Minian: do Décimo ao Primeiro Rabino Sérgio Margulies
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o Museu da Diáspora em Tel Aviv, que retrata a vitalidade da vida judaica ao longo dos séculos, há um espaço denominado minian – grupo de oração constituído de ao menos dez membros da comunidade. No entanto, há somente nove estátuas. Não falta uma, pois o observador representa o décimo membro. A mensagem lembra que cada um de nós é responsável pela existência do minian.
Da onde... Da onde surge a concepção do número dez? Será que a efetividade da oração está relacionada a um número específico? Se considerarmos como efetividade moldar o desígnio divino, pouco importa o número porque isto seria subverter o propósito das orações, que não é de submeter Deus ao anseio humano. No entanto, se compreendermos a oração como uma linguagem espiritual de apoio mútuo, algum número torna-se relevante. Mas qual número? O filósofo Saadia haGaon (882-942) ensina que o número dez representa a perfeição. No entanto, a aceitação da perfeição de um número exige a utilização de algarismos, o que o judaísmo não possui, tanto que os valores numéricos são representados por letras. Em acréscimo, a composição do minian surge de uma história da Torá (Parashá Shelach Lechá) que associa dez à imperfeição humana. O episódio remonta a saída dos hebreus do Egito antigo e sua jornada pelo deserto cujo destino era a Terra de Israel. Doze emissários, um de cada tribo que compunha o povo de Israel, foram enviados para verificar as condições da terra para a qual seguiam. Os relatos divergem. Enquanto dois – Ioshua [Josué] e Caleb – afirmaram tratar-se uma terra que emana leite e mel, os dez demais
Cada um de nós – todos nós! – somos convocados a ser o décimo membro que viabiliza a existência de um minian. E ainda que haja dez, nos consideremos sendo o décimo.
Revista da Associação Religiosa Israelita-ari
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