Entrevista com Deputado Toninho

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A série de entrevistas do projeto Fazenda que Queremos traz nessa edição um bate-papo com o deputado estadual Toninho Wandscheer (PT) que antes de ocupar uma cadeira na Assembleia Legislativa foi prefeito de Fazenda Rio Grande por oito anos. A carreira política do deputado se confunde com a história de Fazenda Rio Grande que a partir de 2000, sob o comando de Toninho, passou por grandes transformações. Para Toninho, a cidade precisa quebrar paradigmas e o caminho e ter um "planejamento e ação estratégica qualificada". A Semana: O ponto principal é analisar como Fazenda Rio Grande cresceu e se desenvolveu até os dias de hoje. Dê-nos um diagnóstico da cidade. Toninho Wandscheer: Fazenda Rio Grande cresceu, não é mais aquele município com cara de distrito. O primeiro passo é sempre o mais difícil, e foi muito difícil formar a estrutura de serviços públicos, os postos de saúde, escolas em número suficiente, asfaltar as principais ruas da cidade, sobretudo as onde trafegam os ônibus e quase toda nossa população. Com esse árduo esforço conseguimos dar condições para que o município acolhesse população em volume tal que se tornou atraente uma série de empreendimentos comerciais. Fomos abençoados com o maior aumento do poder aquisitivo justamente na faixa de renda de nossa população, foco dos governos Lula e Dilma. A transformação da nossa cidade já começou, alimentada por sua proximidade com Curitiba e localização estratégica, agora precisamos saber que rumo tomar, seguir placidamente um papel secundário, ou tomar as rédeas para uma grande revolução que atinja a todos com seus benefícios. AS: Para se alcançar o desenvolvimento é necessário dotar a cidade de condições para que o ser humano possa viver com qualidade de vida. Como avalia essa questão? TW: Mais do que desejar um salto de qualidade de Fazenda Rio Grande, acredito que o caminho e os mecanismos estão disponíveis para nós. A seguir o fluxo atual do desenvolvimento, cresceremos, mas sempre de forma periférica e sem que a nossa população usufrua deste crescimento. Sem um planejamento e ação estratégica qualificada, indústrias e serviços se instalarão em nosso município (sua localização, e as recentes melhoras nas estradas e infraestrutura sob responsabilidade do Governo Federal), mas a demanda será por força de trabalho mais qualificada do que temos para oferecer. É preciso quebrar o ciclo que nos im-

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pede de chegar à Cidade que sonhamos. AS: E como transformar Fazenda Rio Grande numa cidade metropolitana? TW: Várias vezes tenho afirmado que o que queremos é uma CIDADE METROPOLITANA, lugar onde se realizam as oportunidades e se multiplicam condições de desenvolvimento integrado. O que queremos é esquecer a relação Centro X Periferia/ Dormitório. Esta Cidade pode e deve ter equacionados seus problemas de mobilidade, saúde pública, educação para o futuro, segurança e qualidade de vida. O desafio é quebrar os paradigmas que nos atrasam e avançar pela inovação, ultrapassando os problemas. Ainda hoje Fazenda Rio Grande acolhe moradores, que para cá vem como opção mais barata de morar perto de Curitiba, mantendo lá seu foco produtivo. Cria-se uma situação na qual os fazendenses dinamizam a economia, e consequentemente a arrecadação, de lá enquanto demandam serviços públicos aqui. Convivemos com uma transferência de riqueza para o centro. Junte-se a isso o calvário diário que rouba preciosas horas da vida num ônibus de qualidade questionável. Tempo que poderia ser gasto com a família, diversão ou estudo. Qualquer político, que pretenda mais do que benefício próprio precisa encarar o desafio e criar condições para a mudança da matriz econômica. Hoje está muito claro que o caminho é focar em áreas de alta tecnologia, que agregam maior valor aos produtos e remuneram melhor os trabalhadores. Em todo mundo, desenvolvem-se mais os países ou regiões que apostaram e investiram nesse setor. Parcerias com Instituições de Pesquisa e Empresas de ponta são fundamentais, e elas estão abertas ao poder público, bastam projetos claros, com responsabilidades pactuadas. Agregar valor aos produtos e serviços dinamiza a economia

