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Luciana Silva Estudante

Cracóvia Quando eu digo que moro na Cracóvia, algumas pessoas reagem de maneira muito engraçada ,dizendo: “Ah, Krakozhia...aquela cidade do filme “Terminal”, com o Tom Hanks.” É bem verdade que a Polônia é um país distante e até mesmo exótico, mas não completamente alheio a nós, brasileiros, pois muitas pessoas a relacionam com o Papa João Paulo II, que é orgulho do povo polonês e, principalmente, dos cracovienses. Karol Wojtyła, antes de se tornar Papa, estudou na universidade e foi bispo da Cracóvia. Já que falamos de universidade, não poderia deixar de dizer que a Cracóvia é o berço de uma das mais antigas universidades da Europa, a Jagielonica, que foi fundada no ano de 1364. Até mesmo Nicolau Copérnico sentou em suas carteiras. A Cracóvia também é conhecida como a cidade dos jovens, pois atrai estudantes de todas as regiões do pais, devido à sua grande quantidade de instituições de ensino superior. Graças a isso, seus cafés, bares, cinemas, teatros e casas no-

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turnas (que se encontram na cidade velha, Rynek, em Polonês) estão sempre cheios. Uma coisa que eu aprendi depois de um certo tempo morando lá, é que mesmo a cidade tendo aproximadamente 800 mil habitantes, é quase impossível ir ate o Rynek (praça central da cidade velha) e não esbarrar com algum conhecido e depois ir juntos tomar um café ou mesmo uma cervejinha. Quando cheguei à Polônia, em 2010, eu já estava matriculada no curso de polonês para estrangeiros da Universidade Jagielonica. No começo foi bem difícil, pois eu não sabia o quão diferente dos outros idiomas o polonês poderia ser, já que o mesmo tem origem eslava (grupo do qual faz parte o russo, o tcheco, o ucraniano e outros) e pouca influência do latim. Falar polonês e conhecer a história e a literatura da Polônia me fizeram sentir parte desta cidade, e consequentemente do país - além de descobrir que os poloneses não são tão diferentes de nós. Ser estrangeiro não é fácil, mas ouso dizer que ser brasileira na Polônia abre muitas portas. Nós

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somos muito bem vistos por lá (e raros), e a distância entre o país e o Brasil só faz com que a curiosidade dos poloneses sobre nós se aguce. Além dos desafios com o idioma, também tive que enfrentar temperaturas muito baixas e dias muito curtos durante o inverno (de dezembro até março). Porém, tudo tem seu lado positivo... No primeiro inverno, após ganhar um tour de snowmobile dos salva-vidas montanheses e chegar de maca na emergência do hospital da estação de esqui nas montanhas Tatra, aprendi a esquiar. Encontrei recentemente o livro “A Lista de Schindler”, que havia lido há muitos anos. Comecei a ler algumas partes e lembrei que, na época em que o li, não fazia ideia que um dia iria viver na cidade na qual se ambienta o livro e até mesmo (re)conhecer prédios e ruas que são mencionados durante a narrativa - por algumas dessas ruas, aliás, eu passo quase todos os dias. Morar na Cracóvia tem dessas surpresas. Então convido a todos para que venham conhecer esta cidade e fazer as mesmas descobertas que eu fiz e que ainda continuo fazendo.


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