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Vila São José. Comunidade que surgiu de uma tragédia Há vinte e três anos, quando a cidade foi arrasada pelas chuvas na noite de 6 e madrugada de 7 de fevereiro, vinte e quatro horas depois já começou a ser formada a Vila São José. As primeiras pessoas vitimadas de barreiras, principalmente, da hoje vizinha comunidade de Oswaldo Cruz, no Valparaíso, já foram chegando e ocupando os seus espaços. Mas, embora ainda abaladas com as quedas de barreiras e perda de utensílios domésticos, além de vidas de parentes próximos, os já então moradores da Vila São José foram se organizando. A ocupação foi negociada com as autoridades municipais que, na ocasião, deu total apoio às lideranças locais através do próprio prefeito Paulo Rattes. Primeiramente barracos e depois casas de alvenaria foram sendo levantadas no dia 9 de fevereiro de 1988, três dias depois da tragédia. A extinta Companhia de Eletricidade do Rio de Janeiro – CERJ – instalou a rede

56 anos

DIÁRIO DE PETRÓPOLIS

domingo, 31 de julho de 2011

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SERVIÇO r ÔNIBUS

A linha 119 da Viação Esperança serve a Vila São José com o primeiro horário saindo da Rodoviária Imperatriz Leopoldina às 5h40 e o último às 23h40. O itinerário da comunidade é feito de segunda feira a sábado e os moradores reclamam que a localidade não é servida aos domingos e feriados, quando muitas pessoas necessitam de coletivo.

r CAPELA

Existe um espaço que desde a ocupação da Vila São José, há 23 anos, foi reservado a construção de uma capela. Entretanto o lugar ainda está vago e os católicos têm como igreja mais próxima a Matriz do Sagrado Coração de Jesus, na Rua Montecaseros. As missas lá são celebradas diariamente às 7h30 e às 18h. A secretaria funciona de terça-feira a sábado de 9h às 18h.

r COMÉRCIO

Apesar de contar com um grande número de famílias a localidade conta apenas com o comércio do Jorge Luiz, na Rua Principal. No local são encontrados produtos de rápido preparo como ovos e linguiça, além, é claro, de bebidas diversas. Os moradores informam que as compras em geral são feitas no Supermercado Celma, da Rua Bingen.

r SAÚDE

Moradores da localidade reivindicam as autoridades a instalação de um Posto de Saúde. Segundo informam, são obtidas como respostas a existência do Pronto Socorro Municipal bem próximo da comunidade que, em contrapartida, alega o PSM ter apenas o atendimento de emergência, não fazendo o acompanhamento de pessoas necessitadas.

r TÁXI

Até hoje as construções e puxadinhos aumentam na Vila

elétrica em 5 de dezembro do mesmo ano da ocupação, porém, os moradores ainda tinham que carregar água e até hoje são agradecidos à Serraria São José, que muito contribuiu no abastecimento.

A comunidade hoje tem mais de duzentas famílias abrigadas com os famosos puxadinhos nas casas. As lideranças comunitárias locais informam que desde 1988 cada prefeito eleito

Os atendimentos de táxi aos usuários locais são recorridos ao Ponto de Táxi da Rua Paulino Afonso, em frente ao Hospital Santa Teresa. Nele são seis carros estão à disposição dos passageiros e funciona 24 horas devido à demanda local. Com isto os moradores da Vila São José, se necessário, beneficiam-se do atendimento de domingo a domingo. Telefone: 2242 0080. em Petrópolis colaborou um pouco com a Vila São José, que se organizou com a associação de moradores documentada e cujas pessoas que habitam o lugar ainda lutam por dias melhores.

r LAZER

A comunidade conta com uma quadra de futebol soçaite na parte baixa. No local são praticadas as famosas peladas nos sábados e domingos com a participação de grande número de atletas. No local até o final do ano passado existia um projeto de escolinha do Petropolitano F. C., que foi paralisado por causa de problemas internos na localidade.

Associação fecha parceria para projeto social/esportivo

Dona Lourdes mostra placa de inauguração do condomínio

Condomínio ganha nome em homenagem à líder comunitária Quase dez mandatos como presidente da Associação de Moradores da Vila São José, a líder comunitária Lourdes da Silva Petronilho lembrou na quinta-feira da transferência de moradores de áreas de risco. Nove famílias que habitavam um terreno próximo de um precipício vão completar, em dezembro, oito anos que moram num pequeno conjunto habitacional. - Elas estavam numa área que deixava todo mundo com medo – afirmou, mostrando o espaço na parte baixa da comunidade. – Reivindicamos muito junto às autoridades a transferência e a prefeitura construiu os dois blocos de apartamentos numa parte do antigo campo de futebol que teve de ser reduzido. Lourdes Petronilho informou que além das nove

