Revista Confins da Terra - Tribo Kaxuyana

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Foto: Phillip Schuring

CONFINS DA TERRA

Revista Transcultural da Missão Novas Tribos do Brasil Ano 48 nº 156 / JAN-MAR 2014

Lições de um Memorial Valmir Brisola

Experiência Missionária Phillip Schuring

Eles não podem mais esperar Onésimo de Castro

KAXUYANA Identidade nunca perdida


PROMOTORES DA MNTB Uma associação missionária de fé, fundamental em sua doutrina e de caráter indenominacional, formada de crentes dedicados à evangelização dos povos indígenas. Presidente: Miss. Edward G. da Luz COMO CONTRIBUIR Depósito ou Transferência Bancária Enviar sua contribuição em nome de “Missão Novas Tribos do Brasil” Bradesco S/A, agência 240-2 Conta Corrente nº 30.814-5 Boleto Bancário www.novastribosdobrasil.org.br IMPORTANTÍSSIMO: Sempre avisar-nos por meio de uma das opções abaixo, quem está dando a oferta, a quem ela se destina, o valor e a data do depósito. Telefone: (62) 3318-1234 Fax: (62) 3099-9367 / 3318-2000 Correio: Caixa Postal 1953 75043-970 - Anápolis, GO tesouraria@mntb.org.br

Revista Confins da Terra

Ano 47 Edição 156 JAN / MAR de 2014 Conselho Editorial e Revisão: Missª. Adauta Eger Missª. Sara Cambuy divulgacao@mntb.org.br Ajudaram nesta Edição Carlos Alberto Carvalho Eunice Brito Nascimento Glenda Scripinic Cambuy Joyce Mitchium Assinaturas: Elisandra Bavaresco revista@mntb.org.br Diagramação: Raimundo Siqueira arteevisual@mntb.org.br Capa: Criança Kaxuyana Impressão Flex Gráfica - Goiânia - GO (62) 3207-2525 Distribuição: Missão Novas Tribos do Brasil A Revista Confins da Terra é destinada a fortalecer a visão missionária da igreja brasileira em prol do avanço do Evangelho entre povos indígenas e nativos em outros países.

AMAZONAS Manaus SEDE REGIONAL DA MNTB Caixa Postal 1421 Manaus - AM CEP: 69065-970 Fone: (92) 2127-1350 FAX: (92) 2127-1355 secretaria-manaus@mntb.org.br GOIÁS Anápolis SEDE DA MNTB Caixa Postal 1953 Anápolis - GO CEP: 75040-970 Fone: (62) 3318-1234 FAX: (62) 3318-2000 divulgacao@mntb.org.br JOSIAS E SARA CAMBUY josias_cambuy@mntb.org.br MINAS GERAIS Jacutinga DANIEL E BETH TEMPLETON Caixa Postal 29 Jacutinga - MG CEP: 37590-000 Fone: (35) 3443-3073 daniel_templeton@ntm.org Congonhal CLÁUDIO E CÉLIA GUIMARÃES Rua Jordino Francisco dos Reis, 136 Bairro Bela Vista CEP: 37557-000 Congonhal - MG Fone: (35) 3424-1181 claudio_guimaraes@mntb.org.br PARANÁ Londrina ROBSON E EMÍLIA ABREU Rua Jacomo Piccini, 103 Londrina - PR CEP: 86063-190 Fone: (43) 3327-3629 robemi@uol.com.br SÃO PAULO São Paulo (capital) ENILTON E MARIA RAMOS Rua Rincão 135, casa 2 Vila Esperança São Paulo-SP CEP:03651-080

Fone: (11) 2769-8369 enilton_ramos@mntb.org.br saopaulo@mntb.org.br SÉRGIO E ELENIR SIQUEIRA Rua Rincão 135, casa 2 Vila Esperança São Paulo-SP CEP:03651-080 Fone: (11) 2621-1893 sergio_siqueira@mntb.org.br MARCOS TADEU E ZILMA TORRES Rua Dep. Emílio Carlos, 832 Aptº 51 Osasco - SP CEP: 06028-000 Fone: (11) 7843-9335 marcost.torres@uol.com Limeira SÉRGIO E ROSEMEIRE RODRIGUES Rua Luiz Pantano, 74 Parque Novo Mundo 13481-388 Limeira - SP Fone: (19) 3038-7894 sergio_rodrigues@mntb.org.br Piracicaba JOSÉ WAGNER E AURELUCE SALGADO Rua Afonso Fidelis Razera, 259 B. Mario Dedine Piracicaba - SP 13412-311 (11) 8249-4383 jose_salgado@mntb.org.br missoesindigenas.blogspot.com São Bernardo do Campo ORLANDO E JUSSARA DE PAULA Rua Fiorentino Felipe, 90 B. Baeta Neves CEP: 09760-380 São Bernardo do Campo - SP Fone: (11) 3412-3910 / 2355-3910 orlando_depaula@mntb.org.br orlando.jussara@hotmail.com RIO GRANDE DO NORTE Macaíba ISRAEL E ANDRÉA SANTOS Rua Dr. Pedro Velho, 127 - Centro Macaíba-RN CEP: 59280-000

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E D I T O R I A L

Nesta Edição... trabalho missionário transcultural é muito mais amplo e dinâmico do que normalmente se imagina, e porque não dizer, aparenta.

