Diario Bahia 12-03-2013

Page 2

2

Itabuna-BA, 12 de março de 2013

Educação e Literatura

Odilon Pinto Mestre e doutor em LingUística, pela Universidade Federal da Bahia. Professor da Uesc.

Reitores querem R$ 20 milhões para universidades baianas

Constaram na pauta da audiência, além da solicitação de recursos oriundos de emendas parlamentares destinadas às instituições, o repasse retroativo da diferença de recursos do SISU

USOS DO PORTUGUES Ideologia

A

palavra ideologia está associada em nossa mente a política, a passeatas, a greves etc. Mas ideologia nada mais é do que o nosso modo cotidiano de viver, principalmente as relações sociais que estabelecemos com outras pessoas: as relações pai-filho, médico-cliente, comsumidor-empresário, operáriocapitalista, etc. Vejamos uma relação simples: você vai a uma venda e compra uma caixa de fósforo por 10 centavos. Eu lhe pergunto: “O que você fez?” E você me responde: “Fui a um comerciante, paguei o preço normal e adquiri dele uma caixa de fósforo.” Essa resposta banal é exatamente a ideologia. Você imagina que estabeleceu uma relação social apenas com o comerciante da venda. Na verdade, ao comprar uma caixa de fósforos você acabou de se relacionar com os fornecedores de madeira e de pólvora com que são fabricados os fósforos; acabou de se relacionar com os fabricantes de máquinas, usadas na fabricação do fósforo; acabou de se relacionar com o capitalista dono da fábrica de fósforos; acabou de se relacionar com os operários da fábrica de fósforo, com os transportadores que trouxeram o fósforo a Itabuna e, finalmente, você acabou de se relacionar também com o comerciante da venda. Ainda tem mais: você relacionou-se ainda com o Governo que arrecada vários impostos sobre esta caixa de fósforo. Os 10 centavos que você pensa ter pago só ao comerciante, você os pagou aos fornecedores de madeira e pólvora, aos produtores de máquinas, aos operários da indústria, ao capitalista industrial, aos transportadores e ao Estado. Cada um ficou com uma parte dos 10 centavos. A ideologia é justamente o fato de você não ver isso.

Coisas da Vida Pai, patrão, Senhor

É

quando um homem senta-se à mesa, para comer, que mais ele vivencia a identidade, historicamente construída, do macho patriarcal. Hermenegildo Veloso, pai de cinco filhos, patrão de quatro fazendas e Senhor Todo Poderoso de gado, vaqueiros, peões de roça, esposa, amantes, filhos, genros, noras, netos, aplicações financeiras, casas de aluguel e dezenas de devedores do dinheiro que emprestava a juros. Era como Senhor de todos esses animais, gado e gente, e de todas essas posses, que ele sentava-se no antigo restaurante Baby Beef, de Itabuna, para comer. Por mais que tentasse pisar macio e aparentar gestos de etiqueta, não podia esconder o olhar imperial, a mão rispidamente fechada de comando e o tom de voz autoritário, não acostumado a negativas ou discussões. O garçom, submisso e cortês, realçava, ainda mais, seus ares poderosos. Talvez fosse mais atraído àquele restaurante pelos salamaleques do criado de paletó branco, puxando a cadeira para ele sentar-se, limpando a mesa, despejando-lhe o whisky no copo, do que, propriamente, pela comida. Vinha alimentar mais o ego de Dono Todo Poderoso, do que o estômago. Nos olhos, sempre novos horizontes de conquistas: uma fazenda a mais a comprar, uma mulher a mais a comer, uma aplicação financeira mais rentável a negociar, uma nova casa para aluguel, um novo empréstimo a fixar os juros. Devorava cada um desses planos, junto com as garfadas de carne suculenta. Depois, pedia a sobremesa, porque tinha direito a tudo. Por último, o cafezinho e o cigarro, com o raro prazer de ser proprietário. Levantou-se pesado, no final, para desmaiar sobre a mesa, com um AVC. Mal sabia ele que o Tempo não tem Dono...

