O Caduceu

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O Mutรกvel e o Eterno



Leonardo Ramalho

O Mutรกvel e o Eterno


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Publicado em 2013 pela Editora Alfabeto

Supervisão geral: Edmilson Duran Diagramação: Décio Lopes Revisão de textos: Rosemarie Giudilli Cordioli

DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP) ( CÂMARA BRASILEIRA DO LIVRO, SP, BRASIL)

Vieira, Leonardo Ramalho O Caduceu – O Mutável e o Eterno / Leonardo Ramalho Vieira – 1ª Edição – São Paulo, Editora Alfabeto, 2013. ISBN: 978-85-98736-56-3 1. Literatura brasileira, 2. Ficção

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A meu filho: Pedro Lucena Ramalho, fruto presenteado por Deus, alma secular, meu velho amigo e companheiro do eterno. À minha amiga Margarete Rose Santos, que morreu num campo de batalha.



Sumário

Prefácio.......................................................................... 9 Capítulo I Zaqueu......................................................................... 13 Capítulo II A Terra dos Deuses.................................................... 83 Capítulo III A Coragem Habita no Nosso Lado Mais Fraco... 113 Capítulo IV Sinais e Simbolismo ................................................ 123 Capítulo V Os Deuses só Podem nos Dar

o Que Já Temos Dentro de Nós.............................. 133 Capítulo VI A Alma e a Carne..................................................... 145 Capítulo VII Nove Anos Depois................................................... 159 Capítulo VIII A Árvore da Vida..................................................... 169 Capítulo IX Lucas, 19.................................................................... 183 Capítulo X Alexandria, Egito: 2003........................................... 185 Capítulo XI Os Deuses Estão Chegando.................................... 187

Referência Bibliográfica.......................................... 189

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Prefácio

Por Marília Teixeira Martins Quando Leonardo me pediu para prefaciar seu livro O Caduceu – O Mutável e o Eterno, confesso que levei o maior susto de todos os tempos. Inacreditável saber que um livro tão desejado e cobiçado por milhares de mulheres, que tiveram acesso a algumas breves passagens através de Redes Sociais e de seu site, estaria em minhas mãos! Muito timidamente comecei a ler as primeiras frases e, de súbito, percebi que estava diante de uma obra singular. Leitura inteligente, instigante e envolvente, ocasião em que me foi apresentado Zaqueu, com sua destemida e precoce busca interior. Seguia lendo, absorvendo cada parágrafo e mergulhando em indagações e mais indagações, que o próprio autor nos coloca diante de episódios da vida. Caminhava na leitura e me via completamente envolvida pela trajetória do livro, de tal forma que eu passei sem me dar conta, a participar indiretamente das cenas, me identificando a cada instante com algum personagem. Meu lado profissional, na condição de psicóloga, começou a se manifestar, quando Leonardo inseriu um tema que me | 9 |


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i­ nteressa e fascina: a dependência química, mais especificamente, o alcoolismo. Abordagem esta, diga-se de passagem, feita com clareza, objetividade e eficiência. Revivi em Zaqueu a época da Ditadura Militar e relembrei com imensa saudade de meu velho pai, defensor atuante e público de seus alunos da Faculdade de Direito de Minas Gerais, que presos, sofriam terríveis torturas dessa época. Naveguei em minha própria fé, instigada pela leveza com que Zaqueu descobre que sua fé é “coxa”, movido por um episódio pitoresco em sua vida, em um momento em que teria de transportar em sua pickup um imenso Cristo crucificado. E enquanto isso tudo acontecia, eu esperava com ansiedade a próxima cena, que a essa altura, eu já sabia que não seria exatamente como eu a imaginava. A busca de respostas continuava, e eu me envolvia cada vez mais, na condição de leitora, de mulher e de psicóloga. A leitura se tornou um delicioso passeio, com fiéis relatos da História da Humanidade, que envolvia Zaqueu em deslumbrantes cenários do Brasil, Europa, Oriente Médio e Estados Unidos. Percorri por caminhos desconhecidos, e mergulhei em excitantes aventuras. Ah! As mulheres... Os olhos de Zaqueu as viam enquanto deusas. Amou a todas com vigor do seu corpo e extrema sensibilidade de alma, bem como as damas de cabaré, que para ele eram as “adoráveis mulheres da vida”. E eu ia me identificando intensamente com cada uma delas. E para você Margot... Doce Margot, eu escrevo agora algumas palavras:


