Santas e santos franciscanos e capuchinhos

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Província São Lourenço de Brindes do Paraná e Santa Catarina (Paraguai)

SANTAS E SANTOS FRANCISCANOS E CAPUCHINHOS

Província S. Lourenço de Braindes-PR-SC-PY

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Santas e Santos Franciscanos e Capuchinhos Edição feita pela Província São Lourenço de Brindes do PR-SC (PY)

Cúria Provincial Rua Alcides Munhoz, 190 / Caixa posta\l 18.833 80410-980 CURITIBA-PR Tel. 041/ 3335.2323 - Fax: 042/ 3335.1087 cpcapuchinhosprsc@terra.com.br

SANTAS E SANTOS Franciscanos Capuchinhos Cúria provincial: Rua Alcides Munhoz, 190 / Caixa postal 18883 / 80410980 CURITIBA - PR / Fone: 041/ 335 23 23 Fax: 041/ 335 10 87 --- Correio eletrônico: cpcapuchinhosprsc@terra.com.br -- Home page: http://www.capuchinhos.org.br-Coordenaçãogeral:Frei Cláudio Sérgio de Abreu, OFMCap, Secretário da Formação Inicial.-Redação,digitaçãoediagramação:fr.DionysioDestéfani.-Correções:Diversos freisdaProvincial-Impressocommeiosprópriosesemfinslucrativos.

2 - Santoral Franciscano-capuchinho


ÍNDICE Apresentação 3 de janeiro: 5 de janeiro: 12 de janeiro: 16 de janeiro: 30 de janeiro: 4 de fevereiro: 6 de fevereiro: 7 de fevereiro: 2 de março: 21 de abril: 24 de abril: 30 de abril 8 de maio: 11 de maio: 12 de maio: 16 de maio: 17 de maio: 18 de maio: 19 de maio: 20 de maio: 25 de maio 2 de junho: 8 de junho: 12 de junho: 16 de junho:

26 de junho: 10 de julho: 14 de julho: 16 de julho: 21 de julho: 27 de julho: 28 de julho: 2 de agosto: 7 de agosto: 8 de agosto: 11 de agosto: 13 de agosto: 14 de agosto: 18 de agosto:

Santíssimo Nome de Jesus (1530) B. Diogo de Cádiz, presbítero (1743-1801) S. Bernardo de Corleone, religioso (1605-1667) S. Bernardo, presbítero e companheiros (1220) S. Jacinto de Mariscotti (1585-1640) S. José de Leonissa, presbítero (1556-1612) S. Pedro Batista, S. Paulo Miki e comp., mártires (1597) S. Coleta, virgem (1381-1447) S. Inês da Boêmia (1205-1283) S. Conrado de Parazahn, religioso (1818-1894) S. Fidélis de Sigmaringa, presbítero (1577-1622) S. Bento de Urbino, presbítero (1560-1625) B. Jeremias de Valáquia, religioso (1556-1625) S. Inácio de Láconi, religioso (1701-1781) S. Leopoldo Mándic, presbítero (1866-1942) S. Margarida de Cortona (1247-1297) S. Pascoal Bailão, religioso (1540-1592) S. Félix de Cantalício, religioso 1515-1587) S. Crispim de Viterbo, religioso (1668-1750) S. Bernardino de Sena (1380-1444) Dedicação da Basílica de São Francisco de Assis S. Félix de Nicosia (1715-1787) B. Nicolau de Gésturi, religioso (1882-1958) B. Flórida Cévoli, virgem ((1685-1767) B. Aniceto Koplin e companheiros (1875-1941) B. Henrique Krzyztofik, presbítero (1908-1942) B. Floriano Stepniak, presbítero (1912-1942) B. Fidélis Chojnacki, religioso (1906-1942) B. Sinforiano ducki, religioso (1888-1942) B. André Jacinto Longhin, bispo (1863-1936) S. Verônica Giuliani, Virgem (1660-1727) S. Francisco Solano, presbítero (1549-1610) S. Boaventura, bispo e doutor da Igreja (1218-1274) S. Lourenço de Brindes, doutor da Igreja (1559-1619) B. Maria Madalena Martinengo, virgem (1687-1737) B. Maria Teresa Kowalska, mártir (1902-1941) Nossa Senhora dos Anjos da Porciúncula B. Agatângelo, presbítero e mártir (1598-1638) B. Cassiano, presbítero e mártir (1607-1638) S. Pai Domingos, presbítero (1170-1221) S. Clara de Assis, virgem (1194-1253) B. Marcos de Aviano, presbítero (1631-1699) S. Maximiliano Maria Kolbe, presb. e mártir (1894-1941) Mártires da Revolução Francesa (+1794) B. João Luiz de Besancon, presbítero (1720-1794) B. Protásio de Séez, presbítero (1747-1794)

