Boletim Pastoral Familiar - Novembro 2015

Page 1

BOLETIM ON LINE

Ano VIII CNBB – REGIONAL SUL 2

Sínodo da Família, chaves de abertura

Dom Orlando Brandes Arcebispo de Londrina e Bispo Referencial da Pastoral Familiar do Regional Sul 2/ CNBB

 Nesta Edição  01 – Sínodo da Família, chaves de abertura 03 – Catequeses 24 a 26 do Papa João Paulo II – Teologia do Corpo 09 – V Congresso da Pastoral Familiar do Regional Sul 2 22 – Semana Nacional da Vida na Diocese de São José dos Pinhais 24 – Imagens em destaque no V Congresso

A chave da consulta mundial

A primeira manifestação da abertura do Papa Francisco sobre as questões familiares foram os questionários enviados ao mundo inteiro. Todos tivemos oportunidade de participar na preparação do Sínodo da família. As respostas provenientes de todos os continentes foram sintetizados pela Secretaria do Sínodo e chegaram até os Padres Sinodais através de um texto base.

A chave do magistério do Papa Francisco

Os ensinamentos do Papa muito contribuíram para que o Sínodo fosse fiel às verdades fundamentais do sacramento do matrimônio e ao mesmo tempo abrisse as portas para a necessidade de opções pastorais corajosas. A finalidade não era repetir a doutrina de sempre e já bem conhecida, mas encontrar novos caminhos, abrir portas, oferecer soluções.

A chave da liberdade

O Papa insistiu com os padres sinodais para que falassem com franqueza, com coragem e sem medo, as suas convicções a respeito da família no contexto da nova evangelização. Pediu que dissessem a verdade mas com caridade. A chave da afetividade

O Sínodo apontou para a importância da


BOLETIM ON LINE – PASTORAL FAMILIAR – CNBB/REGIONAL SUL 2

psicologia, dos sentimentos, das emoções, dos afetos na família. Isso facilita a compreensão das crises, feridas e fragilidades do casal e da família. Problemas psicológicos profundos podem influir na declaração de nulidade de um matrimônio como também, diminuir a culpa moral das pessoas e de seus atos, por causa dos condicionamentos psicológicos.

A chave do respeito pelas pessoas com tendência homoafetiva

Elas merecem atenção pastoral e ser acolhidas com respeito e sensibilidade. Qualquer discriminação deve ser rejeitada. Todavia as uniões homoafetivas não são equivalentes ao matrimônio ou casamento, nem à família.

A chave das “famílias feridas”

A situações e casos difíceis como separação, divórcio, segundas núpcias, matrimônio civil foram contempladas na ótica da misericórdia. O enfoque não foi a situação irregular destas famílias, nem um juízo moral condenatório a priori, mas, um olhar humano, sensível, pastoral para as feridas que precisam ser curadas. A Igreja é como um ―hospital de campanha‖ chamada a curar e cuidar das ―famílias feridas‖. A chave da simplificação dos trâmites jurídicos

Desde há muito tempo se deseja melhor agilidade dos Tribunais Eclesiásticos para os problemas da família. As coisas acabaram ficando no papel. No Sínodo, porém, foi solicitado a extinção dos Tribunais de Segunda Instância, a maior jurisdição do Bispo Diocesano nas causas matrimoniais e a criação de Tribunais Especiais para as questões familiares. A chave da abertura a questões polêmicas

O Sínodo não se omitiu a respeito dos seguintes fatos: das uniões homoafetivas, dos casais em segunda união, do matrimônio nas diferentes culturas, das famílias monoparentais, dos matrimônios mistos. Para estas questões foi solicitado o remédio da misericórdia e a fidelidade à verdade. A Igreja precisa tratar estas realidades com a ―ternura da mãe e a clareza da mestra‖.

A chave de novos horizontes para a pastoral familiar

Os matrimônios, os casamentos em etapas, as uniões livres sejam consideradas pela Pastoral Familiar. Quando estas experiências alcançam estabilidade, vínculo publico, profundidade afetiva, responsabilidade com os filhos, precisam ser acompanhadas como um desenvolvimento em relação ao sacramento do matrimônio. A chave das s novas forças de ajuda à família

A crise de fé está na origem da crise da família. A espiritualidade conjugal e familiar deve ser despertada desde o namoro, noivado, etc. Nos seminários seja oferecida formação sobre a pastoral familiar para os futuros padres, diáconos, catequistas, agentes de pastoral recebam formação adequada sobre as questões familiares. Os casais novos sejam acompanhados nos primeiros anos de vida matrimonial. A preparação para o casamento ofereça formação sobre as virtudes cristãs e a consciência da participação na comunidade eclesial. Sejamos agradecidos ao Papa Francisco por dar prioridade à família convocando dois Sínodos em favor da pastoral familiar. Leiamos os discursos do Papa no Encontro Mundial das Famílias que aconteceu nos Estados Unidos em setembro, como também as catequeses do Santo Padre sobre a família.

NOVEMBRO DE 2015

Dom Orlando Brandes Arcebispo de Londrina

2


BOLETIM ON LINE – PASTORAL FAMILIAR – CNBB/REGIONAL SUL 2

24ª. Catequese 16 de Abril de 1980 Cristo apela ao « coração » do homem

Como tema das nossas futuras reflexões — no âmbito dos encontros de quarta-feira — desejo desenvolver a seguinte afirmação de Cristo, que faz parte do Sermão da Montanha: ―Ouvistes que foi dito: Não cometerás adultério. Eu, porém, digo-vos que todo aquele que olhar para uma mulher, desejandoa, já cometeu adultério com ela no seu coração―i. Parece que esta passagem tem para a teologia do corpo um significado-chave, como aquele em que Cristo faz referência ao ―princípio‖, e que nos serviu de base para as precedentes análises. Pudemos, nessa altura, dar-nos conta de quão amplo foi o contexto de uma frase, melhor, de uma palavra pronunciada por Cristo. Tratou-se não apenas do contexto imediato, evidenciado durante o colóquio com os fariseus, mas do contexto global, que não podemos entender por inteiro sem fazer referência aos primeiros capítulos do Livro do Gênesis (deixando de parte quanto aí se refere aos outros livros do Antigo Testamento). As precedentes análises demonstram quão extenso é o conteúdo que encerra a referência de Cristo ao ―princípio‖. O enunciado a que agora nos referimos, isto é, Mt 5, 27-28, introduzir-nos-á com segurança — além de no contexto imediato em que aparece — também no seu contexto mais amplo, no contexto global, através do qual se nos revelará gradualmente o significado-chave da teologia do corpo. Este enunciado constitui uma das passagens do Sermão da Montanha, em que Jesus Cristo faz uma revisão fundamental do modo de compreender e cumprir a lei moral da Antiga Aliança. Isto refere-se, por ordem aos seguintes mandamentos do Decálogo: ao quinto — ‖não matarás‖ii, ao sexto — ‖não cometerás adultério‖iii — é significativo que no final desta passagem apareça também a questão do ―ato de

repúdio‖iv, mencionada já no capítulo precedente — , e ao oitavo mandamento segundo o texto do livro do Êxodov: ―Não perjurarás, mas cumprirás os teus juramentos ao Senhor‖vi. Significativas são sobretudo as palavras que precedem estas frases — e as seguintes — do Sermão da Montanha, palavras com que Jesus declara: ―Não penseis que vim revogar a Lei ou os Profetas: não vim revogá-la, mas completá-la‖vii. Nas frases seguintes, Jesus explica o sentido de tal contraposição e a necessidade do ―cumprimento‖ da Lei a fim de realizar o reino de Deus: ―Quem… praticar (estes preceitos) e os ensinar aos homens, será considerado grande no reino dos céus‖viii. ―Reino dos Céus‖ significa reino de Deus na dimensão escatológica. O cumprimento da Lei condiciona, de modo fundamental, este reino na dimensão temporal da existência humana. Trata-se, todavia, de um cumprimento que corresponde plenamente ao sentido da Lei, do Decálogo, dos mandamentos um por um. Só este cumprimento constrói a justiça querida por Deus-Legislador. Cristo-Mestre adverte que não se dê uma tal interpretação humana de toda a Lei e de cada um dos mandamentos nela contidos, desde que ela não construa a justiça querida por DeusLegislador: ―Se a vossa justiça não superar a dos escribas e fariseus, não entrareis no reino dos céus‖ix. É neste contexto que nos surge o enunciado de Cristo segundo Mt 5, 27-28, que pretendemos tomar como base para as presentes análises, considerando-o, com o outro enunciado segundo Mt 19, 39 (e Mc 10), como chave da teologia do corpo. Este, tal como o outro, tem caráter explicitamente normativo. Confirma o princípio da moral humana contida no mandamento ―não cometerás adultério‖ e, ao mesmo tempo, determina uma apropriada e plena compreensão deste princípio, isto é, uma compreensão do fundamento e, igualmente, da condição para um seu adequado ―cumprimento‖;

