Diário do Comércio - 19/06/2013

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DIÁRIO DO COMÉRCIO

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quarta-feira, 19 de junho de 2013

Obras de Alberto Baraya

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cultura

Fotos, objetos e instalações assinados pelo colombiano Alberto Baraya. Trabalhos realizados na Nova Zelândia, Austrália e Peru. Baraya participou das bienais de Veneza e São Paulo. Galeria Nara Roesler. Avenida Europa, 55. Tel.: 3063-2344. A partir de sábado (22). Segunda a sexta, 10h às 19h. Sábado, 11h às 15h.

Divulgação

Fotos: Arquivo DC

Alquimia entre arte e tecnologia. Em exposição no MIS.

Clássicos nacionais. Na Sala Cinemateca.

Rita Alves

A

mais nova edição da Mostra LABMIS, exposição com obras que misturam arte e tecnologia, começa na próxima sexta (21), na sede do Museu da Imagem e do Som (MIS). No local, o visitante vai encontrar o resultado do trabalho de artistas selecionados para a Residência LABMIS 2012. Fazem parte do evento, duas instalações performáticas, uma feita pela dupla André Asai e Malu Risi, intitulada Maldita Parede, e a outra chamada {trapezios}, criada por Eduardo Soares. Além delas, o artista Cesar Augusto exibe o robô Fototímido e Paula Dager apresenta a videoinstalação Paisagens Troposcópicas. Cada um produziu seu projeto durante o tempo de residência proposto, três meses. Cristiane

Amaral, responsável pela produção do desenvolvimento da residência, conta que a prática artística do candidato estava entre os critérios de seleção dos artistas. A qualidade artística e poética, o ineditismo da proposta e a coerência conceitual também contaram no processo. "Ainda fizeram parte da avaliação o grau de inovação do projeto; a viabilidade do cronograma proposto; a adequação orçamentária do projeto ao orçamento do Programa e a clareza do memorial descritivo e do desenvolvimento da proposta", afirma. Além de apreciar as obras no MIS, o público também poderá acessar o site do projeto, que será lançado junto com a mostra. "O site vai mostrar fotografias, como cada trabalho foi desenvolvido pelos residentes,

notas dos orientadores, croquis, além das obras dos artistas", conta Cristiane. Entre os trabalhos, está o Troposcópio, aparelho ótico em forma de globo que retroprojeta a partir de seu centro imagens em 360 graus. Desenvolvido pela artista Paula Dager, mostra imagens que foram captadas por meio de uma câmera acoplada a um dispositivo acima da cabeça, tiradas durante passeios de bicicleta, carro ou a pé. A instalação performática Maldita Parede, de André Asai e Maria Luisa Risi, trata da comunicação do mundo contemporâneo feita quase sempre por meio do computador. O conceito e o desenho do projeto mesclam mitologia romana e interfaces tecnológicas e a obra impede o contato direto entre os performers.

E se encontrar um robô fujão pelo caminho, saiba que ele é criação do artista Cesar Garcia. O objeto é formado por uma escova, um motor e um circuito controlador de corrente elétrica através da luz. Batizado de Fototímidos, o robô foge da luz quando é iluminado. Já a instalação performática {trapezios} investiga a possibilidade de uma relação entre o corpo do artista, o espaço e o tempo, mostrando o corpo do artista imerso em movimentos aleatórios e não programados do circo.

Museu da Imagem e do Som MIS. Avenida Europa, 158, Jardim Europa. Tel.: 2117-4777. Terça a sexta, das 12h às 22h. Sábado, domingo e feriado, das 11h às 21h. Grátis. Até 7 de julho.

