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Verde Aia


SUMÁRIO

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CRÔNICA Na estrada vejo tudo se acabando

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REPORTAGEM Terras de águas

REPORTAGEM Lixo, um problema da sociedade moderna. REPORTAGEM Qual o real papel da educação ambiental na socidade moderna

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Projetos em execução

ENTREVISTA Educação Ambiental

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Caminhadas na natureza Terrenos limpos, cidade limpa.

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REPORTAGEM Queimadas “Mato Grosso é campeão”

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ARTIGO Cidadania e meio ambiente

Esgoto nosso de cada dia

ARTIGO A Consciência é sua


Carta ao Leitor Algumas questões ambientais na contemporaneidade “Brasil é o mais rico em biodiversidade. Seriam necessários 800 anos para mapear tanta riqueza!”. Essa foi a frase estampada na capa da revista Scientifc American, da edição brasileira de numero 39 deste ano. As pesquisas internacionais já se deram conta dos resultados biológicos em fauna e flora que o nosso país tem, mas o cidadão brasileiro comum ainda não, e é ele o que mais tem o contato direto com esses ecossistemas. É ele o causador de toda essa trajetória de impactos ambientais por que todos os organismos ecológicos estão passando. O aquecimento global é o mal do século, e o consumo desenfreado da população contemporânea é a causadora desse grande problema que é o efeito estufa, que, como todos sabemos, é causado pelo aumento de CO² na atmosfera. Diante desse dilema, Alto Araguaia não possui ainda um aterro sanitário, mas verbas garantem uma realidade bem diferente para o meio ambiente, para o próximo ano, onde um projeto de aterro sanitário está para entrar em execução. No quesito Educação Ambiental, a cidade ainda engatinha, com suas estratégias educacionais, para inserir nos currículos escolares esse tema de grande importância, dentro do contexto em que vivemos. Ao folhear as seguintes páginas, o leitor encontrará uma entrevista com a secretária de educação de Alto Araguaia, Abilene Bastos. Com um discurso linear e objetivo, ela nos passa as ações implantadas para uma educação voltada ao meio ambiente e seus problemas sociais, para serem aplicadas junto às crianças e jovens araguaienses. Mato Grosso, suas queimadas e seu desmatamento. Leia um pouco mais, desse grande “fantasma” que assombra nosso Estado, desde sua colonização, e matérias que enfatizam também as questões que envolvem a sociedade como um todo, com problemas socioambientais, tais como: o lixo, o esgoto, falta de saneamento básico e poluição dos rios. Visualizando esse cenário no qual estamos inseridos, fica um pedido de reflexão sobre causas tão nobres e frágeis, principalmente se tratando de questões voltadas ao meio ambiente.

Verde Aia Entrevista, Redação, Fotografia e Edição: Sheila Cristina e Talita Soares

Design e Diagramação: Dennys Christian Rogério Santos

Orientação: Professor Mestre Thiago Cury Professor Mestre Mário Policeno

Tiragem: 07 exemplares Impressão: Gráfica Elisa

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Crônica

Na estrada vejo tudo... Tudo se acabando! Por Talita Soares

do trânsito e ficar presa no engarrafamento! Eu sinto calor no inverno e frio no verão... O sol parecer estar forte demais, a temperatura está descontrolada, a chuva não vem já faz mais de três meses... Será uma nova estação? Não sei, só sei que o clima não está como antes. Eu ligo a TV e vejo noticias sobre o tempo, as queimadas aumentaram, o desmatamento superou os índices anteriores, o esgoto está sendo jogado no rio, as pessoas continuam jogando lixo nas ruas e nos bueiros... ...Ah, sim! Agora compreendo porque o cheiro forte de fumaça no ar, porque os bichos estão invadindo as estradas, não é a vida moderna da onça pintada, mas é o pedido de socorro dela. Agora sei o porquê que o verde de antigamente está cinza, e porque o ar está com tanta dificuldade em circular... E descobri o nome da nova estação, é inversão térmica!

www.google.com

Ando pelas ruas e sinto um cheiro forte que invade minhas narinas e, logo, sinto um ardor. Olho para o céu e vejo uma camada negra que encobre as nuvens e impede a ação da luz do sol. Meus olhos começam a lacrimejar e eu já não consigo ficar com eles abertos. Sinto uma forte fadiga na garganta, uma sensação de como se eu tivesse engolido um charuto. Viajo na estrada e não vejo mais o verde que eu via há anos atrás. Parece tudo tão diferente, é como se eu tivesse vendo o mesmo cenário, só que um século depois. Abro a janela do carro e sinto um ar quente vindo pela lateral, é como se o ar tivesse perdido a força de circulação e se entregado ao cansaço... Vejo animais na pista, bichos da mata... Estranho! É como se a onça pintada tivesse trocado o aconchego da floresta para ir viver na civilização, no caos da cidade grande, no stress

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Por Sheila Cristina e Talita Soares

Localizada ao sudeste do estado de Mato Grosso e a 420 Km de Cuiabá, banhada por um rio de grande porte, com sua extensão aproximada em 2115 km, Rio Araguaia, e pelos riachos Boiadeiro, Gordura e tantos outras bacias de águas, Alto Araguaia é uma cidade privilegiada por seu clima agradável (quase que o ano todo por volta de 22º graus), sua terra e povo hospitaleiros. Seus 13.790 habitantes são receptivos aos que aqui chegam e se encantam com tanta beleza em fauna e flora e uma rica biodiversidade. Possui o bioma mais bem preservado do país – o cerrado – e se caracteriza por terras ácidas e ricas em nutrientes, propiciando uma vasta quantidade de plantas endêmicas e matas fechadas onde se escondem mananciais de água pura e em abundância. Alto Araguaia possui uma rica beleza natural e seus ecossistemas nativos e totalmente preservados fazem da cidade um santuário ecológico. A cidade se beneficia por possuir dois rios de águas cristalinas e límpidas: o Rio Boiadeiro, que envolve a cidade recebendo banhistas praticamente todos os dias para desfrutar de suas águas tranqüilas e passear no parque ecológico que fica á beira dele, com trilhas para caminhadas; e o Rio Araguaia, com seu enorme volume de água, suas corredeiras desafiam aqueles que gostam de águas mais agitadas. Chamativos, esses rios encantam aos que aqui visitam essa estrutura ecológica Tudo isso e muito mais fazem de Alto Araguaia um pólo turístico que atrai, a cada ano, pessoas de diversos cantos do país, assim

como também estudiosos e pesquisadores da ecologia brasileira que vêm para o estado descobrir e estudar paisagens nunca vistas em nenhum outro lugar do planeta. O turismo ecológico é um ramo promissor na cidade e sua força organizacional, aos poucos, apresenta desenvolvimento, com o apoio do Departamento de Turismo Municipal, contando hoje com uma turismóloga, Keila Rezende Mariano, e uma coordenadora adjunta do Departamento, Maria Eugênia da Silva Ribeiro, juntas administram o setor do turismo na cidade, e desenvolvem projetos que completam a divulgação da parte ecológica da cidade, sendo assim, acontecem passeios turísticos mensalmente, com roteiros que englobam córregos, nascentes, e várias cachoeiras, como a das Orquídeas, Salto das Três Quedas, Água Emendada, Sonho I, Sonho II e locais de rara beleza, como Loca e Gruta Santa. Além de trilhas em meio a matas virgens, onde o turista pode presenciar de perto os encantos do cerrado preservado e quase intacto pelas ações do homem. Geralmente, o passeio turístico é definido pelo Departamento e financiado pela Prefeitura Municipal, onde são levados em conta o ônibus, que é particular, a diária do motorista e a diária do guia do turismo, que somam um valor de aproximadamente 700 reais. Para fomentar a economia local, no meio da viagem, que dura 12 horas, acontece um almoço em um sítio, com direito a fogão à lenha e comida bem caseira, rodeada de uma paisagem espetacularmente rural. Os visitantes pagam pela refeição, diretamente ao dono do sítio, o valor de 25 reais, e esse é o único 5  •  Verde Aia

