Revista TJDFT

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I n s t i t u c i o n a l r e v i s t a

t j d f t

Raquel:

a voz da justiça TJDFT é o primeiro tribunal do país a oferecer acesso a Informativos de Jurisprudência em áudio na sua página na internet

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or meio de voz sintética, o projeto Juris in Vox agrega portabilidade ao texto jurídico, facilitando a atualização dos operadores do Direito e beneficiando as pessoas com deficiências visuais. A aceitação do projeto se comprova pelo volume de arquivos de voz já baixados desde o início de sua operação, em abril deste ano. Somados os tempos de leitura de cada um, teríamos mais de 15 dias ininterruptos de reprodução de áudio. Tudo começou na Jurisprudência do TJDFT. A ideia era implantar no Judiciário da Capital da República, um sistema que pudesse facilitar ainda mais o acesso a textos jurídicos para um público que dispõe de pouco tempo, além de oferecer mais uma alternativa de inclusão digital. Com a ideia lançada, era necessário buscar a tecnologia ou o software que fizesse tal conversão. Por meio da internet e de incansáveis contatos telefônicos, foram descobertas duas empresas, uma americana e outra russa, que detinham a tecnologia para o audacioso projeto. Mas quanto isso custaria para o Tribunal? Mais de um milhão de reais. Diante da cifra estratosférica, surgiu a primeira pedra no caminho: o Tribunal não teria condições de desembolsar todo esse valor para a compra do software, tornando inviável o projeto. Mas, uma pedra no caminho é apenas uma pedra no caminho quando se quer alcançar alguma coisa. Foram feitos vários contatos com representantes de empresas, por telefone, via e-mail e pessoalmente. Com muito esforço e acreditando na ideia, foi possível adquirir os softwares, hoje utilizados. O primeiro, de tecnologia russa e uso livre, foi cedido formalmente por seu desenvolvedor para o Tribunal de Justij a n e i r o

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ça do DF. O software permite que se faça a conversão de texto em "elementos fonéticos". Já o segundo programa, de origem americana, foi comprado pelo TJDFT, por R$ 25 mil, cifra agora possível. Ele faz a conversão dos "elementos fonéticos" em áudio, gerando assim a voz sintética, pausada e suave chamada "Raquel". Com a junção dos dois programas, nasceu o Juris in Vox – Jurisprudência em Voz -, lançado oficialmente pelo TJDFT em 8/4 deste ano. A implantação do Projeto contou com um árduo trabalho dos servidores da SETI (Secretaria de Tecnologia da Informação), da SUDJU (Subsecretaria de Doutrina e Jurisprudência), entre alguns com diversas habilidades especiais, como arranjadores musicais, cantores e músicos, que realizaram vários testes, sugerindo inúmeras mudanças, tudo com o intuito de fornecer ao usuário um produto de alta qualidade. Embora a audição dos textos não demande qualquer aparato mais sofisticado, sua conversão requer todo um exaustivo trabalho de adequação à língua falada para que o resultado final seja o mais verossímil possível. Para a manutenção do sistema, o TJDFT conta com o apoio de um filólogo (profissional que estuda a língua em toda a sua amplitude: escrita e falada) e de um engenheiro, ambos pertencentes à empresa brasileira que comercializa o software americano. A cada texto convertido, novas regras de leitura vão sendo incorporadas para que as distorções em cada produto sejam progressivamente reduzidas. Já foram criadas mais de mil regras que proporcionam a correta identificação pelo programa dos fonemas e de que forma números, siglas, abreviações e outros signos linguísticos devem ser lidos. Assim,

esse trabalho detalhado vai tornando a narração cada vez mais fidedigna. "Não creio que haverá um momento em que a conversão venha a ser total e exclusivamente automática porque as possibilidades da língua são quase infinitas. Mas nosso trabalho é no sentido de torná-la mais ágil e precisa a cada dia que passa", explica o responsável pelo projeto, Jorge Althoff, Secretário de Jurisprudência e Biblioteca. Com o aperfeiçoamento, um grande número de textos poderá ser convertido em voz de uma só vez, o que tornará possível que outros setores utilizem o recurso, como a Assessoria de Comunicação Social, que poderá converter os textos das notícias em áudio. Um dos próximos objetivos da SEBI é a conversão on line da Revista de Doutrina e Jurisprudência, bem como das ementas dos julgados nas consultas processuais em tempo real. A intenção é converter de 180 a 230 acórdãos por dia.

Raquel na web O Projeto Juris in Vox conquistou simpatizantes também na rede mundial de computadores (internet). Em consulta realizada, quase 200 sites publicaram algo positivo a respeito do Juris in Vox. Sites jurídicos, de direitos humanos, de inclusão, de novas tecnologias, entre outros tantos, encabeçam a lista dos que reconhecem no Juris in Vox uma revolução do bem. Além disso, outros órgãos do judiciário, como o CNJ, têm entrado em contato com o TJDFT para buscar informações sobre o projeto e solicitar a conversão de textos.

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