Pad 2013 NOVEMBRO/DESEMBRO

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GESTÃO & NEGÓCIOS

A necessária superação de equívocos sobre a avaliação da aprendizagem Heloísa Lück Pode-se indicar, com base em observações do cotidiano da educação, que a avaliação tem sido praticada sem as necessárias condições e orientações para que contribua na promoção da melhoria das práticas de ensino dos professores e da aprendizagem dos alunos e do seu contínuo desenvolvimento. Com base em análise de instrumentos de avaliação e de sua aplicação e depoimentos de alunos e professores, é possível afirmar que, de um modo geral, a avaliação é em grande parte exercida como prática rotineira, burocrática, improvisada e orientada por uma ótica negativa. Em vista disso, essa prática, em vez de contribuir para a reformulação e melhoria dos processos de ensino-aprendizagem, por seu feedback e orientação dos mesmos, tal como deveria ser o seu papel, provoca a emergência de resultados negativos no processo educacional, deixando de estimular a aprendizagem e contribuindo para criar uma cultura do formalismo, da cola, do faz de conta, da valorização da nota, dentre outros aspectos, e não da valorização da aprendizagem como condição de desenvolvimento, que deveria representar.

O fato de o aluno “estudar para a prova” e o professor “corrigir prova para dar nota” expressam esse grave problema do ensino. Quando a dedicação do aluno à realização de um trabalho é pautada pela nota que pode tirar, mata-se o espírito e o esforço da aprendizagem e essa importantíssima condição da vida humana e seu desenvolvimento é, paradoxalmente, enfraquecida ou até mesmo destruída, em nome de uma prática cujo papel deveria ser o de promover a melhoria da qualidade do ensino. Não faz muito tempo, afirmava-se que “escola boa é a que reprova”. Mais recentemente, com a adoção de metodologia de organização do ensino por meio de ciclos, e pelo afrouxamento dos princípios de efetividade educacional, passou-se a afirmar que “não adianta avaliar, pois não se pode reprovar o aluno”. Vale lembrar que os pressupostos subjacentes a essas afirmações são os mesmos que levaram Paulo Freire a condenar o que identificou como se constituindo em uma educação bancária, que não apenas reduz o valor da aprendizagem, mas distorce o seu sentido e a sua importância, concentrando-se no resultado limitado da nota.

setembro 2013

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