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Leonardo, em Zaqueu, seu amigo, te ama muito, e se encarregou de te apresentar da forma mais bela, mais encantadora e mais poética para todas nós. Leonardo aquece nossa alma de mulher, trazendo à tona nossa essência majestosa tal qual a das rainhas. E o livro foi se aproximando do fim. E este fim, claro, também não seria do jeito que eu havia imaginado. O livro acabou, mas minha admiração e respeito pelo autor não. Cresceram de tal forma que em um dia desses, participando de uma dessas festas de intelectuais em que existem concursos implícitos de quem é “mais um monte de coisas”, me pediram que eu citasse o nome de um homem e escritor que reunisse sensibilidade, inteligência e perseverança. Rapidamente, sem muito pensar eu disse: Leonardo Ramalho. Depois, o nome de um homem e escritor com os seguintes e diferentes atributos: íntegro, carismático, culto e emotivo. Pensei um pouco e disse: Leonardo Ramalho. Agora, o nome de um homem e escritor que reunisse arte e criatividade. Não deu outra: Leonardo Ramalho. Cansados de escutarem o mesmo nome, pediram então que eu citasse um homem gentil, interessante, romântico, envolvente, bonito e sedutor. E já me avisaram que eu não poderia mais repetir o mesmo já dito por mim várias vezes. Ok... Então eu disse: – Zaqueu. E este é o meu prefácio. Missão prazerosamente cumprida! Obrigada, Leonardo! Com carinho e amor, Marília.


Esta é uma história em ritmo de romance e aventura, aonde você irá se deparar com os mistérios que envolvem a Humanidade e as premissas mais intrigantes do espírito humano: Conhece-te a ti mesmo e conhecerás o Universo e os deuses. Nessa jornada entra em cena Zaqueu, que viaja pela terra dos homens e navega no universo mágico da alma, onde encontra o caminho para se tornar semelhante aos deuses. Este é um livro de ficção! Qualquer semelhança com pessoas vivas ou mortas terá sido mera coincidência.


PRIMEIRO CAPÍTULO

Z aqueu

1985 Após horas de voo e uma noite povoada de fantasmas da insatisfação humana, o Boeing aterrissou em Lisboa. Zaqueu tomou um táxi e foi para o hotel onde fizera reserva. Sob a ducha quente fez planos para ir ao Santuário de Nossa Senhora de Fátima e ao Cassino Estoril. Enquanto se preparava para almoçar saboreou excelente vinho do Porto e se lembrou de sua rápida passagem pela terra de Camões em 1975, à época da Revolução dos Cravos, que foi um período da História de Portugal que terminou com a implantação da Democracia em 1976, depois da queda de uma ditadura que perdurava desde 1933. Caminhando por ruas de antigo casario ele imaginou que poderia ter sido um navegador aventureiro formado pela Escola de Sagres, ou o Rei de Portugal que se apaixonou por uma linda cigana e abdicou do trono. Quem sabe um aristocrata da corte de D. João VI em fuga para o Brasil, para escapar das tropas invasoras de Napoleão Bonaparte. Vagando em incríveis suposições chegou ao restaurante. | 13 |