Reportagem

Imagens: Nelsoney

Terras de águas


Imagens: Nelsoney

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Sheila Cristina

valor cobrado pelo passeio aos guimento, e que, até agora não turistas. teve proposta do poder público Hoje, na cidade, os comerciantes e principalmente donos de hotéis têm medo de investir, porque sabem que o lucro ainda é bem pequeno e o investimento exigiria um custo a mais, como disponibilizar cursos de aprendizado no turismo para os funcionários e técnicas de tratamento aos turistas/hóspedes. São três os principais hotéis Keila Resende, turismóloga da cidade: o Karajás, o Araguaia Palace e o Portal do Cerrado, e nem projetos entre os hotéis todos localizados na BR 364 em relação do turismo. que corta o De acor“ Hoje, na cidade, os município, do com a todos eles, comerciantes e principalmente turismóloga Reoferecem donos de hotéis têm medo de Keila aos seus sende, o investir, porque sabem que o hospedes, município é leitos com lucro ainda é bem pequeno” privilegiado ar-condidevido às suas quedas d’água, suas muicionado ou ventilador, café da tas cachoeiras e um vale rico em manhã e serviços de garagem 24 horas. biodiversidade em fauna e flora. E diz também que “a população O Araguaia Palace Hotel, é o mais antigo deles, foi construíaraguaiense aproveita pouco do em 1983, segundo o próprio essa riqueza, talvez por falta de oportunidade de ir a esses lugadono, o Sr. Sady Severino Rezende “a construção dessa emres. No inicio do ano, fazíamos muitos passeios às cachoeiras presa foi devido ao fluxo de carros que cortam as duas cidades, e trilhas ecológicas, mas agora, e quase 90% dos hóspedes são por causa do período das chuvas, os passeios diminuíram”. empresários,vendedores viajantes, pessoas que vem pra fazer Nelsoney da Costa Marques, atua como guia do turismo a negócios, e o período de mais movimento durante o ano é en25 anos em Alto Araguaia, ele tre os meses de maio a julho cresceu nessa terra e ninguém melhor que ele conhece esses (período de férias escolares), pois aumenta a “passagem” lugares ecológicos, foi ele o autor de nomeações para catalopelos estados de Mato Grosso, Mato Grosso do sul e Goiás. gações de toda as cachoeiras, Ele acredita que a cidade aingrutas e sítios arqueológicos da região. da é fraca na relação turística, ressaltando que ainda tem muiComo faz esse tipo de trabalho a anos, ele tem uma creto o que desenvolver neste se-


estar junta, o barulho, o excesso de pessoas, o comportamento errado, pode sim gerar grandes impactos, alguns até irreversíveis, como é no caso de rançar galhos, mudas, riscar paredões, eu fico muito triste quando vou caminhar na mata e me deparo com lixo, mas isso não vem acontecendo Nelsoney da Costa Marques, guia do turismo aqui”. A consciência é a melhor arma contra as agressões ambientais, “As autoridades e preservar hoje é garantir um ainda não futuro equilibrado, assim a natureza e o homem podem avanacreditam que çar no tempo e no espaço, sem o turismo para complicações, e respeitar os liAlto Araguaia, mites da fauna e flora, é respeitar a vida em toda a sua essênfomentaria a cia, sabendo que de um passeio economia local” ecológico, nada se traz de volta pra casa a não ser lembranças e fotos e nada se deixa na natureza, a não ser pegadas.

Nelsoney Marques

Arquivo pessoal

dencial que o habilita a ser um guia, fez um curso de turismo rural há alguns anos atrás, no qual acredita que foi um suporte teórico que enriqueceu seus conhecimentos, e o fez sanar suas dúvidas em relação ao turismo e aprimorar conhecimentos para por em prática, quando esta nas trilhas com os visitantes. Seu pensamento é o de que “as autoridades ainda não acreditam que o turismo para Alto Araguaia, fomentaria a economia local, e fica em último plano, eu fico triste com isso, e acredito que, falta mais interesse do poder público”, ressaltou Nelsoney. E quanto aos impactos ambientais, ele afirma não haver muito na região, já que os passeios acontecem periodicamente, e isso ajuda a amenizar as degradações, em outra fala ele diz que “quando acontece visitas sem um acompanhamento de uma pessoa qualificada, para

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Reportagem

Lixo, um problema da sociedade moderna Por Sheila Cristina

Pesquisadores do Instituto de Economia da Unicamp, apontam que quanto mais rico for o país, mais lixo é produzido por ele. Cada brasileiro produz, em media, 1,25 kg de lixo por dia, segundo dados do IBGE/2010. Somando, temos um total de 228 milhões de quilos de lixo todos os dias. Toneladas e toneladas de sacos plásticos, papelões, latas, todo tipo de objetos descartáveis e materiais orgânicos são despejados em lixões ou aterros sanitários, quando não em terrenos baldios sem nenhum planejamento ou fiscalização. Alto Araguaia possui um lixão a céu aberto, localizado às margens da MT 100, que vai para a cidade de Alto Taquari, implantado no ano de 2001, na antiga gestão do prefeito Jerônimo Samita Maia Neto. Sem planejamento demográfico, esses resíduos depositados de forma desorganizada causam danos enormes ao homem e ao meio ambiente, além de todo o processo de decomposição da parte orgânica atrair insetos e animais de variadas espécies. No processo de decomposição nasce o chorume, uma substância líquida, mal cheirosa, originária do processo de putrefação que, quando não estudado, controlado, o seu volume e destino pode contaminar lençóis freáticos, rios, lagos ou mananciais, considerando também a possibilidade de chegar a águas com peixes, levando-os à mortandade. E frutas, legumes e verduras, se manuseados em hortas com terra contaminada, podem causar viroses ao homem. Outro problema existente é o fogo, que consome diariamente esses detritos. Criminoso, ele acontece todos os dias pela manhã, consumindo 12 toneladas de lixo diariamente em Alto Araguaia, uma poluição em massa, 8  •  Verde Aia

prejudicando o meio ambiente e colaborando para o aumento do CO² na atmosfera. Com o lixo pegando fogo, acaba por facilitar os pseudo-recicladores identificar o seu objeto de lucro: as latas e todo material derivado do alumínio. Batendo com enxadas no entulho acinzentado, o barulho logo vem da lâmina em contado com as latas. Já para os verdadeiros recicladores, a sua opinião sobre o fogo é que “esse ato prejudica muito, pois, com o fogo queimando, nós não conseguimos salvar muita coisa, porque precisamos do plástico, papel, papelão, vidro e alumínio”, afirma dona Lucineide Madureira, catadora do lixão de Alto Araguaia. Ela também reclama que todos os dias pela manhã, ao chegar ao lixão, o fogo já está ali, e acusa alguns colegas de trabalho que reciclam apenas o cobre e o alumínio em serem os culpados pelo crime ambiental. Hoje, com a economia brasileira avançando, o poder aquisitivo da população aumenta a cada ano e conseqüentemente o seu poder


Talita Soares

de compra também. Compra-se mais, e muitas vezes sem necessidade. Pesquisadores do Instituto de Economia da Unicamp, apontam que quanto mais rico for o país, mais lixo é produzido por ele. Assim, depois do plano real, a quantidade de consumo praticamente triplicou entre a população brasileira: uma roupa nova, um sapato novo, um celular novo, se ficar velho ou simplesmente enjoar do produto, é só jogar fora na lata do lixo e está tudo resolvido. Simples? Não. É aí que o problema começa, quando vai para a lata do lixo inicia-se um longo processo. O ideal seria fazer a coleta seletiva dos objetos: papel, metal, plástico, vidro e matéria orgânica. Depois de separados em casa, o segundo passo é armazenar em sacos ecologicamente corretos (os que o meio ambiente tem mais facilidade para se desfazer). O terceiro passo é serem depositados nas lixeiras seletivas com suas respectivas cores: papel-azul, plástico-vermelho, metalamarelo, vidro-verde e marrom-comum.

Em Alto Araguaia, alguns estabelecimentos comercias e órgãos públicos já possuem estas lixeiras seletivas, mas o grande problema é que, mesmo com a separação dos detritos, o caminhão de lixo ao recolhêlas mistura tudo na caçamba, tornando a ação insustentável. São seis caminhões de lixo que fazem a limpeza da cidade: recolhem diariamente lixo doméstico e entulhos, como

A ilustração mostra o modelo de Aterro Sanitário com bioremediação e tratamento adequado aos detritos

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tema de vôos das aeronaves. Para complicar mais ainda, a FUNASA (Fundação Nacional de Saúde) orientou aos organizadores da obra para que mantivessem esse valor congelado por um tempo, considerando que o dinheiro é pouco para a total construção. A obra concretizada ficaria em 500 mil reais o aterro sanitário e mais 500 mil reais para a montagem da manta de PAD (Polietileno de Alta Densidade) que protegeria a entrada de resíduos no lençol freático. O processo de aprovação do projeto que a FUNASA verifica tem que passar por muitas normas e a primeira delas é que para esse tipo de obra contemple pelo menos dez anos de vida útil do aterro. Além disso eles não aceitam o projeto se a secretaria não fizer a biorremediação do terreno. Com o lixo jogado a “céu aberto” e tendo cerca de 45 a 50% de matéria orgânica – que, ao entrar em contato com o oxigênio, acontece a decomposição e gera gazes e estes são emitidos pela atmosfera –, o meio ambiente ganha enormes pesos de poluição. Já com a construção do aterro sanitário e confinando os detritos, os gases serão corretamente coletados e nesse seguimento todo o chorume produzido é drenado, o lixo será confinado e o meio ambiente sofrerá menos danos. Em todo estado de Mato Grosso, das suas 141 cidades apenas doze possuem aterro sanitário: Barra do Graças, Campo Verde, Colider, Cotriguaçu, Cuiabá, Denise, Diamantino, Jauru, Matupá, Sinop, Sorriso, Tangará da Serra. E neste ano de 2010 apenas três cidades tiveram a licença de operação liberada pela SEMA (Secretária de Meio Ambiente) sendo elas: Colider, Sorriso e Campo Verde. As outras cidades estão com a licença vencida, existindo algumas de pequeno e médio porte no Estado que ainda jogam lixo em terrenos inadequados. Segundo o engenheiro sanitarista Luiz