Alcançar as inúmeras etnias indígenas com a

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Palavra de Deus é o que leva a Missão Novas Tribos do Brasil a se esmerar em manter toda essa instituição que, pela graça de Deus, continua operante há 60 anos com o mesmo propósito

Reflexão - Lições de um Memorial

inicial – “Até que a última tribo seja alcançada”.

Para ter um trabalho digno do Dono desta Obra, uma gama

de atividades precisa ser desenvolvida ao mesmo tempo.

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Contudo, a maior parte desse ministério está escondida nas matas e interiores do nosso lindo Brasil ou no Continente Africano. E, invisível ao mundo, a máquina trabalha silenciosa.

Link Jovem - Superação

Missionários nas tribos vivem o seu cotidiano indo muito além do trabalho de evangelização – o envolvimento com as pessoas e suas necessidades na demonstração do amor de Cristo. Isso

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sem contar os cuidados da família e emergências.

Nas sedes Nacional, Regional, nas bases locais, centros

de treinamentos, escritórios e entre os promotores da MNTB

Entrevista - Harley Torres

o movimento continua. Missionários trabalham para manter a máquina logística, formativa e informativa, que começa com a liderança ao traçar planos para ajudar o missionário a desenvolver melhor o seu ministério em todas as áreas e

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segue com obreiros dedicados, que se desgastam para manter a contabilidade da Organização, as consultorias de linguística, cultura e tradução, secretarias, casas de hospedagem; o lar para

Romance no Campo

os filhos dos missionários enquanto os pais estão nas aldeias; os institutos preparando obreiros, e o Residencial Hebrom, que cuida daqueles que deram suas vidas por esta grande obra.

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O movimento é muito maior do que se pode expressar em

palavras. E estão conosco nesse projeto divino igrejas que oram, enviam e mantêm missionários, além de voluntários anônimos, que dedicam seus bens e tempo para sustentar obreiros,

Eles não podem mais esperar

divulgam a MNTB, além do ministério de oração.

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Mas, por que todo esse empenho, todos esses anos de

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trabalho incansável? Porque a obra é urgente – Ela não pode parar até que o Senhor volte. Notícias dos Campos


Reflexão

Lições de um Memorial Valmir Brisola

Um memorial é algo que exerce profundas influências na vida humana. Ao entender essa força, o povo de Israel estabeleceu muitos memoriais no decorrer da sua história. Na revelação de Deus a Moisés, enquanto exilado no deserto de Midiã, o SENHOR dera a si mesmo um nome eterno “EU SOU”, que serviria como memorial para todas as gerações humanas e que manteve a tradição hebraico-cristã da fé monoteísta (Êx.3.15). Lembrando a saída do Egito, por séculos, a Páscoa foi para Israel um memorial do livramento de Deus aos primogênitos hebreus e o escape da escravidão; memorial esse repetido por séculos. Durante as festividades anuais da Páscoa, Jesus dá aos seus seguidores um novo e superior memorial. No momento da refeição pascal, institui Jesus um memorial para lembrar o perfeito ato divino em conceder a plena libertação à humanidade escravizada pelo fascínio do mundo, atraída pelas paixões da carne e curvada diante das potestades satânicas. A esse memorial Paulo chamou: “Ceia do Senhor” (I Co 11.20). O memorial da Ceia nos permite extrair algumas lições: a primeira delas é soteriológica: Cristo morreu pelos nossos pecados (Rm 5.8). Deus dá prova maior do seu amor para conosco, enviando seu Filho para morrer em lugar de pecadores. Cristo morreu por nós e cancelou todas as dívidas e sentenças condenatórias constantes na Lei. Para aqueles que estão “em Cristo” já nenhuma condenação há, pois a obra redentora da cruz os alcançou (Rm 8.1). Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, e de alguma forma 4 4

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as implicações daquele sacrifício são cósmicas. Dessa maneira, todas as coisas nos céus e na terra, no ápice da história, hão de convergir em Cristo (Ef 1.10). A segunda lição que a Ceia do Senhor nos traz à memória é de natureza eclesiológica. Somos um corpo em Cristo. A morte de Cristo reuniu, num só corpo, homens e mulheres renascidos pela ação regeneradora do Espírito Santo, crentes na obra redentora da cruz, oriundos de todos os povos, línguas, classes sociais e quaisquer outras categorizações humanas. Nascidos de Deus são, agora, gerados na família de Deus e são povo de Deus: chamados, aceitos, coparticipantes da glória de Deus (Rm 8.30). A cruz é a liga que une os filhos de Deus, portanto, no memorial da Ceia celebramos a unidade do corpo de Cristo. Uma terceira lição que o memorial da Ceia nos traz é de cunho escatológico. “Jesus vai voltar!”. A ordem é celebrar a Ceia até que Cristo venha (I Co 11.26). O Senhor Jesus avisou aos doze que estaria festejando a páscoa pela última vez em companhia deles; a próxima vez beberão “vinho novo” (Mt 26.27) na ceia com Cristo, no Reino do Pai. Celebrar a Ceia do Senhor é ao mesmo tempo anunciar a cruz e proclamar que Cristo vem, em breve! Naquela mesma noite, confortando os corações

