[tem a palavra] JOÃO MANUEL DE JESUS LOBO PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL
Dizia um dos poetas-cantores de Abril: “Só há Liberdade a sério quando houver/a paz, o pão/habitação/saúde, educação/(…) quando pertencer ao povo, o que o povo produzir”. E, durante mais de 30 anos, tivémos a certeza de que, pelo menos, os direitos e garantias básicas alcançadas com a Revolução dos Cravos eram, para sempre, inalienáveis. Que, asseguradas as necessidades elementares para o desenvolvimento das comunidades, haveria apenas que apronfundar a Democracia, trabalhar para o progresso do País… Porém, aquilo a que assistimos no último ano, traduz um retrocesso inadmissível para todo um Povo que se ergueu e lutou contra mais de 40 anos de ditadura, guerra colonial, censura, privação de direitos e liberdades, más condições de vida e ausência de perspetivas de futuro. Nas autarquias locais – ainda e sempre a sede do Poder Local Democrático –, sentimos bem a revolta crescente das populações que se veem espoliadas de uma vida condigna, seja nos pedidos de apoio que nos chegam, seja ao nível das escolas, onde as nossas crianças refletem, cada vez mais, as situações gritantes em que se encontram muitas famílias. Neste contexto, as comemorações do 25 de Abril têm de assumir um siginificado muito especial. Temos liberdade de expressão; temos direitos consagrados na Constituição da República; temos nas nossas mãos as armas fundadoras da Democracia: o debate crítico, a participação, o direito de associação e de manifestação, a ação cívica pela defesa das causas em que acreditamos… À nossa maneira, iremos, nestas comemorações da Revolução dos Cravos, prestar o nosso contributo para o debate público, com atividades evocativas e culturais, promovendo a solidariedade no movimento associativo, chamando os jovens à rua, enquanto espaço de convívio e de construção coletiva, pois o futuro ainda está todo por fazer.
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