famílias que estavam na área de risco, outras três foram beneficiadas com apartamentos no conjunto habitacional. Segundo ela, também foram transferidas de outras áreas precárias da Vila São José e até hoje todos são gratos ao interesse das lideranças comunitárias. Os dois prédios acoplados na parte baixa da comunidade, com 12 apartamentos ao total, foram inaugurados no dia 12 de dezembro de 2003 pelo então prefeito Rubens Bomtempo e quando era secretário de Habitação Jorge da Silva Maia, o Bolão. O interesse da líder comunitária foi tão grande que em votação os moradores elegeram o nome do conjunto habitacional com uma justa homenagem: Condomínio Lourdes da Silva Petronilho.

Usuários da Vila São José estão reivindicando a volta da circulação do ônibus que liga a comunidade com o itinerário direto do Centro para a localidade. Atualmente, ele sai da Rodoviária Imperatriz Leopoldina, atende Duchas e Rua Álvaro de Castro, para depois chegar ao local. Os reclamantes acham que atrasa a chegada e a saída de casa

Dona Eva mostra construções. Ao alto local onde caiu a barreira

Moradora pioneira lembra superação e chegada na Vila No dia 8 de janeiro de 1988 Dona Eva Maria Ferreira, então com 36 anos de idade, já montava o seu barraquinho na Vila São José. Desabrigada e vitimada de barreira num terreno ao alto do Cemitério Municipal de Petrópolis, ela foi a primeira a chegar à localidade e dava início à ocupação no lugar. Ela lembra hoje da tragédia: - Estava no trabalho e fui correndo para casa, onde estavam meus filhos, todos menores. Cheguei a tempo de tirálos de casa quando logo em seguida ela foi atingida pela barreira – lembrou, porém, dando-se por satisfeita ao ter salvado, na ocasião, os filhos Jorge Luiz, 12 anos, Márcia, 8, Fabiana, 3 e Marcelo, 2. – Perdi tudo que tinha, ficamos presos lá em cima por causa da barreira, mas ficamos com o mais importante: a vida que Deus nos deu.

Dona Eva era cozinheira do Hotel Scala, da Rua Washington Luiz, no Centro, em 1988 e enfatiza que a empresa muito ajudou com alimentação. Aí ela lembrou dos amigos que foram chegando também para construir: - Enquanto montava o meu barraco foram chegando Dona Zulmira, Dona Maria do Cachimbo, Dona Creusa, Seu Silvinho... Os filhos cresceram e hoje estão todos casados. O barraco deu lugar às casas em que eles hoje moram na Vila São José e, acometida de doença, Dona Eva não pôde mais trabalhar. Entretanto, ela ainda se mostra satisfeita em estar ao lado dos filhos, que nunca saíram de perto dela. Mas a tragédia jamais será esquecida pela pioneira moradora da Vila São José. - Foi um drama. Mas hoje está superado – finalizou.

A Associação de Moradores da Vila São José confirmou na quinta-feira o fechamento de uma parceria com os frades estudantes da Província Franciscana da Imaculada Conceição no Brasil. A iniciativa vai contribuir com atividades esportivas e de utilidade social na sede da AM, no centro da comunidade. Ao mostrar o espaço com oito cômodos grandes, a presidente, Elaine Frazão, depois de confirmar a parceria com os frades franciscanos, anunciou as atividades: - Trata-se do Projeto Gente Viva – informou. – Vamos ter aqui judô, capoeira, caratê, boxe, ginástica localizada, balé, entre outros. Elaine lembrou que o projeto Gente Viva já vem sendo promovido na Comunidade do Oswaldo Cruz e que na Vila São José vai atrair praticantes de bairros próximos como Mosela, Ingelheim e Bingen. A coordenação-geral do Projeto Gente Viva é do frei Sandro Roberto. A característica dos trabalhos e que têm a direção de pessoas voluntárias das comunidades. Além

Elaine na sala onde vai funcionar a Inclusão Digital

dos esportes anunciados pela presidente Elaine Frazão, estão incluídas nas atividades o ensinamento de línguas, como inglês e espanhol, além de artesanatos de velas. INFORMÁTICA – Na sede da Associação de Moradores da Vila São José a parte elétrica já está pronta para a instalação dos oito computadores do projeto do Centro de Inclusão Digital – CID. Os equipamentos começaram a chegar oriundos da Secretaria Municipal de Ciência e Tecnologia, Desenvolvimento Econômico e Agricultura.

Na sede da Associação de Moradores da Vila São José tem um espaço para festas. Aniversários e outras comemorações são realizados com sonorização instalada no palco, cozinha e banheiros à disposição do público. Os diretores da entidade informaram que a última realização foi um casamento no sábado passado


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