Revista Divercidade Fim de ano 2012

Page 64

PERFIL

MANOEL OLIVE

Memória viva de Macaé. Uma vida dedicada a registrar a evolução de uma cidade e a preservação de sua história

U

Por: Juliana Carvalho • Fotos: Arquivo pessoal

ma cidade que atualmente conta com mais de 206 mil habitantes, mas destes, poucos se lembram de uma Macaé pacata, em que era possível dormir de janelas abertas, onde vizinhos sentavam-se à porta de suas casas e ficavam até escurecer conversando. Uma Macaé onde a Imbetiba era point garantido da garotada e o surf fazia a cabeça da rapazeada e ditava moda. Uma Macaé dos encontros das famílias nas praças e do famoso bailinho do Ypiranga, aos domingos. De lá para cá muita coisa mudou, mas a história destas transformações segue registrada pela memória e pelas fotos de Manoel Olive que hoje, aos 72 anos, é conhecido como arquivo vivo da cidade. Lembrança e modernidade se unem e Manoel vem sendo redescoberto e fazendo sucesso na rede social Facebook, por suas publicações nos perfis Memória Macaense e Macaé das Antigas. Manoel Olive Carneiro da Silva nasceu em 1940, na Fazenda Monte Elíseo, local que hoje abriga o Instituto Nossa Senhora da Glória (Castelo). Filho de José Domingues de Araújo Carneiro e Dinorah Olive Carneiro. Suas origens são de uma famosa família aristocrata, sendo ele bisneto dos Viscondes de Araújo e trineto do Duque de Caxias, patrono do Exército Brasileiro. Manoel revela que sua ligação com a cidade sempre foi muito forte pela própria influência da história de sua família, cujos brasões adornam uma das paredes da entrada de sua casa. Aqui, ele cresceu como uma criança normal em uma família de nove irmãos, cujo um deles é o saudoso artista plástico Hindemburgo Olive, responsável também por retratar Macaé em telas e cores. Manoel é um típico “minhoca da terra”. Estudou nos colégios Matias Neto e Luiz Reid, e viveu na fazenda Monte Elíseo, cuja construção foi iniciada em 1852 e concluída em 1866, até os dois anos de idade, quando a propriedade foi vendida para a Congregação das Irmãs Salesianas. Graças à paixão de Manoel pela fotografia, essas mudanças não passaram em branco. Dono de um acervo de um número incontável

O fotógrafo sempre soube que algum dia as suas fotos serviriam de memória

O Solar Monte Elíseo, onde a família de Manoel residiu até os seus 2 anos

de fotos, Manoel orgulha-se pelo trabalho que teve início com um dos marcos da origem de Macaé para o que ela é hoje, a chegada da Petrobras na década de 70. “Quando comecei já imaginava que algum dia as fotos serviriam de memória. Senti que a cidade mudaria drasticamente. Precisava guardar este histórico para a posteridade, sabia que a chegada da Petrobras seria um divisor de águas para a cidade”, revela, afirmando que nunca fez curso de fotografia e que a prática foi o único caminho para desenvolver sua habilidade. A iniciativa contou com o incentivo de amigos que reconheciam a importância deste trabalho. Aos poucos, as fotos foram ganhando notoriedade, o que levou Manoel a realizar inúmeras exposições. A primeira delas em 1991, com as paisagens da Serra de Macaé, local até então pouco conhecido. Manoel relata que na época o trabalho sofreu críticas. “Muitos ambientalistas radicais foram contra a exposição,

64 •

Manoel Olive eternizou gerações. Em pé, da esquerda para a direita: Marcelão, Ducal, Cícero, Frederico, Michel e o saudoso Alexandre “Menos Um”. Sentados: Marcelo “Sapo”, Eduardo “Rato”, Marcelo “Barata” e Everest


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.