Catadores de lixo no lixão de Alto Araguaia

galhos e sobras de materiais de construção. Com a construção do aterro sanitário na cidade, que será em um terreno próximo ao atual lixão, os resíduos serão depositados de forma planejada e sem agressões ambientais. Segundo o engenheiro sanitarista Luiz Carlos de Souza, com o programa do PNMA2 (Programa Nacional do Meio Ambiente 2) o município foi contemplado com duas ações: recuperação de área degrada e construção de aterro sanitário. “Uma foi devidamente conferida, recuperamos muitas áreas com processo erosivo. A outra tinha que haver um comprometimento do município, no qual foi ter de comprar a área, fazer um estudo geofísico da área e fazer licenças ambientais. Fizemos tudo isso e encaminhamos a licença ambiental para a SEMA (Secretaria do Estado do Meio Ambiente) e também no decorrer desse percurso surgiu uma emenda de um deputado federal no valor de 150 mil reais”, explica. Essa emenda no valor de 150 mil reais era para dar inicio a construção do aterro, porém a obra ficou impossibilitada devido aos 10 hectares comprados pela prefeitura ficarem em uma área próxima do terreno em que funciona um aeroporto particular, já que o aterro atrairá pássaros que podem prejudicar o sis10  •  Verde Aia


risco. Essa opinião é contrária à de Luiz Eduardo Medina, médico. “O contato direto com o lixo orgânico pode produzir dermatoses na pele, proporcionada por bactérias, fungos, ocasionando micoses, e, além disso, se vê que esses lugares são freqüentado também por cães, gatos, ratos e tantos outros bichos que, ao defecarem ali, podem deixar diversas doenças nocivas ao homem. É de extrema importância que o engenheiro sanitarista, juntamente com uma assistente social, faça um acompanhamento junto a esses catadores, lhes dê suporte de segurança, como mascara, luvas e botas. Além disso, a intensa fumaça todos os dias pode causar bronquite crônica, doenças obstrutivas dos pulmões, com bastante perigo para os gazes tóxicos que podem levar ao envenenamento e à oxigenação sanguínea do sangue”, apontou Medina. Agora que entrou em vigor a lei que estabelece um prazo para acabar com os lixões em todo o Brasil, a chamada “Lei dos Resíduos Sólidos”, as cidades terão que resolver os problemas dos lixões. Desde agosto, quando foi aprovada depois de transitar pelo Congresso por 21 anos, a nova lei que implementa a Política Nacional de Resíduos Sólidos vem com o propósito de resolver definitivamente, o grande problema, principalmente de grandes centros urbanos, que são os lixões a céu aberto. Essa lei é um marco histórico, porque responsabiliza o poder público, as empresas e toda população por sua produção de lixo, ainda mais em uma sociedade tão consumidora como a nossa. As prefeituras tem até o ano de 2015, para regulamentar ou planejar seus aterros, e se livrar dos lixões, as cidades e toda população brasileira agradecerá essa nova fase de implantação da lei, e o meio ambiente muito mais. www.google.com

Carlos, “o grande problema é que além de ser um investimento de grande custo, para a construção dos aterros é preciso todo um parecer técnico em definição da melhor escolha do terreno seu meio físico (solo, água e ar), meio biótico (fauna e flora) e vistoria pelo órgão competente neste caso a SEMA, toda a exigência tem ser respeitada para o licenciamento, e depois do projeto concluído é liberado pela Secretária de Meio Ambiente o L.O (Licença de Operação)”. Após a construção do aterro sanitário, no mesmo espaço funcionários da recicladora trabalharão para a reciclagem de todo o lixo produzido pela cidade. Assim, garrafas pet, vidro, metal e papel serão reciclados e exportados para algumas cidades compradoras. Esse futuro ainda incerto deixa inquietos os catadores do lixão, que hoje somam mais de cinco pessoas. Eles reclamam da possibilidade de serem obrigados a deixar o trabalho que fazem e ter, no futuro, de trabalhar na recicladora. Seu Juscelino Alves do Nascimento, conhecido como seu Mineiro, trabalha no lixão há onze anos, afirma que “com o funcionamento do aterro sanitário o beneficio que tiramos do lixo vai ser inviável, porque não é todo dia que a gente vem aqui, e quando a gente não vier a máquina vai enterrar tudo e não podemos reciclar aquilo que já foi enterrado. Então para mim essa construção seria prejuízo”. “Mas, se olharem por outro lado, o de possivelmente terem direitos trabalhistas, como seguro desemprego, férias, salário fixo e condições de vida melhores para trabalhar, essa mudança será benéfica para eles”, afirma Tatiana Gulo assistente social municipal. Os catadores alegam que o trabalho duro e perigoso no lixão não faz mal à saúde e mesmo sem EPI (Equipamento de Proteção Individual) suas vidas não correm nenhum

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Talita Soares

Qual é o A Professora da Rede Municipal fala da importancia de se preservar o meio ambiente nos dias atuais.

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studos contam a história da educação ambiental, e descrevem que tudo começou depois da publicação do livro “Primavera Silenciosa” em 1962, da americana Raquel Carson, ao qual deu inicio aos movimentos ambientalistas, essa obra teve repercussão mundial, e foi o pontapé que fez com que a ONU (Organização das Nações Unidas), realizasse vários eventos internacionais que abordassem o tema da Educação Ambiental. O primeiro evento foi a Conferência das Nações Unidas Sobre Meio Ambiente, evento esse realizado em 1972, conhecido como Conferência de Estocolmo, no qual participaram 113 países, inclusive o Brasil. O tema – chave denunciava a devastação da natureza que ocorria naquele momento, elaborou-se então dois documentos de extrema importância: a Declaração sobre Meio Ambiente Humano e o Plano de Ação Mundial. Dando ênfase a Educação Ambiental, os países se propuseram a amenizar os impactos ambientais da época, e o Brasil se sentindo apertado com pressões implantou a Secretaria de Especial do Meio Ambiente a SEMA e a partir daí surgiram implementações de educação ambiental por parte do professores em uma metodologia própria para alunos do ensino fundamental e médio. Desde então, a partir da década de 1970, 12  •  Verde Aia

uma avalanche de conferencias e movimentos ambientalistas se expandiram no mundo todo em busca de um equilíbrio global, para os primeiros impactos ambientais e suas conseqüências. Um dos mais importantes métodos foi a realização de um Seminário na América Latina em 1979, realizado pela UNESCO (United Nation Educational, Scientific and Cultural Organization (Organização para a Educação, a Ciência e a Cultura das Nações Unidase) e PNUMA (na Costa Rica, onde o departamento de ensino médio MEC e a SETESB publicaram o documento “Ecologia uma proposta para o ensino do 1º e 2º graus, e durante os sequintes anos muitas novas leis foram implantadas dentro dos governos, entre elas a lei de nº 9795, que institui a Politica de Educação Ambiental, que abriu vertentes para um olhar mais critico dos problemas sócioambientais. Mas foi mesmo a Carta de Belgrado que teve repercussão no mundo todo, em sua escrita ela trazia uma discussão da Declaração das Nações Unidas para uma nova Ordem Econômica Internacional, esse documento foi instituído pela Lei de nº 6 938 do dia 31 de agosto, ela pedia um conceito novo de reflexão, para todas as nações, um marco de preocupação ambiental para o Brasil. De acordo com o professor e pesquisador Wilson da Costa Bueno “Meio ambiente é o


Por Sheila Cristina e Talita Soares

complexo de relações, condições e influências que permitem a criação e a sustentação da vida em todas as suas formas. Ele não se limita apenas ao chamado meio físico ou biológico (solo, clima, ar, flora, fauna, recursos hídricos, energia nutrientes, etc), mas inclui as interações sociais, a cultura e as expressões/manifestações que garantem a sobrevivência humana (política, economia, etc)”, (2007, p.33). Nesse sentido percebemos que os aspectos sociais e naturais se entrelaçam transformando em problemas socioambiental, como falta de saneamento básico, falta de moradia digna, lixo e esgoto a céu aberto, descaso do poder público entre outros. A educação ambiental não se restringe apenas ao cidadão comum, e ela não pode e não deve ser executada somente por autoridades públicas competentes, governos e entidades ambientais. Tem de ser pensada no viéz da coletividade, na sociedade como um todo, em beneficio de cada pessoa, que atua como cidadã, e em benefício de garantir um espaço social naturalmente saudável. Essa educação, então, tem o papel de construir valores sociais, conhecimento, habilidades, atitudes, e competências voltadas para a conservação do meio ambiente. Podendo ser ensinada de modo prático por meio formal, dentro da escola, e como de modo informal através dos meios de comunicação. Ambos os processos tem em comum a idéia de que é necessário formar cidadãos sensibilizados capazes de tomar decisões

conscientes para a vida. E é na escola principalmente que essa formação/educação se consolida, quando a criança e/ou adolescente não tem todo arcabouço familiar, o conjunto docente tem o papel de formar cidadãos consciente e ecologicamente corretos. Seria de extrema importância que a matriz curricular pedagógica desde as séries iniciais até os últimos anos de ensino médio, recebesse a disciplina de educação ambiental, mas infelizmente não é o que acontece no Brasil. Já países como a Inglaterra, que abrange o tema Educação Ambiental em suas aulas em sala, há mais de 20 anos, e os Estados Unidos que inseriu em sua grade escolar e plano de ensino o tema, com ordem do Governo há vinte e cinco anos ,(explica a autora Silvia Czapski em seu livro “Implantação da Educação Ambiental no Brasil”, 1998) são exemplos que demonstram a preocupação na qualidade de um ensino voltado ao meio ambiente e o exercício da cidadania. O município de Alto Araguaia possui quatro escolas estaduais, quatro municipais, três rurais e três particulares, que juntas somam 14 centros de ensino, sabendo que a prefeitura aderiu no ano de 2009 o sistema objetivo de ensino para que assim, a qualidade do aprendizado possa evoluir. A professora e atual secretária de educação da cidade Abilene Antonia Bastos, afirma que trabalha na rede da educação à 24 a nos e ressalta a importância do papel da escola e 13  •  Verde Aia

Reportagem

o real papel da Educação Ambiental dentro de uma sociedade?


