Didactica Magna

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DIDACTICA MAGNA - COMENIUS

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excluídas do paraíso de Deus, foram deixadas as raízes, as quais, sobrevindo a chuva e o sol da graça de Deus, podem de novo germinar. Porventura o nosso Deus, logo a seguir à queda e à proclamação da nossa ruína (a pena de morte) não plantou imediatamente (com a promessa da semente bendita), de novo, nos nossos corações, rebentos de nova graça? Acaso não nos enviou o seu Filho, pelo qual nos seriam restituídos os bens perdidos? E não deve sublevar-se o velho Adão contra o novo. 23. É coisa torpe e nefanda e sinal evidente de ingratidão estar sempre a apelar para a corrupção e dissimular a redenção. Correr atrás daquilo que o velho Adão em nós deixou e não procurar aquilo que Cristo, novo Adão, nos proporcionou! Muito acertadamente, o Apóstolo, em seu nome e no de todos os regenerados, diz: «Tudo posso naquele que me conforta, Cristo» (Filipenses, 4, 13). Se é possível que um garfo de árvore doméstica, enxertado num salgueiro, num espinheiro ou em qualquer árvore brava, germine e frutifique, porque não há-de acontecer o mesmo se for enxertado bem sobre a própria raiz? Veja -se a argumentação do Apóstolo (Romanos, 11, 24). Além disso, se Deus, de pedras, pode fazer nascer filhos de Abraão (Mateus, 3, 9), porque não há-de despertar os homens, feitos já filhos de Deus desde a criação, adotados de novo por Cristo e regenerados pelo Espírito da graça, para toda a espécie de boas obras? A graça de Deus não se deve coarctar, mas reconhecer com gratidão. 24. Abstinhamo-nos de coarctar a graça de Deus, pois Ele está pronto a infundi-la em nós liberalíssimamente. Com efeito, se nós, enxertados em Cristo por meio da fé e dados a Ele por meio do Espírito de adoção, se nós, digo, com a nossa geração, não somos aptos para as coisas do Reino de Deus, como é que então Cristo, falando das criancinhas, afirmou que «é delas o reino de Deus»?[18] Ou como é que no-las apresenta como modelo, ordenando a todos que «se convertam e se façam como crianças, se querem entrar no reino dos céus?» (Mateus, 18, 3). Como é que o Apóstolo proclama santos e nega que sejam impuros os filhos dos cristãos (mesmo quando só um deles pertence ao número dos fiéis)? (Coríntios, I, 7, 14). Pelo contrário, até daqueles

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17/10/2009


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