Diário do Comércio

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sexta-feira, 11 de abril de 2014

A cena foi toda armada para Lula tentar afastar de vez o coro do "Volta, Lula" que tanto incomoda o dilmismo. José Márcio Mendonça

NÃO COMPREM

Ricardo Stuckert/ Instituto Lula

GATO POR LEBRE e continuar derrapando nas pesquisas de intenção de voto e colocando à beira do abismo sua reeleição, a presidente Dilma Rousseff vai precisar de Deus e dos milagres do Padim Ciço, para salvar sua candidatura. Cresce, e muito, no PT, o movimento "Volta, Lula", principalmente depois que a pesquisa Datafolha de domingo passado revelou que o expresidente se elegeria no 1º turno, sem susto. O Datafolha constatou também que 72% dos eleitores querem mudanças no País, mas sem Dilma, sem Aécio e sem Eduardo Campos. Preferem mudar com Lula. Os lulistas acusam que a presidente Dilma está sob intenso bombardeio da oposição e da mídia, "um verdadeiro linchamento". Para piorar, Dilma está sofrendo de diverticulite, que é a inflamação do intestino grosso, segundo noticiou nesta semana a revista Veja.

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Palanque eletrônico: o ex-presidente Lula na entrevista concedida, nesta semana, aos blogueiros amigos.

GOVERNO NÃO PROMETE, FAZ. á quem tenha estranhado que o ex-presidente Lula, na entrevista que deu terça-feira aos blogueiros amigos (mais conversa amiga que entrevista, diga-se), tenha cobrado da presidente Dilma Rousseff mais ações para melhorar a economia. Afinal, a cena foi toda armada para Lula tentar afastar de vez o coro do "Volta, Lula" que tanto incomodava o cada vez mais escasso dilmismo no Palácio do Planalto, no PT e nos partidos aliados, especialmente entre os petistas. Tanto que o ex-presidente abriu a conversa com os companheiros de net fazendo a sua mais enfática declaração de que não pretende ocupar o lugar de Dilma na urna de outubro sem ter sido perguntado, provocado pelo assunto. Como Lula vinha de uma conversa de cerca de três horas com a presidente sexta-feira num hotel em São Paulo, sem testemunhas, entende-se que a "declaração de voto" do expresidente é parte de um acerto de contas entre eles.

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contrapartida de Dilma, um dia antes, segunda-feira, em mais um evento para distribuição de caminhões e tratores em Minas Gerais, foi, sem citar a Petrobras, mas indiretamente referindo-se ao caso da estatal, dizer que não fugirá do embate político. Sabe-se que os lulistas ficaram extremamente incomodados com a nota de Dilma afirmando que, como presidente do Conselho de Administração da estatal, não teria aprovado a compra da refi-

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JOSÉ MÁRCIO MENDONÇA

naria de Pasadena, nos Estados Unidos, se tivesse tido informações corretas sobre duas cláusulas do contrato. ara alguns exegetas políticos, entre eles os que passam informações sobre o que pensa Lula, ela deu um tiro no pé e levou a crise petrobrina para dentro do Palácio do Planalto. Uma leitura mais atenta indica que o que ela quis dizer é que não tem nada com esse filho, é de uma diretoria e de um grupo que não escolheu e que afastou da gestão da empresa tão logo ficou mais livre das tutelas do padrinho e dos petistas. A cena com os blogueiros foi

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esse contexto, a declaração sobre economia, especialmente a parte em que ele diz que Dilma terá de explicar durante o debate eleitoral o que vai fazer para melhorar a situação econômica do País, que soou em muitos ouvidos como uma crítica indireta à presidente, foi seu mais importante recado aos parceiros, entre eles à turma que conduz a economia e faz o jogo do avestruz de que tudo vai indo bem. À presidente certa-

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A perspicácia política de Lula – da qual sua pupila no Palácio do Planalto está distante anos luz e seus opositores não acompanham – fez com que ele percebesse, como ninguém, de onde sopram os ventos que vão determinar os votos da eleição de outubro.

mente ele deu tais instruções na conversa reservada da semana passada. A perspicácia política de Lula – da qual sua pupila no Palácio do Planalto está distante anos luz e seus opositores também não acompanham – fez com que ele percebesse, como ninguém no universo político e de marketing e publicidade que influencia cada passo do Palácio do Planalto e adjacências, de onde, fato, sopram os ventos que vão determinar os votos de outubro. Eles estão expressos, vale repetir, nos 72% dos eleitores que responderam na última pesquisa do instituto Datafolha querer mudanças totais ou muitas mudanças nas ações do governo.

