Diario Bahia 28-12-2012

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geral | Itabuna-BA, 28 de dezembro de 2012 a 02 de janeiro de 2013

“Eu assumi uma Câmara totalmente deteriorada, mas continuei tocando e tentando colocar tudo em ordem” – Ruy Machado presidente da Câmara de Reeleito para um terceiro mandato vai ocupar mais uma vez, uma cadeira no Poder Legislativo de Itabuna a partir de janeiro de 2013, o vereador Ruy Machado (PTB) faz um balanço dos dois anos (2011 e 2012), como presidente da Câmara Municipal de Itabuna. Apresenta os principais projetos desenvolvidos em seu mandato, como a construção de uma sede própria -, ações já tomadas em sua gestão e destaca as articulações com partidos políticos para conquistar a reeleição da presidência da Câmara de Vereadores. O senhor assumiu a presidência da Câmara de Vereadores em um momento turbulento, em que o Legislativo estava sob investigação do Ministério Público e da Polícia Federal, diante das denúncias de desvio de recursos. Que atitude tomou para resgatar a moral da Câmara? Assumi em 2011 [após ter desfeito a eleição realizada com um ano e seis meses de antecedência, que nomeou o vereador Roberto de Souza como presidente] e de imediato procurei documentação nessa Casa e não encontrei. Contratei uma empresa de Salvador, que fez uma auditoria, quando se constatou várias irregularidades, como, por exemplo, problemas com INSS, licitações fraudulentas, etc. O primeiro passo foi entregar o resultado da auditoria ao Tribunal de Contas dos Municípios, a segunda cópia desse processo, à OAB/Itabuna e a terceira, ao Ministério Público. Só que as ações foram todas analisadas conjuntamente, e aí se criou um problema atingindo pessoas que desviaram dinheiro e outras que foram vítimas sem terem culpa. Isso no caso das diárias, até porque qualquer servidor público tem direito, desde quando ele prove o uso correto e lícito do benefício. Tratase de uma ação cível e não criminal. Dessa forma, eu e alguns vereadores acabamos envolvidos nessa situação chegando até a decisão judicial do afastamento. Que deficiências o senhor poderia apontar assim que assumiu a presidência? Então, assumi uma Câmara totalmente deteriorada, moral e financeiramente, mas continuei tocando e tentando colocar tudo em ordem. A Casa tinha perdido credibilidade junto ao comércio de Itabuna, inclu-

sive, com apenas dois carros chegou a se gastar cerca de R$ 18 mil por mês. Hoje, se gasta de R$ 2.200,00 a R$ 3 mil mensais. Celulares em mãos de vereadores, amigos, parentes e até namoradas que totalizavam mais de 800 chips e a conta chegava a R$ 22 mil por mês. Cancelei tudo e atualmente pagamos o valor de R$ 2.200,00 com telefone fixo, funcionando com o sistema de cotas para cada vereador. Em 2010, foram gastos R$ 600 mil com a imprensa, mas ficou constatado que o dinheiro foi desviado, e em sua totalidade não chegou a alguns veículos de comunicação. Por isso é que fizemos uma licitação e conseguimos consertar esses equívocos. Por que a opinião pública vem taxando que essa foi a pior Câmara da história de Itabuna? Como o senhor avalia isso? Concordo com a sociedade, pois na realidade foi escândalo em cima de escândalo. E, se não tivéssemos assumido em 2011 tenho certeza que não estava mais em termos de investigação. Essas pessoas já estariam presas, cumprindo pena e a sociedade iria ter conhecimento que na realidade existe um grupo de vereadores, de pais de famílias decentes, honrados e honestos nessa Casa. Mas, até o momento a Justiça ainda não julgou, então, uma parte da sociedade ainda vê a Câmara por igual, mas a realidade não é essa. Não são todos os vereadores que estão envolvidos com as denúncias. Pais de família, além de senhoras que servem essa Casa há mais de 20 anos e tiveram direito a uma diária para ir a Brasília para cuidar de assuntos da Câmara, com certificados assinados por ministros, foram desmoralizados e envolvidos, muito embora a própria Justiça te-

O vereador Ruy Machado atuou com medidas de austeridade.

nha se encarregado de separar o joio do trigo. Então, é preciso muito cuidado na hora de se fazer acusações gerais e levianas. Daqui pra frente, tanto o Ministério Público como o Judiciário vão olhar com muito mais cuidado, preservando a integridade das pessoas dessa Casa, pois temos o compromisso de sempre estar á disposição para prestar os esclarecimentos necessários.

O senhor acredita que houve muita interferência de um Poder sobre outro? Sim, mas isso não pode acontecer, porque, tudo aquilo que o Promotor pediu de documentos foram devidamente fornecidos e encaminhados ao MP, já que é preciso investigar antes de acusar e/ou condenar. Acredito na Justiça e no Ministério Público, que são compostos por advogados qualificados, de bem e têm obrigação de averiguar qualquer denúncia e quem for réu, tem consequentemente a obrigação de se defender. O senhor foi o único vereador reeleito nessas eleições. Como o senhor explica isso? Vejo com a maior tranquilidade de que a sociedade mostrou que tem consciência na análise dos fatos e re-

novou o meu mandato pela terceira vez. Mesmo com o estado de saúde debilitado devido a perda de parte da visão antes das eleições, só retornando a ter uma recuperação parcial, 15 dias após o pleito mediante uma intervenção cirúrgica. Como único dos sete candidatos à reeleição que conseguiu sagrar-se vitorioso isso pode ser considerado como uma consagração nas urnas pela opinião pública que me deram um salvo conduto atestando inclusive de que não participei de toda a bandalheira que houve nessa Casa.

Assumindo o mandato em 2013, caso seja reeleito como presidente da Câmara, quais serão as principais metas? Completar o projeto de construção da sede da Câmara, já que uma cidade do porte de Itabuna, com 200 mil habitantes ainda não possui uma Casa Legislativa digna e à altura do nosso município. Inclusive é bom observar que no terreno da Câmara de Vereadores, localizado em frente ao bairro São Caetano já foram feitas obras de terraplanagem. O projeto é de autoria do arquiteto itabunense Matheus Esquivel e a parte estrutural é assinada pelo engenheiro Francisco França. Depois da construção vamos

promover um concurso, já que essa Casa tem 30 (trinta) anos que não é realizado concurso público e a quantidade de funcionários não é suficiente para atender a demanda do Legislativo. Com a renovação do meu mandato será feito um pequeno concurso já em 2013, e outro maior daqui a dois anos após a conclusão da nova sede, porque vai existir espaço físico e a necessidade de preenchimento de vários cargos.

Como será a sua atuação junto ao Executivo? Com independência. Como me comportei no governo Azevedo, totalmente independente do Poder Executivo, por que os poderes são harmônicos, mas independentes. Nós teremos uma convivência de cavalheiros com o prefeito eleito trabalhando juntos para o bem estar e a qualidade de vida da população itabunense como um todo. É importante ressaltar que essa gestão chega ao seu final tendo suas contas aprovadas por unanimidade, coisa que não acontecia há mais de 10 anos. Trabalhamos com 12 vereadores com pensamento múltiplos e diferenciados e a partir do próximo ano, com 20, mas estou tranquilo. Irregularidades nunca mais, pelo menos na minha administração.


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