Revista Momento

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OTNEMOM

JUNHO 2

Índice |

PÁG. 8 ENTREVISTA SR. ÉLCIO GOMES ROCHA

PÁG. 10 COMÉRCIO BRASIL EMPREENDEDOR

PÁG. 14 INTERNACIONAL OS ETERNOS IMPASSES DA OMC

PÁG. 18 EMPRESAS COREANAS: ACELERANDO PRA CIMA DOS RIVAIS

PÁG. 22 COEXISTÊNCIA - MEIO AMBIENTE E ECONOMIA

PÁG. 26 ENTRETENIMENTO A CRISE ESTÁ NA MODA

PÁG. 28 DICAS LIVRO E FILME


2010

MOMENTO

MOMENTO

PÁG. 12 POLÍTICA “MEU VOTO É DO ARRUDA E PRA SEMPRE SERÁ!”

PÁG. 16 A AMÉRICA LATINA DOS ANOS 80 E A GRÉCIA HOJE

PÁG. 20 MEIO AMBIENTE DELHI E A MÁ DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA

PÁG. 24 ESPORTE COMO A COPA DO MUNDO AFETA A ECONOMIA

PÁG. 27 ESTAMOS, MEU BEM, POR UM TRIZ...

PÁG. 30 CRÔNICA

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Carta ao leitor |

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revista Momento tem o intuito de trazer para o leitor notícias relacionadas as novidades do mundo, e a economia. Todos os assuntos serão abordados de forma dinâmica, simples e direta, facilitando a compreensão e a absorção do público. Nesta edição apresentaremos uma seção especial sobre a Copa do Mundo de 2010, esse fenômeno que para o país e que traz uma repercussão incrível na economia. Teremos uma entrevista exclusiva com o economista chefe do Banco do Brasil, Elcio Gomes Rocha e uma reportagem sobre a Rodada de Doha, uma reunião que envolve vários países do mundo para discutir sobre as importações e exportações destes. Como uma revista inteligente e preocupada com o bem estar social, iremos abordar assuntos como o meio ambiente e a má distribuição da água, um recurso escasso e insubstituível. Dedicamos um espaço de entretenimento que abordará assuntos como música e moda; este último fazendo um paralelo com a crise de 2008/2009 que abalou o mundo inteiro e fez com que muitas economias quebrassem. Esperamos que tenham uma boa leitura.

Carolina Pimenta Editora Chefe - Revista Momento edição 1/2010

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Mantenha Contato |

MOMENTO

Não há nada mais importante para o nossa revista do que saber o que os nossos leitores acharam dos artigos. Sintase a vontade de entrar em contato conosco. Críticas e sugestões são sempre bem vindas. Luciano Juaçaba lucianojuacaba@hotmail.com (61) 9628-4133 Júlia Ávila Gimenes jugi202@gmail.com (61) 8118-0015 Louize França louizehelena@hotmail.com (61) 8147-8306 Lucas Henrique lchenriquem@hotmail.com (61) 8161-9929 Carlos Dias carlinhosdias@gmail.com (61) 9997-2069 Carolina Pimenta carolpimentac@hotmail.com (61) 7816-9562 Daniel Coningham danielconingham@hotmail.com (61) 8200-4202 Bruno Miranda bmsmiranda@gmail.com (61) 9277-3638 Filipe Vasconcelos filipe.ibmec@gmail.com (61) 7812-5795

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Entrevista | Sr. Elcio Gomes Rocha

Economista Chefe do Banco do Brasil

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POR BRUNO MIRANDA oje como Economista Chefe do Banco do Brasil, quais são suas principais atribuições? Quais são suas principais realizações e alegrias em seu trabalho diário? O que o motiva a seguir caminho? Lidero uma equipe de economistas que tem a missão de monitorar e analisar o ambiente macroeconômico doméstico e internacional, visando disponibilizar cenários e estudos relacionados à conjuntura macroeconômica. O objetivo final desses estudos e cenários é subsidiar o processo decisório relacionado à estratégia negocial do Banco. Nesse sentido, o que nos deixa contentes é fazer um trabalho de assessoramento o mais eficaz possível. Os resultados não necessariamente devem ser medidos em termos de graus de acerto das projeções, mas sim na eficiência com que você transmite a informação, sinalizando as oportunidades e ameaças para a empresa à luz dos desenvolvimentos passados e futuros da economia. O desafio de entender os movimentos da economia e traçar tendências para os principais agregados macroeconômicos é que nos motiva a seguir o caminho que, diga-se de passagem, é árduo. A economia é, por natureza, uma ciência inexata, que depende de uma série de variáveis exógenas, entre elas, o comportamento humano, que é bastante mutável. Assim, o trabalho do economista não é trivial, mas ao mesmo tempo desafiante e é isso que nos motiva. Qual foi o papel do Banco do Brasil para ajudar o país a vencer os desafios provenientes da Crise Econômica Internacional? Tradicionalmente, o BB cumpre um papel bastante relevante no financiamento à produção e ao consumo. Durante a crise econômico-financeira americana de 2008 e 2009, que afetou de forma importante a economia global, o Banco

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do Brasil foi um provedor importante de recursos para o setor produtivo doméstico, diante da queda brusca do crédito internacional e do crédito privado interno. Não foi por acaso que a recessão no Brasil durou pouco. O crédito exerceu um papel relevante nesse processo de recuperação. Não só o BB, mas o conjunto dos bancos públicos teve atuação relevante para dar liquidez às empresas. O crédito é essencial para garantir o bom funcionamento de qualquer economia. Ele garante a boa alocação dos recursos que movimentam a demanda e oferta agregada. Na literatura econômica, há vários trabalhos empíricos que corroboram uma relação positiva entre crédito e crescimento econômico, ou seja, mostram a importância do crédito e da intermediação financeira como indutores/catalisadores do processo de crescimento da economia. Em geral, países que têm maiores relações crédito/PIB são países que também têm taxas de crescimento mais robustas e/ ou maiores rendas per capitas. Devido à globalização, dentre outros fenômenos, a economia dos países estão cada vez mais abertas e suscetíveis aos solavancos da economia mundial. Em conseqüência desta maior abertura econômica estamos presenciando um momento único em nossa história, onde grandes empresas internacionais estão cada vez mais “fincando” os pés em terras nacionais, e claro o setor financeiro não está imune a estas mudanças. O Banco do Brasil é uma instituição pública e é um exemplo positivo em competência, boa gestão e agilidade no que tange a adaptação ao mercado. Como um banco público conseguiu alcançar este nível de excelência e qual é o maior desafio no dia-a-dia para se manter neste patamar? O nível de excelência do BB está diretamente relacionado à competência de seu corpo funcional e isso é fruto não apenas do processo de seleção, via concurso público, como também do amplo programa de formação e investimentos em educação existente na empresa. Acreditar e investir no corpo funcional e dar oportunidades de ascensão interna é uma marca histórica do BB. Um exemplo disso são as várias pessoas

que exercem cargos importantes na empresa, inclusive o nosso Presidente, que começaram como menor aprendiz e receberam toda a formação técnica e profissional dentro da empresa. O Banco mantém um amplo programa de investimento em formação, inclusive nos programas de mestrado e doutorado, seja lato sensu (MBA’a) ou stricto sensu, além de ter uma Universidade Corporativa, que tem um amplo programa de cursos de linha e convênios com instituições de ensino, inclusive com o Ibmec. Além dos investimentos em educação, outro aspecto que é um diferencial para o BB são os investimentos em tecnologia e inovação. O Banco tradicionalmente lidera o processo de inovação da indústria bancária nacional e tem um parque tecnológico bastante avançado. Afora isso, o BB através de suas áreas de negócio, planejamento e de inteligência competitiva faz uma busca incessante das boas oportunidades de negócios e investimentos, tanto no ambiente doméstico como internacional. E é dessa forma, sobretudo agindo com prudência, é que procuramos nos diferenciar nesse mundo globalizado e altamente competitivo. Dado a grande concorrência imposta pelo mercado e aos desafios diariamente enfrentados, a necessidade da atualização constante de conhecimentos torna-se uma condição ímpar para se alcançar o sucesso almejado. E como não é surpresa, o mercado bancário é um grande demandante de profissionais bem qualificados e antenados aos fatos que ocorrem na economia, sendo este nos âmbitos nacional e internacional. Com esta preocupação, como o Banco do Brasil capacita seus economistas e qual o seu papel enquanto gestor neste processo? Como eu disse anteriormente, o BB tem um amplo e eficiente programa de formação e capacitação profissional. Como não temos a liberdade do setor privado de contratar profissionais qualificados diretamente no mercado, temos o desafio de qualificarmos o nosso corpo funcional. A equipe de economistas, por exemplo, é beneficiária direta desse processo de formação. Praticamente toda a equipe já se beneficiou direta ou