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Depois de uma tarde de sono seguiu para o cassino Estoril e foi se divertir nas roletas, caça-níqueis e drinks no bar. Horas depois trocou suas fichas e saiu para gastar os 32.000 escudos que havia ganhado no jogo. Ao entrar em uma boate, indicada pelo motorista do táxi, esbarrou em uma ruiva encantadora, que usava o cabelo entrançado e amarrado atrás da cabeça. Ela era alta e seu charme saltava da alma e se incorporava ao gracioso desenho exótico do seu rosto de narinas largas. Um sutil sorriso revelou seus encantos de mulher. Zaqueu se desculpou com mesura e se dirigiu ao bar. Mas, ao pedir uma dose de rum, percebeu que a ruiva estava acompanhada. Contudo, algo movia seu olhar em direção a ela, que também o olhava discretamente com interesse. Zaqueu tomou um longo gole de sua bebida preferida, se lembrou da frase em latim “carpe dien”, que significa não perder tempo com bobagens e ir direto ao ponto sem medo do futuro! Ele pagou a bebida e caminhou firme em direção à ruiva. Ele a cumprimentou e a convidou para dançar. Mas, logo o homem que a acompanhava protestou aborrecido e ao mesmo tempo se levantou de sua cadeira. Zaqueu, sem lhe dar tempo para falar muito, o esmurrou no queixo! Então, ofereceu sua mão à dama, em um convite silencioso para saírem dali! Admirada ela aceitou e deixaram a boate em busca de diversão na noite lusitana. Entretanto, Zaqueu jogou 100 dólares em cima da mesa, para pagar a garrafa de uisque que havia quebrado para intimidar o homem que esmurrara, pois o mesmo tentara reagir! O homem agredido olhou para o dinheiro e depois, “paralisado”, olhava aquela cena com ar de espanto!


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Ao acordar, no outro dia, Zaqueu estava na casa de Sara. Este era o nome da bela ruiva. Logo ele descobriu uma mulher doce e dedicada que o deixou maravilhado, pois seus cuidados e carinhos revelavam uma sofisticada, mas também, sedutora simplicidade que fluía espontaneamente de seu espírito feminino! Almoçaram em um restaurante que ela costumava frequentar e degustaram excelente bacalhau que Sara dizia ser o melhor de Lisboa! Em seguida passearam pela cidade como namorados e ele a presenteou com roupas e lingeries. Depois alugaram um carro e viajaram para o Santuário de Nossa Senhora de Fátima. Durante a viagem Sara fez o seguinte comentário a respeito da Virgem Maria: – Acredito que a Virgem representa a face do espírito feminino em nós, visando à nossa evolução espiritual. Ao chegarem ao santuário Sara se dirigiu à capela e Zaqueu foi explorar o pátio por conta própria, pois estava curioso para observar os peregrinos e sentir a fé envolvente daquele ambiente “mágico”. Em passeio, ele pensou em rezar, mas desistiu desanimado ao perceber que a sua fé estava ainda coxeando em busca de Deus, e sua autoestima despedaçada por causa do seu alcoolismo. E, ao reencontrar Sara, desejou um pouco da fé que via no brilho dos seus olhos. Depois eles seguiram viagem até Óbidos e dormiram nessa pequena vila milenar, cujo nome significa “cidadela”. Na manhã seguinte viajaram para Queluz. Porém, antes de chegar nessa pequena cidade, Zaqueu sentiu arrepio na alma ao atravessar uma ponte construída em 1630, que liga Queluz-Amadora. Foi como se já conhecesse aquele lugar. E Sara fez o seguinte comentário acerca desse vale de amendoeiras:


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– Queluz foi construída por antigas civilizações. Trata-se de uma Região que era muito visitada por nobres – reis e rainhas, para o recolhimento e o lazer. Viveram alguns dias de luz, paz e momentos de prazer em que o corpo e a alma vibravam em orgasmos sossegados, que os enchiam de vitalidade e risos. Esses momentos íntimos eram de grande harmonia para o casal e revelava uma sexualidade em que o prazer atingia sua plenitude na forma mais tradicional e recatada. Mas, era Sara que sempre conduzia esse ritual sagrado de prazer, estimulando Zaqueu a expressar apenas seu lado feminino, em que prevalecia muito carinho, longos olhares, o toque na pele, o beijo suave. Não havia pressa e o silêncio era a melodia do amor! Retornaram para Lisboa e logo após devolverem o carro na locadora saíram caminhando de mãos dadas pelo centro da cidade. Porém, foram surpreendidos por um protesto popular, enquanto tomavam uma taça de vinho em um quiosque. A polícia apareceu e começou a bater nos manifestantes. A confusão se generalizou. Para Zaqueu, essa cena lembrava um “campo de batalha” e das passeatas de protesto que participara contra a Ditadura Militar no Brasil. Naquele instante ele sentiu a estranha sensação de estar em casa! A poucos metros de onde eles estavam três policiais cercaram um homem e começaram a espancá-lo. Zaqueu, não conseguindo resistir ao impulso de ajudá-lo, correu e se jogou sobre eles. Foi uma luta desigual. Zaqueu e o homem se defendiam dos golpes de cassetetes com extrema perícia e esmurravam seus agressores, contudo foram dominados e presos com a chegada de outros policiais.