NOVEMBRO DE 2015

3


BOLETIM ON LINE – PASTORAL FAMILIAR – CNBB/REGIONAL SUL 2

corpo‖ e, ao mesmo tempo, orientada para combater o adultério, abria-lhe vários ―subterfúgios‖ legaisxi. Deste modo, baseado nos múltiplos compromissos ―pela dureza do… coração‖xii, o sentido do mandamento, querido pelo Legislador, sofria uma deformação. Olhava-se apenas à observância legal da fórmula que não ―superabundava‖ na justiça interior dos corações. Cristo transpõe a essência do problema para outra dimensão, quando diz: ―Quem olhar para uma mulher, desejando-a, já cometeu adultério com ela no seu coração‖ (Segundo antigas traduções ―… já cometeu adultério com ela no seu coração‖, fórmula que parece ser mais exaEncontramo-nos assim no centro do ethos, ou seja, ta)2. naquilo que pode ser definido como a forma interior, quase a alma da moral humana. Os pensadores Assim, portanto, Cristo apela para o homem intericontemporâneos (por exemplo Scheler) veem no or. Fá-lo mais que uma vez e em diversas circunsSermão da Montanha uma grande reviravolta preci- tâncias. Neste caso, isto torna-se particularmente samente no campo do ethos1. Uma moral viva, no explícito e eloquente, não só no que diz respeito à sentido existencial, não é formada apenas pelas configuração do ethos evangélico, mas também no normas que revestem a forma dos mandamentos, que se refere ao modo de ver o homem. Não é, dos preceitos e das proibições, como no caso do pois, só a razão ética, mas também a antropologia a ―não cometerás adultério‖. A moral em que se rea- aconselhar que nos detenhamos mais demoradaliza o próprio sentido do ser homem — que é, ao mente sobre o texto de Mt 5, 27-28, que contém as mesmo tempo, cumprimento da Lei mediante o palavras pronunciadas por Cristo no Sermão da ―superabundar‖ da justiça através da vitalidade Montanha. subjetiva — forma-se na percepção interior dos valores, de que nasce o dever como expressão da _______________________________________ consciência e como resposta ao próprio ―eu‖ pessoal. O ethos faz-nos entrar, contemporaneamente, na 1 Ich kenne kein grandioseres Zeugnis fur eine solche Neuershliessung eines ganzen Wertbereiches, die das ältere Ethos profundidade da mesma norma e descer ao interior relativiert, als die Bergpredigt, die auch in ihrer Form als do homem-sujeito da moral. O valor moral tem Zeugnis solcher Neuerschliessung und Relativierung der ligação com o processo dinâmico da intimidade do älteren ―Gesetzes‖ — werte sich uberall kundgibt: ―Ich aber homem. Para o atingir, não basta deter-se ―à super- sage euch‖ (Max Scheler, Der formalismus in der Ethik und fície‖ das ações humanas, é preciso entrar precisa- die materiale Wertethik, Halle a.d.S., Verlag M. Niemeyer, 1921, p. 316, n. 1). mente no interior. este, de facto, deve ser considerado à luz das palavras de Mt 5, 17-20, já antes referidas, sobre as quais ainda há pouco chamamos a atenção. Trata-se aqui, por um lado, de aderir ao significado que Deus-Legislador encerrou no mandamento “não cometerás adultério”, e, por outro, de realizar aquela ―justiça‖ por parte do homem, a qual deve ―superabundar‖ no próprio homem, isto é, deve atingir nele a sua plenitude específica. São estes, por assim dizer, os dois aspectos do ―cumprimento‖ no sentido evangélico.

Além do mandamento ―não cometerás adultério‖, o decálogo diz também ―não cobiçarás a mulher do teu… próximo‖x. No enunciado do Sermão da Montanha, Cristo liga-os, de certo modo, um ao outro: ―quem olhar para uma mulher, desejando-a, já cometeu adultério com ela no seu coração‖. Todavia, não se trata tanto de distinguir o alcance daqueles dois mandamentos do decálogo, quanto de salientar a dimensão da ação interior, à qual se referem também as palavras: ―não cometerás adultério‖. Essa ação encontra a sua expressão visível no ―ato do corpo‖, ato em que participam o homem e a mulher contra a lei da exclusividade matrimonial. A casuística dos livros do Antigo Testamento, compreendida no sentido de investigar aquilo que, segundo critério exteriores, constituía tal ―ato do

2 O texto da Vulgata oferece uma tradução fiel ao original: iam moechatus est eam in corde suo. De facto, o verbo grego moicheúo é transitivo. Pelo contrário, nas modernas línguas européias ―cometer adultério‖ é um verbo intransitivo; daí a versão ―cometeu adultério com ela‖. E assim: Em português: ―… já cometeu adultério com ela no seu coração‖ (Matos Soares, São Paulo, 1933). _______________________________________ i Mt 5, 27-28. ii Cfr. Mt 5, 21-26. iii Cfr. Mt 5, 27-32. iv Cfr. Mt 5, 31-32. v Cfr. Êx 20, 7. vi Cfr. Mt 5, 33-37. vii Mt 5, 17. viii Mt 5, 19. ix Mt 5, 20. x Cfr. Êx 20, 17; Dt 5, 21. xi A este propósito, Cfr. a continuação das presentes meditações. xii Mt 19, 8.

NOVEMBRO DE 2015

4


BOLETIM ON LINE – PASTORAL FAMILIAR – CNBB/REGIONAL SUL 2 têm um explícito conteúdo antropológico; referem25ª. Catequese se àqueles significados perenes, através dos quais é 23 de Abril de 1980 O conteúdo ético e antropológico do mandamento «Não cometerás adultério»

Recordamos as palavras do Sermão da Montanha, a que fazemos referência no presente ciclo das nossas reflexões de quarta-feira: ―Ouvistes — diz o Senhor — o que foi dito: Não cometerás adultério. Eu, porém, digo-vos que todo aquele que olhar para uma mulher, desejando-a, já cometeu adultério com ela no seu coração‖i. O homem, a quem Jesus se refere aqui, é precisamente o homem ―histórico‖, aquele de quem encontramos o ―princípio‖ e a ―pré-história teológica‖ na precedente série de análises. Diretamente, é aquele que escuta, com os próprios ouvidos, o Sermão da Montanha. Mas, com ele, está também cada um dos outros homens, colocado frente àquele momento da história, quer no imenso espaço do passado, quer no, igualmente vasto, do futuro. A este ―futuro‖, frente ao Sermão da Montanha, pertence também o nosso presente, a nossa contemporaneidade. Este homem é, em certo sentido, ―cada‖ homem, ―cada um‖ de nós. Tanto o homem do passado como o homem do futuro pode ser aquele que conhece o mandamento positivo ―não cometerás adultério‖ como ―conteúdo da Lei‖ii, mas pode ser igualmente aquele que, segundo a Epístola aos Romanos, tem este mandamento apenas ―escrito no (seu) coração‖iii 1. À luz das reflexões precedentemente desenvolvidas, é o homem que, desde o seu “princípio” adquiriu um sentido preciso do significado do corpo, já antes de transpor ―o limiar‖ das suas experiências históricas, no próprio mistério da criação, dado ter sido criado ―como homem e mulher‖iv. É o homem histórico que, no ―princípio‖ do seu destino terreno, se encontrou ―dentro‖ do conhecimento do bem e do mal, desfazendo a Aliança com o seu Criador. É o homem-varão que ―conheceu (a mulher) sua esposa‖ e a ―conheceu‖ diversas vezes, e ela ―concebeu e deu à luz‖v em conformidade com o desígnio do Criador, que remontava ao estado da inocência originalvi.

constituída a antropologia ―adequada‖. Estas palavras, mediante o seu conteúdo ético, constituem, simultaneamente uma tal antropologia e exigem por assim dizer, que o homem entre na sua plena imagem. O homem que é ―carne‖ e que, como varão, permanece em relação, através do seu corpo e sexo, com a mulher (é isto, de facto, o que indica também a expressão ―não cometerás adultério‖), deve, à luz destas palavras de Cristo, reencontrar-se no seu íntimo, no seu ―coração‖2. O “coração” é esta dimensão da humanidade, com que está ligado diretamente o sentido do significado do corpo humano, e a ordem deste sentido. Trata-se aqui, quer daquele significado que, nas precedentes análises, chamamos ―esponsal‖, quer daquele que denominamos ―gerador‖. E de que ordem se trata?

Esta parte das nossas considerações deve dar uma resposta precisamente a tal pergunta — uma resposta que chegue não só às razões éticas, mas também às antropológicas; estas, de facto, permanecem em relação recíproca. Por agora, preliminarmente, é necessário estabelecer o significado do texto de Mt 5, 27-28, o significado das expressões nele usadas e a sua relação recíproca. O adultério, ao qual se refere diretamente o citado mandamento, significa a infração da unidade, mediante a qual o homem e a mulher, apenas como cônjuges, podem unir-se tão intimamente de modo a serem ―uma só carne‖vii. Comete adultério o homem que se une deste modo com uma mulher que não é sua esposa. Comete adultério também a mulher que deste modo se une com um homem que não é seu marido. É necessário deduzir disto que ―o adultério do coração‖, cometido pelo homem quando ―olha para uma mulher, desejando-a‖, significa um ato interior bem definido. Trata-se de um desejo que, neste caso, é dirigido pelo homem para uma mulher que não é sua esposa, com a intenção de se unir com ela como se o fosse, isto é — usando mais uma vez as palavras do Gn 2, 24 — como se ―os dois fossem uma só carne‖. Este desejo, como ato interior, exprime-se mediante o sentido da vista, isto é, com o olhar, como no caso de Davi e Betsabea, para nos servirviii 3 . A relação No seu Sermão da Montanha, Cristo dirige-se, de mos de um exemplo tirado da Bíblia modo particular com as palavras de Mt 5, 27-28, do desejo com o sentido da vista foi particularmenprecisamente àquele homem. Dirige-se ao homem te salientada nas palavras de Cristo. de um determinado momento da história e, ao mesmo tempo, a todos os homens, pertencentes à Estas palavras não explicam claramente se a mumesma história humana. Dirige-se, como já verifi- lher — objeto do desejo — é esposa de outro ou se, camos, ao homem ―interior‖. As palavras de Cristo NOVEMBRO DE 2015

5


BOLETIM ON LINE – PASTORAL FAMILIAR – CNBB/REGIONAL SUL 2

simplesmente, não é esposa do homem que olha para ela desse modo. Pode ser esposa de outro, ou também não estar ligada pelo matrimónio. É necessário antes intuí-lo, baseando-se, de modo especial, na expressão que, precisamente, define como adultério aquilo que o homem cometeu ―no seu coração‖ com o olhar. É preciso deduzir corretamente daí que um tal olhar de desejo dirigido para a própria esposa não é adultério ―no coração‖, justamente porque o relativo ato interior do homem se refere à mulher que é sua esposa, em relação à qual o adultério não pode verificar-se. Se o ato conjugal como ato exterior — em que ―os dois se unem de tal modo que se tornam uma só carne‖, é lícito na relação do homem em questão, com a mulher que é sua esposa, de modo análogo é conforme com a ética também o acto interior na mesma relação. Contudo aquele desejo, indicado pela expressão sobre ―todo aquele que olhar para uma mulher, desejando-a‖, tem uma própria dimensão bíblica e teológica, que não podemos deixar de esclarecer aqui. Mesmo que tal dimensão se não manifeste diretamente nesta única e concreta expressão de Mt 5, 27-28, todavia está profundamente radicada no contexto global, que se refere à revelação do corpo. Devemos remontar a este contexto, para que a chamada de atenção de Cristo ―para o coração‖, para o homem interior, ressoe em toda a plenitude da sua verdade. O citado texto do Sermão da Montanhaix tem fundamentalmente um caráter indicativo. O facto de Cristo se dirigir diretamente ao homem como àquele que ―olha para uma mulher, desejando-a‖, não quer dizer que as suas palavras, no próprio sentido ético, não se dirijam também à mulher. Cristo exprime-se deste modo para explicar com um exemplo concreto que é necessário compreender ―o cumprimento da Lei‖, segundo o significado que lhe deu Deus-Legislador, e, além disso, que é necessário entender aquele ―superabundar da justiça‖ no homem, que observa o sexto mandamento do Decálogo. Falando deste modo, Cristo quer que não nos detenhamos sobre o exemplo em si mesmo, mas que penetremos também no pleno sentido ético e antropológico do texto. Se ele tem caráter indicativo, significa que, seguindo as suas pegadas, podemos chegar a compreender a verdade geral sobre o homem ―histórico‖, válida também para a teologia do corpo. As ulteriores etapas das nossas reflexões terão a finalidade de se aproximarem da compreensão desta verdade.

