Revista mil maiores 2015

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Pedro Machado Presidente da Entidade Regional Turismo do Centro

e acordo com dados do INE, publicados em outubro do presente ano, em Portugal, os indicadores de atividade económica, disponíveis até agosto, e de clima económico, disponíveis até setembro, estabilizaram. Verifica-se, de igual forma, um aumento da atividade económica na indústria e em setores de serviços e uma redução na construção e obras públicas. Importa, também, destacar que, em termos nominais, as exportações e importações de bens apresentaram variações homólogas de 5,8% e 2,4% em agosto, respetivamente ( 5,8% e 4,0% em julho). Sendo certo que a crescente integração das empresas na economia global coloca novos desafios e a necessidade de uma atenção permanente aos fatores que condicionam a sua competitividade, importa considerar os chamados “custos de contexto”, e que constituíram objeto de estudo para o INE (outubro, 2015 ). Este estudo revela que as pequenas e médias empresas são as que percecionaram níveis de custos de contexto relativamente mais elevados. Fazendo uma análise por atividade económica, verifica-se que as empresas do alojamento e restauração, de construção e atividades imobiliárias, da indústria, e da agricultura, silvicultura e pesca, são as que percecionaram níveis de custos de contexto superiores à média global. As empresas identificaram os maiores obstáculos à sua atividade ao nível do sistema judicial, observando o valor mais elevado do indicador de obstáculo. Seguiram-se os licenciamentos e o sistema fiscal como as dimensões mais problemáticas. Estes três domínios registaram os valores mais elevados, independentemente da dimensão e do setor de atividade da empresa. O sistema fiscal continua, transversalmente, a representar um enorme obs-

táculo à atividade das empresas, sendo que o IVA constituiu o imposto do qual resultaram mais entraves à atividade, particularmente no setor do alojamento e da restauração. Importa destacar que o Turismo representa hoje para a economia nacional, 10,9% das empresas ( 115.481 ), 10,0% dos postos de trabalho ( 341.909 ) e 5,2% do volume de negócios ( 16,7 mil milhões de euros), o que justifica que os setores do Turismo, Restauração e Hotelaria, assumam, também eles, o protagonismo que merecem. Em particular, na Região Centro de Portugal, as empresas do setor do Turismo tiveram 248 candidaturas aprovadas, no âmbito do anterior quadro comunitário de apoio ( 2007-2013 ), num investimento superior a 255 milhões de euros na qualificação das suas empresas, na criação de negócios inovadores e na sua internacionalização, a que correspondeu um incentivo de 149 milhões. Já no âmbito do Portugal 2020 - e com um grau de exigência superior ao do anterior quadro comunitário -, no que diz respeito à inovação dos projetos candidatados, o setor do Turismo teve 52 projetos aprovados na primeira fase de candidaturas, a que corresponde um investimento de 6,6 milhões de euros. Pretende-se, com este Portugal 2020, beneficiar as empresas com bons projetos, onde a internacionalização e a criação de emprego sejam os fatores diferenciadores, projetos que sejam capazes de acelerar o crescimento e que promovam eficazmente o capital humano. Felizmente, na região Centro de Portugal, são muitos os argumentos que auspiciam excelentes resultados a este nível, e que assentam na grande qualidade das nossas empresas e empresários, bem como, na sua capacidade de empreendedorismo, inovação e ambição.

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João Gabriel Silva Reitor da Universidade de Coimbra

