Albres e neves 2013 libras politica educacional

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Libras em estudo: política educacional

ambiente educacional que a criança surda inicia a aquisição da língua de sinais. Nos primeiros anos de vida, a maioria das crianças surdas tem contato com pais e familiares que não dominam a língua de sinais e muitas vezes recebem aconselhamento inadequado de profissionais da área da saúde, por vezes “proibindo” o uso da língua de sinais com o argumento já cientificamente refutado (VALADÃO, 2012) de que, tal prática, traria prejuízos ao desenvolvimento da oralidade. Esta é uma das principais razões que dificultam o aprendizado da segunda língua. O processo inicial ao qual a criança deve ser submetida, então, é o processo de estimulação da aquisição da língua de sinais: é necessário, antes de prosseguir com a vida escolar da criança, que ela adquira a língua de sinais o quanto antes. Se isto ocorre nas séries iniciais da Educação Infantil (berçário, maternal), temos uma situação ótima, mas, infelizmente, o contato destas crianças surdas com a escola, ocorre, em geral, após o quarto ano de idade. Os estudos de Mayberry (1993), Cormier et al. (2012) e Lichtig e Barbosa (2012) mostram como a estimulação nesta faixa etária é emergente e como o atraso neste início de contato pode gerar prejuízo no desenvolvimento escolar da criança surda, podendo inclusive culminar com sinais de atraso cognitivo. Nesta idade, as crianças ouvintes já estão em um estágio avançado de aquisição de língua e são capazes de recontar histórias e formar frases completas em suas línguas orais. Aos quatro anos de idade, o processo de letramento já está sendo aplicado de forma inicial em muitas escolas e, em certos casos, algumas crianças já podem identificar letras, números e alguns nomes. Para a criança surda, além da defasagem na aquisição da língua, o processo de ensino da segunda língua se quebra, devido à falta de subsídios linguísticos na primeira língua. O impacto deste início inadequado perdura por anos até que exista o domínio da primeira língua para que a segunda possa ser processada e aprendida adequadamente. Os estudos citados anteriormente servem como base para essa premissa. Já que o conhecimento da primeira língua influencia o processamento da segunda, a falta da primeira não provê subsídio linguístico suficiente para a segunda. O domínio da língua de sinais é, portanto, condição para o aprendizado adequado da segunda língua. Mas não o é apenas para o surdo. O professor de segunda língua também deve ser fluente na língua de sinais para que a relação dialógica no

profissional especializado para que a aquisição da língua possa se aproximar da aquisição de crianças que iniciaram o contato com a língua antes dos três anos de idade (LICHTIG e BARBOSA, 2012).

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