9227 - Diario - Sexta-feira - 08.11.2019

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CADERNO LAZER

4 DIÁRIO DO VALE

SEXTA-FEIRA, 08 DE NOVEMBRO DE 2019

Uma turbulência no céu da Boeing Empresa enfrenta a segunda maior crise da sua história; novo avião teve seu certificado cassado Divulgação

Quem diria, a poderosa Boeing, a maior empresa aeroespacial do mundo, enfrenta uma grave crise. Há um ano a companhia navegava em um céu de brigadeiro. E queria até comprar a brasileira Embraer. Mas, isso foi antes de dois acidentes catastróficos com o novo Boeing 737 MAX, que mataram 346 pessoas. O novo avião teve seu certificado cassado pela Agência Federal de Aviação americana. E as empresas de aviação não querem saber dele. Os pátios da Boeing em Seattle estão cheios de 737 MAX, já decorados com as cores de companhias aéreas do mundo todo. E não se sabe o que vai acontecer com eles. O problema com o 737 MAX já foi identificado. O avião foi equipado com um sistema de controle por computador, o Sistema de Ampliação das Características de Manobra, que, teoricamente, deveria melhorar a performance da aeronave, compensando a nova disposição das turbinas. Agora se sabe que o programa não foi testado devidamente, e levou duas aeronaves, da Lion Air e da Ethiopian Airlines, a entrarem em um mergulho catastrófico. Depois do desastre com o avião da Lion Air, em outubro do ano passado, a Boeing e a FAA divulgaram um procedimento de recuperação que permitiria aos

Encalhados: Os 737 MAX no pátio da Boeing pilotos controlarem o avião surgiu no final da década se o problema aparecesse. de 1960 e foi um sucesso. Mas ele não serviu para Impulsionado por duas pesalvar o voo da Ethiopian quenas turbinas nas asas Airlines, que se espatifou ele era ideal para percurem março deste ano. Ao sos curtos e médios. Aqui todo foram construídos 387 no Brasil ele é usado na Boeings 737 MAX que ago- ponte aérea Rio-São Paulo, ra estão impedidos de voar. porque é capaz de operar O 737 é o avião comerci- na pista curta do aeroporto al mais vendido no mundo. Santos Dumont, no Rio de Em sua versão original ele Janeiro.

Mas, à medida que eram lançadas versões mais aperfeiçoadas, as turbinas do pequeno 737 não pararam de aumentar de tamanho. Na versão MAX elas ficaram tão grandes que tiveram sua posição alterada nas asas. Ficando mais na frente e mais próximo da fuselagem do que nos modelos anteriores.

Catastrófico Essa mudança na aerodinâmica levou a adoção do sistema computadorizado de controle, que acabou se revelando catastrófico. Curiosamente foi o sucesso do 737 que ajudou a salvar a Boeing da falência na década de 1970. Naquela época todos os especialistas afir-

mavam que o futuro da aviação estava nos transportes supersônicos. Os europeus criaram o Concorde e o governo americano resolveu financiar a construção de um avião supersônico ainda maior que o Concorde. A Boeing ganhou a concorrência com seu modelo 2707. Mas o desenho apresentou tantos problemas que o projeto acabou sendo cancelado pelo Congresso dos Estados Unidos em 1972. Sem o financiamento do governo a Boeing teve que abandonar o 2707 e quase foi à falência. Levando junto a cidade de Seatlle, em Washington, onde fica a sede da empresa. O supersônico 2707 ficou conhecido como “o avião que quase devorou Seattle”. A empresa sobreviveu graças ao sucesso comercial de dois aviões subsônicos: o 737 e o famoso Jumbo 747. A crise com o 737 MAX vai dar um prejuízo imenso para a gigante aeroespacial. Mas, ela deve sobreviver graças a seus negócios no setor espacial e militar. Atualmente a Boeing está terminando de testar sua espaçonave Starliner, que deve levar astronautas para a Estação Espacial Inter nacional no ano que vem. Este mês a Starliner concluiu com sucesso o teste dos seus para quedas e do sistema de escape na decolagem.

Da internet para as ruas, o novo vocabulário Reprodução

Quem nunca leu na internet, no Facebook, no Instagram e até no WattsApp a famosa expressão “TBT”? Ela é uma abreviação em inglês de “throwback thursday”. “Throwback” quer dizer regresso, e “thursday” tem o significado de quinta-feira. Portanto, “TBT” significa quintafeira do regresso ou, em tradução livre, quinta-feira da nostalgia. Nas redes sociais, vem normalmente acompanhada de hashtag. Fotos antigas, lembranças em geral, memórias de toda ordem costumam vir precedidas da expressão #TBT. Reza a lenda que tudo teve início em um blog norte-americano especializado em calçados, mais especificamente em tênis, o “Nice Kicks”, que costumava publicar fotos de tênis antigos sempre às quintas-feiras, em uma sessão específica de uma página chamada “Throwback Thursday”. Isso aconteceu em 2006, mas as hashtags só começaram a fazer parte da expressão a partir de 2011. Depois, essa lembrança deixou de ser publicada somente às quintas-feiras e tomou conta de todos os dias da semana; afinal, o brasileiro gosta de mostrar presença sempre que pode e não em apenas um dia da semana. Outra expressão que se