“...A morte de Cristo reuniu, num só corpo, homens e mulheres renascidos pela ação regeneradora do Espírito Santo...” perturbados dos seus amigos-apóstolos, disse o Senhor: “Na casa do Pai há muitas moradas, pois eu vou preparar lugar para vocês”. O memorial da ceia, portanto, é proclamativo no sentido que aponta o Salvador ao perdido e, ao mesmo tempo, profético. Ele consola o povo de Deus de que sua vinda está próxima – a gloriosa liberdade dos filhos de Deus muito em breve se concretizará. O memorial da Ceia pode ser disposto perante nós numa mesa tosca de madeira lavrada no machado ou sobre elegante móvel de madeira rara guarnecido por tecidos de linho fino, mas dará aos convidados a mesma certeza: temos um Salvador que faz de todos nós um único pão e corpo singular aguardando a maravilhosa volta do Senhor. Uma vez aprendidas estas lições, elas serão como pilares, sobre os quais firmamos em esperança toda a nossa existência.

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Link Jovem

SUPERAÇÃO

o ensino médio. Eu sempre soube do chamado de Deus para a minha vida, por isso, comecei a servi-lo onde eu estava, testemunhando para os meus colegas do curso técnico de enfermagem. Após longa espera, ingressei no Instituto Bíblico Peniel, em fevereiro de 2014. Meu desejo é concluir todo o treinamento missionário para ser mais útil na obra de Deus, alcançando as tribos indígenas para Jesus. Sei que para isso é necessário deixar tudo para trás e seguir a direção que Jesus indicar confiando sempre e somente nEle, pois sei que Seu amor me dará o sustento espiritual e físico de que preciso. Vivemos em um mundo que quer nos escravizar, mas devemos ter fé, persistência e lembrar que um dia Jesus voltará para nos buscar. Porém, há ainda muitos povos não alcançados que precisam saber que Jesus veio por eles também. Infelizmente são poucos os que se prontificam a ir pregar o evangelho aos que nunca, sequer, ouviram falar de Jesus. “Então, Jesus disse aos seus discípulos: A seara é realmente grande, mas poucos os ceifeiros”. Mt 9:37

Foto: Arquivo MNTB

Venho de um lar cristão, onde meus pais, Josué e Ivanete Lima, são missionários entre o povo Karajá na Ilha do Bananal, há trinta anos. Nasci com uma rara doença cardíaca e com apenas nove meses fui submetido a uma delicada cirurgia, graças a Deus, bem sucedida. Tive a maravilhosa oportunidade de morar, por três anos, com os meus pais na aldeia e conhecer um pouco da cultura e língua Karajá. Por volta dos sete anos de idade, entreguei minha vida a Jesus. Tudo corria muito bem até que, aos onze anos, fui diagnosticado com deficiência de hormônio do crescimento. Comecei um tratamento de injeções todos os dias durante quatorze anos. Foi nesse tempo que senti o desejo de servir ao Senhor e anunciar a Palavra de Deus aos povos não alcançados. Demorei um pouco mais do que as outras crianças para entrar na escola e só aos vinte e um anos terminei

Alunos do Instituto Bíblico Peniel

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Tito Santos Lima


KAXUYANA

Foto: Raimundo Siqueira

Identidade nunca perdida

Cândido adornando seu sobrinho para a festa do Dia do Índio povo kaxuyana vive no rio Cachorro, cujo nome deu origem à sua identidade: ‘gente do rio Cachorro’. Várias famílias também moram nos rios Imabu e Trombetas a Noroeste do Pará, entre os Tiriyó e alguns nas aldeias Areia e Cafezal com os Hixkariana no rio Nhamundá, formando uma população estimada em 400 habitantes. Falantes da língua kaxuyana da família linguística Karib do Sul, eles também se comunicam em outras línguas do mesmo tronco: tiriyo, waiwai e hixkaryana. O português regional é comum entre eles, porém mais

restrito do que as outras línguas. Em 1968, a população que era estimada em 500 habitantes, foi reduzida a 80 kaxuyanas, devido a uma epidemia de sarampo introduzida pelos castanheiros. Isso levou um grupo de 50 pessoas a morar na reserva dos índios Tiriyó, no alto rio Paru do Oeste. Uma família se uniu aos Hixkaryanas, no rio Nhamundá, e outro pequeno grupo foi morar rio abaixo, em Cachoeira Porteira. O retorno ao rio Cachorro foi a realização de um grande sonho, ocorrido em 2003, ao formarem a aldeia Santidade, hoje a aldeia central. A área por eles Confins da Terra

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Foto: Phillip Schuring Foto: Phillip Schuring