Talita Soares

Prof. Abilene, secretária municipal de educação, fala da dificuldade de se trabalhar o tema em sala de aula

dos docentes na formação do sujeito ecológico, “hoje o comportamento dos jovens e adolescentes na escola não é fácil, temos uma equipe de pedagogos e psicopedagogos que enfatizam em reuniões, planejamento, plano de aula e trabalhos extraclasse a necessidade de se ter mais trabalhos voltado a educação ambiental também”. Apontando também que sempre realizam trabalhos junto com outras secretarias, para trabalhar a consciência ecológica dos alunos, professores garantem que o trabalho de ministrar aulas envolvendo educação ambiental acontece o ano inteiro, e principalmente agora com as crises ambientais em grande escala por causa dos enormes impactos. “Estamos vivendo um período de muitas catástrofes ambientais ocasionadas pelas agreções ao meio ambiente, ocasionadas obviamente pelas ações do homem, como o aquecimento global, tufões, alagamentos, terremotos entre tantas outros fatos, e é muito importante a escola e toda comunidade estar envolvidos com os alunos, que são o futuro do amanhã”, afirma Neylon Vilela Nogueira, professor de geografia e coordenador pedagógico da escola estadual Carlos Hugueney. A Secretaria de Meio Ambiente da cidade realiza palestras junto as escolas fomentando a conscientização dos estudantes e pro14  •  Verde Aia

fissionais da educação como um todo, no objetivo de melhorar a consciência de adultos e jovens da sociedade araguaiense no quesito Educação Ambiental. E de acordo com Jefferson Berigo atual secretário de meio ambiente municipal, o principal papel da secretaria é o de fiscalizar, multar, e fazer licenciamento ambiental, para minimizar o máximo possível os impactos ambientais. Na cidade acontece diariamente inúmeras denuncias de irregularidades, como fogo em áreas proibidas, apreensão de animais silvestres, construções de obras dentro de reservas ambientais e lixo em terrenos baldios e residências que além de deixar um visual esteticamente negativo, propicia a proliferação de doenças como o caso da dengue. Entre tantas doenças que se apresentam ao mundo contemporâneo, o que mais preocupa a secretaria de saúde da cidade é o caso da Dengue, que no fim do ano passado atingiu mais de 100 pessoas ao mês entre novembro à janeiro, com dois casos de gravidade como a do tipo hemorrágica, esse assunto também se enquadra na Educação Ambiental, poís o intenso lixo principalmente alojado em fundos de residências, são o alvo de desova de várias espécies de mosquitos entre eles o Aedes Aegypiti. Para amenizar os impactos na saúde ocasionados pelo mosquito da dengue, aconteceu o dia D dia 18 de novembro, onde agentes de endemias municipais, juntamente com alunos das escolas municipais e estaduais saíram as ruas, distribuindo sacolas plásticas e panfletos educativos, incentivando as mudanças de hábitos, e fomentando a conscientização para diminuir o numero de casos este ano e deixar a cidade longe de uma epidemia. O importante papal da educação em todas as suas esferas, seja ela, ambiental, política ou social, propõe ao ser humano, aperfeiçoamento de conceito, valores e conduta, surgindo como uma nova forma de encarar o papel do ser humano no mundo e o mais legal disso tudo é que cada indivíduo queira começar a exercitar plenamente sua cidadania.


Projetos em execução Centro de Atendimento ao Turista (CAT) será realidade em Alto Araguaia. Planta do CAT - Centro de Atendimento ao Turista

a existência do CAT vai ficar ainda melhor, pois será de grande importância já que o prédio atenderá necessidades, como a de fornecer variadas informações aos turistas que visitarem a região do Araguaia, a cidade ganhará um novo impulso e ânimo para o turismo local e regional, e quem sabe até se tornará um pólo de turismo em sua microregião”, ressaltou Keila Rezende. Entre alguns projetos realizados pelo Departamento de Turismo e Cultura, como os

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No objetivo de fornecer informações precisas e dar suporte receptivo aos turistas da região do Araguaia, está sendo implantado o CAT (Centro de Atendimento ao Turista). Sua localização ficará na Praça do Boiadeiro, logo na entrada da cidade. Serão 170 m² de prédio construídos, o qual este contará com mais de cinco salas, banheiros, cozinha e área de atendimento. Isso tudo para fornecer aos turistas não só de Alto Araguaia, mas de todo o Vale da região do Araguaia: indicações de hotéis, restaurantes, transporte, lazer e informações em geral. O governo federal disponibilizou um recurso no valor de 150 mil reais para ser desenvolvido esse projeto. Hoje, a atual localização do Departamento de Turismo e Cultura, fica na Rua João II, no mesmo prédio da Secretaria de Educação. Mas, antes mesmo dessa localização, o Departamento era fixado à Secretária de Esporte e Lazer, coordenado pelo secretário Mariozan Nunez. Nas mesmas dependências do CAT funcionará a Casa do Artesão (atualmente situada à Avenida Carlos Hugueney, no centro) e, futuramente, o Museu Municipal. Como Adjunta do Turismo, Maria Eugênia da Silva Ribeiro coordena o Departamento de Turismo e Cultura, juntamente com a turismóloga Keila Rezende Mariano e o técnico em apicultura Max Fábio dos Santos. “Entres tantos projetos que já foram realizados, com

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Maria Eugênia da Silva Ribeiro

Folders com demonstração fotográfica das cachoeiras, os passeios pelas trilhas ecológicas que acontece a cada mês, está sendo implantada a Sinalização Ecológica, padronizadas pela SEDTUR (Secretaria do Estado de Desenvolvimento do Turismo). Em janeiro do próximo ano, serão fixadas placas de sinalização para facilitar o acesso aos atrativos turísticos, lugares como trilhas ecológicas, 15  •  Verde Aia


Material de divulgação da Secretaria Municipal de Turismo, Meio Ambiente, Esporte e Cultura

cachoeiras, pontes, parques ecológicos, ense processarão quimicamente com a ajuda globando locais de área urbana e rural. Esda casca de arroz e do pó de serragem. A sas placas estão sendo implantadas em toconstrução do banheiro poderá ser feita em das as cidades turísticas do estado de Mato alvenaria ou madeira. O proprietário desse Grosso, iniciou este ano, e se estende até tipo de banheiro recolherá o material, que, o final do ano que vem, visando melhorias estando curado no latão, servirá de adubo e em infraestrutura e decolocará um latão limpo senvolvimento do setor no lugar, esse projeto Governo de Mato Grosso turístico, essas obras acontecerá no próximo estão sendo implantaano. gasta mais de 350 mil das sobre o valor de Outro acontecimento reais em benefícios para 350 mil reais, de acoresperado em beneficio do com a Secretaria de da qualidade de vida da o turismo turismo do estado. E, população que está para pensando na qualidade do meio ambiente, e acontecerá na cidade no mês de novembro é sua sustentabilidade, será implantado nas tria Caminhada Ecológica, que já está sendo lhas ecológicas um banheiro ecologicamente realizada em algumas cidades do Estado. correto, que após ser utilizado para as neA caminhada é feita em movimento circular, cessidades fisiológicas do homem, passará com pessoas que, buscando relaxarem por por um processo químico, onde os dejetos recomendação médica ou simplesmente por

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Por Sheila Cristina

A professora Abilene Antonia de Bastos Queiroz trabalha na área de educação há vinte e quatro anos e atualmente está à frente da Secretaria Municipal de Educação e fala sobre a necessidade de se trabalhar a educação ambiental como um tema transversal nas escolas e sua preocupação com a realidade ambiental do município.