5 6 7 8 8 8 8 9 9 10 10 11 12 12 13 14 15 16 16 17 18 18 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 28 28 29 20 31 31 32 32 33 34 34 35 35 36

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19 de agosto: 23 de agosto: 2 de setembro: 25 de setembro: 17 de setembro: 18 de setembro: 19 de setembro: 22 de setembro: 23 de setembro: 26 de setembro:

28 de setembro: 4 de outubro: 12 de outubro: 14 de outubro: 19 de outubro: 23 de outubro: 31 de outubro 14 de novembro: 17 de novembro: 25 de novembro: 26 de novembro: 27 de novembro: 28 de novembro 29 de novembro: 2 de dezembro:

B. Sebastião de Nancy, presbítero (1749-1794) São Luís de Tolososa, bispo (1274-1297) B. Bernardo de Ofida, religioso (1604-1694) B. Apolinário de Posat, presbítero e mártir (1739-1792) S. Luís, Rei da França (1214-1270) Estigmas de Nosso Pai São Francisco (1224) S. José Copertino, presbítero (1603-1663) S. Francisco Mª de Camporosso, religioso (1804-1866) S. Inácio de Santhià, presbítero (1686-1770) S. Pio de Pietrelcina, presbítero (1887-1968) B. Aurélio de Vinalesa, mártir e companheiros B. Ambrósio de Beneguacil, presb. e mártir (1870-1936) B. Pedro de Benisa, presbítero e mártir (1876-1936) B. Joaquim de Albocácer, presb. e martir (1879-1936) B. Modesto de Albocácer, presb. e mártir (1880-1936) B. Germano de Carcagente, presb. e mártir (1895-1936) B. Boaventura de Puzol, presbítero e mártir (1897-1936) B. Santiago de Rafelbuñol, presb. e mártir (1909-1935) B. Henrique de Almazora, diácono e mártir (1895-1936 B. Fidélis de Puzol, presbítero e mártir (1856-1936) B. Berardo de Fenollet, presbítero e mártir (1867-1936) B. Pacífico de Valência, presbítero e mártir (1874-1936) B. Maria Verônica Masiá Ferragut, mártir (1884-1936) B. Maria Jesus Masiá Ferragut, mártir (1890-1936) B. Maria Felicidade Masiá Ferragut, mártir (1890-1936) B. Isabel Calduch Rovira, mártir (1882-1936) B. Milagros Ortells Gieno, mártir (1882-1936) B. Inocêncio de Berzo, presbítero (1844-1890) Nosso Seráfico Pai São Franciso, diácono (1182-1226) S. Serafim de Montegranaro, religioso (1540-1604) B. Honorato Kozminski de Biala, presbítero (1829-1916) S. Pedro de Alcântara, presbítero (1499-1562) S. João de Capistrano, presbítero (1386-1456) B. Ângelo de Acri, presbítero (1669-1739) S. Nicolau Tavelic e companheiros, márt. (1340-1384) S. Isabel da Hungria (1207-1231) Todos os fiéis defuntos da Ordem Seráfica S. Leonardo de Porto Maurício, presbítero (1676-1751) S. Francisco Ant. Gasani, presbítero (1681-1742) S. Tiago das Marcas, presbítero (1394-1476) Todos os Santos da Ordem Seráfica B. Maria Ângela Astoch, virgem (1592-1665) Índice e Causas capuchinhas em andamento Elenco alfabético dos Santos/as da Ordem Capuchinha Calendário Litúrgico da Família Franciscana Santos/as Capuchinhos e Ofício Próprio

Basílica de São Francisco de Assis, em Assis, iItália

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37 38 38 38 38 40 41 41 42 43 43 44 45 46 47 47 48 49 50 51 51 52 53 53 53 54 55 56 57 58 59 61 61 62 63 63 63 63 64 64 64 65 66 69 70 72