Reunião em que os reitores da Uesc, Uneb, Uesb e Uefs levaram pleitos ao Ministério da Educação

A reitora da Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc), professora Adélia Pinheiro, participou no dia 05 de março, às 16 horas, de audiência com o ministro interino da Educação, José Henrique Paim Fernandes, para solicitar a liberação de recursos do Programa Nacional de Assistência Estudantil para as Instituições de Educação Superior Públicas Estaduais (PNAEST). Na audiência, também foi pedida a alteração de parâmetros de vinculação desses recursos. Além da reitora Adélia Pinheiro, participaram do encontro os reitores Lourivaldo Valentin (Uneb), Paulo Alberto (Uesb) e José Carlos (Uefs), acompanhados do deputado federal Waldenor Pereira que, de forma conjunta com o deputado Zé Raimundo, articulou o encontro. Constaram na pauta, a solicitação da liberação de recursos da ordem de R$ 20 milhões, oriundos de emendas parlamentares destinadas às instituições e o repasse retroativo da diferença de recursos do Sistema de Seleção Unificada (SiSU) – sis-

tema informatizado do Ministério da Educação por meio do qual as instituições públicas de educação superior oferecem vagas a candidatos participantes do Enem. Segundo a reitora Adélia Pinheiro, “o ministro autorizou as universidades a apresentarem os seus projetos, assegurando que até o final do ano os 20 milhões de reais das emendas serão liberados”. O deputado e os reitores conversaram também com o ministro sobre a ampliação das relações das universidades com o MEC (Ministério da Educação), no intuito de participar de programas voltados para o fortalecimento da educação básica. Na avaliação do deputado Waldenor Pereira, “o MEC tem sido bastante sensível aos nossos pleitos. Realizaremos a próxima reunião com a direção da FINEP (Financiadora de Estudos e Pesquisas) e em seguida com o CNPQ. As nossas universidades precisam estreitar mais as relações com os órgãos do Governo Federal”.

Brasília - O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, abriu ontem (11) em Brasília as atividades deste ano do Programa Saúde na Escola, com a realização de uma semana de atendimento médico no Centro de Ensino Fundamental nº 1, na Vila Planalto, no Plano Piloto. A iniciativa conta com parceria do Ministério da Educação e atendeu no ano passado 7 milhões de estudantes, de 1.433 municípios, em 16,7 mil escolas, quando foram mobilizadas 7.441 equipes de Atenção Básica à Saúde. O ministro afirmou que este ano a Semana de Mobilização Saúde na Escola vai chegar a 30 mil centros de ensino, com apoio de 13 mil equipes do programa Saúde da Família, que vão trabalhar em 2.300 municípios, beneficiando 14 milhões de estudantes. A partir deste ano, com a participação do Programa Brasil Carinhoso, estudantes de creches e pré-escolas também vão passar pela triagem da saúde. Após as avaliações feitas durante as semanas, os profissionais de saúde

fazem acompanhamento das crianças durante todo o ano letivo. No ano passado foram gastos nessa assistência R$ 4,1 milhões, e este ano o investimento do Ministério da Saúde deve subir para R$ 10 milhões. Os estudantes recebem instruções sobre como escovar os dentes de forma correta, fazem exame de acuidade visual - aquele que precisar usar óculos, vai receber do governo, e checam outros problemas como obesidade ou pressão alta. O ministro Alexandre Padilha afirmou durante a cerimônia que “a saúde não deve acontecer só dentro do hospital, mas tem que ser levada para onde as pessoas estão - no caso das crianças, para dentro da escola”. Para o ministro, uma criança bem educada na questão da saúde, “pode alertar ao pai que não deve fazer uso do tabaco, sobre o que é alimentação saudável e saberá da importância de praticar educação física. Os problemas de saúde afetam o desempenho escolar do estudante, por isso ele tem que ser assistido”, destacou Padilha.

“Saúde na Escola” vai beneficiar 14 milhões de estudantes em 2013


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.