(VERDEAIA) Em Alto Araguaia, existindo qua-

tro escolas municipais, quatro estaduais e três rurais, como se dá o processo de ensino no quesito Educação Ambiental? Há uma preocupação por parte dos professores, em relação com o futuro ambiental /ecológico na formação de futuros cidadãos araguaienses ecologicamente responsáveis que estudam nessas escolas? (ABILENE) O conteúdo Educação Ambiental é um tema transversal e deve ser trabalhado em todas as disciplinas, ou seja, “transitar” pelos conteúdos de todas as áreas do conhecimento. Observa-se que na prática quem trabalha com o referido assunto são os professores da área de Ciências Naturais. O assunto também costuma ser abordado nos projetos que são apresentados na Mostra de Ciências que acontece anualmente. Há professores bem interessados no assunto e eles exploram o assunto através dos recursos tecnológicos, principalmente no laboratório de informática da unidade escolar, onde os alunos acessam sites educativos e que exploram bem o assunto. É proposta de toda escola formar o cidadão consciente, crítico, participativo e com responsabilidade social. Portanto, existe a preocupação de modo geral em orientar os alunos a preservar o meio ambiente, mas é preciso ser mais pontual e com o assunto para garantir que os alunos de fato sejam um defensor da natureza.

VERDEAIA) Professora Abilene Bastos, com

24 anos como educadora, como você avalia correto os passos que seriam necessários para a formação do sujeito ecológico, começando dentro da escola? (ABILENE) Primeiramente, a escola tem que munir-se de bons exemplos. É comum o professor abordar o assunto e não dar ênfase suficiente. Outra questão é trabalhar o assunto permanentemente, não somente em projetos específicos. (VERDEAIA) E qual é o papel da secretaria de

educação de Alto Araguaia, no englobamento da Educação Ambiental? (ABILENE) A secretaria tem apoiado todas as ações da Secretaria do Meio Ambiente, inclusive interagindo os alunos das unidades escolares em projetos da Secretaria do Meio Ambiente, tais como: limpeza do rio Boiadeiro, reflorestamento, dentre outras. Outra forma de atuação da SEMEC é na cobrança com relação ao desenvolvimento da proposta curricular, e isso é feito através da assessoria pedagógica e dos coordenadores pedagógicos. Anualmente, há Mostra de Ciências e sempre há apresentações de projetos que tratam de temas voltados para a questão ambiental. (VERDEAIA) Dentro das reflexões sobre E.A.,

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Entrevista

www.altoaraguaia.mt.gov.br

Educação ambiental


quais são as falhas que todo departamento sofre, e dentro do funcionamento e planejamento da secretaria o que você considera de suma importância, mas que a sociedade perde em ter que esperar do poder público municipal? (ABILENE) Com relação às reflexões sobre Educação Ambiental, as escolas e a própria SEMEC sofrem com as falhas da legislação e da justiça em relação ao meio ambiente. Os crimes ambientais acontecem e os culpados nem sempre são punidos porque para incriminar alguém são necessárias provas. Para encontrar as provas é necessário investigação, o que demanda profissionais capacitados o que nem sempre a promotoria tem, ou mesmo a cidade. Diante disto, muitos crimes ambientais prescrevem e poucos são condenados. Outro problema que aborrece é o fato de que a degradação é lenta e contínua. Se o poder público tomasse providência no sentido de coibir ou punir a primeira pessoa que agredisse o meio ambiente, muitos rios não ficariam poluídos, matas não seriam devastadas. Mas a degradação é visível e ninguém toma providencia. O poder público aguarda a manifestação popular, o povo aguarda a iniciativa do poder público e nesse jogo a natureza vai sendo destruída. (VERDEAIA) Como secretária de educação municipal, quais são as propostas e os projetos de Educação Ambiental desenvolvidos no município de Alto Araguaia, principalmente relacionados à educação infantil e séries iniciais? (ABILENE) As propostas e projetos de Educação Ambiental estão meio soltas no currículo escolar. Na Educação Infantil e séries iniciais o tema é abordado em forma de histórias, músicas, dramatizações e nas datas comemorativas, como dia da arvore, dia dos animais, primavera, etc. Existem projetos pontuais que grupos de professores fazem como “Planeta Água”, Dengue, “Combate ao Lixo”, entre outros. (VERDEAIA) Como educadora e com ampla experiência no ramo da educação, ninguém melhor para deixar aos leitores da Revista 18  •  Verde Aia

VerdeAia, um textículo que deixa reflexões de Educação Ambiental e formas de melhor conduta aos estudantes de hoje, de amanha e de sempre. (ABILENE) Participar do Encontro Cultural que antecedeu o Festival Náutico nesse ano foi muito prazeroso. Lá conheci escritores, artistas e vi crianças ávidas para ouvir histórias e participar do “Café com Letras”. Vi professores preocupados em levar toda aquela experiência para o seio da escola. Tive oportunidade de ler livros maravilhosos e parte do que presenciei retratou muito a questão da preservação da natureza, da água, do Planeta Terra. Vou finalizar com uma poesia do escritor cuiabano Romulo Nétto, publicada no seu livro “Os deserdados da Sorte”, páginas 19 a 21: “No calcanhar deste rio Meu sofrido teu O imenso pesar de pensar O pescar de perdidas horas. O rio que cinge as costas de tua cidade olha o passado sofre; no agora os olhos de pescador vêem morte destruição toda lembrança é dor! A água pouca lambe preguiçosa as pedras do quarador mãos ásperas passeiam sôfregas por sobre lençóis amarrotados. Nada será como antes lodo barro tingem de marrom peças magistrais de linho. Todo dia toda hora o rio redesenha sua morte.”

Fico pensando: o que estamos fazendo com os Córregos Boiadeiro e Gordura? Com o Rio Araguaia? Com os mananciais de nosso município? Tem aproximadamente 18 anos que mudei para Alto Araguaia, e eu vejo que esses mananciais estão sofrendo lentamente com a poluição, com o desmatamento, com as construções em suas margens. Esses riachos, córregos e rios estão morrendo! Ainda temos tempo de mudarmos essa história! Basta querermos e unirmos nossas forças!


Caminhadas na Natureza Por Sheila Cristina e Talita Soares

N

Sheila Cristina

o objetivo de promover a conscientização ambiental e preservação da natureza, aconteceu em Alto Araguaia, no dia 14 de novembro, a “Caminhada na Natureza”, onde participaram crianças, jovens e adultos de todas as idades, fazendo um percurso de três horas em mata fechada a inserção e execução do evento. nativa do cerrado. Primeiro é feito o trajeto com um guia turísO ponto de encontro dos caminhantes foi tico municipal, para colocação das placas de na área verde do parque ecológico da cidasinalização com cores e significados, como de, onde paramédicos, equipe da secretaria “atenção” para o amarelo; placa de cor verde turismo, e agentes técnicos da Sedtur melha sinalizando perigo na trilha; e azul si(Secretaria de Turismo do Estado), estivenalizando ponto de apoio. ram presentes recepcionando e palestrando No início, cada caminhante faz sua inscrisobre o evento. ção no local, dando informações pessoais, Esse projeto teve inicio na França, em Pacomo: nome completo, endereço, tipo sanris, há algumas décadas. Não se sabe a data güíneo e telefone. específica, mas de Depois ele recebe acordo com Jupira A ação é muito prazerosa um kit com camiMoreira, técnica porque desestressa qualquer seta, boné, água da Secretaria de mineral, frutas e Turismo do Estado pessoa da cidade moderna uma sacola biode Mato Grosso, e deixa um aprendizado de degradável, para a “Caminhada na servir de suporte Natureza” já aconrespeito à vida no trajeto. tece em 40 países Uma placa de e agora, neste identificação é dada para que durante a caano, abrangiu 50 cidades em todo o Estado. minhada o caminhante possa receber quaSão exigidas algumas normas para se tro carimbos, um carimbo em cada ponto de seguir: o município precisa ter um espaço apoio, que foi montado em forma de barraecológico que possa ter um trajeto ecológico cas, e no final do percurso ele recebe um (área verde) em torno de 6 a 10 km para ser passaporte que servirá nacional e internaciocaminhado, desde que não ofereça riscos a nalmente, para que o mesmo possa utilizánenhum caminhante. lo em outras “Caminhadas na Natureza” de Esse projeto é executado pela “Anda Braqualquer cidade que se inseriu no projeto. E sil”, instituição que nasceu no ano de 2006, depois de dez “Caminhadas” ele recebe preno Rio de Janeiro, e um dos seus principais miações, do “Anda Brasil”, uma forma de inpapeis é o de difundir e estimular a prática centivo pela participação. de esportes populares no Brasil, entre eles “A importância de eventos como este vem a simples caminhada. Esse projeto é repaspara que a sociedade seja beneficiada de sado às secretarias de todos os Estados do uma parte ecológica riquíssima como de Alto país para que sua realização aconteça anuAraguaia. A pessoa, além de ter um contaalmente, e as cidades são cadastradas para

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Imagens: Sheila Cristina e Talita Soares

to direto com o meio ambiente rural natural, pode aprender a valorizar seus recursos naturais como nascentes, mata virgem, fauna e flora, e respeitar esses ambientes tão frágeis e ameaçados nos dias atuais. A ação é muito prazerosa porque desestressa qualquer pessoa da cidade moderna e deixa um aprendizado de respeito à vida, num futuro tão incerto como o de hoje”, ressaltou Jupira Moreira, técnica da Sedtur. “Para os participantes/caminhantes que em contato direto com a sua paisagem natural endêmica da região, nesse caso sua cidade, observam e repensam as ações do homem em contato com essa natureza e também refletem os pontos positivos e negativos desse contato natureza-homem, durante todo o percurso da caminhada”, completou Keila

Imagens: Sheila Cristina e Talita Soares

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Resende, turismóloga de Alto Araguaia. Vinte e seis pessoas se propuseram a levantar cedo, em pleno domingo, e fazer o percurso batizado de “Circuito Águas do Boiadeiro”, fazendo um “gancho” sobre a degradação do Rio Boiadeiro e do rio Gordura, já que seu trajeto aconteceu em redor dos dois rios. “Foi muito bom. Começar o dia com um passeio na natureza só traz benefícios para a gente, tanto físicos como mentais. Adorei o circuito”, opinou Lilia Angélica, participante do passeio. Aos que perderam a oportunidade de passar um domingo em contato direto com a natureza, resta esperar 2011. Para ver o calendário com as próximas “Caminhadas na Natureza” é só entrar no site do Anda Brasil: www.andabrasil.com.br.