MOMENTO indiretamente do programa de mestrado e doutorado que a Instituição oferece. Além da formação acadêmica, nos mantemos atualizados através de participações em seminários e eventos relacionados à análise do ambiente macroeconômico. A troca de informações com outros profissionais do mercado, com consultorias e com o mundo acadêmico também tem papel importante na capacitação de nossos economistas. Meu papel nesse processo é orientar, sinalizar e proporcionar oportunidades de treinamento e de aprendizagem para a equipe, lembrando que eu também estou inserido nesse processo de busca incessante da melhor qualificação profissional. Não sou dono da palavra e as nossas discussões sobre a análise e prospecção do ambiente macroeconômico são bastante acaloradas, mas democráticas. O resultado geralmente são decisões por consenso e/ou por maioria simples, onde eventualmente atuo como árbitro. O importante é que saibamos aproveitar da melhor forma possível o conhecimento de cada um para construirmos o conhecimento conjunto. Esquecendo um pouco que você é o Economista Chefe do Banco do Brasil e usando sua visão puramente de economista / cidadão antenado às políticas e ao desenvolvimento do país, como você vê o cenário econômico no Brasil para o ano de 2011? Quais serão nossos maiores desafios nos próximos cinco e dez anos? Infra-estrutura? Formação de mão-de-obra? ... Como vimos, o Brasil mostrou-se bastante resiliente à recente crise global e provavelmente também será resiliente à atual crise fiscal européia. A razão para isto é a evolução favorável dos fundamentos macroeconômicos. Nos últimos dez anos consolidamos paulatinamente a estabilidade macroeconômica que aliada à estabilidade política e das regras institucionais vêm proporcionando um ambiente favorável aos investimentos produtivos. A consolidação do regime de metas de inflação, a manutenção do câmbio flutuante e a lei de responsabilidade fiscal são o tripé do arcabouço macroeconômico que permitiu conquistarmos

inclusive o tão almejado grau de investimento (investment grade) e o controle da inflação. Como resultante desse processo, temos observado uma menor volatilidade das taxas de crescimento econômico, aumento dos níveis de emprego e dos rendimentos reais médios, bem como melhor distribuição da renda. Estamos assistindo uma diminuição importante dos níveis de pobreza e migração de pessoas que estavam em classes de renda mais baixas para rendas mais elevadas, o que garante uma nova classe emergente e ávida por consumo. No entanto, continuamos com desafios enormes em termos de capacidade de investimentos, seja em capital físico ou humano, uma condição necessária para a promoção do crescimento econômico sustentado de longo prazo. Por exemplo, os últimos dados do PIB mostram que estamos crescendo a um ritmo bastante elevado. Os mais afoitos o classifica inclusive como ritmo chinês. Mas infelizmente esse ritmo não é sustentável e a desaceleração em 2011 para um patamar mais condizente com o potencial de crescimento de longo prazo é o cenário esperado. Do contrário, o que poderíamos assistir é um descompasso indesejável entre oferta e demanda agregada que fatalmente levaria ao descontrole da inflação. É justamente para evitar as pressões inflacionárias que se justifica a atuação do Banco Central, elevando a taxa básica de juros de forma a reconciliar o ritmo de expansão da demanda e oferta. Nesse sentido, o principal desafio do Brasil é aumentar o nível de investimento agregado da economia, minimizando os gargalos existentes relacionados, por exemplo, à infraestrutura, principalmente no que se refere à geração de energia, modernização e ampliação de portos, rodovias e ferrovias, necessários ao aumento e escoamento da produção. Precisamos também diminuir o chamado custo Brasil o que inevitavelmente passará por uma reforma tributária, visando diminuir o elevado peso da carga tributária sobre a produção. Um capítulo à parte são os investimentos em educação, principalmente em educação básica. Observem que o primeiro gargalo que estamos assistindo no atual ciclo de crescimento é a

falta de mão-de-obra qualificada em diversos setores da economia. Assim, diminuir o analfabetismo e proporcionar qualificação técnica à população, em especial visando à absorção de novas tecnologias, é um desafio relevante para os formuladores da política educacional deste País. Por fim, agradecemos por sua enorme contribuição para o nosso crescimento e por ter aceitado ao nosso convite. Porém, antes de nos despedirmos, gostaríamos não de fazer mais uma pergunta, mas sim pedirmos um conselho: - O que nós, alunos do primeiro semestre em Ciências Econômicas e detentores da responsabilidade de sermos “as mentes ávidas do amanhã” teremos que fazer para construir uma carreira sólida e ajudarmos o nosso país em seu processo de crescimento? Não se trata exatamente de dar conselhos, mas sim de uma orientação. Vocês têm o enorme desafio de ajudar a repensar este País. Atuar como pesquisadores, apontando os problemas e os obstáculos ao crescimento econômico sustentado e ao mesmo tempo indicando soluções que sejam duradouras e viáveis de serem implementadas. Lembrem-se de que a estabilidade macroeconômica que ora conquistamos foi fruto de vários programas sugeridos por economistas brasileiros e, como a economia é muito dinâmica, a participação de novas cabeças pensantes é sempre bem-vinda. Assim, vocês têm em mãos a responsabilidade de procurar a melhor formação possível para que possam ter acesso ao instrumental teórico e prático necessário à análise e construção de soluções que promovam o crescimento e desenvolvimento econômicos. Ambos dependem do incremento dos níveis de investimento seja em capital físico e humano. É nesse último aspecto que vocês estão focando hoje. O investimento em qualificação profissional, ou seja, em capital intelectual, é condição sine qua non para a promoção do desenvolvimento de qualquer economia. Assim, vocês não são apenas as “mentes ávidas do amanhã”, mas sim as “mentes ávidas” de hoje que estão construindo o amanhã. Desejo-lhes muito sucesso.

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Comércio |

Brasil empreendedor POR LUCIANO JUAÇABA

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mercado de trabalho está cada vez mais concorrido e as pessoas buscam outras soluções para ganhar dinheiro, e o empreendedorismo é a solução mais acertada e que traz na maioria das vezes uma satisfação para as pessoas que se deixam levar por essa atividade que vem ganhando novos adeptos. Muitas pessoas sonham em abrir o próprio negócio, mas para muitas empreender fica apenas sendo um sonho. O empreendedor não precisa apenas de uma idéia e determinação, mas também oportunidades e um ambiente econômico favorável para tal. Em pesquisa realizada pelo GEM em 2009, no Brasil, 47,9% dos empreendedores afirmam perceber para os próximos seis meses boas oportunidades para se começar um novo negócio na região onde vivem e 56,9% consideram possuir o conhecimento, a habilidade e a experiência necessários para começar um novo negócio. Os dados são bons, mas podemos melhorar bastante. Outro dado que é bem animador e que quebra paradigmas é que 79,4% da população considera que no Brasil, aqueles que alcançam sucesso ao iniciar em um novo negócio têm status e respeito perante a sociedade, deixando um pouco de lado a velha idéia que muitos pais tinham para seus filhos de que eles seguissem carreiras de médicos e advogados. Uma forma de medir como está a atividade empreendedora de um país é olhar para a TEA, que é o indicador usado pelo GEM para captar o empreendedorismo em seu estágio inicial. O Brasil vem mostrando sua força nos últimos 3 anos quando a TEA do Brasil cresceu mais fortemente que a dos EUA, mostrando que mesmo com

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a crise financeira que afetou todo o mundo o brasileiro não deixou de lado seu espírito empreendedor. Grande parte do que o Brasil é hoje em relação ao empreendedorismo é reflexo dos jovens, que mudaram de hábito e agora não estão mais preocupados apenas com a busca por um emprego estável e segurança financeira. Segundo dados do GEM, 20,8% dos empreendedores estão em uma faixa etária entre 18 e 24 anos e 31,7% entre 25 e 34 anos. A economia está em plena retomada, as taxas de juros estão convidativas e com tantos exemplos de sucesso, a atividade empreendedora no Brasil só tende a aumentar. No Brasil o SEBRAE presta todo o apoio ao empreendedor, oferecendo cursos, consultorias e até mesmo idéias de negócios que ajudarão você a por em prática aquele sonho de deixar o emprego e criar o próprio negocio, mas vá com cautela, pois pouquíssimas empresas passam de um ano. http://jornale.com.br/mirian/?pagina=blog&Itemid=98&paged=40” Texto utilizado para fins didáticos. Projeto Revista Momento | Ibmec-DF 20/05/2010


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DESIGN


Política |

“Meu voto é do Arruda e pra sempre será!”:

Qual seria a explicação?