APRESENTAÇÃO Santos Capuchinhos As Constituições Capuchinhas motivam os frades ao conhecimento da vida e obra de São Francisco de Assis, como também das santas e santos capuchinhos. A cada ano são declarados, pela Igreja, novas beatas/santas e beatos/santos capuchinhos. É bom que os frades e os que estão no processo formativo inicial à vida franciscano-capuchinha, conheçam a vida e os escritos dos santos capuchinhos. Este trabalho, que contém elementos da vida dos santos e santas capuchinhas e também de alguns das outras Ordens Franciscanas, tem, como objetivo, ajudar os irmãos a tomarem conhecimento e a enriquecerem seu processo formativo inicial e permanente para a vida franciscano-capuchinha.

As Constituições Capuchinhas orientam os frades para que coloquem diante dos olhos, em tudo o que fizerem, os exemplos dos santos (185,2). Exortam que “leiamos com freqüência a vida e os escritos tanto do próprio São Francisco de Assis como de seus filhos, principalmente dos capuchinhos que se destacaram pela santidade, pela atividade apostólica e pela ciência, e também outros livros em que se manifeste seu espírito” (3,3). Motivam os frades à veneração aos santos: “Fomentemos e promovamos o culto do Pai São Francisco de Assis, modelo dos irmãos menores, e também o de todos os santos, principalmente os nossos, conforme os costumes e lugares, mas sempre com o espírito da Sagrada Liturgia” (54,5). É nosso desejo que todos os que entrarem em contato com este opúsculo, principalmente os que estão no processo formativo inicial e permanente capuchinho, possam aproveitar ao máximo e vivenciarem profícuo processo formativo, enriquecendo a vida espiritual e testemunhando Jesus Cristo pobre, humilde e crucificado no jeito capuchinho como Igreja, na Igreja e no mundo em que vivem. Os santos e santas capuchinhos têm o que ensinar a todos os que querem viver o carisma franciscano-capuchinho em todos os tempos. Eles souberam acolher a vontade de Deus no seu tempo e motivam homens e mulheres no presente e também, acreditamos, em outros tempos a se abrirem ao projeto de Deus. Frei Cláudio Sérgio de Abreu, OFMCap Secretário da SFISAV Província S. Lourenço de Braindes-PR-SC-PY

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SANTAS E SANTOS CAPUCHINHOS E FRANCISCANOS 3 DE JANEIRO Santíssimo nome de Jesus (1530) O Santíssimo Nome de Jesus, invocado pelos cristãos desde os princípios da Igreja, no século m IV começou a ser venerado nas celebrações litúrgicas. O franciscano são Bernardino de Sena e seus discípulos propagaram, com empenho, o seu culto em toda parte, pela Itália e por toda a Europa. No século XVI, esta festa foi introduzida na Liturgia. Assim, em 1530, o Papa Clemente VII concedeu à Ordem dos Frades Menores celebrar, pela primeira vez, a festa do Nome de Jesus com Ofício próprio. ORAÇÃO - Ó Deus, que constituístes o vosso Filho Unigênito, Salvador de toda a humanidade, e mandastes que fosse chamado Jesus, concedei que, venerando seu santo Nome na terra, gozemos de sua presença nos céus. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. 5 DE JANEIRO Beato Diogo de Cádiz presbítero (1743-1801) O Beato Diogo José de Cádiz nasceu em Cádiz, Espanha, a 30 de março de 1743. Filho de família nobre e ilustre ficou órfão de mãe aos nove anos. Pediu e foi admitido no noviciado dos Capuchinhos em Sevilha, a 30 de março de 1758. Ali fez sua profissão em 31 de março de 1759. Depois de sete anos, durante os quais fez seus estudos de Filosofia e Teologia, recebeu a ordenação sacerdotal em Carmona. Atraído, por temperamento e vocação, para o apostolado ativo, trabalhou intensamente, com a palavra e com a escrita