Cacique Mauro

Foto: Phillip Schuring

Joãozinho e Napé após uma boa pescaria

Festa na aldeia Santidade

Foto: Nerivaldo Prado

habitada está sendo bem aproveitada, tanto para a preservação como para retirada do seu sustento. Os roçados são feitos somente para sua manutenção e nelas cultivam apenas produtos tradicionais, úteis para a alimentação, tais como: a mandioca, banana e batata-doce. A prática da caça e pesca segue o mesmo padrão. Esse retorno, por sua vez, atraiu outro grupo relacionado, que primeiramente foi para a aldeia Santidade e em 2010 estabelceram a aldeia Chapéu, onde moram, aproximadamente, 60 indígenas. A tribo Kaxuyana e liderada pelo seu cacique geral Juventino. Além disso, existe as lideraças locais das aldeias sendo o indígena Mauro cacique da Aldeia Santidade e Zezinho da Aldeia Chapéu. Os mitos culturais estão preservados grandemente na escrita acadêmica, mas a mudança para outros lugares afetou grandemente a continuidade de suas práticas. Atualmente os mais velhos têm transmitido seus conhecimentos para os mais jovens e com isso sua identidade cultural está sendo resgatada para sua preservação. O trabalho missionário entre eles é relativamente novo e, devido às características do ministério transcultural, o estudo da língua e cultura está em andamento. Há uma mobilização e preparo dos indígenas e equipe missionária para que a tradução da Bíblia aconteça, pois este é um grande sonho do povo. Já existe um jogo de cartilhas de alfabetização pronto para ser impresso na língua kaxuyana como fruto do trabalho missionário. Os missionários da MNTB receberam o convite para morar na área em 2007, que partiu da iniciativa do líder kaxuyana Sr. João do Vale, cacique da aldeia Santidade na época, apoiado pelos indígenas. A Equipe da MNTB que mora nas duas aldeias Santidade e Chapéu é composta pelos missionários: Harley e Janete Torres, Phillip Schuring e Nerivaldo e Vanusa Prado. O casal Raimundo e Valdinéia Siqueira, com a filha Beatriz, também moraram entre os kaxuyanas, logo no início do trabalho.

Phillip, Nerivaldo e Raimundo participando do café da manhã


ENTREVISTA

Harley Torres

IDENTIFICAÇÃO Amazonense nascido e criado em Manaus, Harley das Neves Torres conheceu Janete em Shekinah. Juntos, começaram seu primeiro ministério transcultural com o povo Kaxuyana, onde estão há seis anos. No ano passado, Deus os abençoou com uma linda menina que enriquece e alegra seu ministério. A entrevista abaixo conta um pouco dessa história.

O povo Kaxuyana retornou às suas terras, após um longo período morando com etnias diferentes em outra localidade. Quais mudanças foram observadas nestes anos de convivência? Depois que o povo Kaxuyana retornou para sua terra, os mais velhos passaram a recordar muitas histórias e as transmitirem aos jovens e crianças, resgatando a cultura dos antepassados. Outro aspecto está sendo o resgate da comunicação na língua materna, antes falada apenas pelos antigos. Quanto à parte econômica em quais aspectos esse retorno trouxe benefícios à comunidade? Eles agora têm total liberdade para trabalhar nas suas terras, o que era mais limitado. Devido à produção de alimentos nas roças e dos artesanatos, conseguiram levantar fundos para a sua subsistência. Com o acesso mais fácil à cidade, eles podem vender seus produtos e adquirir alimentos e artigos de primeira necessidade.

O povo Kaxuyana pediu missionários para morar

na aldeia. Qual motivo os levou a fazer esse pedido? Ao se organizarem na própria terra, os indígenas queriam missionários para ensinar-lhes a Palavra de Deus e traduzi-la na língua Kaxuyana. Entre os Kaxuyana há muitos indígenas poliglotas. Como vocês lidaram com esta situação logo que chegaram? No início tivemos dificuldades para saber em qual língua estavam se comunicando. Mas agora já estamos acostumados com os sons variados e conseguimos identificar a língua. As línguas faladas são: Kaxuyana, e Tiriyo, Hixkaryana e Waiwai. Vocês moraram vários anos com os indígenas sem filhos. Como foi chegar na aldeia com sua filha ainda bebê? Foi muito emocionante ver o povo recebendo nossa filha como se fosse uma kaxuyana. Eles falaram que seria o nosso avô kaxuyana quem daria o nome para ela. Ele a chamou “Tawake”. Toda esta recepção foi resposta de Deus aos nossos medos de ir com um bebê Confins da Terra

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Foto: Arquivo MNTB

ENTREVISTA

Harley, Janete e sua pequena viajando em um bajará (canoa feita de tronco de árvore) em direção a Tribo Kaxuyana

Pode nos dar uma ideia da distância da aldeia para a cidade mais próxima e o grau de dificuldade de acesso? A base da equipe fica na cidade de Santarém por questão de logística. São três dias de viagem para a aldeia. Mas a cidade mais próxima, Oriximiná, fica a dois dias de viagem. Saímos de Santarém para Oriximiná e depois para vila Cachoeira Porteira, onde o meio de transporte é fluvial. Da vila para a aldeia subimos o rio de canoa. É o trecho mais perigoso, pois tem muitas cachoeiras e corredeiras e só navega ali quem conhece o rio. Que mensagem você tem para famílias que possuem crianças pequenas, têm desejo de servir a Deus, mas não decidem ir por medo de envolver os filhos num ministério como esse? 10 10

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O ser humano é capaz de se adaptar em qualquer ambiente. Vimos muitos bebês indígenas recém-nascidos subirem o rio e morarem no meio da mata. Deus cuida deles também. Onde seria mais seguro morar: na cidade ou na aldeia? Não somos superiores aos indígenas. Devemos confiar no Senhor e nos dispormos a servi-Lo. Recebemos muitos conselhos para não irmos com nosso bebê para aldeia, mas Deus nos deu paz e tranquilidade, pois sabíamos que Ele iria cuidar de nós. Confiem no Deus protetor!