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Já no quartel de polícia, enquanto Zaqueu tentava argumentar em sua defesa e na defesa do homem que tentara ajudar, foi agredido no rosto por um dos policiais que ele esmurrara na rua, que se aproveitou desse momento em que Zaqueu estava atento à conversa. Porém, a reação de Zaqueu foi extremamente rápida e brutal. Ele tomou o cassetete de outro policial e “desceu o braço” no seu agressor! Iniciou-se então um combate com outros soldados, que avançaram em defesa do colega de farda. A determinação de Zaqueu nessa luta assustou seus oponentes, mesmo depois de ser imobilizado, pois em situações como essa ele era tomado por um grande entusiasmo! Ao que vale lembrar que Zaqueu é do signo de Gêmeos, simbolizado na mitologia grega pelo mito de Pólux e Castor, pois segundo a lenda, eles teriam lutado ao lado dos atenienses na batalha de Maratona, em que Castor teria sido considerado invencível em lutas corpo a corpo. Em seguida o oficial de plantão conduziu Zaqueu até o seu gabinete e logo disse que não queria estrangeiro metido em assuntos internos do seu país, concluindo, em tom grave, que ele deixasse Portugal a fim de evitar outro confronto com o policial espancado. Ao sair do prédio Zaqueu se encontrou com Sara, que o esperava, e contou-lhe sobre o ocorrido, enquanto ela limpava o sangue coagulado em seu supercílio esquerdo; ferimento este causado pelo soldado que o agredira dentro do quartel. Ele disse que o homem que ele ajudara na rua se chamava Alencar, e que lhe pedira para livrá-lo da prisão. Sara disse que conhecia um advogado e Zaqueu pediu-lhe que o procurasse imediatamente oferecendo mil dólares pela


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soltura de Alencar, ainda naquele dia. Ela, então, saiu em busca do respectivo advogado e, ele foi beber vinho em um quiosque, enquanto esperava o resultado dessa empreitada. Horas mais tarde Sara chegou com o advogado e Alencar os convidou para jantar em sua casa. Compraram vinho e assados. A noite foi memorável e terminaram todos bêbados. Logo na manhã seguinte Zaqueu e Sara viajaram para a cidade de Sintra, região rodeada de grandes arvoredos e abundantes fontes de água. Depois de uma semana retornaram a Lisboa. Era a última noite de Zaqueu em Portugal. Sara, então, preparou um sofisticado jantar à luz de velas e se pôs tão bela que daria inveja às deusas do Olimpo. O vinho, apenas um “feitiço” desnecessário, pois a arte da sedução estava impregnada na alma daquela mulher de tal forma, que sua espontaneidade e simplicidade eram convites irresistíveis ao prazer. Na manhã seguinte Sara acompanhou Zaqueu até a estação ferroviária e recebeu com alegria a generosa quantia em dinheiro que ele lhe dera. Ela agradeceu com um belo sorriso enquanto uma lágrima escorria pela sua face. Zaqueu comprou bilhete para Paris. Depois que o trem partiu conheceu Olga. A cabine dela era vizinha à dele e jantaram juntos no vagão-restaurante. Olga tinha beleza suave e agressiva ao mesmo tempo. Cabelos pretos e curtos, corpo bem delineado, mas de estatura baixa. Uma aura de simplicidade a envolvia, o que lhe dava um semblante doce e sensual. De nacionalidade portuguesa, trabalhava em Paris e havia se formado em psicologia na Sorbone, com especialidade em Dependência Química. Durante a