POR CARLOS DIAS

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esmo após o escândalo ocorrido em Brasília, em novembro de 2009 envolvendo o ex-governador Jose Roberto Arruda e vários membros do seu governo, não é difícil encontrar eleitores que repitam a frase de Raimundo Macedo Melo, morador do entorno de Brasília: “Meu voto é do Arruda e pra sempre será!”. Qual seria a explicação? Brasília foi construída pelo presidente Juscelino Kubitschek em 1960, e ao longo desses 50 anos a cidade tem sofrido diversas modificações não só no seu caráter físico-social, mas também na ideologia política nela adotada. O projeto inicial de Brasília previa que para o ano de 2000 a cidade teria cerca de 500 mil habitantes, no entanto o sonho de melhorar de vida e tentar a sorte na nova capital federal, trouxe para Brasília muitos brasileiros dos mais variados estados fazendo com que para o ano de 2010 a cidade e seu entorno atingisse

a incrível marca de mais de 2,4 milhões de habitantes(¹). A primeira grande conseqüência desse crescimento exacerbado foi a deficiência no sistema habitacional, já que não havia moradia suficiente para todos, o que acarretou uma série de invasões fazendo-se necessário a adoção de uma política de regulamentação de moradias. O aumento na frota de automóveis, outra conseqüência do crescimento populacional, também teve o seu papel na política brasiliense. A construção de viadutos, duplicação de vias e outras obras fizeramse necessárias, tornando-se comum políticas que dessem mais atenção a área da construção civil em detrimento das demais. Tendo aí a porta de entrada para sua candidatura, vários políticos utilizaram-se da promessa da casa própria regulamentada e obras de infra-estrutura como um forte instrumento na manipulação de massas, política que ficou muito famosa com o ex governador Joaquim Roriz.

Vários políticos utilizaram-se da promessa da casa própria regulamentada e obras de infra-estrutura como um forte instrumento na manipulação de massas

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MOMENTO

A CORRUPÇÃO A segurança no populismo junto a população mais humilde, abriu margem aos governantes a se arriscarem na Prática de crimes de corrupção, no caso de Roriz este foi acusado de diversos crimes como improbidade administrativa, desvios de verba do Fundo de Amparo ao Trabalhador, financiamento público ilegal de campanha eleitoral entre outros, mas mesmo sob tantas acusações e uma ficha muito duvidosa, Joaquim Roriz foi eleito por 4 vezes e tem grandes chances de se eleger de novo em 2010, Segundo Pedro Henrique Sousa Rocha , estudante de ciência política da universidade de Brasília, isso acontece porque a forma de governar baseada na promoção de casas e na propagação de obras tornou-se quase como uma fórmula de sucesso para se eleger: “Se uma pessoa ganha do governo uma casa, ou mesmo uma pessoa que mora de forma irregular tem sua moradia regularizada, vai dar seu voto para esse governador sempre que este se candidatar, mesmo que este governador tenha sido acusado de corrupção”. O mesmo pode ser dito a respeito do ex governador afastado, devido ao escândalo do DEM, Jose Roberto Arruda que antes de ser indiciado havia feito diversas obras em todo o Distrito Federal e era aprovado pela maioria da população praticamente garantindo sua reeleição, mas apos o escândalo se viu obrigado a renunciar. “Governadores corruptos não se elegem em Brasília pelo fato da cidade ser corrupta ou ter muitas pessoas que se beneficiem com a corrupção mas sim pela ingenuidade dos cidadãos que se sentem eternamente gratos ao governador, como se esse tivesse feito um favor a eles, não entendendo que a assistência à eles dada faz parte da função do governador”, completa Pedro. Portanto, segundo os fatos apresentados, Brasília até então tem seguido a linha de cidades que tem seu crescimento rápido e intenso, as quais estão sujeitas à governantes que agindo de forma a lograr êxito em suas candidaturas praticam políticas muito semelhante ao coronelismo; em que grandes latifundiários (chamados de coronéis), praticavam um conjunto de ações políticas que implicavam no domínio econômico e social para a manipulação eleitoral em causa própria, onde a população mais ingênua e ou menos esclarecida, se fidelizava ao governador, por sua eterna gratidão.

(1) - http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/contagem2007/ contagem_final/tabela1_1.pdf Texto utilizado para fins didáticos. Projeto Revista Momento | Ibmec-DF 20/05/2010

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Internacional |

Os eternos impasses da

OMC POR LOUIZE FRANÇA

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que era para ser uma ajuda acabou trazendo um grande problema. O subsídio, sendo uma contribuição financeira para os agricultores barateando os preços dos produtos no mercado, foi um dos vários temas polêmicos que sugiram na Rodada de Doha, que desde sua criação, em novembro de 2001, não concluiu todos os tópicos que constam em sua agenda. O lema dessa Rodada de discussões dentro da OMC é, basicamente, o desenvolvimento – discutir assuntos visando ajudar as necessidades e interesses dos países em desenvolvimento. A estruturação da OMC vem sendo trabalhada desde o fim da Segunda Guerra Mundial. Voltemos no tempo: países tiveram suas populações arrasadas, campos de agricultura devastados, monumentos históricos destruídos, sistema políticos fragmentados. Agora imagine como a economia foi abalada tanto nacional quanto internacionalmente. Foi um momento delicado onde qualquer decaída poderia levar a uma total falha do comércio entre os países, o que levaria a desestabilização das economias. Nesse contexto surgiu a Organização Internacional do Comércio, antecessora da OMC, mas que naufragou devido a não participação dos EUA. Surgiu então o GATT que serviria de estrutura e modelo da organização que conhecemos até 1994. Atualmente a OMC é um importante mecanismo para regulamentação de acordos internacionais envolvendo o comércio. As regras feitas na organização são então ratificadas pelos parlamentos das nações participantes. As decisões são tomadas por embaixadores de cada país e estes discutem regulamentações, denunciam abusos no comércio e debatem temas que precisam de soluções imediatas. A OMC é uma organização internacional, não sendo uma agência da ONU, mas que tem mantido boas relações com esta instituição. Tem como principal objetivo “ajudar os exportadores, importadores e produtores de bens e serviços a conduzirem seus trabalhos corretamente”(¹), sem se agredirem e atrapalharem.

Atualmente a OMC é um importante mecanismo para regulamentação de acordos internacionais envolvendo o comércio. Muitos temas são conduzidos em rodadas que são criadas pela OMC. A mais famosa, e polêmica, é a Rodada de Doha. O nome dessa rodada se dá pelo local onde foi ocorrida pela primeira vez, na cidade de Doha, em Qatar. Essa rodada de negociações tem como objetivo resolver questões quanto ao subsídio, até que ponto estes atrapalham os países em desenvolvimento, e debater as questões dos produtores agrícolas. Ao longo das negociações ficou claro que países como EUA e Japão, e o continente Europeu, não irão abrir mão da ajuda aos seus produtores agrícolas, enquanto os países em desenvolvimento, regidos pelo BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, mas com menor atuação da China) trouxeram dezenas de denúncias e acreditam que, se nenhuma decisão for tomada, o comércio internacional será prejudicado.

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MOMENTO

Hoje Debates quanto aos acordos na OMC ficaram estagnados nos últimos anos. Apenas recentemente os debates foram reabertos, com um certo grau de otimismo. O diretor geral da OMC, Pascal Lamy, deixou claro no seu anúncio de reabertura dos debates que o mais importante é tentar concluir e, se pouco for alcançado, pelo menos houve a dedicação, pois fazer algo é melhor do que ficar esperando sem nada ser concluído.

expectativas para esse ano são altas. De início ele já deixa claro que o acordo é feito multilateralmente, e a decisão depende de todos, exemplificado em seu depoimento “Um acordo sobre a liberalização do comércio no âmbito da Rodada de Doha depende, agora, das grandes economias emergentes como Índia, China e Brasil”.(²) O prazo para conclusão dos debates era para esse ano, mas infelizmente não será possível concluir, e por enquanto, os debates seguem sem cronograma. Os países desenvolvidos são os que lutam para não retirarem os subsídios, e os países em desenvolvimento vão cada vez mais sofrendo dumping, o que significa ter seus produtos competindo sem muita sorte contra os produtos internacionais, que normalmente recebem subsídios. Todos voltam seus olhares para saber o que acontecerá. Que fim levará a mais longa rodada de discussões da OMC? Será que os países serão capazes de ceder e atender ao pedido do diretor geral, entrando em um acordo que beneficie a todos?

Pressão

Pascal Lamy deixa claro que o mais importante é tentar concluir a Rodada de Doha, não desistir. O diretor geral foi assertivo em afirmar que era importante investir em reuniões entre partes interessadas. Ele disse que o maior desafio será ter ambições grandiosas sem ignorar o equilíbrio entre os países, pois todos os acordos devem buscar beneficiar todas as partes interessadas. Muitos culpam os Estados Unidos pela não conclusão da rodada. Principalmente durante a rodada de Quatar, em 2001. Com o novo embaixador, Michael Punke, as

Foram retomadas no dia 18 de Maio as negociações entre a União Européia e o Mercosul. O objetivo deles é a liberalização comercial. Mas tem um problema, os acordos não conseguirão ter continuidade por causa da importância que a Rodada de Doha tem para os mesmos. Representantes desses grupos estão estagnando os acordos entre eles para pressionar a conclusão da Rodada de Doha. A cobrança vêm dos líderes que pressionam países como os EUA para tomar alguma atitude. O presidente Lula disse ““O relançamento das negociações pode ser um estímulo para retomar os esforços da OMC: ali, o desafio é ainda maior e mais importante. Com um acordo bem sucedido e que seja equilibrado, teremos uma ferramenta importante para combater a desigualdade”(³).