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na difusão da fé, em promover o entusiasmo religioso no meio do povo espanhol, lançando uma cruzada contra os revolucionários franceses de 1793 a 1795. Desta sua luta, deixou como testemunho, o livro “El soldado católico en guerra de religión”, redigido em forma de carta ao sobrinho Antônio inscrito voluntariamente no exército. Difundiu eficazmente a devoção à Santíssima Trindade e a Nossa Senhora sob a invocação de Mãe do Divino Pastor. Foi escolhido para consultor e teólogo em várias dioceses e constituíramno cônego honorário em muitos cabidos de catedrais. Foi sócio de várias Universidades e Institutos de cultura. Mostrou-se modelo de capelão militar. Sua apurada educação clássica, seu bom senso intuitivo e a tradição franciscana salvaram-no do intelectualismo que predominava no seu tempo, mantendoo na linha da pregação evangélica recomendada por São Francisco que, pelo fato de ser a mais simples, é também a mais sóbria e a mais eficaz. Dotado por Deus de inteligência fora de série, converteu-se no grande apóstolo da Espanha que ele percorreu a pé, coberto com seu hábito e agarrado ao seu crucifixo. Dotado de amor ardente à Igreja, entregava-se longamente ao estudo da Sagrada Escritura para depois poder combater os erros do seu tempo em pregações ao povo e também à gente da cultura e das letras. A oração, a penitência, a austeridade tornaram fecunda sua admirável vida tão ativa e enriquecida também com milagres. O Senhor chamou-o, em Ronda, junto a Málaga, a 24 de março de 1801, com 58 anos de idade, depois de 32 anos de intensa


atividade missionária. Deixou-nos, além de três mil sermões já mencionados, numerosos escritos, entre os quais, preciosas cartas espirituais. Foi sepultado no santuário de Nossa Senhora da Paz, em Ronda, onde faleceu. O Papa Leão XIII, a 1º de abril de 1894, beatificou-o na Basílica de São Pedro, em Roma. ORAÇÃO - Senhor, que concedestes ao Beato Diogo José de Cádiz a sabedoria dos santos, e fizestes dele guia e modelo para o seu povo, concedei-nos, por sua intercessão, a graça de sabermos discernir o que é bom e justo, a fim de anunciarmos a todos os homens a riqueza insondável da verdade que é Cristo. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. 12 DE JANEIRO São Bernardo de Corleone religioso (1605-1667)

inútil e sem sentido, odiada pelas pessoas e prejudicial para a salvação da sua alma, o dom mais precioso que o homem tem. Arrependeu-se disso, pediu o perdão do Senhor e o perdão dos homens e entregou-se a áspera penitência. Para reparar seu passado, como sinal de penitência, decidiu vestir o hábito dos Capuchinhos. Deixou Corleone, que a partir daquele momento, lhe trazia à memória rastos e cenas de sangue. Bateu à porta do convento de Caltanissetta, no coração da Sicília, sendo ali admitido como religioso e assim permaneceu durante toda sua vida. Foi ali, a partir de então, verdadeiro homem novo que surgiu no convento de Caltanissetta, resolvido a alcançar perfeição sempre maior, com humildade, obediência, austeridade. Dormia no chão da sua própria cela, nunca mais de três horas por noite e multiplicava seus jejuns. Apesar de inculto e sem letras, atingiu a mais elevada contemplação, conheceu os mais profundos mistérios, lia no interior das consciências, curou muitos doentes, distribuiu consolação e conselhos, intercedeu com orações que atraíram graças sem conta do céu. Foi assim durante 35 anos, até à morte. A oração assídua, a caridade prodigiosa, a devoção filial à Virgem Imaculada, foram o segredo da sua santidade. Teve sempre a preocupação de se identificar com o Senhor Crucificado. Assimilou o Evangelho e empenhou-se em vivê-lo integralmente. Todos os dias da sua vida foram subida constante para Deus e apostolado para levar as almas para o Senhor. A 12 de janeiro de 1667, em Castelnuovo, perto de Palermo, Jesus veio chamá-lo para Si. E ele purificado por constante penitência de expiação, sublimado na mais fervorosa das orações, cheio de alegria, partiu para o céu. Tinha 62 anos de idade. Cem anos depois, a 16 de maio de 1768, o Papa Clemente XII proclamava Beato o Capuchinho Bernardo de Corleone. Aos 10 de junho de 2001 foi canonizado em Roma pelo o Papa João Paulo II.