1 Deste modo, o conteúdo das nossas reflexões seria transposto, em certo sentido, para o campo da ―lei natural‖. As palavras citadas da Epístola aos Romanos (2, 15) foram sempre consideradas, na revelação, como fonte de confirmação para a existência da lei natural. Assim, o conceito da lei natural adquire também um significado teológico. Cfr., entre outros, D. Composta, Teologia del diritto naturale, status quaestionis, Brescia 1972 (Ed. Civiltà), pp. 7-22, 4153; J. Fuchs S.J., Lex naturae. Zur Theologie des Naturrechts, Dusseldorf 1955, pp. 22-30; E. Hamel S.J., Loi naturelle et loi du Christ, Bruges-Paris 1964 (Desclée de Brouwer) p. 18; A. Sacchi, ―La legge naturale nella Biblia‖ in: La legge naturale. Le relazioni del Convegnho dei teologi moralisti dell’Italia settentrionale (11-13 setembro 1969), Bolonha 1970 (Ed. Dehoniane), p. 53; F. Böckle, ―La legge naturale e la legge cristiana‖, ivi, pp. 214-215; A Feuillet, ―Le fondement de la morale ancienne et chrétienne d‘après L‘Epître aux Romains‖, Revue Thomiste 78 (1970) 357-386; Th. Herr, Naturrecht aus der kritischen Sicht des Neuen Testaments, Munchen 1976 (Schöningh) pp. 155-164. 2 ―The typically Hebraic usage reflexted in the New Testament implies an understanding of man as unity of thought, will and feeling. (…) It depicts man as a whole, viewed from his intentionality; the heart as the center of man is thought of as source of will, emotion, thoughts and affections. This traditional Judaic conception was related by Paul to Hellenistic categories, such as ―mind‖, ―attitude‖, ―thoughts‖ and ―desires‖. Such a co-ordination between the Jucai an Hellenistic categories is found in Ph. 1, 7; 4, 7; Rom 1, 21.24, where ―heart‖ is thought of as center from which these things flow‖ (R. Jewett, Paul’s Anthropological Terms. A Study of their Use in Conflict Settings, Leiden 1971, Brill, p. 448). ―Der Herz… ist die verborgene, inwendige Mitte und Wurzel des Menschen und demit seiner Welt…, der unergrúndliche Grund und die lebendige Kraft aller Daseinserfahrung und — entscheidung‖ (H. Schlier, Das Menschenherz nach dem Apostel Paulus, in: Lebendiges Zeugnis, 1965, p. 123). Cfr. também F. Baumgärtel – J. Behm, ―Kardía‖, in: Theologisches Wörterbuch zum Neuen Testament, II, Stuttgart 1933 (Kohlhammer), pp. 609-616. 3 Talvez este seja o mais conhecido; mas na Bíblia podem encontrar-se outros exemplos semelhantes (cfr. Gn 34, 2; Jz 14, 1; 16, 1). _______________________________________ i Mt 5, 27-28. ii Cfr. Rm 2, 22-23. iii Rm 2, 15. iv Gn 1, 27. v Cfr. Gn 4, 12. vi Cfr. Gn 1, 28; 2, 24. vii Gn 2, 24. viii Cfr. 2Sm 11, 2. ix Mt 5, 27-28

26ª. Catequese 30 de Abril de 1980

A concupiscência é o fruto da ruptura da aliança com Deus

_______________________________________

NOVEMBRO DE 2015

6


BOLETIM ON LINE – PASTORAL FAMILIAR – CNBB/REGIONAL SUL 2

Durante a nossa última reflexão, dissemos que as palavras de Cristo no Sermão da Montanha têm relação direta com o ―desejo‖ que nasce imediatamente do coração humano; indiretamente, porém, essas palavras orientam-nos para compreender uma verdade sobre o homem, que é de universal importância. Esta verdade, sobre o homem ―histórico‖, de universal importância, para a qual nos orientam as palavras de Cristo tiradas de Mt 5, 27-28, parece estar expressa na doutrina bíblica sobre a tríplice concupiscência. Referimo-nos aqui ao conceito enunciado da primeira Epístola de São João 2, 1617: ―Tudo o que há no mundo — a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida — não vem do Pai mas do mundo. Ora, o mundo passa e a sua concupiscência, mas aquele que faz a vontade de Deus permanece eternamente‖. É óbvio que, para compreender estas palavras, se torna necessário atender muito ao contexto em que elas estão incluídas, ou seja, no contexto de toda a ―teologia joanina‖, sobre a qual tanto se tem escrito1. Todavia, as mesmas palavras inserem-se, ao mesmo tempo, no contexto de toda a Bíblia: pertencem ao conjunto da verdade revelada sobre o homem, e são importantes para a teologia do corpo. Não explicam a concupiscência em si mesma na sua tríplice forma, pois parecem pressupor que ―a concupiscência do corpo, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida‖, são, em certo modo, um conceito claro e conhecido. Explicam, pelo contrário, a gênese da tríplice concupiscência, indicando que provém não ―do Pai‖, mas ―do mundo‖.

A concupiscência da carne e, juntamente com ela, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, estão ―no mundo‖ e ao mesmo tempo ―vêm do mundo‖, não como fruto do mistério da criação, mas como fruto da árvore do conhecimento do bem e do mali no coração do homem. O que frutifica na tríplice concupiscência não é porém o ―mundo‖ criado por Deus para o homem, cuja ―bondade‖ fundamental encontramos repetidamente em Gn 1: ―Deus viu que isto era bom,… que era muito bom‖. Na tríplice concupiscência frutifica, pelo contrário, a ruptura da primeira aliança com o Criador, com DeusEloim, com Deus-Javé. Esta aliança foi quebrada no coração do homem. Seria necessário fazer uma análise conscienciosa dos acontecimentos descritos em Gn 3, 1-6. Todavia, referimo-nos em geral só ao mistério do pecado, aos inícios da história humana. Na verdade, só como consequência do pecado, co-

mo fruto da ruptura da aliança com Deus no coração humano — no íntimo do homem — o ―mundo‖ do Livro do Gênesis se tornou o ―mundo‖ das palavras joaninasii: lugar e fonte de concupiscência. Assim, portanto, o enunciado segundo o qual a concupiscência ―não vem do Pai, mas do mundo‖, parece dirigir-nos, uma vez mais, no sentido do ―princípio‖ bíblico. A gênese da tríplice concupiscência, apresentada por João, encontra neste princípio o seu primeiro e fundamental deslustramento, uma explicação que é essencial para a teologia do corpo. Para entender aquela verdade de importância universal sobre o homem ―histórico‖, encerrada nas palavras de Cristo durante o Sermão da Montanhaiii, devemos de novo voltar ao Livro do Gênesis, deter-nos ainda “no limiar” da revelação do homem ―histórico‖. Isto é tanto mais necessário, quanto esse limiar da história da salvação se apresenta ao mesmo tempo como limiar de autênticas experiências humanas, segundo verificaremos nas análises seguintes. Nelas reviverão os mesmos significados fundamentais, que deduzimos das precedentes análises, como elementos constitutivos de uma antropologia adequada e de um profundo substrato da teologia do corpo.

Pode surgir ainda a pergunta se é lícito transpor os conteúdos típicos da ―teologia joanina‖, encerrados em toda a Primeira Epístola (particularmente em 2, 15-16), sobre o assunto do Sermão da Montanha segundo Mateus, e precisamente da afirmação de Cristo tirada de Mt 5, 27-28 (―Ouvistes o que foi dito: não cometerás adultério. Eu, porém, digo-vos que todo aquele que olhar para uma mulher, desejando-a, já cometeu adultério com ela no seu coração‖). Retomaremos este assunto várias vezes: apesar disto, fazemos referência desde já ao contexto bíblico geral, ao conjunto da verdade sobre o homem, nela revelada e expressa. Exatamente em nome desta verdade, procuramos compreender até ao fundo o homem, indicado por Cristo no texto de Mt 5, 27-28: isto é, o homem que ―olha para‖ a mulher ―para a desejar‖. Tal olhar não se explica, afinal, com o facto de o homem ser precisamente um ―homem de desejo‖, no sentido da Primeira Epístola de São João, mas antes de ambos, isto é, o homem que olha para desejar e a mulher que é objeto de tal olhar, se encontrarem na dimensão da tríplice concupiscência, que ―não vem do Pai, mas do mundo‖? É necessário, portanto, entender o que vem a ser aquela concupiscência ou, antes, quem é aquele bíblico ―homem de desejo‖, para se desco-

NOVEMBRO DE 2015

7


BOLETIM ON LINE – PASTORAL FAMILIAR – CNBB/REGIONAL SUL 2

brir a profundidade das palavras de Cristo segundo Mt 5, 27-28, e para se explicar o que significa a referência delas ao ―coração‖ humano, referência tão importante para a teologia do corpo.

novo estado da natureza humana. Não sugere acaso esta frase o início da “concupiscência” no coração do homem? Para dar resposta mais profunda a tal pergunta, não podemos deter-nos nessa primeira frase mas é necessário ler o texto completo. Todavia, vale agora a pena recordar o que, nas primeiras análises, foi dito sobre o tema da vergonha como experiência ―no limite‖. O Livro do Gênesis referese a esta experiência para demonstrar o ―confim‖ existente entre o estado de inocência originalvi e o estado de pecaminosidade do homem logo no ―princípio‖. Enquanto Gn 2, 25 insiste em que ―estavam nus… mas não sentiam vergonha‖, Gn 3, 6 fala explicitamente do nascimento da vergonha em relação com o pecado. Essa vergonha é quase a primeira origem de se manifestar no homem — em ambos, varão e mulher — aquilo que ―não vem do Pai, mas do mundo‖.