(1) - Organização Internacional do Comércio, (WTO) site oficial, 25/05 http://www.wto.org/english/thewto_e/whatis_e/whatis_e.htm (2) - Folha Online, 25/05 http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u732844.shtml (3) - Agence France-Presse (AFP), 25/05 http://www.google.com/hostednews/afp/article/ ALeqM5i2YhIcBvEZf9riRY140pVlKc9RNg Texto utilizado para fins didáticos. Projeto Revista Momento | Ibmec-DF 20/05/2010

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Internacional |

Manifestantes protestam contra medidas adotadas pelo governo na Grécia

América Latina dos Anos 80 e a Grécia de hoje Como os déficits fiscais fragilizaram tais economias

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segunda metade do século XX, época que marcou a disputa pela hegemonia global entre Estados Unidos e União Soviética, também sofreu diversas mudanças no aspecto econômico. As teorias keynesianas que antes eram quase incontestáveis não conseguiram resolver os problemas causados pelos choques do petróleo nos anos 70. Foi neste cenário que o liberalismo tomou conta das novas políticas econômicas até a crise de 2008. Após a segunda guerra mundial (1939-1945) o mundo viveu um momento de prosperidade econômica sem precedentes, algo que durou até que Choque do petróleo atingisse o mundo. Crise esta que atingiu com força as economias importadoras de tal fonte energética, mas que ao mesmo tempo criou grandes reservas aos exportadores, que investiram tal montante em bancos europeus e americanos. A oferta de crédito explodiu, e tais instituições, em que o dinheiro fora depositado, buscaram novos mercados. A America Latina, região que passou por um período de grande desenvolvimento econômico na década de 60, foi um dos mercados que atraiu a atenção dos investidores internacionais. A região precisava de dinheiro para financiar a importações de petróleo e políticas que visavam minimizar os efeitos negativos do 1º Choque do petróleo. Com a grande oferta de crédito, juros flutuantes baixos e a disposição a emprestar por parte dos bancos, tais países conseguiram os empréstimos. Contudo, as taxas de juros dos países desenvolvidos aumentaram devido à inflação, e os latinos americanos que tinham as contas desequilibradas viram suas economias fragilizadas e, devido aos constantes déficits, grande parte viu que não era possível o pagamento das dívidas sem ajuda internacional. Em 1982 o México declara moratória e os emprés-

timos, então já escassos aos outros países, cessam de vez. Em 1987 o Brasil declara moratória sobre os juros. O plano Baker tentou acabar com a dívida, mas não conseguiu. Então o plano Brady, o qual conseguiu perdão parcial da dívida, refinanciamento de dívidas antigas e redução das taxas de juros, entrou em ação e exigiu diversas mudanças nas economias dos países endividados para que esses recebessem ajuda internacional. Hoje o que se pede a Grécia é basicamente o que se pediu a America latina nos anos 80, medidas que visam à redução dos custos de governo que teve um déficit no orçamento, que é a diferença dos gastos e despesas de um país. O déficit foi de 13,6 % do PIB em 2009, para que as dívidas possam ser pagas ou refinanciadas. O índice é quatro vezes o permitido pelas regras da zona do euro. Porém o maior temor é o efeito dominó que esta crise pode ter, principalmente porque alguns países da zona do euro, como Portugal, Irlanda e Itália sofrem do mesmo problema, por isso as providências tomadas visam toda a integridade da zona do Euro. Hoje a dívida grega gira em torno de 300 bilhões de euros, por isso o governo grego anunciou a adoção de medidas de austeridade, tais como o congelamento de salários no setor público, setor esse que na ultima década aumentou excessivamente os gastos principalmente com salários, aumento de impostos, além de aumentar a idade para a aposentaria podendo, dessa maneira, aliviar o sistema previdenciário. Primeiramente a Grécia quer cortar seu déficit em 2010 para 8,7% do PIB, e depois para menos de 3% em 2012, mas essas medidas só serão possíveis se houver cortes no setor público, algo que não vem sendo bem recebido pela população.

CRISE [ ECONÔMICA ]

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POR DANIEL CONINGHAM


MOMENTO

A crise de 2008 foi comparada à crise da Grande Depressão em 1929 e, com base nas lições históricas, o FED tomou medidas que evitar consequências desastrosas para a economia americana e global. Pode-se dizer que a Grécia, também com base em lições históricas, deva tomar medidas para conter a crise. Lição essa que pode ser retirada da América Latina dos anos 80, que passou por uma situação semelhante, principalmente no que diz respeito à origem do problema. Na época, países como Brasil, México, Argentina, entre outros, estavam com o mesmo problema, grande déficit orçamentário. Contudo há algo que a diferencia. País membro da União Européia, a Grécia tem um grande suporte, pois sua situação afeta todos. Por isso é de interesse não só do país, como também de todos outros países membros, o controle da situação. Outra coisa que a diferencia da America Latina dos anos 80 é a moeda. Os latinos na época, para criarem saldos positivos na balança comercial, desvalorizaram sua moeda e assim tornaram seus produtos mais competitivos no mercado internacional. A Grécia, contudo, não dispõem dessa ferramenta, pois o país faz parte da Zona do Euro, portanto resta a ela fazer os cortes nas contas públicas. Ambos os casos mostram que, em tempos de abundância, os déficits são deixados de lado e o crescimento econômico acaba ofuscando o problema, porém, quando a crise chega e o crescimento cessa, os déficits voltam à pauta

das reuniões. Dívidas soberanas como as citadas criam dependência em relação ao mercado externo, algo que deixa a economia vulnerável às oscilações de outros mercados. Portanto, quando buscam soluções, estas visam principalmente dar credibilidade aos credores internacionais que em função da crise acabam saindo do país, ou seja, medidas de austeridade econômica dão respaldo a investidores externos, para que esses voltem e assim tragam desenvolvimento econômico novamente. Contudo tais medidas são muito mais fáceis de serem feitas durantes períodos de estabilidade, pois nas crises ou tempos de vacas magras, o povo já em dificuldade não aceita medidas que diminuam o bem estar social, por isso os protestos tem sido constantes. Não se espera da Grécia um crescimento econômico no curto prazo, mas como ocorreu no Brasil, espera-se uma retração no curto período para então o crescimento econômico voltar. No Brasil a década de 80 ficou conhecida como a “década perdida”, mas espera-se que não ocorra o mesmo na Grécia, pois uma década para um membro da União européia pode ser demais.

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Internacional |

Acelerando pra cima dos rivais Como as empresas coreanas, como Hyundai e Kia, ocupam e dominam seus respectivos mercados

POR LUCAS MUSSI

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Hyundai i30cw: derivado do hatch i30 espera alcançar mesmo número de vendas do seu “irmão menor”

á uma década, se alguém dissesse que estava pensando em comprar um carro coreano, você o chamaria de louco ou maluco. Década que logo passou para Hyundai e Kia. Hoje, a Hyundai é a montadora que mais cresce no mundo e a Kia está seguindo acintosamente os passos da sua compatriota. No primeiro trimestre de 2010, a Hyundai atingiu incríveis 178%(1) de crescimento em relação ao mesmo período do ano passado, enquanto a Kia registrou expansão de 46,9%(2) no mercado mundial. Para efeito de comparação, no mesmo período, a GM foi a única entre as ‘‘tradicionais’’ montadoras a apresentar crescimento - meros 7,3%(1). Ford, Fiat e Volkswagen ficaram no vermelho, com quedas de 5,4%(1), 6,6%(1) e 17,3%(1), respectivamente. A Hyundai está em sétimo lugar no ranking das montadoras no mercado brasileiro em 2010, passando por cima de gigantes como a Toyota e a Peugeot, visando ultrapassar a Honda e a Renault. A Kia aparece em 11º, a frente da Nissan e da Mitsubishi. Para alcançar esse patamar de sucesso as duas montadoras apostam na relação custo – beneficio de seus veículos. ‘‘Nos últimos anos, a Hyundai tem quebrado paradigmas, aumentando os programas de garantia, reforçando sua rede de concessionárias e lançando produtos de qualidade com preços atrativos’’ , explica Corrado Capellano, da consultoria Creating Value(3). Essa combinação entre preço e qualidade deu aos veículos da Hyundai a liderança em segmentos importantes. Uma das principais estrelas da Hyundai, o hatch i30 já atingiu a marca de 500.000 unidades vendidas no mundo(4). A soberania da Hyundai em alguns segmentos não é boa somente para os coreanos, pois gera uma saudável concorrência entre montadoras, que são obrigadas a aprimorar seus modelos

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ou diminuir seus preços para que não fiquem para trás na corrida pelo mercado consumidor. No final é o consumidor que sai ganhando com essa disputa. Como no mercado automobilístico, empresas coreanas no ramo de eletrônicos como a LG e a Samsung também estão apresentando desempenho espetacular no setor, fruto do tripé: preço, qualidade e investimento constante na marca. Prova de tal investimento está na produção de aparelhos de TV LED, tecnologia que permite a produção de televisores mais finos e com maior qualidade de cor. A LG ficou com o monopólio mundial durante um ano nessa categoria. As concorrentes só estão entrando no segmento agora. A LG também foi pioneira no Brasil na produção de TVs de plasma há 5 anos, o que reduziu seu custo pela metade. Além de estarem no topo de vendas de aparelhos de TV LCD, LED e Plasma, a Samsung e a LG possuem grande fatia do mercado de telefones celulares, ocupando o segundo e terceiro lugar na produção mundial, respectivamente.