Terrenos limpos, cidade limpa Por Sheila Cristina

limparem seus terrenos e se enquadrarem às normas repassadas pela vigilância sanitária. Caso o morador não se prontifique a reverter o quadro de irregularidades, ele pode ser autuado com multas que podem variar de 300 a seis mil reais. Além de passar uma imagem bonita e de organização para os que aqui moram ou visitam Alto Araguaia e mantendo a cidade limpa, certamente serão evitados diversos malefícios a todos os cidadãos, pois o lixo urbano, como sacolas plásticas, papéis, garrafas pets e resto de lixo orgânico exposto nos terrenos baldios, chamam insetos, animais peçonhentos, que se camuflam em meio a esses objetos para se alimentar e sobreviver, e assim, aumentam a sua proliferação.

Sheila Cristina

Em Alto Araguaia, desde o ano de 2009, estão sendo aplicadas multas em proprietários de terrenos que desrespeitam a Lei do “Terreno Limpo”. A secretária de agricultura pecuária e abastecimento da cidade (SEMAPA), juntamente com os agentes de combate a endemias, fiscaliza todos os bairros da cidade, durante suas visitas de inspeção, na intenção de manter a cidade limpa e sem focos de doenças, como a da dengue e o controle de pragas, como o caramujo africano, que acabam por contaminar a população com doenças endêmicas e viroses dos mais variados tipos. Identificando qualquer irregularidade, os proprietários das residências e terrenos sujos são notificados e têm um período de aproximadamente 30 dias para

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Queim

“Mato Grosso

Arquivo pessoal

O Estado de Mato Grosso localizado na região Centro-Oeste é um dos estados com maior número de focos de calor, no ano de 2010 as queimadas superaram os índices de 2009, o que demonstra ainda mais a situação crítica do cerrado, esse tipo de vegetação é encontrado no Planalto Central Brasileiro, e em algumas partes da Amazônia e do Nordeste. Entre suas características, destacamse árvores de pequeno porte tortuosas e de cascas grossas, que garante sua sobrevivência durante o período da seca, pois além proteger de fatores externos como a queimada, ainda diminui a perda de água do seu organismo, existem também campos com vegetação rasteira como o capim. O cerrado apresenta uma curiosidade interessante, trata-se da queimada natural. Segundo a Bióloga Lígia Rodrigues de Oliveira Marques, consultora ambiental e tutora do curso de biologia da U N E M AT / Lígia Rodrigues, Bióloga UAB de Alto Araguaia “O acúmulo natural de biomassa seca tal como folhas e galhos caídos no chão cria condições tão favoráveis à queima que um simples raio que venha a cair nesse ambiente 22  •  Verde Aia

já é suficiente para provocar uma queimada. No entanto, a vegetação do Cerrado é constituída por espécies adaptadas a esta condição, pois tais espécies evoluíram ao longo de milhares de anos neste ambiente. Algumas plantas, inclusive, só conseguem rebrotar, florir e dispersar suas sementes após a presença do fogo. Esse tipo de queimada geralmente ocorre em pequenas áreas e pouco afeta a fauna que consegue se refugiar em tocas ou nas redondezas. Mas infelizmente, grande parte das queimadas no cerrado é provocada pelo homem, seja por balões, seja por descuido ou ainda para renovar as pastagens.” Como exposto pela bióloga, o cerrado sofre perdas durante as queimadas induzidas provocadas pelo homem, que afeta diretamente a vida no eco-sistema. Ela ainda alerta para os problemas provenientes desse exercício “Esse tipo de prática é danoso à saúde dos que moram nas regiões próximas as queimadas e ao meio ambiente. Primeiro porque libera uma série de gases poluentes nocivos à saúde e depois porque em um incêndio incontrolável, muitos animais morrem carbonizados devido a sua lentidão ou pelo fato de estarem presos por uma cerca dentro de uma propriedade. Já as plantas, como não podem fugir do fogo, são queimadas. Outro fator negativo desse tipo de prática é a perda de nutrientes do solo, através da fumaça, principalmente nitrogênio e enxofre”. No território mato-grossense são concentradas áreas utilizadas principalmente para


o é campeão” Por Talita Soares atividades agropecuárias e de plantio, por ser uma superfície plana e por ter um clima que favorece o desenvolvimento da maioria das culturas, principalmente soja, algodão. Como o Estado se tornou Campeão Nacional das Queimadas? “Origem” Mato Grosso Historicamente o Estado de Mato Grosso passa a desperta interesses na Capitania Paulista, devido ao grande número de indígenas que povoavam o estado, a captura era feita, e os índios eram levados para serem vendidos nos mercados de São Paulo. Durante essas expedições a capitania de Pascoal Moreira Cabral descobre pepitas de ouro, localizadas na então chamada Minas de Cuiabá, que pertenciam a Capitania de São Paulo, e dessa forma 1719 inicia-se a exploração das minas de ouro no Estado de Mato Grosso. Em 1722 Cuiabá era uma das cidades mais populosas do Brasil, pois a notícia de minas de ouro havia se espalhado, elevado pela da descoberta realizada na expedição de Miguel Sutil, que havia encontrado uma das maiores minas de ouro do país até então, denominada “Lavras do Sutil”. Nesse período surgem as primeiras cidades do estado, em que as datas de criação apresentam certas diferenças. Ocorridos entre o século XVIII e XX, os povoados que se destacaram foram Cuiabá (1719), Vila Bela da Santíssima Trindade (1737), Diamantino (1728), Cáceres (1778) e Poconé (1778).

A atividade de mineração estendeu-se até a primeira metade do século XX com a descoberta de Jazidas de diamantes na região Sudeste do Estado, e foi nesse período também que passa a surgir com maior intensidade às atividades agropecuárias. Entretanto o impulso de maior expressão se deve pela política de integração nacional, desenvolvido pelo Governo Federal, que durante os anos 70 e 80, promove a ampliação e a incorporação do território mato-grossense nas atividades produtivas. A partir de então começa as construções de estradas e rodovias que ligariam o estado ao resto do país, também foi nesse período que a maior parte dos municípios foram criados, seguindo projetos governamentais e privados. A expansão do desmatamento acontece como demonstra o histórico durante a década de 70 com as atividades agropecuárias, entretanto a fase que merece destaque acontece nos anos 90 em que o plantio de grãos se torna um negócio altamente lucrativo, e o Brasil passa a se destacar no cenário mundial como um dos principais produtores de soja. Atualmente o agronegócio é o mais importante setor da economia do país, representando 27% do Produto Interno Bruto - PIB, gerando 37% dos empregos e respondendo por mais de 40% das exportações. Certamente os benefícios financeiros e o desenvolvimento tanto no campo quanto na cidade são extraordinários. É fato que milhares de empregos surgiram, e que o acúmulo 23  •  Verde Aia