Foto: Arquivo MNTB

de dois meses para aldeia. Tivemos alguns cuidados, mas foi Deus quem realmente a protegeu dos perigos e das muitas doenças e viroses existentes na região. Todos queriam pegá-la no colo, assim estreitamos os laços de amizade. É muito bom deixar Deus agir.

Travessia de uma canoa próximo a cachoeira São Pedro no Rio Cachorro


A mistura que deu certo

Numa manhã de sábado, alguns alunos do Instituto Bíblico Peniel se encontraram para orar pelos candidatos a novos alunos e, como de costume, Vanusa se uniu ao grupo. Ela orou por um rapaz chamado Nerivaldo Viana Prado, este era da Bahia. ‘Nome estranho’, pensou. Saiu da sala de oração com aquele nome na cabeça, imaginando como seria este “Nerivaldo”. No segundo semestre de 2008 Nerivaldo chega a Peniel. Na distribuição de tarefas foi incluído na equipe de cozinha onde Vanessa já trabalhava. Não demorou muito até que essa moça chamasse a atenção de Neri (como é chamado) e um sentimento forte começava a brotar em seu coração, então, ele decidiu entregar tudo ao Senhor. No mês de férias que os alunos ficam para manutenção em Peniel, eles estavam mais uma vez no mesmo grupo. Entre conversas informais, foi marcado o primeiro encontro, quando os dois se comprometeram a orar juntos sobre os seus sentimentos. Ao passo que se conheciam, Deus confirmava os planos em seus corações, mas teriam que esperar a aprovação de suas famílias e igrejas, protocolo do Instituto, aceito prontamente por eles. No fim de 2009, Neri visitou a família de Vanusa, que reside no Espírito Santo. Ele se sentiu em outro mundo, mas logo entendeu a razão: Eles são pomerano – povo europeu que veio para o Brasil no século XIX e ainda conserva a língua e cultura próprias. No entanto, foi recebido de braços abertos. Por conseguinte, Vanusa visitou a família de Neri, no Estado da Bahia. Ah! Quanta diferença! Ao chegar, ela encontrou a casa cheia de parentes e muita conversa. Outra língua também? Não, eram algumas palavras regionais que ela não entendia. Porém, a campeã foi a comida. Além do coentro, cominho, a quantidade de carne numa mesma refeição a impressionou. Porém, o mais importante é que se sentiu acolhida e amada. Aprovado o namoro ficaram noivos, na Bahia, e se

Foto: Arquivo MNTB

Romance no Campo

Baiano & Pomerana

Nerivaldo e Vanusa subindo o rio Trombetas em direção a tribo Kaxuyana

casaram seis meses depois na igreja Casa de Oração onde a Vanusa congrega. O momento, que era especial, tornou-se mais ainda ao verem Deus suprir tudo, quando não tinham recursos para a festa. Depois de um mês de casados, iniciaram o curso no Instituto Shekinah no decorrer do qual mais um desafio surgiu: o convite para trabalharem entre o povo Kaxuyana. Eles, confiantes no Senhor, aceitaram o desafio. A chegada à tribo foi inesquecível. No despontar da manhã, seguiam de barco no último trajeto até a primeira aldeia Kaxuyana. Que paisagens maravilhosas da criação de Deus! De repente a imagem da aldeia surge, o coração acelerado como nunca, crianças, mulheres e homens correndo em direção à canoa. Eis o campo missionário! Para eles todo o tempo de treinamento não se compara, e nem consegue descrever o que é realmente pisar numa aldeia Kaxuyana. Este também foi um momento marcante para a Igreja Casa de Oração do Garrafão: enviar a primeira missionária pomerana a um trabalho transcultural. Um baiano e uma pomerana juntos numa outra cultura e língua? Sim! Deu certo em todos os sentidos. Cada dia eles conhecem mais os kaxuyana, e louvam a Deus por O servirem até hoje. Joyce Mitchium

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Experiência Missionária

Phillip Schuring

TIB

Foto:Phillip Schuring

Curso para Tradutores Indígenas da Bíblia Phillip Schuring

“Na, Yeyoyakim, Yuda yotono ahkïmï. Na, osorowï iweyun wahtawï, Napukotonoso, Papironiya yotono, Yerusarem yarimamo. Na, ikayarin tomu atxato yahurmo.” Daniel 1.1 (Língua Kaxuyana)

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Ronaldo e João do Vale auxiliados por Phillip Schuring

É comum brincarmos na nossa equipe que só uma coisa nunca muda no campo missionário: a certeza de que tudo sempre muda! Demorei a me acostumar com esta ideia, mas quando vi que realmente é assim a vida na aldeia, precisei me adaptar. Nesse ritmo corrido do ministerio, fomos surpreendidos com o privilégio de participar do curso para Tradutores Indígenas da Bíblia (TIB). Trata-se de um curso para os próprios indígenas, mas exige a presença de um facilitador da equipe missionaria. Como seria possível? Nenhum de nós está no nível de língua avançado o suficiente para acompanhar uma tradução que, por sua vez, sempre inclui aspectos bastante técnicos. Não sabíamos tudo

que isso envolvia, mas na direção do Espírito Santo e contando com o apoio de muitos irmãos, decidimos ir. Mal posso acreditar que a primeira etapa, que aconteceu no mês de Janeiro de 2014, já foi concluída! Participei do curso juntamente com dois kaxuyanas, um de cada aldeia com as quais trabalhamos. Foi uma experiência maravilhosa e ficamos encantados com a parceria e trabalho em equipe, o que possibilitou este curso. Constava de um grupo de onze etnias com dois a quatro indígenas de cada uma, junto com seus facilitadores, missionários de diversas organizações. Isso tudo com o apoio do CONPLEI e de outras instituições. Que maravilha estar naquele ambiente, vendo a dedica-