Bernardo nasceu em Corleone, na Sicília, a 6 de fevereiro de 1605. Na sua juventude exerceu a profissão de sapateiro. Era de estatura e aparência corpulenta, temido por todos. Mostrou-se homem mundano e, sobretudo, gostava de armas. Bem depressa e com prazer, abraçou a carreira militar, mais pela ambição de mandar do que por amor à disciplina. Um dia, entre Bernardo e um companheiro seu, azedaramse as palavras e das palavras foram aos fatos. Os dois lançaram mão às espadas e o duelo foi muito breve. Bernardo feriu de morte o adversário e pôs-se em fuga, deixando ali estendido um agonizante. Para escapar à justiça dos homens refugiou-se numa igreja, recorrendo, assim, ao chamado “direito de asilo”. Evitou desta forma os rigores da lei, ORAÇÃO - Senhor, que em São Bernardo mas não conseguiu subtrair-se à acusação de Corleone nos destes um modelo extrada sua consciência. ordinário de penitência evangélica, concedeiNa solidão e reflexão, pensou longamente nos, por sua intercessão, a graça de relativizar no seu crime e em toda a sua vida errada, tudo o que é temporal e transitório, para Província S. Lourenço de Braindes-PR-SC-PY 7


sermos dignos da recompensa eterna. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. 16 DE JANEIRO São Bernardo presbítero e companheiros (1220) Discípulos de São Francisco partiram para a Espanha em 1219, a fim de pregarem o Evangelho aos maometanos. Presos, foram levados a Marrocos, onde continuaram sua pregação. Presos novamente, na cidade de Marrakeck, foram postos em cadeias e torturados, até serem condenados à morte pelo próprio rei da região, no ano de 1220. ORAÇÃO - Ó Deus, que consagrastes os primórdios da Ordem dos Menores pelo glorioso martírio dos vossos santos mártires Bernardo e seus companheiros, concedei que possamos viver firmes na fé, como eles não hesitaram em morrer por vosso amor. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. 30 DE JANEIRO Santa Jacinta de Mariscotti (1585 -1640) Jacinta nasceu em Vignanello, Cívità Castellana em 1585, perto de Viterbo. Era da nobreza romana e teve uma adolescência brilhante. Foi educada na mentalidade mundana própria da sua classe social e do seu tempo.. Aos 20 anos seguiu a irmã, que já era religiosa no mosteiro São Bernardino, em Viterbo. Tendo professado ainda muito jovem entre as Irmãs da Ordem Franciscana Secular, trocou o nome de Clarice para Jacinta. Descuidou-se por algum tempo do cumprimento de suas obrigações. Na convalescença de uma doença grave, caiu em si e abandonou de vez todas vaidades do mundo. Mesmo sendo religiosa de clausura, desenvolveu intensa atividade apostólica e social. Os pobres e necessitados e até mesmo os encarcerados experimentaram o amor e o socorro das mãos abençoadas desta religiosa. Com 55 anos de idade, morreu em

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Viterbo, no ano 1640. ORAÇÃO - Ó Deus, que fizestes da virgem Santa Jacinta, abrasada no fogo do vosso amor, modelo de contínua mortificação, concedei-nos, por sua intercessão, a graça de chorar os nossos pecados e permanecer no vosso amor. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. 4 DE FEVEREIRO São José de Leonissa Presbítero (1556 -1612) São José de Leonissa nasceu a 8 de janeiro de 1556 em Leonissa. Quando tinha 16 anos entrou em Rieti na Ordem dos Capuchinhos. Fez o noviciado no pequenino convento de Carcerelle, perto de Assis, onde se exercitou na mais dura penitência. Usando uma típica expressão franciscana, chamava ao seu corpo o “irmão burro” e tratava-o com pouco alimento e com as mais diversas privações. Escolheu para si o caminho da humildade e da pobreza. A 21 de maio de 1581 foi ordenado sacerdote em Perusa e, em seguida, destinado ao ofício de pregador. No dia 1º de maio de 1587, com mais dois irmãos chegava a Constantinópolis para fundar ali uma Missão. Interessou-se pela libertação dos cristãos caídos na escravatura. Deu-lhes alento na sua fé e reconduziu à Igreja até um Bispo que havia apostatado. Acabou por cair prisioneiro dos Turcos, por causa do seu atrevimento em tentar ir pregar ao mesmo Sultão Murad III. Ali foi açoitado e depois suspenso à uma trave sob a qual acenderam uma fogueira que ardia lentamente. Durante três dias permaneceu suspenso por um gancho numa das mãos e outro num dos pés. E não morreu. Só Deus sabe como conseguiu sobreviver a este