Reportagem

madas


de riquezas aumentou. Os benefícios trazivez que sua vegetação natural é totalmente dos pelo plantio são refletidos na qualidade destruída e que não será possível refaze - lá. de vida dos habitantes, no acesso ao crédito, Logo em seguida aparece a poluição do ar, na utilização de serviços tidos como elitizapois os gases produzidos pelas queimadas dos, que resulta na mudança social e econôsão altamente prejudiciais à saúde humana, mica de um estado. assim como para a camada de Ozônio. Contudo as atividades agrícolas também Um terceiro fator agrava ainda mais a siestão no centro de um problema que seguratuação, se trata dos agrotóxicos ou comumente afeta não só o estado de Mato Grosmente chamados “defensivos agrícolas” que so, mas como também o planeta. são utilizados para exterminar as pragas nas Estamos falando de um problema ambienplantações e que poluem o solo e os rios. tal, que atinge diretamente os seres humaMesmo sem um aprofundamento no pronos. É esse problema que se esconde por cesso, percebe-se que já surgiram graves trás das brilhantes propagandas e anúncios, problemas relacionados ao cultivo. E são em que é mostrado apenas o perfil lucratinesses aspectos que reside à preocupação vo de um negócio com o destino do meio visto como “a bola ambiente. Como seria da vez” no Brasil. possível conciliar o de“O solo é primeiro a Nosso país possui senvolvimento social e um vasto potencial sofrer os prejuízos uma vez econômico e ao mesmo a ser explorado, tempo garantir o equilíque sua vegetação natural é pois grande parte brio ambiental? Na opido território nacionião da Bióloga Lígia totalmente destruída” nal não é usado Marques: para as atividades “Para os produtores agroindustriais o que desperta o interesse de encontramos problemas de crédito, logística muitos produtores que vislumbram a riqueza e falta de incentivo à fixação dos trabalhaem um curto espaço de tempo. dores da agricultura familiar no campo. Além O problema não esta no interesse pelo disso, a inexistência de uma política eficaz de negócio lucrativo, nem no desenvolvimento desenvolvimento tecnológico não favorece o social e econômico, mas sim nos meios pelo aumento da produtividade por hectare (o que qual são estabelecidas as relações entre o pode ser observado pelo crescente aumento homem racional e a natureza. das áreas plantadas). Para o meio ambiente Para entendermos melhor todo o processo, acredito que se houvesse o cumprimento da vamos começar pelo caminho natural percorlegislação ambiental por meio de fiscalização rido para o plantio: rigorosa já teríamos um grande avanço.” Será O Agrônomo Eduardo Soares (UNIR) que que a natureza suportará tanta exploração?A trabalha em uma empresa de adubos explipergunta é apenas um alerta para uma nação ca que “o primeiro passo se concentra na que é internacionalmente reconhecida pelas abertura de campo para o plantio que se dá belezas naturais, que compreende uma fauprincipalmente por meio das queimadas, que na e flora exótica e diversificada. é uma opção de baixo custo e de curto praO município de Alto Araguaia possui denzo, em seguida ocorre a retirada dos troncos tre suas secretarias a Secretaria Municipal que restaram da queimada, e o revolvimento de Meio Ambiente (SEMA) que é o órgão do solo que após ser descompactado recebe responsável pela fiscalização, orientação e tratamento com fertilizantes industriais, esse notificação da cidade. O trabalho busca senprocesso garantirá as atividades”. Neste caso sibilizar a comunidade a fim de minimizar os o solo é primeiro a sofrer os prejuízos uma problemas causados pelas atividades que 24  •  Verde Aia


assim como direciona o caminho consciente para os pequenos e grandes empreendedores.

Verde Aia

exercem impactos a natureza, mas que são necessárias para o progresso. O Atual Secretário Jeferson Berigo fala sobre seu trabalho de fiscalização “Quando tem alguma degradação ambiental nas áreas rurais ou algum empreendimento, um exemplo um posto de petróleo que ta vazando óleo irregular, que não esta dentro da legislação adequada e nós somos comunicados, nós comparecemos no local para certificar o dano, se houver realmente o problema, é feita a notificação com prazo para regularização de trinta dias. Durante esse período é feito outra vistoria caso não seja atendida as notificações, daí sim fazemos um relatório técnico e encaminhamos uma cópia da notificação junto com o relatório para a Secretaria de Meio Ambiente do Estado (SEMA), para o IBAMA e para o Ministério Público.” De acordo com o secretário o maior problema esta na conscientização das pessoas, e por isso a SEMA de Alto Araguaia promove junto a Secretaria de Educação eventos que divulgam a educação ambiental no município voltado para as crianças e adolescentes. O trabalho desenvolvido pela secretaria ainda atravessa problemas estruturais, como a falta de funcionários, falta de equipamentos como GPS, e até mesmo um veículo. Desde o inicio de sua gestão em 2009, Jeferson Berigo diz: “nós continuamos seguindo o que vinha sendo feito, mas avançamos muito, só ano passado plantamos mais de 40 mil mudas nas margens do rio Araguaia, também recuperamos áreas das margens do rio Boiadeiro e Gordura”, Jeferson ainda salienta a participação do Ministério Publico “o Ministério público é um grande parceiro nosso”, porque reverte as penas dos processos ambientais para a Secretaria em formas de mudas de plantas. Já os produtores que possuem terras no município de Alto Araguaia recebem orientação através a Secretaria de Agricultura que é parceira do SEMA, trabalhando em conjunto as secretarias potencializam a fiscalização,

Carlos Salgueiro, produtor rural

Entretanto o período de colonização do município é marcado pelas práticas agressivas, assim como fala o produtor rural Carlos Salgueiro que é um dos pioneiros nessa atividade em Alto Araguaia. Ele herdou de sua avó e de seu pai os conhecimentos da lida no plantio e agora seus filhos seguem seus ensinamentos. Carlos Salgueiro reconhece os equívocos cometidos pela falta de conhecimento técnico “na época dos meus avôs, a roça de toco se queimava, mas não era tão moderno quanto é hoje, a soja quase não existia no estado. Em 1971 quando os gaúchos vieram e se deslumbraram com a qualidade do solo do cerrado, começaram as grandes queimadas, eles não respeitavam os limites dos rios”. Segundo o produtor hoje a situação esta bem controlada, a prática da queimada induzida quase não acontece no município, graças à conscientização e também pela fiscalização que dos órgãos responsáveis. É certo que o poder público bem como os cidadãos precisam se sensibilizar e juntos unir forças para militância em beneficio a preservação da vida nos mais diversos ecossistema, seja cerrado ou em qualquer outro ambiente. E dessa forma garantir o progresso e o desenvolvimento sustentável. 25  •  Verde Aia


Artigo

Cidadania e Meio Ambiente Por Sheila Cristina

No século XXI, o tema meio ambiental está em alta. Acontece que grandes catástrofes na biosfera abalam os quatro cantos do globo terrestre e compromete o futuro da humanidade. Desde os tempos mais remotos o homem primitivo se comunicava através de gestos, sons, ruídos manifestados pela língua. Gravuras nas paredes das cavernas representavam o que mais tarde entendeuse por situações vividas no dia-a-dia da préhistória, pinturas rupestres revelavam aos povos meioszend de se comunicar. A comunicação humana nada mais é, senão o processo pelo qual toda a história do homem sobre a Terra foi sendo constituída pelo permanente esforço de se comunicar, da época das cavernas até os dias atuais, todo o cenário que nos evolve pede socorro, desde que o homo sapiens surgiu no planeta. Recursos naturais de suma importância para a continuidade da vida, como: água, energia, alimentos, ecossistemas, estão em escassez e poucas ações do homem ajudam a converter esse quadro. A mídia, ao invés de despertar ações de cidadania, consciência, faz o contrário, propiciam noticiários que atormentam, confundem e desmoralizam, a população. Nesse contexto mundial de problemas ambientais, o que está faltando é o exercício da cidadania, respeitar o meio ambiente é respeitar a si próprio. A cidadania esta relacionada ao fazer Edu-

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cação Ambiental, e simples gestos como não desperdiçar água limpa, não jogar lixo nas ruas e dentro de rios, economizar energia elétrica, não fazer queimadas, etc., podem fazer enorme diferença num futuro não muito promissor. “A educação ambiental é uma práxis educativa e social que tem por finalidade a construção de valores, conceitos, habilidades e atitudes que possibilitem o entendimento da realidade de vida e a atuação lúcida e responsável de atores sociais individuais e coletivos no ambiente. Nesse sentido, contribui para a tentativa de implementação de um padrão civilizacional e societário distinto do vigente, pautado civilizacional e societário distinto do vigente, pautado numa nova ética da relação sociedade-natureza. Dessa forma, para a real transformação do quadro de crise estrutural e conjuntural em que vivemos, a Educação Ambiental, por definição, é o elemento estratégico na formação de ampla consciência critica das relações sociais e de produção que situam a inserção humana na natureza” (LOUREIRO, 2000, p. 69). A formação do sujeito ecológico começa em casa desde criança, depois vem o complemento com a construção do desenvolvimento escolar e religioso, para compreender o mundo de forma crítica e assim poder ter condições de questionar as ações humanas em sociedade e natureza, para que quando adulto transforma-se em cidadão ecologicamente correto.


Esgoto nosso de cada dia Talita Soares

Por Sheila Cristina e Talita Soares

Seu Manoel, morador do bairro Gabiroba, diz viver neste local há oito anos e fala que sempre conviveu com o mau cheiro do Mané Falado. Ele diz que, além de ter que suportar o mau cheiro, insetos de todos os tipos, rato, lacraia, sempre saem do buraco, e reclama que quando chega a noite os pernilongos também incomodam. “Desde que eu vim de Araguainha há oito anos, eu sofro com esse esgoto aqui. Já fui à prefeitura, mas chegando lá só fica na promessa de que vai arrumar, de que vai pelo menos limpar. Espero e não vejo nada, e assim fica difícil”, falou seu Manoel. A bacia do Mané Falado se inicia nas margens subterrâneas do setor aeroporto. De forma irregular, algumas casas do bairro gabiroba emendaram seus canos de esgotos à rede pluvial subterrânea que a prefeitura fez, em uma obra de décadas atrás, para drenar esse manancial.