Foto:Phillip Schuring

mos português como língua ção de cada um para entender fonte, pois é a língua comum e apropriar-se dos conceitos de neste curso. Porém, quando tradução bíblica! ficávamos presos em um con Mas não foi sem muito esforceito que não se traduzia facilço e suor. O curso é técnico por mente para a língua Kaxuyanatureza, de conteúdo bastanna, eles tinham um recurso a te abstrato para os indígenas mais: tiravam suas Bíblias em que vivem uma vida extremaRonaldo e João do Vale representantes da Tribo Kaxuyana Waiwai e o outro em Tiriyo para mente concreta. Os kaxuyanas se superaram, sendo que nenhum dos dois tem uma comparar as expressões. Assim, em um dado momenescolaridade além do quarto ano fundamental. Como to, podíamos trabalhar usando Português, Kaxuyana, explicar, ou melhor, como entender a diferença entre Waiwai, e Tyrió. um verbo e um nome, sendo que na língua deles não O trabalho ainda não terminou. Faltam duas etapas existe estes conceitos e palavras? Muito menos, en- para concluírmos todos os passos de uma tradução. tão, ideias como verbos transitivos, ou intransitivos, Desta vez iniciamos o estudo com os primeiros seis nomes comuns, próprios, abstratos... Os dois se esfor- capítulos de Daniel, um livro cheio de conceitos estraçaram muito, disto não tenho dúvida. Eles deixaram nhos para a língua e cultura Kaxuyana. Trabalhamos suas famílias, hábitos alimentares, a fim de passar apenas com os dois primeiros capítulos e eles voltatrês semanas inteiramente concentrados em aprender ram com bastante para fazer até a segunda etapa. Ore conosco para que os kaxuyanas continuem anicomo traduzir a Bíblia para seu próprio povo. Os kaxuyanas são, na sua maioria, trilingües e isso mados, e que se empolguem ainda mais pela Palavra nos trouxe uma riqueza especial. Para traduzir, usa- de Deus!

Benedito, Phillip e João do Vale em frente ao Tamiriki ( casa grande) Aldeia Santidade

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Foto: Raimundo Siqueira/canstockphoto.com.br

ELES NÃO PODEM MAIS ESPERAR Onésimo de Castro MNTB/APMT

“Passou a sega, findou o verão, e nós não estamos salvos.” Jer. 8:20 Este é o clamor de milhões de pessoas ao nosso redor e nos confins da terra, mesmo depois de dois mil anos da Obra redentora de Cristo ali na cruz. Embora a igreja brasileira comemore seus avanços, percebemos que ainda estamos longe de cumprirmos a Grande Comissão, pois os campos missionários crescem mais do que a Igreja tem conseguido avançar. A história nos diz que até o final do século III D. C., os cristãos primitivos levaram o Evangelho a todo o mundo conhecido da época. Porém, com a oficialização do Cristianismo, os papéis foram invertidos: a Igreja foi invadida pelo paganismo e os campos missionários voltaram a crescer. Com o advento da reforma protestante e a descoberta de novos mundos, nos séculos XV e XVI, a luz raiou novamente para os desesperançados. A primeira iniciativa de evangelização do Brasil se deu logo após o descobrimento (1555-1557 D.C.), com a che14

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gada dos franceses na região Sudeste. Um deles, Jean de Léry, foi até aos povos indígenas, chegando a registrar 2.000 vocábulos da língua Tupinambá. Um século depois (1630 – 1654) foi a vez dos holandeses no Nordeste, que evangelizaram e plantaram Igrejas, organizaram escolas e instituíram, pela primeira vez no Brasil, o magistério indígena (1641). Porém, muitos desses irmãos foram martirizados e outros expulsos, pelos portugueses e pelos líderes católicos da época, interrompendo a obra por cerca de 200 anos. Mesmo com o estabelecimento de Igrejas Protestantes na década de 1850, só no início do século XX foi que os indígenas receberam missionários (Terena -1913, Krahô - 1925 e Caiuá - 1928). A partir da década de 1940, com a chegada da New Tribes Mission, hoje Missão Novas Tribos do Brasil, dentre outras, o trabalho se solidificou. O número de crentes indígenas cresceu, Igrejas foram plantadas em muitas etnias,


organizando-se também o CONPLEI (Conselho de Pastores e Líderes Evangélicos Indígenas). Porém, não há muito ainda a comemorar, porque, segundo o Banco de Dados da AMTB - Associação de Missões Transculturais Brasileira (2010), existem no Brasil cerca 340 etnias indígenas (228 reconhecidas oficialmente) falantes de 181 línguas distintas. Constam nessas línguas apenas três Bíblias completas, 32 Novos Testamentos e somente porções bíblicas traduzidas para outras 23 línguas. Graças à semelhança linguística, essas traduções atendem a 66 etnias. Há presença missionária evangélica em 182 etnias, com 150 igrejas indígenas em formação, restando ainda 147 grupos sem efetivo trabalho missionário. Além do mais, segundo dados da Funai, existem 59 focos de índios isolados (23 já confirmados), po-

