Livro Texto Cerâmica

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No final da década de 80, galerias e museus começaram a abrir espaço para expor obras artísticas, apresentando a cerâmica como um dos meios de expressão plástica. Podemos citar: Galeria São Paulo, Toki Arte, MAM, Paulo Figueiredo, Mônica Figueira, situadas em São Paulo; Galeria Trindade no Rio de Janeiro; as Salas Corpo e Palácio das Artes, em Belo Horizonte. Ganha-se espaços também na mídia, nas revistas especializadas em arte: Galeria e Guia das Artes. Também nesse período são editados livros específicos dessa linguagem, entre eles, Artistas da cerâmica brasileira, publicado pela Volkswagem do Brasil S.A., em 1985 – fazendo um panorama da arte cerâmica no Brasil desde a cerâmica indígena, passando pelo popular até a cerâmica contemporânea; e Cerâmica Arte da Terra, publicado em 1987 – catálogo dos artistas ceramistas contemporâneos brasileiros e textos sobre cerâmica. Essas reportagens em revistas, e mesmo os livros, possibilitaram a visibilidade da cerâmica, bem como se constituíram como um meio de socialização do processo de criação dos artistas ceramistas. Entretanto, não se concretizaram como iniciativas que, de fato, promovessem uma aproximação com os mecanismos que envolviam a construção da obra; pois, em sua maioria, limitaram-se ao trabalho finalizado ou, em alguns casos, à supervalorização do mito da terra em transformação.

Cerâmica contemporânea brasileira De modo geral, parece-nos ser possível dizer que os trabalhos dos ceramistas brasileiros convergem para duas tendências: fazer permeado por um olhar para as práticas culturais; fazer centrado nos procedimentos técnico-construtivos. O Brasil, sendo uma confluência de culturas, internacionalizou a nova cerâmica com os imigrantes e com a volta de ceramistas brasileiros que estudaram e estagiaram no exterior. Podemos compreender que as diversidades de linguagens que a arte cerâmica apresenta estão em parte ligadas às diferenças culturais, e isso se dá pelos inúmeros surtos colonizadores ou migratórios assimilados pelos brasileiros. No entanto, o nosso fazer cerâmico dialoga para além dessa interface predominantemente cultural, centrando-se, ainda, no aprimoramento e desenvolvimento de experiências de cunho mais técnico-construtivo, ou seja, ligado a uma poética de materiais e procedimentos. O fazer permeado por um olhar para as práticas culturais

Um exemplo centrado nessa tendência é a cerâmica ligada aos conceitos japoneses, principalmente aqueles que têm sua origem no extremo Oriente. Trata-se de uma arte milenar que chegou ao Brasil no início do século XX, com os primeiros imigrantes agricultores, concentrando-se aos redores de São Paulo. É o caso de Shoko 20 Unidade 1


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