pulverizou nas redes sociais foi RIP (ou R.I.P), que quer dizer “requiescat in pace”, expressão em latim que significa “descanse em paz”. Em português, RIP tornou-se um termo usado para expressar morte, e, geralmente, é escrito em lápides, nos países de língua inglesa. Essa sigla acabou por se tornar ainda mais conhecida quando uma pessoa famosa morre, quando, então, é exaustivamente usada, sobretudo nas redes sociais, como uma espécie de adeus ou saudade. TBT e RIP são apenas duas expressões ditas diariamente no universo virtual, mas existem dezenas de outras que fazem parte do vocabulário daqueles que vivem teclando no ciberespaço, mesmo porque a internet é um espaço infinito e cheio de criatividade: há coisas realmente sérias e também zoações sem limites e inomináveis fakes news. Os neologismos que circulam pelas redes sociais geram graça, mas também causam muita dor de cabeça, principalmente nos famosos de plantão. Encontramos no dia a dia expressões como SQN, muito usada em frases recheadas de ironia, como “só que não”. Existe ainda a indefectível “miga” ou “migo”, uma espécie de

do, assim, um casal. “Stalkear”, em inglês, quer dizer perseguidor. É como se alguém estivesse espionando o que a outra faz, assim como olhar as fotos postadas ou mesmo checar as curtidas que a pessoa deu nas fotos. O que dizer de MNTC, nada mais nada menos que “mulher não tem coração”? E BFF, em inglês, “best friend forever”, seria, então, “melhor amigo para sempre”.

A lista é grande Memes: Internet é um espaço infinito e cheio de criatividade corruptela de “amiga” ou “amigo”. Temos o VLWS (ou FLWS), que quer dizer “Valeu”; ou o “Falou”, dito por quem agradece e se despede. E ainda o MDS, nada mais que “Meu Deus!”. Temos ainda o “Poser”, gíria usada para adjetivar a pessoa que gosta de se exibir, chamar atenção para si ou que mostra ser alguém que de fato não é. “Crush” é usada para mencionar aquela pessoa por quem se está interessado. Pode ser algo real ou mesmo uma ficção, ou seja, uma pessoa que nunca ficará frente a frente com o interessado. É como ter uma queda por alguém e nada mais. “Bae” é uma gíria abre-

viada de “before anyone else”, cuja tradução livre é “antes de mais ninguém”. “Throwing shade” é algo bem venenoso, mais exatamente como falar mal de outras pessoas. Uma espécie de fofoca ou deboche. O que dizer de “Yas”, que é oriunda de “Yes”, o sim em inglês? Na internet, “Yas” ganha um sentido engraçado e até eufórico. “Squad”, gíria que foi criada pela cantora Taylor Swift, pode ser traduzida como “um grupo de amigas”. “Shippar”, essa então já foi até tema de série de TV, famosa ao extremo, e surgiu da expressão “to ship”. Essa gíria é dita geralmente quando se torce para alguém ficar junto, forman-

Já em português as gírias também ganham corpo, como: “Ranço” a velha implicância com alguém, o desprezo ou até mesmo raiva. “Falsiane” é um nome estranho que patenteia as pessoas falsas nas redes sociais. E 10/10 é elogio à pessoa muito bonita, ou seja, uma nota 10 em dobro. “Lacrar”, quem não conhece essa gíria famosa dentro e fora da internet? É muito popular, sobretudo, entre as pessoas que fazem parte da comunidade LGBTQ+; ela quer dizer que a pessoa foi muito bem em alguma coisa. É um elogio levantando a moral e ao mesmo tempo aplaudindo quem “lacrou”. A lista ainda tem “divar”, palavra que deriva de “diva”, pessoa bela e poderosa, mesmo que de forma ficcional. Quando alguém

diz “divou”, quer dizer que agiu de modo sensacional. Dar “PT”, (nada a ver com política), é uma gíria que descreve aquele amigo que bebeu demais ou passou mal. Deu “perda total” e já não tem mais condição de nada. Fechando as gírias brasileiras, “flopar” significa falhar em uma determinada coisa, ou seja, não fazer o que pretendia. “Mitou” deriva da palavra “mito”, e descreve alguém que fez algo surpreendente. Por fim, o velho “trollar”. Essa gíria, que significa enganar, “tirar sarro” de alguém, caiu em uma pegadinha: no passado, tinha a ver com tripudiar de alguém, porém, para muitos, virou bullying. É originária da palavra “troll”, que descreve alguém que engana outra pessoa para poder humilhá-la. A internet nasceu e mantém sua linguagem muito própria, o que acabou por modificar o jeito de falar de muitas pessoas, sobretudo, dos jovens. O velho e primordial “Aurélio” que, para muitos, é o pai dos dicionários, já começa a se preparar para relacionar essas novas palavras e seus significados muitas vezes bizarros, é verdade -, mas que já estão pelas ruas sendo ditas e consumidas no dia a dia.


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