suplício e como se curaram as suas terríveis feridas. Voltando para Itália, pôde prosseguir na mesma vocação missionária que o levara a pregar até diante do Sultão. Agora, porém, ele era pregador à saída das casas, nas aldeias, nas cidades da Úmbria. Os resultados foram verdadeiramente consolidares: conversões e reconciliações em toda a parte. A vida penitente e os carismas sobrenaturais aumentavam a eficácia da sua palavra. Promoveu obras de assistência social como os “Montes Pios”, Hospitais e outras obras de beneficência. No Arquivo da Postulação Geral dos Capuchinhos existe vastíssimo material de manuscritos, pregações, homilias, panegíricos e outros apontamentos de pregação. Quando tinha 57 anos de idade ficou doente. Veio a falecer aos 4 de fevereiro de 1612. Foi canonizado por Bento XIV a 29 de Junho de 1746. ORAÇÃO - Senhor, nosso Deus, que em São José de Leonissa nos destes um pregador incansável ao serviço do Evangelho, concedei-nos que, por sua intercessão e atraídos pelo seu exemplo, trabalhemos com o mesmo zelo e entusiasmo pela salvação dos nossos irmãos. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. 6 DE FEVEREIRO São Pedro Batista, São Paulo Miki e comp., Mártires (1597)

por questões políticas e religiosas surgidas na região, todo o trabalho foi interrompido. Pedro Batista foi preso e levado a Nagasaki, entre zombarias e ultrajes do povo, e ali foi crucificado com seus confrades franciscanos, três jesuítas e quinze irmãos da Ordem Terceira, consumando o glorioso martírio no dia 5 de fevereiro de 1597. ORAÇÃO: Ó Deus, fortaleza dos santos, que chamastes à verdadeira vida São Pedro Batista, São Paulo e seus companheiros, pelo martírio da cruz, concedei-nos, por sua intercessão, perseverar até a morte na fé que professamos. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. 7 DE FEVEREIRO Santa Coleta Virgem (1381 - 1447) Coleta nasceu na França, no ano de 1381. Tendo falecido os pais, distribuiu todos os seus bens aos pobres, e, revestida do hábito da Ordem Franciscana secular, viveu por algum tempo como reclusa. Recebida, finalmente, pelas Clarissas, com a autorização do Sumo Pontífice, reformou, na primitiva forma de vida franciscana, muitos mosteiros e conventos da Segunda e da Primeira Ordem, inculcando, sobretudo a prática da pobreza de oração. Morreu aos 6 de março de 1447.

Pedro Batista nasceu na Espanha em 1542. Feito os estudos eclesiásticos e ordenaORAÇÃO - Senhor Deus, que nos destes do sacerdote partiu Santa Coleta como modelo e guia a numepara o oriente a fim de rosas virgens, concedei que conservemos pregar o evangelho, sempre bem vivo aquele espírito seráfico trabalhando por longos exemplos de santidade. Por nosso Senhor anos nas Ilhas FilipiJesus Cristo, vosso Filho, na unidade do nas. Em 1593, mandaEspírito Santo. do para o Japão com mais cinco confrades, dedicou-se ao trabalho de conversão dos japoneses, convertendo muitos à fé. Construiu igrejas e hospitais. Mas, Província S. Lourenço de Braindes-PR-SC-PY 9