dendo acrescer ainda mais o número de povos não alcançados e de línguas necessitadas de tradução bíblica. Daí nos vem uma pergunta crucial: se em 500 anos de Brasil e um século de trabalho indígena chegamos a pouco mais de 50 % dessas etnias, quanto tempo ainda passará até que todos ouçam as boas novas de salvação? Se continuarmos nesse ritmo, milhares de pessoas continuarão clamando: “Passou a sega findou o verão e nós não estamos salvos!” Dentre elas, lembro-me do velho Apĩn Zo’é dizendo: “Você viu o nosso criador por onde você andou? [...] Nós estamos o esperando para curar os doentes e ressuscitar os mortos, mas os Kirahi (seu povo) não deixa que ele volte!”. Mas ele não pode mais esperar e partiu para a eternidade em 2013.

PARA FAZER POSSÍVEL A PREMISSA “A OBRA É URGENTE”, O INSTITUTO BÍBLICO PENIEL FAZ MUDANÇAS PARA AGILIZAR A CAPACITAÇÃO DE OBREIROS, ADOTANDO A SEGUINTE MEDIDA:

Alteração da grade curricular • O curso continuará em regime de internato, em função dos princípios norteadores do desenvolvimento do caráter cristão. Que essas mudanças realizadas contribuam para a expansão do Reino de Deus nas tribos indígenas brasileiras!

Foto: Arquivo MNTB

• Implantação do sistema modular de curso, reduzindo o atual período de três anos de estudos teológicos para dois anos, sem, contudo, suprimir o conteúdo curricular; • Através da otimização do ano letivo, será possível essa alteração sem prejuízo aos alunos e professores. Para tanto, as aulas serão dispostas semestralmente, em sistema modular de aulas duplas. Haverá também aulas no mês de junho e parte do mês de dezembro. As formaturas acontecerão no sábado que antecede o Natal; • Será possível notar algumas vantagens, incluindo a de proporcionar alternativas às igrejas que desejam investir em seus candidatos num curso um pouco mais curto, mas com Conteúdo Programático completo;

Vista panorâmica do Instituto Bíblico Peniel Confins da Terra

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Foto: Arquivo MNTB

Tribos Baniwa e Kuripaco - Amazonas O objetivo da equipe para 2014 é investir em viagens para alcançar as comunidades baniwas mais distantes. As mesmas serão longas com a possibilidade de passar por várias cachoeiras. Na aldeia base, o propósito é dedicar tempo no ensino bíblico sistemático a pessoas-chave, entretanto precisa ser ministrado de forma objetiva para que elas não percam o interesse. Há também o desejo de descobrir, em comunidades próximas, outras pessoas que tenham interesse de receber o Ensino Cronológico – Da Criação a Cristo.

Foto: Arquivo MNTB

Elton e Lourdes Chaves Tribo Deni - Amazonas

É grande o motivo de louvor pela aquisição do motor de popa de 40 HP, que foi alvo das orações do povo de Deus. Elton e Lourdes continuam ajudando na base da Missão em Manaus, enquanto aguardam suprimento financeiro para o retorno às atividades na aldeia. No ano passado, os Deni receberam o Ensino Bíblico Cronológico. Agora os indígenas salvos em Cristo mudaram-se para uma nova aldeia, que fica a três dias de viagem do local onde os missionários têm sua casa. Eles necessitam receber mais asssistência e ensino para o fortalecimento da sua fé e para isso os

missionários precisam morar em barracas de palha, sem conforto ou privacidade e vulneráveis aos vários perigos próprios da vida na selva e dos mosquitos transmissores de muitas doenças, inclusive malária.

Crícia Brito

Foto: Arquivo MNTB

Notícias dos Campos

Zenilson e Rita Bezerra

Tribos Baniwa e Kuripaco - Amazonas As crianças baniwas estão aprendendo o plano de salvação aos domingos, na sua própria língua, não somente na aldeia onde Crícia trabalha, mas também em outras aldeias vizinhas. Eles tiveram o privilégio de conhecer mais sobre Jesus através da realização da Escola Bíblica com o tema: “Deo ikorderoni”, O Cordeiro de Deus. A missionária Crícia tem conseguido ótimo desenvolvimento no aprendizado da língua e cultura, o que permite melhor comunicação, principalmente com as mulheres e crianças que são o foco do seu 16

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trabalho. Sua colega, Maria do Carmo Revoredo, chegou há pouco tempo e está se adaptando bem ao trabalho.