Regressemos de novo à narrativa javista, em que o mesmo homem, varão e mulher, aparece no princípio como homem de inocência original — anteriormente ao pecado original — e depois como aquele que perdeu esta inocência, violando a aliança original com o seu Criador. Não pretendemos fazer aqui uma análise completa da tentação e do pecado, segundo o mesmo texto de Gn 3, 1-5 e segundo a doutrina da Igreja e a teologia a este propósito. Convém unicamente observar que a mesma descrição bíblica parece colocar em especial evidência o momento-chave em que no coração do homem é posto em dúvida o Dom. O homem, que recolhe o _______________________________________ fruto da ―árvore do conhecimento do bem e do 1 Cfr. por ex.: J. Bonsirven, Epitres de Saint Jean, Paris 1954 mal‖, faz, ao mesmo tempo, uma escolha funda- (Beauchesne), pp. 113-119; E. Brooke, Critical and Exegetical mental e põe-na em prática contra a vontade do Commentary on the Johannine Epistles (International Critical ComCriador, Deus-Javé, aceitando a motivação que lhe mentary), Edinburgh 1912 (Clark), pp. 47-49; P. De Ambroggi, Le Epistole Cattoliche, Torino 1947 (Marietti), pp. 216-217; C. H. é sugerida pelo tentador: ―Não, não morrereis; mas Dodd, The Johannine Epistles (Moffatt New Testament CommenDeus sabe que, no dia em que o comerdes, abrir-se- tary), London 1946, pp. 41-42; J. Houlden, A Commentary on the ão os vossos olhos e sereis como Deus, ficareis a Johannine Epistles, London 1973 (Black), pp. 73-74; B. Prete, Lettere di Giovanni, Roma 1970 (Ed. Paoline), p. 61; R. Schnackenconhecer o bem e o mal‖; segundo antigas tradi- burg, Die Johannesbriefe, Freiburg 1953 (Herders Theologischer ções: ―Sereis como deuses, conhecendo o bem e o Kommentar zum Neuen Testament), pp. 112-115; J.R.W. Stott, mal‖2. Nesta motivação inclui-se claramente pôr Epistles of John (Tyndale New Testament Commentaries), Londo 1969, pp. 99-101. em dúvida o Dom e o Amor, nos quais se origina a Sobre o tema da teologia de João, cfr. em particular A. Feuillet, Le criação como dádiva. No que diz respeito ao ho- mystère de l’amour divin dans la théologie johannique, Paris 1972 mem, este recebe como presente o ―mundo‖ e ao (Gabalda). mesmo tempo a ―imagem de Deus‖, isto é, a huma- 2 O texto hebraico pode ter ambos os significados, porque soa deste nidade mesma em toda a verdade do seu duplo ser, modo: ―Sabe ELOIM que no dia em que o comerdes (o fruto da árvore do bem e do mal) se abrirão os vossos olhos e vos tornareis masculino e feminino. Basta ler atentamente todo o como ELOIM, conhecedores do bem e do mal‖. O termo elohim é trecho de Gn 3, 1-5, para descobrir o mistério do plural de eloah (―pluralis excellentiae‖). homem que volta as costas ao ―Pai‖ (embora não Em relação a Javé, tem significado singular; pode, porém, indicar o plural de outros seres celestes ou divindades pagãs (por ex.: Sl 8, 6; encontremos na narrativa este apelativo de Deus). Êx 12, 12; Jz 10, 16; Os 31, 1 e outros). Pondo em dúvida, no seu coração, o significado Apresentamos algumas versões: mais profundo da doação, ou seja, o amor como Italiano: ―diverreste come Dio, conoscendo il bene e il male‖ motivo específico da criação e da Aliança origi- — (Pont. Istit. Biblico, 1961). naliv, o homem volta as costas para Deus-Amor, ao — Francês: ―… vous serez comme des dieux, qui connaissent le bien ―Pai‖. Em certo sentido, põe-n‘O fora do próprio et le mal‖ (Bible de Jérusalem, 1973). coração. Ao mesmo tempo alheia, portanto, o seu — Inglês: ―you will be like God, knowing good and evil‖ (Revised coração e quase lhe tira aquilo que ―vem do Pai‖: Standard Version¸1966). assim, fica nele o que ―vem do mundo‖. — Espanhol: ―seréis como dioses, conocedores del bien y del mal‖ (S. Ausejo, Barcelona 1964). ―Seréis como Dios en el conocimiento del bien y del mal‖ (A. Alonso-Schökel, Madrid 1970).

―Então, abriram-se os olhos aos dois e, reconhecendo que estavam nus, prenderam folhas de fi- _______________________________________ i Cfr. Gn 2, 17. gueira umas às outras e colocaram-nas, como se ii 1Jo 2, 15-16. fossem cinturões, à volta dos seus rins‖v. Esta é a iii Mt 5, 27-28. Cfr. em particular Gn 3, 5. primeira frase da narrativa javista, que se refere à iv v Gn 3, 6. ―situação‖ do homem depois do pecado e mostra o vi Cfr. em especial Gn 2, 25, ao qual dedicamos muita atenção nas precedentes análises.

NOVEMBRO DE 2015

8


BOLETIM ON LINE – PASTORAL FAMILIAR – CNBB/REGIONAL SUL 2

31 de outubro e 1º de novembro de 2015 GUARAPUAVA - PR

Nos dias 31 de outubro e 1º de novembro de 2015 aconteceu o V CONGRESSO REGIONAL DA PASTORAL FAMILIAR. A Casa de Formação de Líderes Nossa Senhora de Guadalupe, à Rua Wilson Luiz Martins, 395, Bairro Santana, em Guarapuava – PR acolheu os participantes.

9

Eloína e Faustino

Celebração Eucarística na abertura do V Congresso

O primeiro ato do V Congresso foi a celebração Eucarística, presidida por Dom Orlando. O casal Faustino e Eloína, coordenadores da Pastoral Familiar da Diocese de São José dos Pinhais e do Núcleo de Formação e Espiritualidade do Regional Sul 2, renovaram os compromissos matrimoniais, visto que completavam 23 anos de matrimônio.

Os apresentadores do Congresso Clarice e Paulo

NOVEMBRO DE 2015


BOLETIM ON LINE – PASTORAL FAMILIAR – CNBB/REGIONAL SUL 2

Outra questão é em relação aqueles que não aceitam o seu corpo. E também é muito importante a vivência da amizade, pois, se não crescemos na amizade, crescemos em que? Quem são teus amigos? Que tipo de amizade terão aqueles da geração do ano 2050? Destacou o teólogo Bernard Häring sobre o evangelizar a sexualidade. Não estamos sendo claros com a sociedade. É preciso trazer a pessoa humana ao centro. Pe. José Rafael Solano Durán

IDEOLOGIA OU AGENDA DE GÊNERO O padre José Rafael Solano Durán apresentou o tema, perguntando já no início: O que é ideologia de gênero? Em resposta afirmou que não tem nada a ver com sexo, não é uma briga de sexo! A ideologia de gênero nasce numa agenda de gênero. Num projeto. Num passo-a-passo, citou a família – natureza divina, família proposta de Deus, lembrando a fala do Papa Francisco no discurso na XIV Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos que ―a família é bela‖. A ideologia de gênero é: a) Um sistema; b) Um pensamento; c) Uma maneira de ser; d) Uma realidade; e) Uma forma de agir; f) Um jeito de viver. É uma realidade para a qual não estávamos preparados. A ideologia de gênero não é um conceito. A ideologia trouxe um conflito. A cultura do poliamor, práticas ocasionais de homossexualismo dentro da relação do casal. Expressão comportamental – explorar isso na Pastoral Familiar sobre a Evangelização da Sexualidade. Em seis países europeus a ideologia de gênero está presente com a possibilidade do ser humano ser homem ou mulher. Ignorantes sobre a formação da sexualidade. Citou alguns passos que não deveriam ser dados: um deles é o esquecimento do termo castidade. Pe. Rulla define castidade como uma expressão da sexualidade vivida em liberdade para amar e especialmente se auto-realizar.

Há pessoas maravilhosas, mas sem vocação para o casamento. Se o desejo da ideologia de gênero é desconstruir a pessoas, teríamos que ver o que entendemos por pessoa. De acordo com Rulla: a pessoa é constituída pela integral maneira de expressar sua intimidade. Somos pessoas com identidade, dignidade e sexualidade.

Exemplo do Papa Francisco: ―Se você ver alguém de outro país, leve-o para sua casa‖. Hoje o anonimato tomou conta. No Brasil está aumentando muito a quantidade de pessoas anônimas. Quando a pessoa não tem relações nem cria vínculos, ela deixa de existir para os outros. O anonimato se transforma no primeiro passo para destruir a família. A agenda prevê: a) marxismo; b) feminismo ou machismo; c) biologia e bioética; d) plano educativo; e) eliminação da identidade; f) nem homem nem mulher. Algumas propostas: a) Resgate da antropologia cristã; b) uma nova Pastoral Familiar e não só de casais; c) preparação ao Sacramento do Matrimônio. Neste último item envolvendo a PJ em relação à família desconstruída, falida no meio desses jovens. Acabar com os momentos de preparação e fazer um processo catecumenal com acompanhamento e por último enriquecer os novos casais com a beleza das núpcias. Quem tem interesse na questão da ideologia de gênero? É realmente muito difícil resumir, pois estamos diante de uma agenda, desde 1815.

NOVEMBRO DE 2015

10


BOLETIM ON LINE – PASTORAL FAMILIAR – CNBB/REGIONAL SUL 2

FAMÍLIA PAIS E FILHOS NO CONTEXTO DE HOJE

Que somos todos bissexuais e homossexuais em vista dos cromossomos ―XX‖ e ―XY‖, ou seja, contém ambos os sexos em sua composição. Na sétima semana de gestação presença de proteína que define o ser homem, por exemplo. O Pai vai confirmar essa masculinidade. Quem tira o filho de sua mãe? O pai. O primeiro triângulo amoroso é aquele formado pela mãe, pai e filho(a). Exemplo de postura: ―Teu pai é um banana‖, destronando a figura do pai. Citou a técnica terapêutica da argila, que utiliza e, nesse caso, foi com um menino de 12 anos que estava com problemas sérios. Perguntando para essa criança: você tem algum sofrimento em casa? OU, responda: ―Eu fico triste quando...‖.

