Albres e neves 2013 libras politica educacional

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Libras em estudo: política educacional

linguagem vivenciadas em seus contextos de vida” (GUARINELLO, et al., 2009, p. 2931). Desta forma, podemos indagar como eram veiculados os significados referentes à linguagem do sujeito surdo universitário? Como poderia acontecer o que Bakhtin (1992) propõe: o aprofundamento da introspecção, da atividade mental, cognitiva, se ela só é possível com a orientação social, ou seja, sem se separar da situação social onde ocorre? Para que este sujeito surdo se aproprie dos conteúdos em sala de aula, faz-se necessária uma conscientização dos professores sobre as especificidades linguísticas dos surdos, para que venham aprimorar e desenvolver conhecimentos. Lodi et al. (2002) afirmam que, para haver um letramento oportunizado para os alunos surdos, é importante que a língua de sinais seja considerada e desenvolvida como primeira língua e as práticas educacionais para um ensino de segunda língua precisam ser conhecidas, estudadas e aplicadas pelos educadores para o ensino do português escrito, isto ainda no ensino fundamental e médio: Centrar o ensino apenas no aspecto gramatical não basta para a formação de sujeitos letrados, pois o acesso à escrita só será pleno quando ela for tratada e concebida como prática social de linguagem, cultural, social, histórica e ideologicamente determinada (LODI, et al., 2002, p. 44).

Alguns alunos surdos chegam ao ES com dificuldades na leitura e interpretação de textos e com uma produção escrita que não atende à norma padrão da escrita em português, consequência de uma escolarização que não contemplou suas reais necessidades linguísticas, ou seja, apesar de ler e escrever, eles não alcançam um nível de desenvolvimento desejável de domínio da segunda língua, no nosso caso, do Português. Por não incorporarem satisfatoriamente a leitura e a escrita às suas práticas sociais, elas se apresentam defasadas, como explica Góes (1999): [...] a história escolar do aluno surdo tende a ser constituída por experiências bastante restritas, que configuram condições de produção de conhecimento pouco propícias ao domínio da língua portuguesa. Em geral, as aprendizagens são pobres e envolvem escasso uso efetivo da linguagem escrita (GÓES, 1999, p. 2).

Os principais problemas que surgem diante da inclusão de pessoas surdas no ES estão diante da não aceitação quanto à primeira língua, a Libras. Há desconhecimento sobre como lidar com as especificidades que contemplem as adaptações didáticas, mudanças curriculares, modificações estruturais ao qual deva ser exposto para apreender e aprimorar conteúdos. Não há informação docente quanto a todas as possíveis questões 147


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