Foto: Arquivo MNTB

Francisco e Romilda Carvalho

Base da Missão em Macapá, Amapá Louvado seja Deus pela conclusão da tradução do Novo Testamento Waiãpi. A equipe está planejando a festa de entrega do mesmo para o dia 19 de abril, Dia do Índio, em Macapá. Foi realmente um trabalho de equipe: Arthur e Cheryl Jensen, com anos de dedicação nesse projeto; Pr. Silas de Lima, experiente em achar terminologias na língua; Daniel Schuring com o seu vasto conhecimento da língua e da cultura do povo. Henrique e Ruth Santos, Milton e Nereide Viana e Rosilda Souza no apoio e ajuda em muitas formas. Os ajudantes waiãpi, que tiveram grande

empenho na revisão, e irmãos de longe e de perto, que “colocaram os joelhos no chão” e contribuíram para que tudo isso se tornasse realidade. A Deus seja a glória! Foto: Arquivo MNTB

Maria Perpétua

Tribo Hixkaryana - Amazonas O livro de Rute chegou nas mãos dos Hixkaryana. No culto de domingo em que o livro de Rute foi entregue, os pastores indígenas chamaram todos os que participaram do processo de tradução, correção e verificação do mesmo à frente na igreja. Eles oraram pelo grupo, agradecendo a Deus por suas vidas e pedindo pela continuidade deste ministério de tradução. Os consultores e professores do curso de Tradutores Indígenas da Bíblia, missionários de várias agências irmãs, também foram incluídos nessa bonita oração. A confecção deste material exigiu bastante

tempo e esforço da missionária Maria Perpétua e seus ajudantes Felipe e Abraão, mas valeu a pena. Louvado seja Deus!

Foto: Arquivo MNTB

Rafael e Isabel Mapa Moçambique, África

O casal continua trabalhando para conseguir a legalização do terreno onde será construída sua casa. Eles também necessitam fazer reparos urgentes na caminhonete o que requer muitos gastos. Quanto à saúde do pastor moçambicano Muedane, a situação continua crítica. Ele já perdeu a visão de um dos olhos e o outro está comprometido em função de uma hemorragia. Ele precisa, com urgência, de uma cirurgia de alto custo. Confins da Terra

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Renúncia por um sapo Drª Simone Botileiro

Estava no final do meu plantão quando chegou um paciente muito especial – vou chamá-lo de Cléber! Era um jovem biólogo, muito inteligente e que se expressava muito bem. Trabalhava na região Norte do Mato Grosso, Sul do Amazonas e também Tocantins. Ele estava com uma Leishmaniose na região dorsal há um ano, sem tratamento. Por quê? Cléber nos disse que não podia parar o que estava fazendo a fim de se tratar. “Mas, o que você estava fazendo?” Eu perguntei. Cléber estava na mata fechada correndo riscos todos os dias, por sete vezes ficou em situação de grande perigo com onças, sem falar das cobras, aranhas e outros bichos, porque queria cumprir sua missão – descrever um anfíbio transparente que só vive naquela região. Ao falar do anfíbio (sapo) quase chorava. Falava com tanta empolgação dos sapos cururus da vida, que todos nós do plantão ficamos quietos a ouvir-lhe. Ele disse: “Sem os sapos, a vida humana não existiria na Terra, pois eles, na cadeia alimentar, mantêm o equilíbrio, ou

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seja, cada sapo cururu come cerca de mil insetos por dia...” Cléber nem se importou com o que uma leishmaniose não tratada poderia lhe causar daqui há dez ou vinte anos indo para o seu nariz ou orelhas... mas, como disse, “ está envolvido nesse trabalho e alguém tem que se arriscar, alguém tem que ir lá e eu tenho esse prazer”. Cléber se dirigiu a enfermaria para fazer Pentamidina intramuscular para sua leishmaniose nas costas e eu, Dra. Simone, me dirigi a Deus. Fui alcançada por Ele com toda essa história. Saí do plantão lembrando que por muito menos que uma Leishmaniose, estamos desistindo de uma tão grande Obra – a de descrever Cristo, o Senhor, para gente como a gente que também vive nas matas, cercados por todos os perigos, mas principalmente o de perder suas vidas eternamente. Que Deus me empolgue novamente com Ele e Sua maravilhosa Obra. Que, como Deus, eu valorize o que é eterno, o que vale mais que o mundo inteiro. Que eu fale dEle como Cléber fala do sapo cururu!


DVDs com documentários verídicos, que mostram a ação do Evangelho da graça na vida de dois povos da Oceania. Ninguém sabia como o povo Mouk reagiria ao Evangelho. O RESULTADO? PODEROSO! Além de meras palavras. Você será profundamente comovido ao ver o poder do Evangelho operando em corações famintos. DVD com 23 minutos de duração

O Povo Mouk vivia nas remotas florestas da Papua Nova Guiné. Em 1986 eles decidiram por um novo entendimento de vida. Seus passoas de fé foram surpreendidos quando creram! É apresentada agora, a sequência da sua caminhada.

DVD com 23 minutos de duração

FAÇA seu pedido agora mesmo! O povo taliabo mora numa remota ilha da Indonésia. Durante gerações, eles procuraram a chave da vida eterna. Mesmo procurando diligentemente, sempre foram derrotados por aquela a que mais temiam, a morte.

Esta história real é uma nítida evidência do que Jesus falou: “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará” ou ainda: “A luz resplandece nas trevas e as trevas não prevalecem...”

Esta história é a procura e o encontro da chave eterna pelos Taliabo.

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Livraria Confins da Terra Fone: (62) 3099-9355 / 3098-3272 E-mail: confinsdaterra@mntb.org.br

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www.confinsdaterra.org.br



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