Dra. Dilma Luzia da Silva Schirr

Iniciou sua apresentação enfocando a pessoa. Cada um de nós é pessoa. É preciso resgatar o sentido de pessoa. Apresentou uma visão sistêmica com a família movendo-se na linha do tempo em seu ciclo vital.

O ato sexual para uma criança é agressivo. Ela não pode ver um ato sexual, pois ficará perturbada. Em casa há de se falar sobre amor e afetividade. Exemplo que lesa emocionalmente a criança: Uma mãe sai de casa, deixa o de 12 anos cuidando do de 8 anos. O de 12 anos vai se masturbar em frente ao computador. Antecipa fases. Fará coisas antes do tempo. A saída para os pais é: ―Ou eu cuido‖, ou ―eu cuido‖. Hoje se delega, terceiriza a educação dos filhos para fonoaudiólogos, psicólogos, psiquiatras etc. Indivíduo = pessoa – sofre um bombardeio de coisas e os pais não cuidam mais como deveriam. Que estrutura essa pessoa vai ter? A família nuclear é o vínculo que ela vai criar. Se não for com o pai, ou com a mãe, vai ser com o psicólogo, a médica etc.

Considerando o lado esquerdo da parte superior do gráfico acima, foi destacando cada um dos aspectos ou níveis do sistema. Em relação à família ampliada, lembrou que ela é constituída pelos pais, avós, tios etc., enquanto que a família nuclear pelos pais e filhos, ou seja, pelo pai, pela mãe e pelos filhos. Deu muitos exemplos práticos e concretos que acontecem no relacionamento, que quando feito de forma incorreta traz sequelas e consequências danosas. Por exemplo: Quando um irmão de 16 anos trata o mais novo, de 12 anos, como ―mariquinha‖, ―boiola‖, ―cocota‖. Vai tomar banho, ―mariquinha―!

O vínculo será com a professora, a pedagoga. Quem estiver lá. Mas, esse vínculo será da escola. René Spitz fez uma experiência com criança no primeiro ano de vida. Separou dois grupos, cada um com 50 crianças. O primeiro grupo com amas de leite e o segundo com mães de metal, que não tinham nenhuma relação de afeto, olhando para o outro lado enquanto davam a mamadeira. O primeiro grupo se desenvolveu normalmente, enquanto no segundo, as crianças entraram num marasmo e morreram. O primeiro sinal de saúde mental de uma criança: testa, nariz, testa e olhos. Hoje, as crianças não estranham mais pessoas de fora da família, quando rompem o vínculo com a

NOVEMBRO DE 2015

11


BOLETIM ON LINE – PASTORAL FAMILIAR – CNBB/REGIONAL SUL 2

mãe.

senão eles vão embora.

Vinculum = nó, laço, vinco (de uma calça, de antigamente, por exemplo).

Pai e mãe, muitas vezes mesmo com normas, nunca se casaram, estão solteiros ainda. Quando se casa, os papéis mudam e as funções também. Então: ou ―você se adapta‖, ou ―você se adapta‖. E adaptação e flexibilidade é processo, não é de cima para baixo.

Mas pode vir a curar as feridas afetivas e ser muito feliz. Exemplo prático. Um casal chega para o atendimento. Ela já havia ido anteriormente, sozinha e agora, traz o marido também. Como se fosse a primeira vez que estava lá. Resumindo um pouco, aquele homem havia sido abandonado aos cinco anos de idade e ficou com os avós. Aos 11 anos novamente abandonado, passa a ser cuidado pelos outros avós. Aos 19 anos encontrou uma mulher com quem se relacionou. Também foi abandonado por ela. Depois com 50 anos de idade, ele a encontra na internet, que dizia a ele: ―Já abandonei o meu marido e quero você. Pergunta da terapeuta: E agora, o que você vai fazer? Vai deixar essa mulher, vestida de cordeiro mais uma vez te abandonar?

Ele disse: ―Eu já tomei minha decisão em relação à minha família!‖ Dilma salientou que há ao menos um caso parecido, por semana. Em seguida tratou dos estressores verticais, afirmando que toda família tem padrões, normas. ―Na minha casa funciona assim: hora para dormir etc. Esquecemos muitas vezes que não se pode voltar atrás: Sim é sim e não é não! Digo não quando há risco., Quando a criança não pode. Ex. Namoro aos 14 anos. Vida marital dentro de casa. Outro exemplo de um menino com 11 anos. O pai pediu para que ajudasse nos seus negócios. A resposta foi de que: não quero saber disso. Houve até uma oferta de uma remuneração. A reação foi de o menino dizer: ―Vou chamar o Conselho Tutelar‖. A mãe então disse: ―Então liga para eles!‖. E o Conselho veio e levou todos. Agora no consultório a mãe diz que o menino está trabalhando com o pai e com ela e também estuda. Outro caso de um menino com problemas que disse: olha, eu peguei uma faca na semana passada e ia me matar... O que aconteceu? perguntei. O meu pai me bateu – estou todo marcado e a minha mãe está brava comigo... Foi então com a faca para dentro do banheiro e lá se trancou. A mãe bateu na porta, disse: vamos conversar! O menino abriu a porta, e quando a mãe viu a faca, riu... É necessário amar os filhos e colocar limites,

Mitos – Alguns mitos familiares: ―Eu não preciso falar, ela sabe que eu a amo. E porque não falam? Coração duro, ressentimento. Retornam àquelas memórias. O homem pensa diferente da mulher. Ex.: Ela ficou preocupada quando eu dei um abraço na comadre. Outro mito: ―homem não chora‖. Segredos na família – Contava-me um pai: ―Fui abandonado por meu pai. Encontrei uma moça. No segundo encontro, ela me disse que estava grávida. Vou morar com essa mulher. Decidi que não iria repetir o que fez meu pai. Alguém com bipolaridade. O que negligenciou com o filho. Ele disse que era ateu. Ex.: Maria – falta de mãe; Deus – falta do Pai. O pai e a mãe são insubstituíveis. Legados familiares – Filho mais velho vai cuidar da família. O filho mais novo vai ser engenheiro. Esse meu filho é ―tinhoso‖(tinhoso – Machado de Assis diz que é aquele que divide). A seguir passou a discorrer sobre os estressores horizontais. 1. Desenvolvimentais – transições do ciclo de vida. Nascimento – concepção – pré-nascimento. 2. Predizíveis – morte precoce, doença crônica, acidente. Vocês só serão multiplicadores se curarem as próprias feridas. Homens (mulheres) inteiros – Pai (mãe) nascem numa família cristã. ―... a família, cuja base é a união de pais e mães, compartilhando a responsabilidade por aquilo que fizeram juntos, aquilo que chamamos de um novo ser humano – um bebê‖ (Tudo começa em casa - Winnicott). ― A família é o primeiro agrupamento, e de todos os agrupamentos é o que está mais próximo de um agrupamento dentro da unidade da personalidade‖ (Tudo começa em casa – Winnicott). ― O certo é afirmar que a família nos fornece o sentido de pertencimento e de diferenciação‖

NOVEMBRO DE 2015

12


BOLETIM ON LINE – PASTORAL FAMILIAR – CNBB/REGIONAL SUL 2

(Minuchin, S. Famílias, funcionamento e tratamento).

Família disfuncional

―As famílias realmente mudam. Mas o processo de mudança normalmente envolve certo nível de crise‖ (A cura da família. Salvador Minuchin).

 As relações ou a comunicação está comprometida e os membros são incapazes de proximidade e auto-expressão.

―A família é uma unidade, e quando um ou mais membros do sistema apresentam um problema, a família é o lugar de intervenção‖ (A cura da família. Salvador Minuchin). Família conceito –  Unidade de parentesco que consiste de um grupo de indivíduos unidos por sangue ou por laços conjugais, adotivos ou outros laços íntimos.  Embora a família tenha sido a unidade social fundamental da maioria das sociedades humanas, sua forma e estrutura variam amplamente.

Família de origem - A família em que um indivíduo foi criado, a qual pode ser sua família biológica ou não.

 Os membros dessa família costumam desenvolver comportamentos sintomáticos, e muitas vezes um dos integrantes da família se apresenta como o Paciente Identificado. Família enredada Em que os integrantes se envolvem na vida um do outro em demasia, assim limitando ou impedindo o funcionamento saudável da unidade, ou sistema, e comprometendo a Autonomia individual. Família simbiótica  É uma família em que as características do relacionamento social é de possessividade e sufocamento, possibilitando o infantilismo e a super-proteção no futuro de seus filhos.  Exemplo: orquídea na árvore.

13

Família monoparental  O conceito é extremamente amplo, porque vai do caso de uma viúva (o) com filhos próprios, àquele da mulher solteira, homem solteiro, que resolvem ocupar-se com seus filhos sozinhos, produção independente, homossexuais, dentre outros.  É uma peculiaridade da sociedade de alto desenvolvimento industrial e um efeito da revolução social. Família reconstruída

Família integrada

― Uma família na qual os cônjuges tem a custódia dos seus filhos nascidos no precedente casamento. [...] A família é influenciada por uma série de pessoas e relações estabelecidas a partir de um divorcio(s) anterior (s) ou pela realização de um novo matrimonio‖ (Lexicon).

―Predomina e preservação dos direitos e deveres de cada um, dentro de uma necessária hierarquia familiar; existe o ―reconhecimento‖ dos limites, das diferenças, dos alcances e das limitações que particularizam individualmente os distintos membros da família‖ (Zimerman).

Família recriada

Reconhecimento - para eu ser preciso do olhar do outro.

―Uma família reconstruída e mesclada ou uma família ampliada que se formou do casamento ou da convivência de dois adultos – divorciados ou viúvos- com a permissão de visitar os filhos‖ (Lexicon).

Eu preciso fazer a minha opção. É a família que precisa ser trabalhada

NOVEMBRO DE 2015


BOLETIM ON LINE – PASTORAL FAMILIAR – CNBB/REGIONAL SUL 2

Espiritualidade Familiar

batismo, pela crisma e pelo matrimônio. E que nós somos profetas e que nós somos reis no sentido de pastores e servidores, porque reinar no Novo Testamento é servir. Que espiritualidade vem do batismo. Mas, exatamente por causa do nosso batismo, no dia do nosso casamento, não foi o padre que fez o nosso casamento. Ele apenas assistiu. Os sacerdotes, no altar são os noivos. Não esqueçam isso aqui, Não dá. E tem que esmiuçar isso para as pessoas o que a gente fala, gente, noiva é uma sacerdotisa, noivo é um sacerdote. São vocês que estão exercendo o seu batismo, a sua crisma e o sacramento do matrimônio no seu sim.

