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DIÁRIO DA MANHÃ - PASSO FUNDO E CARAZINHO, QUINTA-FEIRA, 5 DE DEZEMBRO DE 2019

Brasil cresce pouco no PISA e se mantém nas últimas posições Exame que avalia a qualidade da educação em diversos países aponta que educação brasileira está muito longe do nível considerado de alta qualidade por Adriano Dal Chiavon adriano@diariodamanha.com

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qualidade da educação brasileira voltou a ser o foco dos debates no país no início desta semana após a divulgação do resultado do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA na sigla em inglês), uma prova que mede a qualidade da educação em dezenas de países ao redor do globo. Os dados divulgados nesta semana são relativos a prova aplicada no ano passado e mostram, novamente, um resultado negativo para o Brasil. Em relação ao PISA aplicado em 2015, o Brasil avançou muito pouco no ano passado e mostrou uma estagnação nas três principais áreas analisadas pela prova: matemática, leitura e ciências. No comparativo com outros países, o Brasil ocupa as últimas posições do ranking e está muito longe da média dos países que integram a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), tida como um exemplo de qualidade na educação. Os dados do Brasil no PISA ao longo do tempo mostram uma variação muito baixa desde 2000, quando o PISA começou a ser aplicado.

Leitura é a principal carência dos alunos brasileiros Conforme a professora carazinhense Nelci Ehrhardt, que por quase 50 anos atuou em sala de aula e quase metade deste período em escola pública, o principal problema a ser atacado precisa ser a leitura. “Uma das coisas que chamam a atenção é a dificuldade de leitura dos alunos brasileiros. Vejo que o jovem que não sabe ler, que não consegue interpretar direito, ele vai mal em ciências, matemática, história, geografia, porque a leitura é o primeiro passo para entender o que está sendo questionado. Então, dificuldades na leitura, problemas de interpretação e a

incompreensão do texto de qualquer uma das áreas, vai influenciar em um resultado negativo. Se a leitura fosse melhorada, com certeza os outros indicadores iriam melhorar um pouco também”, afirma a professora que lecionou em áreas da ciência durante sua atuação no ensino básico. Na prova aplicada em 2018, o foco do PISA foi justamente a leitura. Conforme os resultados divulgados pela OCDE, o país conseguiu uma pontuação de 413 no quesito, figurando na posição 58 entre 60 países constantes no ranking de leitura. O mais preocupante é que a péssima posição do Brasil é na área em que se registrou a mais alta nota entre as três competências avaliadas pela prova. Em matemática a pontuação obtida pelos alunos brasileiros no ano passado foi 384 e em ciências 404. Na média geral, o país ficou com uma pontuação de 413 o que o coloca entre os 20 últimos colocados no ranking de países participantes da prova. A melhor colocada na prova foi a região de Pequim-XangaiJiangsu-Guangdong, todas na China, que conquistou pontuação geral de 555. A pior colocação foi de Filipinas, com média geral de 340.

Importância para a prova Para Nelci Ehrhardt, um dos pontos a serem ponderados no resultado brasileiro é a importância dada pelos alunos à prova. Conforme a professora, alguns participantes podem desistir ou não se dedicar ao máximo para responder as questões do PISA. “Os participantes podem cansar ou por não valer nota não há uma dedicação maior, às vezes se inicia mal e isso desmotiva a sequência da prova. Então, há uma série de fatores que podem influenciar um desempenho mais baixo do aluno enquanto realiza a prova”, expõe. Mas, a falta de estrutura, baixa capacitação e valorização dos professores e o pouco interesse dos alunos das escolas públicas são alguns dos principais fatores que, na visão de Nelci, são diretamente responsáveis pelo resultado ruim do Bra-

Gráfico montado por G1 com dados do PISA 2018

Resultado histórico do Brasil no PISA

Como é aplicado o PISA

A prova é realizada por meio de computadores em um único dia e conta com perguntas objetivas e discursivas. A prova é realizada desde 2000 e o Brasil participa desde a primeira edição. Em 2018 foram 600 mil estudantes com 15 anos de 80 países que participaram da avaliação, que teve seu foco centrado na leitura. No Brasil, pouco mais de 10,6 mil estudantes de 638 escolas realizaram o exame no ano passado.

sil no PISA. “Alguns analistas apontam que se considerar o resultado apenas de alunos que estudam em escolas privadas de ponta, o Brasil estaria na 5ª posição do ranking. Já se fossem consideradas as notas apenas de alunos de escolas públicas, o resultado seria ainda pior. Isso mostra que nossa educação é boa, mas em instituições que

APAE

recebem investimento. Agora, a grande maioria dos alunos que estudam em escolas públicas relatam três grandes dificuldades de caráter socioescolares. Primeiro é a solidão, já que o aluno não se sente atraído pela escola e isso faz com que ele falte bastante. Em segundo está a indisciplina e o terceiro é o bullying”, elenca a profissional da educação.


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