Para 2010, a LG pretende iniciar a fabricação no Brasil de uma linha de eletrodomésticos, abrir uma fabrica destinada a produção de notebooks em Campinas e investir US$1,3 bilhão(5) em sua operação mundial para aumentar a produção de aparelhos de TV, entre outros investimentos. Igualmente, a Samsung tem planos de investir, na próxima década, nos diversos países que atua o total de €16 bilhões(6)


MOMENTO em tecnologia ecológica e saúde, além de €5,9 bilhões(6) em tecnologia LED, mostrando que investir e inovar são palavras bem conhecidas no vocabulário coreano. A fórmula para o sucesso coreano parece simples, mas não o é. A expansão das empresas coreanas está fortemente associada ao crescimento da Coréia do Sul nos últimos 50 anos, o chamado ‘‘milagre coreano’’. Em 1961, ainda recuperando-se da guerra entre as duas Coréias, o PIB per capita sul-coreano era de somente US$ 60, índice comparável ao de alguns dos países mais pobres do mundo

Samsung, Kia, Hyundai e LG: expansão fortemente associada ao crescimento da Coréia do Sul na época. Porém, após o golpe militar de 1961 que levou o general Park Chung-hee ao comando, tudo mudou. Nos anos 1960, Park Chung-hee cortou drasticamente as importações, incentivou as exportações e o desenvolvimento de indústrias leves. A exportação de produtos de manufaturados passou de apenas 15% do valor total nos anos 1960 para 80% nos ano 1970. ‘‘Ao mesmo tempo, o governo começou a investir maciçamente em educação. Foram criados institutos de ensino voltados para a tecnologia que começaram a desenvolver produtos de ponta. Isso deu uma enorme produtividade à nossa economia nos anos seguintes’’, afirma o economista Jin Park, do Instituto Coreano de Economia(7). Outra medida implementada pelo governo sul-coreano foi apostar em empresas como Hyundai, Kia , LG e Samsung, facilitando o crédito, subsidiando determinados setores, incentivando a geração de emprego, mas sempre estabelecendo metas de crescimento para tais empresas –algo muito comum na filosofia empresarial coreana- como condição para elas continuarem a receber esses benefícios. Na década de 1970, o governo investiu em indústrias pesadas e químicas, o que fez o país entrar num ciclo de desenvolvimento constante nas décadas seguintes. A crise financeira asiática de 1997 interrompeu esse processo, mas logo em 1999 a economia coreana rebateu a crise e registrou crescimento de 9,5%.

ASIÁTICO INFLUENTE Park Chung-Hee, o pai do milagre coreano A conseqüência direta desta mudança pode ser percebida nos dias de hoje. Atualmente, o PIB per capita sul-coreano é quase US$ 28.000 e o índice de desemprego beira o pleno emprego, com 4,1%. O país agora colhe os frutos de suas políticas econômicas com o domínio do setor mundial de semicondutores e superando o Japão em tecnologia. Realmente, crescer é algo que já se tornou comum para a Coréia do Sul.

(1) - http://www.comprecar.com.br/noticias/-hyundai-cresceu-178-notrimestre/1145 (2) - http://www.mundotuerca.com.pe/index.php?option=com_ content&view=article&id=155 (3) - http://www.istoedinheiro.com.br/noticias/3540_ A+FORCA+DA+HYUNDAI (4) - http://www.noticiasautomotivas.com.br/hyundai-i30-alcanca-500-000unidades-vendidas-no-mundo-todo/ (5) - http://www.gamevicio.com.br/i/noticias/40/40622-lg-investira-us-1-3bilhao-em producao/index.html (6) - http://economia.ig.com.br/samsung+vai+investir+16+bi+de+euros+em+t ecnologia+ecologica+e+de+saude/n1237616066524.html (7) - http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL62524-5602,00.html

ASIÁTICO INFLUENCIADO Chung Mong-Koo, CEO do grupo Hyundai. Continua o trabalho na empresa que o pai fundou em 1947

Texto utilizado para fins didáticos. Projeto Revista Momento | Ibmec-DF 20/05/2010

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Meio ambiente |

Délhi,

quando o governo falha em suas obrigações .

Como a má distribuição de água criou um mercado paralelo na cidade

A

escassez da água doce no mundo que se agrava com o crescimento demográfico e conseqüente crescimento da poluição e uso desordenado dos recursos naturais(1), fazem da água um bem cada vez mais valioso, principalmente em regiões metropolitanas com grande densidade demográfica. Essa situação não é diferente na região metropolitana de Délhi, onde não só o abastecimento, como a qualidade da água e a distribuição compõem um problema de difícil solução. Délhi, segunda maior cidade da Índia e uma das mais populosas do mundo têm cerca de 14 milhões de habitantes. A cidade, que é abastecida principalmente pelo Rio Yamuna e águas provenientes do subsolo, possui um problema relevante quanto a distribuição de água. Hoje 75% da população têm acesso a água encanada e 25% não. Essa lacuna representada pelos 25% é constituída principalmente pelas regiões pobres da cidade. Esse fator criou as condições necessárias para um mercado paralelo que tenta preencher a lacuna deixada pela oferta insuficiente de água aos moradores de Délhi. A região de Sangam Vihar, situada ao sul da cidade, é um exemplo de comunidade de baixa renda, onde quase todos os moradores pegam água de poços d’água ou caminhões tanque privados, algo não permitido, mas criado pela necessidade de se ter água, um bem essencial para a vida. Segundo a ONG Drift, Chandrawati, morador da

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POR DANIEL CONINGHAM região de Sangam Vihar pega água de um poço do governo por 100 Rupees por mês, algo só disponível nos últimos nove meses. Antes disso, o mesmo costumava pegar água de um poço particular ao preço de 500 Rupees. Fruto das políticas adotadas pelo governo que cobra menos para os pobres, a companhia de água (Delhi Jal Board) não tem recursos para estender a rede de distribuição às favelas, cujos moradores como citado acima acabam pagando mais caro a particulares. Segundo estudos o custo da produção é maior do que a companhia recebe pelo consumo(2). Outro malefício desse subsidio é que como o sistema de medição de consumo é precário na Índia o desperdício é grande. Portanto uma das soluções seria um sistema de medição eficaz, que possibilitaria uma cobrança baseada no consumo, contudo mantendo-se o preço inferior às pessoas de baixa renda. Estas medidas ajudariam as pessoas a ter acesso à água. Outro problema que preocupa Délhi e a região norte da Índia é o esgotamento da reservas de água no subsolo. Segundo um estudo, encabeçado por Matthew Rodell, do Centro de Voo Espacial Goddard, da Nasa, as reservas de água no subsolo de uma fração da Índia que vai de Nova Délhi até os cinturões agrícolas intensamente cultivados caiu a uma taxa de 4 centímetros ao ano entre agosto de 2002 e outubro de 2008. Irrigação excessiva e a sede de milhões de pessoas são uns dos motivos para que as reser-