Dom Orlando Brandes

Dom Orlando começou sua exposição citando Rm 12, 12: ―Sede alegres na esperança, pacientes na tribulação e perseverantes na oração‖.. A espiritualidade familiar tem três momentos: espiritualidade pessoal – Fé, vida no dia-a-dia.. Cada um de nós tem que ter seu estilo de espiritualidade. Há uma crise de espiritualidade: padres, bispos, diáconos, casais... É pela espiritualidade que vamos viver. Espiritualidade do casal – vocês não estão vivendo cem por centro a espiritualidade. Chega-se então a espiritualidade familiar. Dividiu os participantes em grupos de quatro casais para partilhar como é a sua espiritualidade como casal. Como vivem a sua espiritualidade conjugal e também familiar. Retomando afirmou que somos de barro. Não somos aquelas coisas... João XXIII – não complicar o que é simples. Francisco – ―com licença‖, ―desculpe‖ e ―obrigado‖, isso é espiritualidade. Os pequenos gestos são os que mais expressam a nossa espiritualidade. Deu um testemunho de si mesmo: para ter tempo para fazer suas orações definiu que deve levantar todos os dias à 4h30 e nunca depois das 5h50. É preciso planejar. A espiritualidade pessoal e conjugal têm que ter plano. Um pequeno plano e é preciso ser fiel a esse plano, com a condição de que se não conseguir, tenho que fazer uma penitência. O casal é sacerdote e a família é sacerdotal, pelo

Mas, onde é que esse sim vai se complementar? Na cama. E lá também é sacerdotal. Os mesmos sacerdotes do altar são os sacerdotes do leito conjugal. A sexualidade do casal é santificadora. A sexualidade do casal é sacramental. A sexualidade do casal é sacerdotal. A sexualidade do casado, ela está pautada por Deus dentro da nossa carne, do nosso afeto, do nosso coração, é um culto a Deus. Onde está isso? Onde está? Por isso, que a gente não deve ter vergonha de dizer que as relações antes do casamento não são sacerdotais, e a relação depois do casamento é totalmente diferente. É sacerdotal. É de Deus, é um ato sacramental. Então, é tão simples. Porque o sacramento do matrimônio não vem de fora, o sacramento do matrimônio está dentro da gente, dentro da carne, dentro do sexo, dentro da vida. Somos sacerdotes no altar, somos sacerdotes no leito conjugal. A gravidez é um ato sacerdotal. O bucho da mãe, dizia um padre, é uma sacrário como foi o de Maria na sua gravidez. O Documento de Aparecida diz que o homem tem que estar mais achegado, mais presente, o homem masculino, viril. O parto e o nascimento. Ato sacerdotal. E hoje, quando a gente estuda psicologia a hora do parto, estão aí vocês que estudam e sabem estas coisas como essa hora é importante na vida conjugal. Mas aqui é a espiritualidade. É um gesto sacerdotal, que começou lá no altar e vem vindo na vida afora. Dar de mamar. É ato sacerdotal. Carregar no colo, é ato sacerdotal, trocar as fraldas, é ato sacerdotal santificador e catequético. E ainda mais,

NOVEMBRO DE 2015

14


BOLETIM ON LINE – PASTORAL FAMILIAR – CNBB/REGIONAL SUL 2

esse ato sacerdotal, é quando começa a idade da cartilha, quer dizer, o momento da educação de nossos filhos. A dureza que é isso. A coragem que a gente tem que ter. E vocês são verdadeiros heróis nesse campo. O sacramento do matrimônio é isso. É um ato sacerdotal. E ainda tem mais. É hora de chegar à velhice. Prepare-se bem para a morte de seu marido. Prepare-se bem para a morte de sua esposa. Porque se a gente não tiver a visão sacerdotal da morte, a gente vai sofrer. Até a eternidade quando Jesus quiser levar meu broto. Entregue teu marido ou tua mulher como o maior presente.

Associação de Famílias

soa e para a sociedade brasileira. O que defende a Associação de Famílias de Cascavel e Região? Todos podem ter acesso ao estatuto da associação, mas a sua missão pode ser definida em 3 (três) pontos: a) Defesa da vida desde a concepção até a morte natural; b) O direito dos pais educarem os filhos; c) A família fundamentada no casamento entre um homem e uma mulher.

É preciso pagar para ser sócio? Não necessariamente. Dependendo da categoria de sócio desejada, não há necessidade de qualquer pagamento de qualquer taxa de adesão ou mensalidade. Caso haja desejo em participar dos conselhos, votando e sendo votado em projetos e para integrar a equipe de coordenação da associação será necessário associar-se como membro participante contribuinte com taxa de dez reais mensais.

Como me associo? Basta preencher um cadastro e declarar que concorda com os princípios defendidos pela AFCR. Para ter acesso ao cadastro basta enviar e-mail para: associacaofcr@hotmail.com que posteriormente enviaremos o Estatuto da AFCR. Faça parte dessa união cristã pela família. Gerson e Elisete Lorenzi

O que é uma Associação de Família? É uma entidade devidamente registrada em Cartório que dispõe de personalidade jurídica, tendo valor político e social. Sem vínculos políticos ou religiosos ela congrega pessoas sensíveis aos bens da família com disponibilidade para promovê-los e defendê-los por meio da presença e testemunho.

Foram apresentados alguns documentos da AFCR, como a Ata de Fundação, o Estatuto que é composto de 54 artigos distribuídos em doze capítulos e, a ficha de inscrição. Destacou-se alguns eventos realizados pela AFCR, como os que seguem:

Porque eu devo fazer parte da Associação de Famílias de Cascavel e Região? Vivemos em um país democrático, ou seja, onde a maioria deveria ter suas posições acatadas. O problema é que esta maioria está desorganizada fazendo com que em muitos casos haja uma inversão de valores. Com a adesão de muitas pessoas de bem a esta associação ela ganha legitimidade para lutar pelo fortalecimento da família em busca de garantir a esta instituição um clima cultural positivo e todas as condições para que seja capaz de cumprir suas tarefas, e continuar sendo o maior recurso disponível para cada pesNOVEMBRO DE 2015

15


BOLETIM ON LINE – PASTORAL FAMILIAR – CNBB/REGIONAL SUL 2

Faustino Suchla e Eloína

Núcleo de Formação e Espiritualidade (NFE) é uma equipe de apoio a coordenação regional e/ou Arqui/Diocesana de Pastoral Familiar, responsável pela formação permanente e continuada dos agentes desta Pastoral, em nível regional, diocesano e paroquial. Finalidade – Oferecer e realizar cursos de capacitação de agentes para atuarem na evangelização das famílias e na promoção humana, nos âmbitos regional, diocesano e paroquial, sem descuidar-se da formação e espiritualidade dos próprios membros do NFE e da equipe de Pastoral Familiar. Formação para quê? ―Que o Senhor nos faça entender e sentir que a evangelização – não é algo facultativo – é algo necessário. [...]. Não admite indiferença, sincretismo, nem acomodação‖ (Papa Francisco, 2013). O agente de pastoral, em seu trabalho, terá desafios (serviços) que exigirão dele um preparo especializado para enfrentá-los com sabedoria, discernimento e equilíbrio. Vejamos. (pág. 11 do Guia).

Núcleo de Formação e Espiritualidade NOVEMBRO DE 2015

16


BOLETIM ON LINE – PASTORAL FAMILIAR – CNBB/REGIONAL SUL 2

Perfil do agente, membro de NFE a) Experiência de Jesus Cristo. Testemunho de vivência de valores cristãos nos relacionamentos familiares, profissionais e comunitários; b) O agente deve ser seguidor de Jesus Cristo, assumindo o anúncio do Evangelho, defendendo a família e o sacramento do matrimônio e denunciando todo tipo de violência e agressão à vida; c) Deve cultivar a oração e a participação na Eucaristia como alimentos indispensáveis para o discernimento do serviço pastoral às famílias; d) A capacidade de liderança e a facilidade de comunicação complementam as características do agente de Pastoral comprometido com o NFE. Campo de atuação

Aquisição dos módulos: solicitar junto a CNPF através da coordenação do NFE regional ou diocesano; e) Aula inaugural: a ser agendada após o recebimento dos módulos. Nesta aula inaugural são apresentados os objetivos e fornecidas as orientações Entrega-se o 1º módulo que deverá ser lido por todos os participantes para a 2ª reunião que já será de estudos; f) Apresentação do conteúdo: será feita na reunião de estudos pelo monitor em slides disponibilizados pelo INAPAF; g) Deverão trazer bíblias para enriquecer o estudo; h)Trabalho em grupo: discutir as questões cognitivas; i) Existem dinâmicas preparadas para cada módulo das 3 fases do curso; j) Todos os módulos serão avaliados pelo monitor que ao final da fase solicita ao coordenador do NFE o certificado de conclusão.

Implantar o NFE no regional e nas dioceses. O núcleo Nacional implanta o NFE nos regionais. O núcleo regional implanta o NFE nas dioceses.

Sínodo dos Bispos

Orientações básicas para implantação do NFE a) Demonstração explícita da vontade da coordenação regional ou diocesana de PF, com o apoio do Bispo ou do assessor eclesiástico; b) Divulgação da proposta de formação às equipes de PF; c) Inscrição dos agentes de PF que irão participar da implantação do NFE; d) Aquisição e estudo individual dos módulos da fase 01 do INAPAF; e) Agendamento com a Coordenação Regional de um encontro de formação dos monitores, multiplicadores, no conteúdo e na metodologia de atuação do NFE; f) Realização de um encontro de final de semana para repasse da metodologia para a multiplicação dos módulo estudados; g) Organização/montagem da equipe do núcleo regional ou diocesano. IMPLANTAÇÃO DO NFE NAS DIOCESES Realidade da diocese: Com a Pastoral Familiar implantada, mas sem a formação básica do INAPAF. Sugestão da modalidade de formação: Cursos semipresenciais das 3 fases do INAPAF; CURSO SEMIPRESENCIAIS Procedimentos indispensáveis: a) Solicitação do curso - deverá ser solicitado junto a coordenação regional ou diocesana; b) Inscrição: coordenador do NFE diocesano é responsável pela inscrição; c) Participantes: turma de até 30 pessoas; d)

17

Diácono Juares Celso Krum

Vou começar esta minha apresentação com alguns números:

50 – No dia 15 de setembro deste ano, nós comemoramos 50 anos da instituição do Sínodo dos Bispos. Paulo VI, em 15 de setembro de 1965, por meio do motu próprio Apostolica Sollicitudo antecipou-se ao Concílio Vaticano II (Ad Gentes 29 e Christus Dominus 5) e promulgou o Documento.