ecentemente, a CNI divulgou mais uma pesquisa de avaliação do governo , apontando que a presidente sofreu uma queda de sete pontos em três meses: em dezembro, seu governo era aprovado por 43% dos eleitores e, em março, sua aprovação caiu para 36%. O resultado serviu para comemoração dos adversários Aécio Neves e Eduardo Campos, que também estão capengando nas pesquisas. São os rotos falando do esfarrapado. Na pesquisa Datafolha, de domingo, Dilma também sofreu uma queda de seis pontos, caindo de 44% para 38% na preferência dos eleitores, mas, mesmo assim, ela ainda se reelegeria no 1º turno, porque Aécio que tinha 16% na pesquisa anterior continuou com os mesmos 16%, enquanto Eduardo Campos, que tinha 9%, ganhou um ponto e foi para 10%. Os dois candidatos de oposição esperavam faturar mais votos com a grande repercussão alcançada pelo episódio Petrobras e a onda que se criou em torno da CPI para apurar, no Congresso, desmandos no comando da empresa. O barulho foi grande, mas os adversários da presidente continuaram patinando nas pesquisas. Há um ano, Aécio tinha 15% de intenção de voto. Agora, tem 16%.

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diagnóstico de Lula é perfeito, para incômodo da turma do melhor dos mundos possíveis, cujo maior símbolo continua sendo o ministro da Fazenda, Guido Mantega. A receita também parece perfeita: dizer aos votantes que se quer conquistar quais e como fazer as mudanças que ele deseja. Há um pequeno senão: este é um discurso para oposição não para quem está no governo. Afinal, ele poderá perguntar, se ela, Dilma, sabe o quê e como fazer e tem o governo na mão, por que já não começou a fazer, precisa esperar passar as eleições? Governo que é governo não promete mudanças em suas políticas e ações – faz.

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JOSÉ MÁRCIO MENDONÇA É JORNALISTA E ANALISTA POLÍTICO

CPI DA PETROBRAS Estranha a preocupação de Lula e seu PT com a virtual aprovação da CPI da Petrobras. Essas malfadadas Comissões Parlamentares de Inquérito, apesar dos supostos superpoderes que têm, dificilmente dão

montada também para o expresidente dar uma sacudidela nos ânimos dos petistas e companhias belas, um tanto quanto abalado com a série de fatos que assombram atualmente os governistas (Petrobras, André Vargas, dificuldades na economia), com reflexos alguns já na popularidade e na intenção de votos da presidente. Depois de ouvir Lula, um deputado petista entendeu que Lula deu mesmo foi o mote e o rumo da campanha da reeleição, cujo comando assumiu de vez.

ENTREVISTA DO LULA em alguma coisa, a ver pelo pífio histórico de punições delas derivadas até agora. Ainda mais tendo o PT número apto de parlamentares para criar toda sorte de embaraços ao seu avanço Silvio Natal - Bairro Saúde - SP

Lula mandou: 'O PT tem de ir pra cima com unhas e dentes para evitar a CPI da Petrobras". Só gostaria de lembrar ao ex-presidente que a Petrobras é nossa, do povo brasileiro. Por este motivo queremos saber tudo o que levou esta que

era uma das maiores empresas do mundo a ficar reduzida a quase pó. Eu, como cidadã, tenho o direito de saber o que o PT fez. Eliana França Leme Higienópolis-SP

EYMAR MASCARO

O Datafolha constatou que 72% dos eleitores querem mudanças no País, mas sem Dilma, sem Aécio e sem Eduardo Campos.

O ponto mais importante da pesquisa de domingo, sem dúvida, foi a revelação da alta taxa de eleitores que desejam mudanças no País. Essa revelação deveria empolgar a oposição, mas Aécio e Campos não puderam comemorar porque a maioria acha que o melhor candidato para efetuar as mudanças seria Lula, gostemos ou não. Na semana passada, Aécio Neves chegou a declarar a uma rádio em São Paulo que Dilma pode não ir para o 2º turno e que a eleição, então, seria decidida entre ele e Eduardo Campos. s dois oposicionistas, porém, não saem do lugar nas pesquisas nem quando Dilma está em queda. O PT aconselha Aécio a policiar mais suas palavras, porque ele próprio pode não chegar ao 2º turno, caso o PSB decida substituir Eduardo Campos por Marina Silva

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na cabeça da chapa, devido ao que foi constatado pelo Datafolha: a ex-ministra obteve 27% de preferência dos eleitores contra os 10% do ex-governador de Pernambuco. Se Marina assumisse a candidatura ao Planalto, empurraria Aécio para o terceiro lugar nas pesquisas, isto é, o tucano não chegaria ao 2º turno, caso a eleição não acabasse no 1º turno. EYMAR MASCARO É JORNALISTA E COMENTARISTA POLÍTICO MASCARO@BIGHOST.COM.BR

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