á vinte anos atrás as universidades tinham uma presença reduzida na inovação com impacto económico. A incubadora do Instituto Pedro Nunes estava a nascer, a ligação entre as universidades e as empresas era incipiente, e pouco relevante em termos de criação de valor económico. Olhar para esse tempo passado ajuda-nos e ver o que mudou, e de facto muito mudou. Continua a haver muita inovação que não passa pelas universidades, mas os casos em que as universidades estão envolvidas são cada vez frequentes. Já começa a ser quase uma surpresa que haja uma grande inovação sem participação das universidades e da investigação científica. Dantes era também frequente encontrar casos de empresas bem sucedidas formadas por pessoas que não tinham passado pelas universidades. Era até a regra. Também aí tudo mudou. Quase todos os empreendedores dos tempos modernos têm um curso universitário, às vezes mais do que um, com alguma frequência até um doutoramento. A complexidade do mundo moderno não se compadece com soluções artesanais de quem não passou algum tempo a estudar como a aldeia global funciona. O caso de Coimbra é particularmente significativo. É difícil encontrar uma empresa na região de Coimbra, competitiva internacionalmente, que não seja ou formada a partir de pessoas que ensinaram ou investigaram numa universidade, ou que não tenha projetos frequentes com uma universidade, para explorar caminhos novos. Se imaginarmos a região sem as empresas que saíram, ou estão fortemente ligadas, à Universidade de Coimbra, pouco sobraria da nossa capacidade exportadora. As universidades, mostrando sucessos sucessivos na aplicação do conhecimento que detêm à criação de valor económico, tornam óbvia a viabilidade da aposta no conhecimento avançado como fator de competitividade global. A Universidade de Coimbra, mais do que disponível para acolher as propostas de trabalho das empresas, está desejosa desse contacto, e toma inúmeras vezes a iniciativa. A principal esperança de desenvolvimento para Portugal são as pessoas com formação avançada. Porque tudo o que temos são as pessoas.

Teresa Mendes IPN: modelo de referência na promoção de uma cultura de inovação

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Teresa Mendes Instituto Pedro Nunes

riado em 1991 por iniciativa da Universidade de Coimbra, o Instituto Pedro Nunes (IPN) é hoje um modelo de referência e excelência na promoção de uma cultura de inovação, qualidade e empreendedorismo, assente num sólido relacionamento universidade/empresa, pretendendo fomentar uma crescente incorporação de ciência e tecnologia pela economia. As três áreas C de atividade do IPN (I&DT Aplicada, Incubação/Aceleração de empresas e Formação Avançada) estão organizadas de uma forma M coerente e complementar de modo a tentar maximizar o potencial de impacto da Instituição no processo de transferência de conheci- Y mento e tecnologia entre o mundo académico e empresarial. CM Através dos seus seis laboratórios de I&DT Aplicada, em diferentes áreas do conhecimento o IPN participa anualmente em dezenas de MY projectos de I&DT e Inovação em consórcio com outras organiza- CY ções e com empresas portuguesas e internacionais. Estes projetos têm a particularidade de serem feitos “com” e “para” empresas, no CMY sentido de as apoiar no desenvolvimento ou melhoramento dos K seus produtos ou serviços. Dispõe ainda de competências nas áreas da Propriedade Intelectual e da Comercialização de Tecnologias, reconhecidas internacionalmente como se pode atestar pela contratação por parte da Agência Espacial Europeia (ESA) nos últimos anos de serviços de brokerage e de comercialização de tecnologias, recentemente ampliados pela dinamização e acolhimento, em conjunto com outros parceiros, do ESA-BIC - Centro de Incubação da ESA em Portugal. No final do primeiro ano do lançamento do ESA-BIC foram já criadas 6 empresas ( 3 das quais em Coimbra) que utilizam tecnologias espaciais em áreas diversificadas, cumprindo os objetivos estabelecidos pela ESA. A área da Incubação abrange, atualmente, 37 empresas em incubação física e mais de 70 empresas em incubação virtual, contando com cerca de 60 novas candidaturas recebidas anualmente. O projecto TecBIS, que constitui a nossa nova infraestrutura, que designamos por Aceleradora de Empresas, pretende dar resposta à necessidade sentida desde há muito no que respeita ao “depois da incubação”, i.e. muitas empresas que saíram da nossa incubadora (prazo médio limite de incubação é de 4 anos) sentiram dificuldades em encontrar na cidade/região localizações alternativas interessantes para prosseguirem a sua atividade. Estas dificuldades aconteciam não só ao nível do espaço físico em si, mas sobretudo à proximidade do ecossistema. Ter a oportunidade de estar localizado num contexto de grande dinamismo empreendedor com mais de 100 empresas tecnológicas, numa localização privilegiada no Pólo II da UC é um ativo estratégico muito importante para o desenvolvimento de oportunidades que podem surgir quase diariamente fruto desta interligação entre empresas, centros de investigação, Universidade e Politécnico, investidores, etc. Iniciada a atividade do TecBIS há pouco mais de uma ano, temos já 21 empresas instaladas, que congregam perto de 500 colaboradores.

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João Gabriel Silva As universidades e a inovação empresarial

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Pedro Machado Inovação e internacionalização das nossas empresas


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