MOMENTO sistema traria grandes benefícios, pois recursos que antes vas de água do norte da Índia caiam dramaticamente, ou as pessoas de baixa renda utilizavam para compra de água seja, o consumo está sendo maior que a reposição das águas poderão ser usados em outras atividades, alem disso caso do subsolo. Esse subsídio fornecido pelo governo pode ser tenham água encanada em casa, moradores não terão mais claramente visto comparando-se o preço do m3 em Delhi e que gastar parte representativa do dia no manuseio da capno Rio de Janeiro reservas do subsolo. Segundo o estudo a tação de recursos hídricos, tempo esse que pode ser usado perda das reservas de água ocorreu em anos onde não houve num processo produtivo. Deve-se, considerar, também, o falta de chuvas para causar um declínio natural. reflexo na saúde das pes As reservas soas e economia para no do subsolo represensistema de saúde, haja tam uma grande fonte vista que água encanada é de água na Índia, segágua tratada. undo a ONU, a Índia O que acontece é o maior consumidor em Délhi deve ser visto mundial de águas subcomo um alerta as demais terrâneas, onde mais regiões metropolitanas de 60% de sua área de países em desenvolviirrigada vem de poços mento, para que, o quanto subterrâneos. Porantes, adotem medidas tanto Délhi tem dois que visem garantir o acesproblemas a serem so à água tratada a toda resolvidos: primeiro a a população, bem como distribuição igualitária a preservação de seus de água e segundo o manejo de suas águas Moradores de uma favela em Délhi pegam água em um caminhão pipa, a situação tem mananciais. subterrâneas, para que se tornado comum na região. no futuro o problema não venha a ser um fator econômico desastroso. A possível escassez da água bem como sua má dis(1) - http://www.unitau.br/servicos/nupes/trabalhos-academicos/analise-datribuição, podem trazer graves conseqüências para a econoescassez-de-agua-potavel-no-contexto-economico-brasileiro> mia. Primeiro porque a região norte da Índia é conhecida (2) - http://old.cseindia.org/aagc/agenda09/faulty_water.pdf> como o celeiro do país, algo que só é possível devido ao Texto utilizado para fins didáticos. Projeto Revista Momento | Ibmec-DF fornecimento de água proveniente dos subsolos da região, 20/05/2010 portanto uma possível escassez no futuro causaria um grande êxodo rural na região, alem de destruir a economia local. No que diz a respeito à distribuição, a melhora no

A falta de água no hotel acaba sendo suprida por um caminhão particular. 19


Meio ambiente |

O Desafio da Coexistência

Será possível o Meio Ambiente e a Economia equilibrarem-se?

O

equilíbrio de mercado – é isso que todos os economistas com base Keynesiana buscam encontrar. Como mecanismos para alcançar esse objetivo eles utilizam políticas fiscais, monetárias e tributárias. Do outro lado temos os ambientalistas, que cortam gastos como o de consumo e de energia buscando assim balancear os fatores de produção por finitos recursos, afim de alcançar o equilíbrio ambiental. Portanto, ambos buscam encontrar a harmonia entre os recursos que existem no mundo evitando a sua escassez. Inevitavelmente o meio ambiente e a economia estão incrustadas em nossas vidas. Com o mundo predominantemente capitalista, é impossível o indivíduo não se ver inserido nesse sistema, sendo cada vez mais acoplado ao regime. A natureza tem nos mostrado que não deixa passar em branco todas as agressões que vem sofrendo desde antes da Revolução Industrial, que foi um evento divisor da história quanto ao aumento de produção industrial, incentivo ao consumo e utilização de materiais. O fenômeno que afeta o clima mundial está instável, a exemplo de que na Europa o inverno alcançou temperaturas baixíssimas e no Brasil houve grandes índices de de chuva por área, resultando em catástrofes que trouxeram milhares de mortes. Assim, cada vez fica mais claro como desastres naturais afetam a economia dos países. Tomemos o que ocorreu no Haiti como exemplo do como o meio ambiente e a economia se entrelaçam. O terremoto que abalou a nação foi de 7 pontos na escala Richter, sendo o abalo sísmico o equivalente à energia liberada numa explosão de 30 bombas atômicas(1). O terceiro maior terremoto da história com 9,1 pontos na escala Richter, que ocorreu em 2004 na Costa do Sumatra, na Indonésia, teve

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POR LOUIZE FRANÇA um número total de mortos equivalente a 160 mil(2). No Haiti, o desastre foi amplamente maior, mesmo com um abalo sísmico menor. Foram registradas de 210 a 230 mil mortes, além de 3 milhões de pessoas terem tido suas vidas afetadas drasticamente(3). O desastre foi maior porque o Haiti já era um país de condições econômicas precárias, além de possuir construções precárias. Conceitos como “desenvolvimento sustentável” e “economizar para não faltar no futuro” vem sendo incrementados no cotidiano de pessoas comuns, bem como no meio empresarial. Organismos internacionais, a exemplo da ONU e o Banco Mundial, e Organismos não governamentais (ONGs), vem lutando para incrementar a atuação dos

Conceitos como “desenvolvimento sustentável” e “economizar para não faltar no futuro” vem sendo incrementados no cotidiano de pessoas comuns


MOMENTO estados buscando enrijecer as leis ambientais. A Conferência sobre o Meio Ambiente, em Estocolmo, no ano de 1972 foi o primeiro ato da ONU nessa área. Uma das grandes polêmicas geradas na Conferência de Estocolmo foi o relato do trabalho do grupo de cientistas, economistas e funcionários governamentais, que juntos formavam o Clube de Roma. Considerados neomalthusianos, proferiram que os recursos naturais da terra eram escassos e que uma das soluções drásticas para evitar o colapso seria retardar o nível de desenvolvimento das nações emergentes. Países desenvolvidos não iriam querer abrir mão do seu próprio desenvolvimento. É evidente que a economia e o meio ambiente devem caminhar juntos no sentido de diminuir as desigualdades das nações, e não desestruturar o que já está concebido. A solução, que na Conferência de Estocolmo não estava perceptível, veio mais tarde quando o conceito de desenvolvimento sustentável surgiu. Este termo foi utilizado em 1973 por Maurice Strong para definir o sistema de agricultura utilizado por países em desenvolvimento que, em detrimento do que tinham, utilizava-o de maneira dosada pois não sabia até quando o teriam. Mais tarde, na década de 80, o economista Ignacy Sachs desenvolveu este termo que passou a ser utilizado como meta por todos os países participantes do Rio 92, evento onde este termo foi introduzido aos demais, junto com a criação da Agenda 21. Uma das soluções que mais tem cara de mercado econômico é a compra de créditos de carbono. Foi durante a Conferência de Kyoto, Japão, em 1997, que temas relacionados ao Efeito Estufa caminharam para um solução mais concreta. Nesta conferência foi assinado um acordo entre os países os quais se comprometiam a reduzir as emissões de gás estufa em relação aos níveis de 1991 (sendo a porcentagem de redução específica para cada país). O sistema de crédito de carbono foi um mecanismo incorporado neste documento, que entrou em vigor em 2005, mas que ainda

Conscientização = Atuação Muitos acordos internacionais quanto ao desenvolvimento sustentável foram feitos, mas depende da conscientização de cada um para tornar possível essa realidade para o nosso mundo. Pensando nisso, dê uma lida na Agenda 21 no site: http://ambientes.ambientebrasil.com.br/ gestao/agenda_21/agenda_21_brasileira.html

está sendo firmado, sendo seu prazo máximo o ano de 2012. O sistema de crédito de carbono funciona da seguinte maneira: uma empresa de determinada nação precisa fazer um projeto para redução de emissões de carbono e este deve ser aprovado pelos intrumentos determinados nos Projetos de Atuação Conjunta a Negociação de Emissões e o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL). Assim, a cada tonelada não produzida a empresa ganha um crédito que pode ser negociado na bolsa de valores. Mas esse sistema está sendo mais utilizado por países que não são os que necessariamente precisam diminuir a quantidade de emissões. Desta maneira eles criaram um mercado voluntário que tem movimentado “705 milhões de dólares ao ano, por um preço médio de 7,34 dólares por crédito de carbono” segundo um relatório divulgado por duas organizações americanas do setor de mercado ambiental, Ecosystem Marketplace e New Carbon Finance. O Brasil é um país que promete crescer ainda mais na área do mercado voluntário e já gera US$ 460 milhões(3) como ofertador de crédito de carbono, mas a falta de credibilidade deste tipo de comércio ainda deixa os investidores inseguros, e um dos fatores que colaboram é a falta de informações detalhadas sobre o funiconamento. Uma das ações que devem ser tomadas pelos signatários do Protocolo de Kyoto é a criação de uma Autoridade Nacional Designada (AND) visto isso o governo brasileiro criou a Comissão Interministerial de Mudança do Clima. Atualmente na economia já é notório o quanto as empresas e marcas que respeitam o meio ambiente e buscam estimular um crescimento sustentável, vão ganhando mais credibilidade. A tendência é que cada vez mais a economia sirva de mecanismo para que medidas ambientais sejam efetivadas. No começo, onde uma esbarrava no desenvolvimento da outra, agora podemos ver que no futuro a economia irá reger o crescimento sustentável.