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refeição ela comentou a respeito de seu trabalho e de aspectos referentes à doença alcoolismo: – Não se pode falar em alcoolismo sem explorar os efeitos da bebida alcoólica no comportamento humano. Os danos provocados por essa doença não se limitam ao organismo e à mente, atingem profundamente as emoções, os sentimentos e a alma. A grande maioria das pessoas desconhece o alcoolismo tal qual uma doença e há tabu em torno do assunto, inclusive no mundo médico. No entanto, rara é a família que não tenha ou já teve um de seus membros alcoólatras, ou bebedor-problema. – Os alcoólatras mais comuns são aqueles de final de semana que começam a beber na sexta-feira e somente param no domingo, o que resulta em pileques frequentes. Essa tendência de querer beber cada vez mais começa na quarta-feira, ou depois de curar a ressaca do último final de semana. A motivação nada mais é do que a autoconfiança em baixa e para enfrentar as pessoas de seu convívio, por causa da ressaca moral, ou pelas besteiras que fez durante o pileque. É aí que o desequilíbrio emocional passa a ser companheiro de copo do bebedor-problema. A autoestima começa a entrar em processo de decadência. O vício é apenas um sintoma dessa terrível doença. Não existe fórmula mágica nem científica para o bebedor-problema parar de beber. A única maneira de interromper o processo destrutivo e decadente da bebida alcoólica é o desejo sincero de abandonar a bebida, e evitar o primeiro gole. – Há casos crônicos em que a hospitalização é necessária visando à recuperação do corpo e da mente. Porém, na cura do espírito humano, pois o alcoolismo é também uma doença da alma, os acompanhamentos psicológicos têm se mostrado


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de grande valia no equilíbrio emocional do bebedor-problema, antes e depois de abandonar a bebida. Entretanto, quando há a ajuda dos Alcoólicos Anônimos, a recuperação do alcoolista pode se tornar extraordinariamente eficaz. Evitar o primeiro gole é o princípio e o fim. Nessa altura da conversa Zaqueu não mais bebeu vinho, com receio de que Olga descobrisse seu hábito desordenado de beber, preferindo dizer que estava com sono interrompendo assim a conversa. Angustiado e sem conseguir dormir, Zaqueu se levantou e foi para o corredor do trem. Olhando a escuridão dos campos pela janela do vagão, ele reviveu fatos importantes de sua vida desde os nove anos de idade, em silencioso monólogo com as sombras:

... 1963 Nessa época Zaqueu tinha nove anos de idade e se sentiu revoltado ao saber que seu pai tinha uma amante, fato que chegou ao conhecimento dos vizinhos. Porém, essa situação se tornou repulsiva e ultrajante quando essa amante começou a passar de carro, buzinando e fazendo piruetas pela rua em que ele morava. Os meninos do bairro começaram, então, a fazer chacotas dizendo que o pai de Zaqueu não respeitava sua família. Portanto, as brigas com essa garotada eram frequentes. Até que um dia Zaqueu enterrou a ponta do seu pião no lábio de um garoto. Foi assim que pararam de lhe importunar. A mãe de Zaqueu, também indignada com tamanho deboche público, procurou ajuda junto à família do marido, mas em vão!



Esta obra, de leitura instigante e envolvente, tem como cenário não somente o Brasil, a Europa, o Oriente Médio, mas o universo mágico da alma humana. Por meio do protagonista Zaqueu, em sua destemida e precoce busca interior, o leitor toma conhecimento da trama caracterizada pela ambiguidade fantástica entre o sagrado e o profano, a luz e a sombra, a vida e a morte...! Pois é assim que o ser humano é em sua essência. O Caduceu – O Mutável e o Eterno simboliza a busca constante do equilíbrio entre forças opostas que compõem nosso Ser e o Mundo. Um caminho para o aperfeiçoamento humano/espiritual – um caminho para a conquista de um mundo melhor, mais justo! CONTEÚDO ADULTO

ISBN 978-85-98736-56-3

www.editoraalfabeto.com.br

9 788598 736563


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