2 DE MARÇO Santa Inês da Boêmia (1205 - 1282) Inês, filha de Premislau, rei da Boêmia, nasceu em Praga, pelo ano de 1205. Tendo recusado o casamento com o imperador, professou em 1236 entre as Clarissa do Mosteiro que havia fundado, e do qual por muitos anos foi abadessa. Santa Clara, que lhe consagrou singular amizade, escreveu-lhe várias cartas sobre assuntos de perfeição seráfica. Morreu no ano 1282. ORAÇÃO: Ó Deus, que conduzistes a virgem Santa Inês ao caminho da perfeição, trocando as riquezas da corte pelo seguimento humilde da cruz, dai-nos, a seu exemplo, desapegar-nos das coisas que passam e procurar sempre os bens eternos. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. 21 DE ABRIL São Conrado de Parzham Religioso (1818 - 1894) São Conrado de Parzham foi o segundo santo alemão canonizado depois da separação luterana da Igreja. O anterior fora também um capuchinho, São Fidélis de Sigmaringa. Chamado no batismo Conrado Birndorfer, nasceu a 22 de dezembro de 1818 numa numerosa família, proprietária de chácara em Venushof, no vale de Rott, na diocese de Passavia. Órfão aos 16 anos, dedicou-se ao trabalho do campo distinguindo-se pela prática da virtude e pelo espírito de oração. Sentindose chamado à vida religiosa, entrou, aos 31 anos, na Ordem dos Capuchinhos e ali fez a sua profissão a 4 de outubro de 1842. Destinado ao ofício de porteiro no con-

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vento e santuário de Altotting, na Baixa Baviera, ali permaneceu durante 43 anos, edificando seus irmãos e os muitos peregrinos com a prática da caridade e paciência inalterável. Grande devoto da Virgem Maria e da Eucaristia, dotado de dons extraordinários, entre os quais o dom da profecia, provocou o despertar da fé em todas as regiões onde se foi difundindo a fama da sua santidade. Animado pelo zelo apostólico, entregou-se também à beneficência, sobretudo em favor de crianças e jovens abandonados ou em perigo, conhecidos pelo nome de Liebesswerk. A 18 de abril de 1894, depois de ter servido à mesa, foi para a portaria e ali começou a sentir-se mal. Pediu a um irmão para o substituir no seu trabalho, esperando que lhe voltassem às forças. Entretanto, elas não voltaram mais. Depois da oração de Vésperas, foi ter com o Guardião e, com toda a humildade, assim lhe falou “Padre, não posso mais”. Este mandou-o para a cama, na cela chamada de Nossa Senhora. Frei Conrado, sem deixar notar que sofria, apertando nas mãos o crucifixo e o terço, entregou-se à oração. Na manhã de 21 de abril, recebeu a sagrada comunhão e quis receber também a Unção dos enfermos e a absolvição geral. A calma e a serenidade que resplandeciam no seu rosto não permitiam esperar que a sua morte estivesse eminente. Entrou logo em agonia. Um dos sacerdotes presentes recitou então as preces dos agonizantes e, às seis horas da tarde, no momento do Ângelus, balbuciando fervorosas orações, com o olhar fixo no céu, morreu santamente. Era o dia 21 de abril de 1894. Contava 76 anos de idade. A notícia da morte de São Conrado atraiu logo uma multidão de devotos, sobretudo crianças, que vieram venerar seus restos mortais. Aprovados os milagres que lhe foram


atribuídos depois da sua morte, Pio XI beatificou-o em 1930 e, com rapidez fora do normal, inscreveu-o no Catálogo dos Santos, canonizando-o a 20 de maio de 1934. ORAÇÃO - Deus de misericórdia que, por meio de São Conrado de Parzham quisestes abrir a porta da vossa misericórdia aos fiéis, súplices Vos rogamos a graça de vivermos segundo o seu espírito de pobreza e humildade no serviço dos nossos irmãos. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. 24 DE ABRIL São Fidélis de Sigmaringa Presbítero (1577 - 1622)

mente ao apostolado num momento particularmente difícil da vida da Igreja. No cantão suíço dos Grijões, verificou-se, naquela altura, a dolorosa separação que dividiu católicos e calvinistas, tendo degenerado em sangrenta guerra política entre os Valões e o Imperador da Áustria. São Fidélis alimentou sempre no seu coração o desejo de derramar o seu sangue pelo Senhor e foi ouvido por Deus. Enviado para a Suíça pela Congregação da Propaganda da Fé com o fim de orientar uma missão entre os hereges sucedeu que as numerosas conversões ali verificadas lhe atraíram a ira e o ódio das autoridades que acabaram por interrompê-lo com disparos de espingarda numa das suas pregações em Seewis. A seguir, foi agredido fora da igreja em que pregara e depois ferido de morte. Seu corpo acabou por ser barbaramente esquartejado. Era o dia 24 de abril de 1622. Tinha 45 anos. Sua morte impressionou até os seus mais acirrados inimigos e teve como fruto imediato à pacificação entre eles. Os acontecimentos que se seguiram imediatamente mostraram bem que o sacrifício de São Fidélis não tinha sido em vão. É o protomártir da Sagrada Congregação da Propaganda da Fé. Foi canonizado por Bento XIV aos 29 de junho de 1746.