(1) - Jornal de Notícias de Portugal e do Mundo 25/05/2010 http://www.ionline.pt/conteudo/41846-60-segundos-com-impacto-30-bombasatomicas (2) - Revista FIEC 31/05/2010 http://www.fiec.org.br/portalv2/sites/revista/ home.php?st=interna2&conteudo_id=34814 (3) - Terra – Economia 31/05/2010 http://economia.terra.com.br/noticias/noticias.aspx?idNoticia=201004081744_ RTR_1270748399nN820239&idtel= Texto utilizado para fins didáticos. Projeto Revista Momento | Ibmec-DF 20/05/2010

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Esporte |

Como a Copa do Mundo de Futebol afeta a economia de seu País-sede Entenda o motivo de algumas pessoas não terem comemorado o fato do Brasil sediar o Mundial em 2014. POR JULIA GIMENES

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opa do Mundo, sinônimo de festa, alegria e patriotismo. Todas essas palavras e muitas outras vêm à cabeça dos brasileiros quando se fala no evento mais esperado, não só por países com tradição como Brasil, Inglaterra, Itália, Argentina, mas também por nações que esperam ver sua seleção brilhar diante do Mundo. Mas até que ponto um evento do tamanho da Copa é favorável à economia de seu país-sede? Poucos sabem da verdadeira face de um acontecimento como esse. Muitos, acham que é só alegria, que a Copa traz altos lucros para os cofres públicos, mas nem tudo é tão perfeito quanto parece.“Eventos esportivos, como a Copa do Mundo, podem ser vistos como um desastre para as contas dos países-sede”. Diz o professor de economia dos esporte da Universidade de Chicago, Allen Sanderson. De acordo com ele, os investimentos geram taxas de retorno menores do que a quantia que foi investida para a realização do evento, pois os lucros não chegam perto dos valores gastos por exemplo com reformas, melhoria nas estradas e aeroportos ou melhoria na infra-estrutura. Essa história poderia ser evitada, se os países fizessem uma análise melhor das obras visto que, gastam excessivamente com projetos de altos valores e que possuem um valor incerto a longo prazo, por exemplo: a construção de estádios com uma capacidade muito alta em cidades que não costumam receber jogos desse porte. Muitos justificam a realização dos jogos afirmando que melhorias nas áreas de infra-estrutura e segurança serão feitas, contudo esse não deveria ser o único pensamento. Não deveríamos ter que esperar a Copa do Mundo, ou Jogos Olímpicos para termos as mudanças que todos merecem. Sanderson afirma ainda que não se deve apontar eventos esportivos como um fator impulsionador de crescimento, porém, um lado positivo desses jogos, é a publlicidade gerada para o país, entretanto deve-se observar atentamente esse aspecto pois, se mal feita, essa publicidade pode ser devastadora. Ainda assim, muitos pesquisadores apontam as Olímpiadas de 92, em Barcelona, e 2008, em Pequim, como casos onde um eventos esportivo beneficiou a economia do país. Sanderson admite que as melhorias em Barcelona foram muito importantes, mas estavam muito mais ligadas ao fato da Espanha ter entrado recentemente no Mercado Comum Europeu, do que com os jogos.

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MOMENTO

ALEMANHA 2006 Foi um exemplo claro de que não é completamente certo considerar a Copa do Mundo um evento com fins lucrativos, onde o Mundial não surtiu nenhum efeito positivo em sua economia. A Economia Alemã só começou a se recuperar no segundo semestre de 2006 , devido ao aumento do Imposto sobre o valor agregado. Os economistas Karl Brenke e Gert Wagner, afirmam, em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo, que as expectativas econômicas em relação ao Mundial eram extremamente exageradas. De acordo com eles: “ A Copa é um evento simplesmente pequeno demais para influenciar o crescimento econômico.” Os investimentos que foram realizados nos anos de preparacão para o Mundial de 2006, entre 2002 e 2005, corresponderam a uma fatia de 0,2% a 0,7% do Produto Interno Bruto alemão. Os grandes lucradores do evento foram a FIFA e a Confederação Alemã de Futebol, que lucraram 187 milhões de euros e 21 milhões de euros respectivamente. Na área do turismo, a Alemanha recebeu mais turistas durante o mês do evento do que em anos anteriores, mas o número ficou aquém do esperado, além do que, os turistas que visitaram o país gastaram muito menos do que a expectativa.

Uma outra questão crítica, é a segurança, onde deve-se investir pesadamente, pois o aumento no fluxo de turistas pode ser considerado um fator extremamente importante para a contribuicão do aumento de crimes. A Áfrico do Sul, que assim como o Brasil, também enfrenta altos índices de criminalidade (40 assassinatos por 100.000 habitantes, contra 27 no brasil e 5 na média Mundial), começou cedo sua reforma para a Copa de 2010. O país aumentou em 600% os gastos com segurança, além de ter aumentado também, seu contigente pessoal. No Brasil, boa parte da verba para a realização do mundial, virá dos cofres da CBF, beneficiária dos patrocínios da seleção brasileira. Já os gastos com infraestrutura das cidades como: contrução de estádios, estradas, aeroportos, serão de responsabilidade do estado, isto é, serão bancadas com dinheiro público. Calcula-se que a Copa de 2014 consumirá 5 bilhões de doláres. Contudo, as estimativas finais, quando anunciadas, devem ser maiores, como em 2007 nos Jogos Pan-Americanos, onde os gastos foram inicialmente orçados em 500 milhões de reais e estima-se que tenham sido consumidos 4 bilhões de reais. Poucos países foram capazes de fazer como os Estados Unidos, que organizaram uma Copa do Mundo (1994) e duas Olimpíadas (1984 e 1996) sem ajuda do setor público. Na Alemanha a ajuda representou um terço dos 2 bilhões de doláres gastos em contrução de estádios. Todo país que for sediar algum evento esportivo, principalmente um evento do porte de uma Copa do Mundo, deve ter bastante cautela ao avaliar a viabilidade deste, pois os argumentos a favor dos gastos públicos podem parecer convincentes, como por exemplo: “O evento irá gerar empregos, aumentará o fluxo de turistas, garantirá investimentos de peso no país”, segundo o senso comum. Ao analisarmos os dados econômicos dos últimos mundiais, verificamos que as informações estão corretas, contudo, as estimativas sobre o número de turistas, a quantidade de empregos gerados, e os impactos sobre o PIB são, na maioria das vezes, muito exagerados. Os governos acabam subestimando as despesas e superestimando as receitas. Devemos ter a consciência, portanto, que a Copa do Mundo é um evento de grande importância, porém, não influencia completamente de forma positiva na economia do país. Não devemos esperar que o Mundial transforme o país subitamente, vamos aproveitar a festa e torcer pelo título.

“Não deveríamos ter que esperar a Copa do Mundo, ou Jogos Olímpicos para termos as mudanças que todos merecem”

BRASIL 2014 Com a confirmação do país como sede da Copa de 2014, deu-se início a uma corrida para adaptar e construir estádios, começar a preparação das cidades que vão sediar os jogos para uma complexa operação logística que inclui: receber trinta e duas delegações e suas comitivas durante um mês, criar estruturas para sessenta e quatro partidas que terão transmissão Mundial. Há uma expectativa de receber 500.000 turistas, o que corresponde a 10% do que o país recebe durante o ano. O país terá ainda que abrigar 15.000 jornalistas, 15.000 voluntários para tarefas diversas, 300 funcionários e convidados da FIFA.

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Entretenimento |

MA crise O DA está na moda A

cada ano o mundo da moda revoluciona a economia de todos os países, com novas tendências. Ao longo das estações, tecidos, roupas, sapatos, bolsas, lenços, são criados e transformados cada vez mais em bens desejados por todos os tipos de cidadãos. Milhões são gastos na tentativa de inovar a todo instante, e com isso a moda tende a ser muito dinâmica e a cada leva de criações mais pessoas se apaixonam por ela e lhe aspiram com uma vontade absurda. Consumir torna-se a palavra de ordem; o que em excesso pode não ser bom para os consumidores, já para a economia é algo muito positivo. Apesar da moda movimentar muito dinheiro e estar sempre relacionada ao luxo e a gastos exarcebados, em 2008/2009 quando a crise mundial alcançou seu ápice, o viés de produção começou a ser modificado. Produtores passaram a ter que economizar em todos os segmentos possíveis dentro de uma empresa. Dados retirados de uma pesquisa do jornal Folha de São Paulo, mostram que ” Com a substituição de insumos importados e produções mais simples, fabricantes têm conseguido baixar custos em 15%, em média”. Em geral, o que as empresas têm feito para minimizar os impactos negativos provenientes das oscilações econômicas, é apenas o básico.

POR CAROLINA PIMENTA ...................................................................................... ...................................................................................... ...................................................................................... Outra medida utilizada, foi tentar pensar no que seria essencial na vida dos consumidores, como por exemplo a empresa fabricante de sapatos Arezzo, que estimulou seus funcionários a criarem produtos mais coringa, ou seja que possibilitam suas clientes a aumentarem seu leque de opções ao combinar suas peças. Investindo nessa nova forma de produção a qual não prioriza produtos exclusivos e ou muito sofisticados, as empresas passaram a lucrar de uma forma diferente, onde o foco é a continuidade das vendas e não mais a alta lucratividade proporcionada pelas vendas de bens com maior valor agregado. Na Austrália, o glamour e o brilho de um dos eventos de moda internacional mais esperados, o Fashion Week, deixou de fora o renomado estilista, Akira Isogawa, que por falta de recursos não pode ver sua coleção ser exibida. Hoje, já é possível notar as mudanças provenientes das medidas utilizadas no combate à crise, onde se observa que em alguns países o patamar de crescimento tem alcançado os níveis do pré-crise. O consumo tende naturalmente a crescer, porém sabe-se que este será visto pelas pessoas de forma diferente. Com essa experiência, elas passaram a pensar se o que estão comprando é realmente necessário ou apenas supérfluo.

