no aparelho e são interpretados segundo as regras de controlo de qualidade. Quanto aos controlos externos, o Laboratório participa e rege-se por programas de avaliação externa da qualidade: RIQAS, Instituto Ricardo Jorge e AEFA. Em relação às calibrações, algumas técnicas de bioquímica são calibradas diariamente, pois são consideradas técnicas sensíveis, existindo outras técnicas que são efetuadas quando há mudança de lotes de reagentes e também sempre que o operador acha necessário, por exemplo, quando os controlos de qualidade assim o exigem. Sempre que se observe qualquer discrepância significativa, é necessário que se proceda imediatamente a uma nova calibração, pois qualquer resultado discrepante poderá influenciar os resultados finais.

IV- CASO PRÁTICO: FUNGOS

O caso prático que vou descrever é relativo a uma paciente de 24 anos que, por iniciativa própria, se deslocou até ao Laboratório SeiaLab para a realização de um exame micológico e cultural, devido ao facto de apresentar alguns sintomas na pele que a levaram a associar a fungos, também pelo facto de esta trabalhar com animais. Este foi o caso que mais despertou o meu interesse porque, para além de não ser muito comum aparecerem casos relativos à micologia, este teve de ser acompanhado por um período de um mês (tempo de crescimento dos fungos) permitindo a observação deste mesmo crescimento e a sua evolução. Os sintomas que a paciente apresentava abrangiam manchas vermelhas, salientes e escamosas com bordas bem definidas sendo mais vermelhas na parte externa e apresentando o tom normal da pele no centro, assemelhando-se com um anel. Estes sintomas encontravam-se espalhados na pele do membros superiores e inferiores, na barriga e ainda no pescoço. Observei a colheita que foi executada por raspagem das lesões para placas de Petri, sendo posteriormente as escamas sujeitas a exame direto e a exame cultural.

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Exame direto: observou-se ao microscópio uma suspensão das escamas em solução KOH a 30% a qual destrói todos os tecidos exceto os fúngicos, daí observou-se hifas e pequenas leveduras. O resto das escamas foram semeados em diferentes meios: sabouraud líquido para 37ºC e T ambiente; sabouraud sólido com actidiona+clorafenicol (que inibe o crescimento de bactérias e fungos saprófitas) para 37ºC e T ambiente e meio de sabouraud com gentamicina e clorafenicol (que inibe o crescimento de bactérias) para 37ºC e T ambiente. Os meios foram observados de 5 em 5 dias e ao 10º dia observou-se crescimento no meio de sabouraud líquido à temperatura ambiente e no meio de sabouraud com gentamicina e clorafenicol também à temperatura ambiente, revelando neste ultimo um fungo filamentoso. Isto levou-nos a pensar num fungo Dermatófito, pois este cresce à T ambiente (não é invasivo) e cresce por volta do 8º e 10º dia, com aspeto filamentoso nos meios sólidos. Fez-se observação ao microscópio das colónias com fita-cola e soro fisiológico sobre lâmina, e observaram-se hifas septadas e macroconídeos característicos do género Microsporum (ver anexo X).

FIGURA 13| CRESICMENTO DOS FUNGOS

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CONCLUSÃO O estágio que tive oportunidade de realizar permitiu-me compreender a dinâmica de um laboratório de análises clínicas. Ao longo deste período pude presenciar diversas técnicas e procedimentos, realizadas por toda a equipa. Ao observar os profissionais, foi possível confrontar diferentes formas de trabalhar e refletir sobre pormenores que contribuirão para o meu sucesso enquanto profissional, tanto ao nível das técnicas em si como ao nível de estratégia e métodos de trabalho. O acompanhamento feito por toda a equipa foi de extrema importância para a realização deste estágio na medida em que pude corrigir possíveis erros e falhas, através de todas as orientações e conselhos dados de modo a aperfeiçoar a cada dia, a técnica, complementando assim os conhecimentos adquiridos ao longo de todo o ano letivo, podendo pô-los em prática. Concluo assim que a minha passagem pelo Laboratório SeiaLab foi, sem dúvida, bastante gratificante para o meu futuro, tanto a nível profissional como a nível pessoal, por todos os valores que pude retirar e que, certamente, serão fundamentais para o meu crescimento enquanto pessoa e profissional.

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BIBLIOGRAFIA Hoffbrand, A Victor; Pettit, John E. Atlas Colorido de Hematologia Clínica” 3 ed. São Paulo Brasil. Editora Manole Ltda. 2001 (Acedido: 10 de Abril de 2013) Beatriz Godinho Grupo. Qualidade. [página Web] MediaWeb Creations; 2007. [acesso em 2013 Jun 27]. Disponível em: http://www.beatrizgodinho.pt/index.php?view=qualidade

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ANEXOS Anexo I - Procedimento da realização de Hemogramas Para efetuar os hemogramas propriamente ditos, basta colocar os tubos de sangue total (tampa roxa), nas “raques” do respetivo aparelho, e pressionar o botão “start”. O próprio aparelho imprime automaticamente os resultados obtidos que são posteriormente observados pelo técnico que se necessário procede á execução, coloração e observação de esfregaço de sangue para avaliação da morfologia celular.