14

– Já aconteceram quatorze Assembleias Gerais Ordinárias das quais resultaram onze Exortações Apostólicas;

10 – Foram as Assembleias Especiais com oito Exortações Apostólicas e

NOVEMBRO DE 2015


BOLETIM ON LINE – PASTORAL FAMILIAR – CNBB/REGIONAL SUL 2

3 Assembleias Gerais Extraordinárias.

 a relação entre família, pessoa e sociedade;

754 – Hoje, dia 1º de novembro de 2015,

 a questão dos impactos na família dos meios de comunicação social;

fazem setecentos e cinquenta e quatro dias que o Sínodo dos Bispos sobre a família foi convocado. No dia 08 de dezembro de 2013, o papa Francisco fez essa convocação.

 aspectos sobre o predomínio da perspectiva mercadológica que fragmenta e fragiliza a visão bíblico-teológica da vida familiar.

27%

– As respostas do Brasil ao questionário para a XIV Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos sobre a família chegaram a aproximadamente vinte e sete porcento das Igrejas particulares do Brasil, além da contribuição de várias paróquias, associações e movimentos. Contribuição menor do que para a Assembleia Extraordinária de 2014.

―O primeiro dever da Igreja não é aplicar condenações ou anátemas, mas proclamar a misericórdia de Deus, chamar à conversão e conduzir todos os homens à salvação do Senhor‖ (Discurso do Papa Francisco na conclusão da XIV Ass. Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, sábado, 24 de outubro de 2015). Vamos ver então os resultados do Sínodo:

As justificativas para esse resultado foram:

94

 Fato dos dois questionários serem bastante semelhantes;

– São os parágrafos do Relatório Final da XIV Assembleia Geral. Todos eles foram aprovados com mais de 2/3 dos presentes.

 Fez-se, com frequência a observação de que as perguntas (ou as várias perguntas em uma só) não eram tão fáceis de serem compreendidas e por isso, respondidas com certa dificuldade.

O relatório foi apresentado ao Papa Francisco e, agora, cabe a ele, se achar conveniente emitir uma Exortação Apostólica ou outro documento com base nos vários itens apresentados pelos padres sinodais.

 O tempo de trabalho foi curto, uma vez que as férias de verão no Brasil tomam um longo tempo entre o recebimento do questionário e sua devolução

Ou seja, o Relatório em si nos serve como orientação, mas não é um documento oficial. O texto que foi publicado não é um documento normativo nem definitivo. Contudo, no mínimo o que foi apresentado serve de parâmetro para o que pode vir. Precisamos aguardar e ao mesmo tempo agir, de acordo com os argumentos dos vários parágrafos. Alguns destaques:

A descrição da realidade da família, presente na Relatio Synodi, corresponde àquilo que se releva na Igreja e na sociedade de hoje? Quais são os aspectos que faltam e que podem ser integrados? A maioria das respostas ao questionário não respondeu a essa questão. Dos que responderam, grande parte afirmou que a descrição da realidade da família proposta pela Relatio Synodi condiz com o que é vivido em nível eclesial e social. Por outro lado, alguns recordaram que certos elementos não constam dessa descrição, embora apareçam seja nas perguntas seja nas respostas. São eles:  maior insistência no tema da beleza da família, sua vocação e missão;  o tema da Bioética e a família (em particular o tema da Reprodução Assistida);  o tema da iniciação cristã para os filhos de uniões homossexuais;

1

– O primeiro parágrafo apresenta o agradecimento ―ao Senhor pela generosa fidelidade com que tantas famílias cristãs respondem a sua vocação e missão, inclusive ante os obstáculos, as incompreensões e os sofrimentos‖. E também são recordadas as palavras do Papa Francisco na homilia de abertura do dia 4 de outubro, quando explicou que Deus criou o homem e a mulher. O Senhor, disse logo o Santo Padre naquela ocasião, ―une os corações de duas pessoas que se amam e os une na unidade e na indissolubilidade‖. ―Isto significa que o objetivo da vida conjugal não é somente viver juntos, mas também amar-se para sempre. Jesus restabelece assim a ordem original e originária (…) Somente à luz da loucu-

NOVEMBRO DE 2015

18


BOLETIM ON LINE – PASTORAL FAMILIAR – CNBB/REGIONAL SUL 2

ra da gratuidade do amor pascal de Jesus será compreensível a loucura da gratuidade de um amor conjugal único e até a morte‖.

5 – No parágrafo 5, ressalta-se que: ―Hoje também o Senhor chama o homem e a mulher ao matrimônio, acompanha-os em sua vida familiar e se oferece a eles como dom inefável‖.

23 – Com o título ―Migrantes, refugiados e perseguidos‖, afirma-se que ―a história da humanidade é uma história de migrantes: esta verdade está inscrita na vida dos povos e das famílias. Também nossa fé o reafirma: todos somos peregrinos‖. Este parágrafo indica ainda que quando a migração é forçada e é ―consequência de situações de guerra, perseguição, pobreza, injustiça, marcada pelas aventuras de uma viagem que põe com frequência em perigo a vida, traumatiza as pessoas e desestabiliza a família‖. E mais, que ―O acompanhamento aos migrantes exige uma pastoral específica com as famílias em migração, mas também com os membros dos núcleos familiares que ficam nos lugares de origem‖.

39 – Os bispos solicitaram, em diferentes ocasiões durante o Sínodo, um documento que tivesse uma maior quantidade de passagens das Sagradas Escrituras. No Parágrafo 39, explicam como se trata este tema no livro do Gênesis e assinalam que: ―O homem e a mulher, com seu amor fecundo e generativo, continuam a obra criadora e colaboram com o Criador na história da salvação através da sucessão das genealogias‖.

41 – ―Jesus e a família‖ é o título desse parágrafo, que diz: ―a vida de Jesus é um modelo para a Igreja. O Filho de Deus veio ao mundo em uma família. Em seus trinta anos de vida oculta em Nazaré – periferia social, religiosa e cultural do Império –, Jesus viu em Maria e em José a fidelidade vivida no amor‖. Anunciou o evangelho de casamento como a plenitude da revelação de que recupera o plano original de Deus (cf. Mt 19,4-6). Compartilhou momentos diários de amizade com a família de Lázaro e suas irmãs (cf. Lc 10,38) e com a família de Pedro (cf. Mt 8,14). Ouviu o clamor dos pais pelos filhos, e os devolveu a vida (cf. Mc 5,41 – filha de Jairo; Lc 7,14-15 – filho da viúva de Naim) mostrando assim o verdadeiro significado da misericórdia, o

que implica a restauração da Aliança (cf. João Paul II, Dives in Misericordia, 4). Isso aparece claramente no encontro com a mulher samaritana (cf. Jo 4,1-30) e com a mulher adúltera (cf. Jo 8,1-11), em que a percepção do pecado é despertada para o amor de Jesus. A conversão "é uma obrigação contínua para toda a Igreja, que" abraça no seu seio os pecadores "e que," é santa e sempre necessitada de purificação. Assim, segue constantemente o caminho da penitência e da renovação. (CIC, 1428). Deus oferece gratuitamente o perdão para aqueles que estão abertos à ação de sua graça. Isso acontece através do arrependimento, combinado com relação à vida direta de acordo com a vontade de Deus, o efeito da sua misericórdia pelo qual Ele nos reconcilia com ele. Deus colocou em nossos corações a capacidade de seguir o caminho da imitação de Cristo. O discurso e a atitude de Jesus mostram claramente que o Reino de Deus é o horizonte dentro do qual cada relacionamento é definido (cf. Mt 6,33). Embora os vínculos familiares sejam importantes, não são absolutos" (CIC, 2232).

48 – Com o título ―Indissolubilidade e fecundidade da união esponsal‖ diz que ―a fidelidade à aliança irrevogável de Deus é o fundamento da indissolubilidade do matrimônio. O amor completo e profundo entre os cônjuges não se baseia somente nas capacidades humanas. Deus sustenta esta aliança com a força de seu Espírito. A escolha que Deus fez em nós se reflete de alguma forma na escolha de um cônjuge como Deus mantém a sua promessa, mesmo quando não conseguimos, por isso, o amor e a fidelidade conjugal valem a pena "em tempos bons e ruins." O casamento é um dom e promessa de Deus, que ouve as orações daqueles que pedem sua ajuda. A dureza do coração humano, seus limites e sua fragilidade diante da tentação é um grande desafio para a vida comum. O testemunho de casais que vivem fielmente o casamento destaca o valor dessa união indissolúvel e desperta o desejo de renovar constantemente o seu compromisso de fidelidade. A indissolubilidade corresponde ao desejo profundo de amor mútuo e duradouro que o Criador colocou no coração do homem, e é um presente que ele mesmo faz com que cada par: "o que Deus uniu, o homem não separe" (Mt 19, 6; Mc 10, 9)‖.

NOVEMBRO DE 2015

19


BOLETIM ON LINE – PASTORAL FAMILIAR – CNBB/REGIONAL SUL 2

62

– ―A transmissão da vida‖ está nesse parágrafo e sublinha a importância ―das famílias numerosas na Igreja que são uma bênção para a comunidade cristã e a sociedade, porque a abertura à vida é exigência essencial do amor conjugal. Com estas luzes, a Igreja expressa sua profunda gratidão às famílias que acolhem, educam, enchem de afeto e transmitem a fé aos seus filhos, de modo particular aos mais frágeis e marcados pela deficiência‖. E que ―Aqui, também, temos de começar por ouvir as pessoas e dar a razão da beleza e da verdade de uma abertura incondicional à vida como o amor humano precisa ser vivido em plenitude‖.

63

– Cita: ―segundo a ordem da criação, o amor conjugal entre um homem e uma mulher e a transmissão da vida estão ordenados um ao outro (Gn1, 27-28)‖. ―Neste modo, o Criador fez com que o homem e a mulher participem da sua obra criadora e ao mesmo tempo os transformou em instrumentos de seu amor, tornando-os responsáveis pelo futuro da humanidade através da transmissão da vida humana‖.

67

– Este parágrafo, o anterior (66) e o seguinte (68) tratam da importância da educação dos filhos. Aqui destaca-se que: ―É importante que os pais se envolvam ativamente no caminho de preparação para os sacramentos da iniciação cristã, na qualidade de primeiros educadores e testemunhos de fé para seus filhos‖.

