DIF magazine Nº70

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Filipe Pinto Soares (Abril, 1974)

gosta de pôr as mãos na massa e construir

caixas onde coloca miniaturas que contam histórias .

Desvendam-se tramas nos

pormenores destes microcosmos liliputianos, num jogo de escalas em que o artista se aproxima ora do real, ora do onírico.

O artista cria também instalações

em movimento, alimentadas a energia solar, que quase poderiam ser brinquedos de gente crescida, ainda com capacidade para sonhar .

Autênticos móbiles – o nome 30 por Alexander C alder (1898-1976), deram origem à arte cinética – que deleitam quem os observa na semi-obscuridade . Dando um impulsionador sentido às artes «visuais » – ao verdadeiro exacerbamento do olho – as obras de Pinto S oares não necessitam de um statement – de uma explicação do artista ou de uma rebuscada folha de sala . E stá lá tudo. O lhos, para que vos quero! dado às esculturas em movimento que, concebidas nos anos

Filipe Pinto Soares Texto: Margarida Rocha de Oliveira

20 kukies

Apesar de ter apresentado, no passado mês de Setembro, a sua primeira exposi‑ ção a solo com doze instalações – «Floating Dreams», na Lx Factory, em Lisboa –o ar‑ tista não é novato: do restauro na Fundação Ricardo Espírito Santo, à animação em 3d na ETIC, passando pelo curso de manipulação da imagem, arte e design na St. Martin’s School of Art, em Londres, ou pela Pintura no ARCO – o rol é longo. Atrás do cria‑ dor, que vendeu esta exposição num ápice, está ainda o trabalho de produção durante dois anos para o artista Miguel Palma – etapas que o motivam, hoje, a dedicar-se em full-time à sua arte. Até aqui, tinha trabalhado em design gráfico e industrial e, ainda há pouco tempo, era dono de uma produtora. As miniaturas eram uma ocupação de tempos livres, per‑ tenciam a momentos como aquele em que recriou uma paisagem alentejana e construiu uma pista de carros «gigante» para os seus sobrinhos. Filipe sempre soube que as minia‑ turas encantavam as pessoas. Foi, assim, que as escolheu como um dos veículos para as suas obras a três dimen‑ sões, narrativas com poucas palavras – aquelas que enchem os balões de banda dese‑ nhada que acompanham as suas personagens. Apesar de utilizar elementos figurativos reconhecíveis, acredita que são os elementos simbólicos que transportam para outros mundos; não abdica do sublime. O gosto pela tecnologia, que em criança o levava a montar e a desmontar peças, é outra pedra de toque para o maravilhamento daqueles que talvez encontrem ali, naqueles móbiles concebidos ao detalhe, parte do fascínio que tiveram por uma caixa de música ou por um carro telecomandado.


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