Anexo II – Procedimento Experimental da coloração de Wright: 1. Cobrir o esfregaço com corante de Wright e deixar atuar por 1 minuto. 2. Adicionar a mesma quantidade de solução tampão, homogeneizar a mistura e deixar atuar 4 minutos. 3. Escorrer o corante e lavar com água destilada. 4. Secar ao ar. 5. Observar ao microscópio óptico.

Anexo III - Procedimento da realização de Velocidades de Sedimentação Para efetuar esta análise basta colocar os tubos de sangue total (tam pa roxa), nas “raques” do respetivo aparelho, e pressionar o botão “start”. O próprio aparelho imprime automaticamente os resultados obtidos.

Anexo IV - Procedimento da realização de Hemoglobinas Glicosiladas Para efctuar esta análise basta colocar os tubos e sangue total (tam pa roxa), nas “raques” do respetivo aparelho, e pressionar o botão “start”. O próprio aparelho imprime automaticamente os resultados obtidos.

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Anexo V - Método de determinação o grupo sanguíneo: Para esta determinação precisamos de quatro reagentes: anti-A, anti-B, anti-AB e anti-D. 1. Deita-se uma gota de cada reagente numa lâmina de microscópio 2. Seguidamente deita-se uma gota da amostra de sangue do indivíduo de que se pretende determinar o grupo sanguíneo em cima de cada um dos reagentes. 3. Após estes passos irá ou não dar-se uma reação de aglutinação. Se em cada um dos reagentes houver uma reação de aglutinação considera-se positivo, por sua vez se não houver essa reacção, considera-se negativo. Para o grupo A: aglunita no anti-A e no anti-AB obrigatoriamente, não podendo aglutinar no anti-B. Para o grupo B: aglutina no anti-B e no anti-AB obrigatoriamente, não podendo aglutinar no anti-A. Para o grupo AB: apenas aglutina no anti-A e anti-B. Para o grupo O: uando os reagentes anti-A, anti-B e anti-AB não aglutinam, significa que não existem anticorpos do tipo AB. O reagente anti-D é que nos irá indicar o grupo RH. Se este aglutinar iremos ter um grupo RH+, por sua vez se não aglutinar teremos um grupo RH-.

Anexo VI – Procedimentos da análise de Uroculturas As uroculturas são executadas, semeando-se 10 µL de urina numa caixa de Petri (CPS) que apresenta no seu interior um meio de cultura rico em nutrientes favoráveis para o desenvolvimento de bactérias. Após semeada, a urocultura é colocada na estufa a 37º (temperatura interior do corpo humano) cerca de 24 horas. No dia seguinte efetua-se a leitura da urocultura e se realmente existirem bactérias na amostra de urina estas vão apresentar um estado de desenvolvimento visível na caixa de Petri (infeção urinaria). Então procede-se à sua identificação e elabora-se um antibiograma para se averiguar que tipo de antibiótico o médico poderá receitar ao doente para combater essa mesma bactéria responsável pela infeção urinária.

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Anexo VII - Procedimento do Antibiograma - TSA Em relação ao Antibiograma, este consiste em retirar colónias da placa semeada para NaCl 0,85% Medium, para uma concentração de 0,5 McF. Em seguida retirar uma determinada quantidade da suspensão obtida (10µl) para o meio de ATB Medium. Por fim com a pipeta automática (32x135µ), encher as galerias de ATB, que têm pequenas cuvetes revestidas com os antibióticos a testar, na qual existem Galerias de ATB diferentes para cada tipo de bactéria identificada.

Anexo VIII – Procedimento Experimental da coloração de Gram : 1. Efetua-se um esfregaço com a amostra a examinar numa lâmina 2. Deixar secar a lâmina e fixá-la ao calor (placa de aquecimento ou passagem rápida, 3 vezes, por cima de uma chama). 3. Cobrir o esfregaço com o corante cristal violeta. 4. Deixar em contacto 1 minuto. 5. Lava-se em água corrente com cuidado; 6. Cobrir com soluto de lugol (soluto iodo‐iodetado) – mordente; 7. Deixar em contacto 1 minuto; 8. Lava-se em água corrente com cuidado; 9. Descoram-se com álcool etílico a 96% ; 10. Passar de seguida por água com cuidado 11. Cobre-se com solução de safranina (fucsina) a 0.25%; 12. Deixar em contacto 1 minuto; 13. Deixar secar, 14. Observam-se ao Microscópio óptico, com a objetiva de imersão (aumento de 100X).

Anexo IX – Procedimento Experimental da coloração de Ziehl-Neelsen 1. Cobrir toda a superfície do esfregaço com fucsina fenicada previamente filtrada. 2. Sobre a chama do bico de bunsen, aquecer as lâminas individualmente até que emitam vapores visíveis “sem fazê-las ferver”, deixar arrefecer e repetir vi


por mais duas vezes. Todo este procedimento deve realizar-se durante dez minutos. 3. Enxaguar a lâmina eliminando a fucsina com água com água de baixa pressão sobre a película corada, de maneira que não se desprenda. 4. Cobrir a superfície do esfregaço com álcool-ácido que descolora todas as bactérias que não sejam álcool-ácido resistentes. 5. Enxaguar a lâmina com água corrente. 6. Cobrir a lâmina com corante de azul-de-metileno que vai corar todas as células e bactérias não álcool-ácido resistentes. 7. Observam-se ao Microscópio óptico.

Anexo X - Esquema de raciocínio para a identificação do Fungo (Este esquema é uma fotocópia do original, encontra-se anexado a seguir.)

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