A Cinemateca Brasileira continua nesta quarta (19) a apresentar o ciclo Clássicos & Raros do Nosso Cinema. Estão programados dois filmes. Um deles, policial, é Mulheres e Milhões (1961) de Jorge Ileli, com Luigi Pichi, Jece Valadão e Aurélio Teixeira. O suspense envolve três personagens que não se conhecem (um chaveiro, um vigarista e um sem-dinheiro), contratados por um mandante misterioso com o objetivo de realizar assalto a um banco. O outro filme é Engraçadinha Depois dos Trinta (1966), baseada em obra de Nelson Rodrigues. Direção de J.B.Tanko (mais conhecido como realizador de chanchadas). No elenco, Irma Álvares, Fernando Torres e Vera Vianna. A história: depois do casamento com Zózimo, uma pessoa tranquila, Engraçadinha toca a vida calmamente. Mas a filha mais nova dela, Silene, é impulsiva como a mãe quando jovem, e a instiga a relembrar seu comportamento antigo. Mulheres e Milhões. 19h. Engraçadinha Depois dos Trinta. 21h. Cinemateca Brasileira - Sala BNDES. Largo Senador Raul Cardoso, 207. Tel.: 3512-6111 - R. 215. R$ 8. 14 anos.

Um belo livro sobre livros belos Renato Pompeu

M

uitos livros falam de outros livros, mas em geral são livros de análise literária, ou de análise científica de outras obras de texto. Mas o livro Entre Ser um e Ser Mil – O Objeto Livro e Suas Poéticas, um belo álbum em grande formato, profusamente ilustrado, organizado pela artista plástica Edith Derdyk, que reuniu textos e imagens de outros autores, e editado pelo Senac, não trata da poesia de textos e sim da arte gráfica e dos aspectos plásticos de livros de arte, ou artisticamente editados. Referese assim a “livros de artista”, um conceito diferente de “livro de arte”. O livro de arte se preocupa principalmente com a qualidade das ilustrações, o livro de artista cuida também, com igual esmero, da beleza e da adequação gráfica de texto. Um livro de artista, assim, pode não conter nenhuma ilustração, só

texto, até mesmo na capa. Podemos dizer que os textos, de autores como Paulo Silveira, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul ou a artista visual Rafaela Jemmene, são primordialmente de interesse de profissionais da área, como designers gráficos e ilustradores, embora possam também ser de interesse de um público mais geral. Em especial, o público amante do objeto livro impresso, objeto cada vez mais ameaçado pelas obras digitais e internéticas, vai encontrar nessa obra motivos para crer que seu amado livro impresso vai sobreviver muito mais tempo do que se imagina. Isso porque a qualidade visual das obras digitais está ainda muito abaixo do que se pode alcançar em papel, em especial em papel de alta qualidade e com técnicas avançadas de impressão em cores.

Entretanto, de qualquer modo, o grande público vai principalmente aproveitar a beleza plástica das ilustrações que acompanham os textos. Dos próprios textos da obra, surgirá também um maior conhecimento de que mesmo o melhor romance ou o melhor livro de não-ficção ou científico pode ficar muito mais agradavelmente legível, desfrutável e instrutivo se a ele forem aplicadas técnicas avançadas de artes gráficas e de artes plásticas. Afinal, um bom livro começa a seduzir já pela capa e é tanto mais prazeroso de ler quanto mais caprichadas forem as formas e os tamanhos da tipologia indicada. Por exemplo, a fotógrafa e designer gráfica Lucia M. Loeb apresenta uma belíssima página em que diz, sob o título O Livro e Sua História: “A maneira de compor a folha de rosto variou segundo os períodos e o critério dos impressores: pode-se dizer que existe certa tendência para utilizar menor variedade de tamanhos de tipo, de acordo com

a ênfase que o título exige. Ao contrário do que sucede com a arquitetura, onde o peso maior vai sempre na base, na tipografia a parte predominante é colocada na parte superior: as palavras principais de um título nunca são divididas e a tipografia deve ser ajustada a essa norma. Preferemse os títulos totalmente em maiúsculas que, de modo geral, são mais vistosos e mais fáceis de compor do que a mistura de letras de caixa alta e caixa baixa. Em alguns livros, pode convir a utilização de alguma cercadura ou decoração, porém sempre num tom discreto. A folha de rosto exige maior cuidado dos bons impressores modernos; é justo e razoável que assim seja, pois ‘a porta do livro’ deve convidar o leitor a entrar”. Como se vê, nem todos os textos do livro organizado por Edith Derdyk são de interesse apenas para profissionais. Pois o leitor e a leitora saem com gosto mais apurado não só pela fruição das ilustrações, mas também por causa dos conceitos emitidos nos textos.


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