Esse ato tornou-se um crime ambiental, no momento em que todo o esgoto doméstico de uma boa parcela da cidade, ao cair no Mané Falado, vai ao destino do rio e os detritos emergem in atura no Araguaia. De acordo com a Secretaria de Meio Ambiente do Estado de Mato Grosso, poucas cidades do centro oeste possuem rede de esgoto, apenas as maiores e com grande quantidade de habitantes. Dados do IBGE mostram a distribuição no Brasil. Mas para sanar a deficiência da cidade, na falta de rede de esgoto adequada, o correto seria que todos os domicílios abrissem fossas sépticas em seu quintais, mas não é o que acontece, como mostrado acima. Segundo o secretario de meio ambiente “o orçamento para a total construção da rede de esgoto ficaria entre 18 e 20 milhões de reais para os municípios de Alto Araguaia e Santa Rita do Araguaia , e no momento fica

Percentual de municípios com rede coletora de esgoto São Paulo 99,8% Espírito Santo 97,4% Rio de Janeiro 92,4% Minas Gerais 91,6% Pernambuco 88,1% Paraíba 73,1% Ceará 69,6% Média nacional de 55, 2%

Percentual de domicílios atendidos por rede de esgoto Distrito Federal 86,3 % São Paulo 82,1 % Minas Gerais 68,9 % Rio de Janeiro 49,2% Paraná 46,3% Pernambuco 33,9% Goiás 33% Bahia 28,8% Espírito Santo 28,3% Rio Grande do Sul 24,3% Ceará 23,9 % Mato Grosso 37,4 % Média nacional 44 % 27  •  Verde Aia


inviável, devido as condições orçamentária das cidades. Sem a ajuda do governo federal, as prefeituras não tem condições de manter essa obra”, afirmou Jefferson Berigo, secretário de meio ambiente da cidade de Alto Araguaia. A cidade já iria receber uma emenda de cinco milhões para o início da rede de esgoto, pelo menos para o setor mais crítico do centro. Porém verificaram que Alto Araguaia não tem tratamento de água, e a verba só vem se isso acontecer antes. Sendo assim a emenda foi transferida para começar a rede de tratamento de água, que se iniciará no próximo ano de 2011. A Secretaria de Meio Ambiente tem um plano B. Caso a verba financeira não viabilize a questão do esgoto, o projeto seqüente visará uma parceria da secretaria com a prefeitura e órgãos competentes’1, que notificará as residências com suas “enganações piratas”, e dará um prazo para a construção de fossas sépticas. Caso o morador não obedecer as normas, será multado, e esse plano desafogaria o Mané Falado e, conseqüentemente, aliviaria o Rio Araguaia. Algumas reuniões envolvendo as duas cidades, Alto Araguaia e Santa Rita do Araguaia, acontecem durante o decorrer do ano, para discutir e planejar o futuro do Rio Ara28  •  Verde Aia

Sheila Cristina

Jefferson Berigo, secretário de meio ambiente

guaia, mas somente com o interesse do poder público em viabilizar o dinheiro necessário para se fazer um projeto de qualidade e que realmente poderia salvar o Rio Araguaia e mudaria essa realidade, pois hoje ele ainda está com uma grande porcentagem de águas límpidas e ainda despoluídas. Mas daqui a um futuro não muito longe, cerca de 10 a 20 anos, pesquisas como a do “Alerta, rio Tocantins-Araguaia”, da universidade Unisulma (Universidade Superior do Sul do Maranhão) e os pesquisas da Semarh (Secretaria de Meio Ambiente e recursos hídricos) do estado de Mato Grosso, onde apontam que seu volume de água que perpassa as cidades poderá chegara a 70% de suas águas ficando poluídas. E isso sim seria lamentável, já que é um grande rio e um dos mais importantes da bacia amazônica. Marizethe Moraes é moradora de Santa Rita do Araguaia, sua residência fica às margens do rio, e o seu esgoto cai diariamente nas águas do Araguaia, “eu moro aqui nesse local a dois anos, e todas essas casas da encosta aqui jogam o esgoto no rio, eu fico triste em ver isso, porque toda semana tem capivara, tem tamanduá, muitos bichos que aparecem no rio né, mais fazer o quê se não tem rede de esgoto”, disse a moradora da rua Joaquim Severiano, logo atrás da ponte que liga as duas cidades. Na verdade, ela deveria ter uma fossa séptica, mas o dono da casa que ela aluga, como tantos outros moradores ribeirinhos não importou com o problema de instalar suas encanações subterrâneas diretamente no leito do rio. A Constituição Federal Brasileira é bem clara no seu artigo de nº 225 descrevendo que “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial a sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público o dever de defendê-lo e à coletividade o de preserválo para as presentes e futuras gerações”. No


A mobilização com campanhas educativas seria um meio alternativo e eficaz, e se os meios de comunicação se unissem em prol de uma causa que afeta a todos, no qual o esgoto jogado in natura nos rios é um dos mais sérios, seria muito bom. Sabemos que não resolveria definitivamente o problema, mas com certeza traria resultados positivos para o meio ambiente.

Sheila Cristina

entanto vivemos a mercê de um governo que pouco faz, e uma sociedade inconsciente, onde o consumo cada vez mais acelerado, o desenvolvimento desorganizado, coloca em risco a saúde de todas as populações de todos os ecossistemas, onde polui-se rios com agrotóxicos, resíduos sólidos, produtos químicos e muito lixo que jogam nas margens ciliares.

Esgoto Mané Falado, Alto Araguaia

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Artigo

A Consciência é sua?! Como é possível responder a esta questão? Na verdade a resposta esta em nossa consciência, que funciona como uma espécie de “Voz da Razão” e que muitas vezes não é consultada para se tomar atitudes importantes. A consciência é a idéia de tudo que entendemos como certo e errado e esta intimamente relacionada à moral, que são os conceitos aprendidos ainda na infância com nossos pais, na comunidade em que vivemos na escola e em todo espaço social. O valor que damos as pessoas, aos animais, a natureza e em tudo que nos rodeia são elementos que conduzem e representam o modo de pensar e agir. Então vamos pensar numa historinha: Uma garotinha de cinco anos aprende que é errado jogar lixo na rua ou na natureza, como ela irá agir? Nesse caso existem dois caminhos diferentes: o 1º a garotinha é consciente dos danos ao meio ambiente e nunca joga lixo em local impróprio; a 2ª opção a pequena entende que não se deve poluir a natureza, mas... pensa que somente seus atos não irão causar tantos danos, dessa forma a ela joga o papel de balinha na rua.Percebese que a menina sabe que é errado, então ela tem consciência, porém não o suficiente para mudar suas atitudes, ocorre que ela ainda é muito jovem para compreender que ela pode fazer a diferença no mundo. Os adultos já estão numa fase madura de escolha, não precisam mais dos cuidados que tinham quando crianças, certo? É, para muitos talvez isso seja válido, por outro lado observamos adultos que agem como se tudo aquilo que lhe fora ensinado na infância tivesse “evaporado”, desaprendem na correria da vida moderna que jogar “lixo no lixo” é um ato de amor a vida, e que representa o equilíbrio no planeta. É bem verdade que o mundo capitalista é um fator agravante na destruição da consciência ambiental, com seus números exorbi30  •  Verde Aia

Por Talita Soares

tantes e a busca pela riqueza acabam a difundir idéias destorcidas sobre o espaço em que vivemos. A natureza e o meio ambiente são espaços geográficos e sociais, onde neles ocorrem as atividades em comunidade e fenômenos naturais, essa relação entre nossos atos e os seus efeitos na natureza hoje é sinônimo de desastre ambiental, como tsunamis, furacões, enchentes entre outros. Ainda na idade das cavernas a natureza oferecia tudo que o homem precisava para viver, ao longo da evolução surgiu o fogo, os objetos como a faca, as atividades agrícolas, maneiras que o ser humano criou e dominou para melhorar suas condições de vida. A natureza preciosa com seus recursos naturais tão essenciais a vida na terra se relacionava em harmonia. Hoje milhões de anos após esse período, vemos como a natureza sofreu perdas irreparáveis tanto na flora, quanto na fauna, isso tudo graças à ambição dos grandes capitalistas. Se perguntarmos de quem é a consciência sobre a destruição do planeta? A resposta seria: “Nossa”! É claro que observando sempre as proporções e graus diferentes que variam de pessoa para pessoa, de cidade para cidade, de política para política, de país para país. Contudo deve-se esclarecer que mesmo mínima a parcela da consciência, todos contribuímos para o problema ambiental. E que fique claro: A consciência é nossa, mas os frutos são de todos, até daqueles que ainda não nasceram, mas que herdarão um mundo destruído. A consciência é nossa quando banalizamos as discussões sobre os problemas ambientais, quando nos apartamos das tomadas de decisões dos governantes, quando desperdiçamos água, quando queimamos no quintal de casa, e principalmente quando damos mal exemplo para aqueles que dependem de nós para escolher suas atitudes.


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