76

– Único parágrafo com o tema dos homossexuais e está relacionado ao acompanhamento que a Igreja pode realizar às famílias nas quais algum de seus membros tem a tendência homossexual. Ele diz que: ―não existe fundamento algum para assimilar ou estabelecer analogias, nem sequer remotas, entre as uniões homossexuais e o desígnio de Deus sobre o matrimônio e a família‖, como assinala um documento da Congregação para a Doutrina da Fé. É um assunto polêmico – o Sínodo disse que eles fazem parte das nossas famílias e citou documentos eclesiásticos que dizem que estas pessoas devem ser ―respeitadas em sua dignidade e recebidas com respeito, com o cuidado em evitar ‗todo o tipo de discriminação injusta‘‖. O Sínodo não foi além do ponto em que os bispos americanos se encontravam em sua mensagem pastoral de 1997, intitulada Always Our Children‖. O parágrafo também

critica as organizações internacionais que condicionam a ajuda financeira para países em desenvolvimento com base no reconhecimento legal dos casamentos homoafetivos. Quatro parágrafos tratam do desafio dos divorciados recasados. São os de nº 83 a 86. Há neles uma explicação sobre a importância de acolhêlos na Igreja e recordar-lhes que não estão excomungados embora sua situação seja irregular; e apresenta orientações para acompanhar os fiéis e cuidar especialmente dos seus filhos.

83

– O testemunho dos que inclusive em condições difíceis não ingressam em uma nova união, permanecendo fiéis ao vínculo sacramental, merece a avaliação e o apoio por parte da Igreja. Ela quer lhes mostrar o rosto de um Deus fiel ao seu amor e sempre capaz de dar-lhes novamente força e esperança. As pessoas separadas ou divorciadas, mas não recasadas, as quais normalmente são testemunho da fidelidade matrimonial, são encorajadas a encontrar na Eucaristia o alimento que as sustente em seu estado.

84

– Os batizados divorciados e civilmente ca-

sados de novo devem ser integrados nas comunidades cristãs de várias maneiras, evitando quanto possível, qualquer chance de escândalo. A lógica da integração é a chave para seu cuidado pastoral, porque elas só sabem que pertencem ao Corpo de Cristo que é a Igreja, mas pode ter uma experiência alegre e fecunda. São batizados, somos irmãos e irmãs, o Espírito Santo derrama seus dons e talentos para o bem de todos. Sua participação pode ser expressa em diferentes serviços eclesiais: é, portanto, necessário para discernir qual das várias formas de exclusão atualmente são praticadas na liturgia, quadro pastoral, educacional e institucional e podem ser superadas. Eles não só não tem que se sentir excomungados, mas podem viver e amadurecer como membros vivos da Igreja, sentindo-se como uma mãe que os acolhe sempre, ela cuida deles com carinho e incentiva-os no caminho da vida e do Evangelho. Essa integração também é necessária para o cuidado e a educação cristã dos filhos, que deve ser considerado o mais importante. Para a comunidade cristã, cuidar dessas pessoas não é um enfraquecimento de sua fé e testemunho sobre a indissolubilidade do matrimônio: com efeito, a Igreja exprime este cuidado de caridade.

NOVEMBRO DE 2015

20


BOLETIM ON LINE – PASTORAL FAMILIAR – CNBB/REGIONAL SUL 2

85

– São João Paulo II ofereceu uma política abrangente, que continua a ser a base para a avaliação destas situações: ―Saibam os pastores que, por amor à verdade, estão obrigados a discernir bem as situações. Há, na realidade, diferença entre aqueles que sinceramente se esforçaram para salvar o primeiro matrimônio e foram abandonados de maneira injusta, e aqueles que por grave culpa destruíram um matrimônio canonicamente válido. Há ainda aqueles que contraíram uma segunda união com vistas à educação dos filhos, e, às vezes, estão subjetivamente certos em consciência de que o primeiro matrimônio, irreparavelmente destruído, nunca tinha sido válido‖.(FC, 84). É, pois, tarefa dos presbíteros acompanhar as pessoas interessadas no caminho do discernimento segundo o ensinamento da Igreja e as orientações do bispo. Neste processo, será útil fazer um exame de consciência, mediante momentos de reflexão e de arrependimento. Os divorciados recasados deveriam perguntar-se como se comportaram com seus filhos quando a comunhão matrimonial sofreu a crise. Tentou-se a reconciliação? Qual é a situação da pessoa abandonada? Quais são os efeitos da nova relação sobre a família mais ampliada e sobre a comunidade dos fiéis? Qual é o exemplo oferecido aos mais jovens que devem decidir pelo matrimônio?) ―Uma reflexão sincera pode reforçar a confiança na misericórdia de Deus, que não deve ser negada a ninguém. Além disso, não se pode negar que em algumas circunstâncias ‗a imputabilidade e a responsabilidade de uma ação podem ficar diminuídas ou suprimidas‘(CIC, 1735) devido a diferentes condicionamentos. ―Em consequência, o juízo sobre uma situação objetiva não deve levar a um juízo sobre a imputabilidade

subjetiva‖ (Pontifício Conselho para os Textos Legislativos, Declaração de 24 de junho de 2000, 2a). Em determinadas circunstâncias, as pessoas encontram grandes dificuldades para agir de maneira diferente. Por isso, mesmo defendendo uma norma geral a ser seguida, é necessário reconhecer que a responsabilidade com respeito a determinadas ações ou decisões não é a mesma em todos os casos. O discernimento pastoral, mesmo tendo em conta a consciência retamente formada das pessoas, deve encarregar-se destas situações. Também as consequências dos atos realizados não são necessariamente as mesmas em todos os casos‖.

86

– O percurso de acompanhamento e discer-

nimento orienta estes fiéis para a tomada de consciência de sua situação diante de Deus. O colóquio com o padre, em foro interno, ajuda na formação de um juízo correto sobre o que obstaculiza a possibilidade de uma participação mais plena na vida da Igreja e sobre as etapas que podem ser tomadas para avançar nesta direção e ajudar a crescer‖. Tendo em conta que a chamada ―lei da graduação‖ ou caminho gradual não pode identificar-se com a ―graduação da lei‖, como se houvesse vários graus e várias formas de preceito na lei divina para homens em situações diversas. (cf. FC 34), este discernimento, não poderia prescindir nunca das exigências da verdade e da caridade do Evangelho propostas pela Igreja. Para que isto aconteça, é preciso garantir as necessárias condições de humildade, discrição, amor à Igreja e ao seu ensinamento, na busca sincera da vontade de Deus e a disposição para responder a isto de uma maneira melhor.

NOVEMBRO DE 2015

21


BOLETIM ON LINE – PASTORAL FAMILIAR – CNBB/REGIONAL SUL 2

Paróquia Nossa Senhora do Monte Claro em São José dos Pinhais – foram feitas diariamente as reflexões do livro Hora da Vida em todas as comunidades da paróquia. No dia 8 de outubro foi celebrada a missa do dia do nascituro presidida pelo Bispo diocesano Dom Francisco Carlos Bach e no final da missa foi dada a bênção às gestantes, bem como àquelas mulheres que desejam engravidar. Paróquia Santo Antônio na Lapa – A Pastoral Familiar local iniciou a semana da vida atraves da Radio Legendaria no programa 1ª ediçao com entrevistas com pessoas que ajudam na defesa da vida humana, como o apoio as gestantes, principalmente as adolescentes, com aqueles que tem projetos que acolhem e encaminham os portadores de Aids e drogas, os que ajudam no cuidado dos idosos abandonados pelos seus familiares que hoje se encontram no Lar dos Vicentinos e no Lar das Idosos de Sao Jose. Foi feita uma reportagem sobre como devemos cuidar do meio ambiente que Deus nos presenteou para viver, nosso chao, rios e florestas. No Programa Amigos pela Fe, recebemos diversas pessoas das comunidades para juntos refletirmos sobre os temas do Livro: Hora da Vida.

No dia 01/10 tivemos a presença dos idosos do Lar São Vicente, seus cuidadores e voluntários na missa da Igreja Matriz, com a bênção aos idosos. Na CAMINHADA PELA VIDA do dia 03/10 foram feitas orações pela vida, gestos simbólicos em defesa da vida, contra a violência, morte, drogas, aborto, etc, e também orações dando Glorias a Deus pelo dom da vida com a participação dos jovens. Houve palestras em escolas. Na Missa do dia do Nascituro houve uma benção para as gestantes e dos sapatinhos doados a elas como um gesto de carinho da equipe da Pastoral Familiar.

Programa de Rádio sobre os temas do HORA DA VIDA

NOVEMBRO DE 2015

22


BOLETIM ON LINE – PASTORAL FAMILIAR – CNBB/REGIONAL SUL 2

Palestra sobre a Vida

Partilha do Livro HORA DA VIDA

23

Missa com bênção das Gestantes

Missa do Nascituro

Caminhada pela vida

Enviado por Faustino e Eloína

Bênção das Gestantes

NOVEMBRO DE 2015


BOLETIM ON LINE – PASTORAL FAMILIAR – CNBB/REGIONAL SUL 2

24

Casal coordenador da Província de Londrina José Aparecido e Maria Amélia em momento de oração pelos 25 anos de casamento no dia 3 de novembro

Dom Giovanni Zerbini, SDB, bispo emérito de Guarapuava, com seus 88 anos, tem paixão pela família e alegria de um santo NOVEMBRO DE 2015


BOLETIM ON LINE – PASTORAL FAMILIAR – CNBB/REGIONAL SUL 2

Bispo Referencial Dom Orlando Brandes Arcebispo de Londrina do.brandes@uol.com.br Casal coordenador Jorge Luis Bovo e Sandra Regina P.Bovo Diocese de Apucarana jorgebovo@gmail.com sandrabovo@gmail.com

João Cândido Ávila Junior e Silvana Aparecida Ávila EMM – Encontro Matrimonial Mundial

Assessor Regional Diác. Juares C. Krum Diocese de União da Vitória jckrum@gmail.com

25

PRIORIDADE: EVANGELIZAÇÃO DAS FAMÍLIAS Com seis destaques:

Marcos Kasuuki Honda e Regina Mara Silva Honda ECC – Encontro de Casais com Cristo

     

NOVEMBRO DE 2015

Catequese Grupos de Reflexão Pais e Filhos Espiritualidade Conjugal Juventude Noivos


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.