“Com a substituição de insumos importados e produções mais simples, fabricantes têm conseguido baixar custos em 15%, em média”

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POR FILIPE VASCONCELOS

Estamos, meu bem, por um triz...

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ssa é a expressão que de fato reflete a indústria musical brasileira. Com globalização dos meios áudios-visuais, surgimento da indústria de música digital, mudança da cultura dos ouvintes, advento de tecnologias capazes de armazenar milhares de arquivos em formato mp3, enfim, o mercado musical não é mais o mesmo. Em um ano, no Brasil, houve uma queda de 17% nas vendas de CD´s e DVD´s. Em 1997, movimentava-se uma quantia de US$1,2 bilhões e 100 milhões de unidades vendidas, dez anos depois houve uma redução de 550%. Hoje, baixamos álbuns inteiros em menos de 10 minutos e shows ao vivo em 30. A demanda por esses bens cai, o preço sobe, e a demanda cai ainda mais. Foi-se o tempo em que vinis eram colecionados pelos amantes de música. Shows? Ou era ao vivo ou gravado em VHS. Cada cópia que se fazia era de péssima qualidade e cada um queria a sua “fita” original. Não é de se estranhar que mitos como Raul Seixas, Elis Regina, Tom Jobim, Cartola e tantos outros não apareçam mais. Isso sem falar nos gringos Michael Jackson, Frank Sinatra, U2 e outros. Agora o mercado é negócio. Parece redundante, mas as bandas de hoje em dia

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MOMENTO

O FIM DE UMA ERA

O FIM DE UMA VIDA

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fazem músicas para vender. A profissão não é mais artista, agora é cantor. É assustador como essa difusão dos meios de comunicação vem acabando com o próprio mercado. Virou pirataria. Empresas de telefonia e na web apresentam um crescimento de lucro em 10 anos de 127% e 1.619%, respectivamente com envio de música aos ouvintes. A música digital cresce 8% ao ano. Os poucos artistas novos e os antigos se rendem à nova era e reduzem seu preço de custo para poderem entrar ou continuar no mercado. A esperança ínfima está nos velhos fãs, que lutam pra que sua prole não caia no jogo da mídia que os impõe ditatorialmente o gosto musical. Mas também não há por menos. O novo mundo está aí nos convidando pra se divertir e diante do que temos pra ouvir e pela necessidade da diversão, nós acenamos a ele. Vamos escutar Strike! E triste engolimos nosso rancor e inteligência, pro dia nascer feliz.

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Dicas |

LIVRO

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onceitos básicos de economia para leigos. Foi com essa idéia em mente que Carlos Gonçalves e Mauro Rodrigues escreveram esse livro, que relaciona desde Harry Potter e o preço da passagem de avião, à marcas de cerveja e número de candidatos. Os dois autores,que lecionam economia na USP, ensinam ao leitor comum a ver o mundo sob o raciocínio de um economista,fazendo-o aprender sobre o assunto e divertindo-o ao mesmo tempo. As 248 páginas são divididas em curtos textos, sempre bem humorados, que podem ser lidos em qualquer

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SOB A LUPA DO ECONOMISTA, de Carlos Eduardo Gonçalves e Mauro Rodrigues; Campus; 248 páginas; 59,90 reais.

ordem. Também vale a pena conferir a coluna de ambos na globo.com / revista época, que trata de assuntos pertinentes ao livro: (http://colunas.epoca. globo.com/sobalupadoeconomista/).


MOMENTO

FILME

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ara as pessoas que pensam que estão em uma situação difícil e desesperadora, a história de Chris Gardner os fará repensar seus modos de solucionar problemas e de viver a vida. Chris Gardner teve uma vida difícil, mas nunca se deixou abater, sempre seguindo em frente com seus sonhos e ambições. Criou praticamente só seu esperto filho que sempre o fazia perguntas inusitadas, fazendoo pensar em como a vida era e como ele precisaria agir para vivê-la como um vencedor. Após muita luta e determinação passou de pai sem teto a dono de sua própria empresa, a Gardner Rich & Company. Sua História está contada no Best-Seller

À PROCURA DA FELICIDADE, lançado no Brasil no dia 2 de Fevereiro de 2007; 117 minutos de duração; Comlumbia Pictures.

“Em Busca da Felicidade” e no filme de mesma titulação protagonizado pelo exímio ator Will Smith. Desfrutar desta estimulante história é uma ótima maneira de passar um final de semana depois de uma semana difícil e se preparar para começar uma outra espetacular e com muito ânimo e motivação.

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Crônica |

DesafiossofiaseD Dizem muito sobre quem você é POR LOUIZE FRANÇA

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ada é impossível para aqueles que têm coragem de se arriscar, se jogar em direção ao desconhecido e não temem a falha. A vida é construída a partir de desafios. Como seria o mundo se o homem nunca tivesse sonhado em voar, arriscado e, por tentativa e erro, alcançado o que sempre quis? E se o homem nunca tivesse indagado quanto a sua existência na terra? Tem algumas perguntas na vida que não se obtém a resposta tão facilmente, mas mesmo assim as pessoas não deixam de fazê-las. Tentar respondê-las é um desafio e não desistir no primeiro obstáculo faz parte do processo. Na mitologia grega os semideuses tinham que encarar desafios para serem aceitos por seus pais, os todos poderosos. Hércules, por exemplo, teve o desafio de enfrentar 12 trabalhos. Um dos mais clássicos desafios foi o de Perceu que teve que lutar contra a medusa, sem poder enfrentá-la frontalmente. No fundo, a mitologia grega, além de servir como religião, também pode ser contextualizada. Algumas vezes temos que enfrentar desafios para sermos aceitos socialmente. Como aprender a conviver em uma sociedade. Não é fácil aprender a respeitar, dividir, não cobiçar ou destruir o que é dos outros. É um desafio cotidiano aprender a conviver com diversos tipos de personalidades, temperamentos, hábitos. Outros desafios são essenciais para crescer tanto como indivíduo, tanto como agente global. Aprender a separar as coisas, não misturar sentimentos e o que não está relacionado é essencial para o trabalho. Desafios como as metas mundiais para o desenvolvimento parecem estar muito longe de serem cumpridas, mas se cada um fizer a sua parte não será tão desafiador. Existe também o desafio de se escrever. Quantos escritores passaram horas a fio para encontrar inspiração? Poesias e livros relatam sobre o quanto é difícil passar a idéia sem ter falha na comunicação. É imenso o número de pessoas que tem dificuldade em escrever. Não é a toa que muitas universidades consideram eliminatória a prova em redação. Ser capaz de manipular o mundo do imaginário

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e transformá-lo em algo concreto, compartilhar um mundo que não é tangível, eis mais um desafio. Tempo, não adianta lutar contra ele porque você pode mudar, cortar o cabelo, comprar uma nova casa, mas o tempo não para, como o cantor Cazuza disse sabiamente. Não te espera. Hoje o tempo é medido para tudo. Dias da semana em que se estuda, horas para sair com os amigos, dar atenção para a família, brincas com seus animais. Você não pode se dar ao luxo de perder tempo, o mercado é acirrado, existem desafios para se vencer, e se não acompanhar o fluxo, será deixado para trás. O principal conceito do homem moderno é negar o ócio. Negócio, comércio, fluxo de dinheiro, tudo surgiu a partir do momento que o homem criou coragem de não ficar parado e atuar, quebrando barreiras. Tempo é dinheiro e este é tudo para aqueles que são céticos e não acreditam em outros valores que são de graça. Fazer uma revista também não é um desafio fácil de ser vencer. Digo por experiência própria. A ansiedade nos corroendo por ver que o tempo está esgotando. Preocupados em escrever artigos que não mostrem erros e que interessem um público diversificado. Acordar às 7 da manhã em pleno feriado para arrumar o grosso da revista, morrendo de sono e dor de cabeça. Convencer os patrocinadores de que a sua revista tem credibilidade, (por mais que na verdade você esteja tentando se convencer disso). Fazer uma revista é acreditar nela. Acreditar que você é capaz de escrever e montá-la. Correr atrás contra o tempo. Nessas horas amigos e conhecidos são os que te dão o maior apoio. São eles que irão virar a noite com você preparando o projeto. O desafio está lançado. Viver é um eterno desafio. A maneira como você lida, como os encara, mostram muito da sua personalidade. As pessoas têm maneiras muito diferentes de enfrentar os problemas. Aprenda a sua maneira, conviva bem com seus hábitos e acredite, todos nós temos desafios, o que nos diferencia é a capacidade de lidar com eles.


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