e a arrecadação local. Atrai um exército de trabalhadores qualificados e bem pagos. Devemos criar condições para que este contingente de trabalhadores bem remunerados queira morar aqui. Temos a vantagem competitiva da proximidade. Ganharemos triplamente, com maior arrecadação industrial, com a melhora dos serviços atraídos por uma massa salarial maior e pela cobrança maior de impostos de quem pode pagar. Nessa condição podemos aliviar o fardo para quem isso (impostos e taxas) pesa demais.

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AS: O que é necessário fazer para que tenhamos a Cidade que Queremos? TW: Não basta todo esse esforço se a cidade não se transformar junto. A melhora econômica é a centelha que animará a construção da nova Fazenda Rio Grande, e Integração é a chama que nos alimentará na busca desse sonho. Integrar quer dizer agregar todos os cidadãos, os novos e os antigos, numa sociedade envolvida no bem comum. Os obstáculos são tanto do poder público como da sociedade civil. AS: Como seria essa transformação? TW: Por exemplo, qualidade dos serviços públicos, competência e honestidade dos governantes deveria ser condição básica e nem deveria ser discutida. Hoje infelizmente vivemos o desperdício de energia e recursos por conta de quem não teve a grandeza que Fazenda merece. Algumas obras e intervenções que ajudarão na constru-

ção da nossa Cidade Metropolitana já estão em curso. Em reunião com o Prefeito Gustavo Fruet, este me assegurou que o investimento necessário para o Corredor Expresso de ônibus entre Fazenda Rio Grande e o futuro metrô está para ser liberado. É o primeiro e mais importante passo para a integração externa, junto com a ligação a Araucária e São José dos Pinhais. Não nos basta estar integrado aos nossos municípios vizinhos. Precisamos estar plenamente integrados dentro do município. A tão importante BR-116 não pode dividir a cidade em duas. A Fazenda do futuro terá várias passagens de nível pela BR-116. De imediato é necessário construir uma galeria para pedestres entre o terminal novo e o antigo. Uma cidade moderna precisa incluir de forma extensiva e segura os ciclistas, não há porque não incluir em 10% de nossas vias faixas exclusivas para este modal limpo de transporte, inclusive com possibilidade de integração com os ônibus do terminal. AS: Cite três pontos essenciais para tratar da cidade metropolitana: TW: Uma cidade para ser desejável, é portanto, uma escolha de moradia e vida deve obrigatoriamente ser segura. Isso só se consegue com o empenho total do poder local e o envolvimento da população. A polícia é só um dos atores da segurança pública. Sonho e luto pelo dia em que os fazendenses sejam os construtores de sua tranquilidade, através da Guarda Municipal e conselhos de vizinhança segura. Um grande aliado é a ocupação das ruas e espaços públicos pelos cidadãos de bem. Cultura, lazer e esporte podem contribuir muito para isso. Tranquilidade também na doença e necessidade de cuidados. A Saúde ou é prioridade ou os governantes não servem. Recurso há, e haverá mais, os desvios e desmandos podem ser medidos em dignidade roubada no momento de maior fragilidade. Na Fazenda Rio Grande que queremos o cidadão estará sempre atendido. Sobra-nos o desafio da educação. Ultrapassar o protocolar acompanhamento de metas para buscar a excelência e qualificação diferenciada. O mundo e Fazenda serão cada vez mais competitivos, é preciso estar preparado para isso. Esta cidade que queremos finalmente vai interromper o cruel fluxo migratório diário que furta tempo precioso da vida dos fazendenses. A Cidade que Queremos dará mais vida aos que nela escolheram morar.


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