São Fidélis, chamado no batismo Marco Rey, nasceu em Sigmaringa, na Alemanha, em 1577. Estudou Direito em Friburgo e exerceu advocacia com tal amor à justiça que foi chamado o “advogado dos pobres”. Era um cristão reto e piedoso, tornando-se advogado justo e cheio de caridade. Assumiu ORAÇÃO - Senhor, que destes a São Fisempre gratuitamente a defesa dos necesdélis uma admirável fortaleza para testesitados. munhar, com o próprio sangue, o anúncio Aos 35 anos, para evitar os perigos morais missionário do Evangelho ao serviço da proque comportava a sua carreira, deixou as leis pagação da fé, concedei aos que hoje celee decidiu seguir outra vocação. Disse alguém bram seu triunfo a graça de viverem abraque ele teria deixado sua profissão de sados no mesmo amor de Cristo, para poadvogado pelo medo que tinha de vir a cair derem experimentar também a glória do em alguma daquelas injustiças que parecem Senhor ressuscitado. Por nosso Senhor inevitáveis nesta profissão. Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Fez-se capuchinho em Friburgo onde Espírito Santo. tinha freqüentado os estudos de Direito. Impôs-se a si mesmo viver em obediência, pobreza, humildade, com espírito de penitência, de austeridade e de sacrificada renúncia. Foi ordenado presbítero em 1612, tornando-se grande pregador da Palavra de Deus. Eleito Guardião do Convento de Weltkirchen, na Suíça, entregou-se fervorosaProvíncia S. Lourenço de Braindes-PR-SC-PY 11


30 DE ABRIL Beato Bento de Urbino Presbítero (1560 - 1625) Marcos, seu nome de batismo, nasceu em Urbino a 23 de setembro de 1560 no seio de uma família nobre. Ficou órfão aos 10 anos de idade. Profundamente inteligente e com gosto pelo estudo, foi enviado, primeiro para Perusa, e depois para Pádua onde se doutorou em Direito, depois de brilhante curso, tendo apenas 22 anos. Foi admitido à profissão na Ordem dos Capuchinhos em 1585, com o nome de frei Bento de Urbino. Completados os estudos sacerdotais, foi ordenado presbítero. Aprovado para o ofício da pregação, bem depressa se entregou a esse ministério com grande fervor de espírito e simplicidade de palavra, atraindo a todos pela sua modéstia, pela grande alegria de espírito unida à oração constante, à pobreza e austeridade. Em 1599 foi escolhido para integrar o grupo de capuchinhos enviados à Boêmia sob a direção de São Lourenço de Brindes para aí defender e difundir a fé católica no meio dos Ussitas e Luteranos. Exerceu, ali, qualificada e prodigiosa atividade. Porém, por motivos de saúde e pela dificuldade em falar a língua local, teve de voltar para seu país. Novamente na sua terra, retomou o apostolado, tendo como preferidos os lugares e as pessoas mais humildes e mais pobres. Dedicou-se também à educação da juventude e viveu uma vida de ascese. Foi escolhido Guardião e posteriormente Definidor da sua Província. Extremamente humilde, fugia de tudo aquilo que pudesse trazer-lhe motivo de honra ou de glória. A sua meditação preferida era a Paixão de Jesus. Amava a Virgem Maria com ternura filial, preparando-se sempre para suas festas com novena de orações e de jejum. Sua oração era contínua. Como Guardião, jamais dispensou seus irmãos das duas

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horas de meditação. Com muita antecedência previu sua morte que ele mesmo anunciou, esperando-a com serenidade e alegria, à maneira do Pai São Francisco, para dela voar para o céu. Sentindo próxima a última hora, pediu o viático e a unção dos doentes que recebeu com piedade. Na tarde de 30 de abril de 1625, plácida e serenamente, entregou seu espírito nas mãos do Senhor, em Fossombrone, no Convento de Montesacro onde ainda hoje se conserva seu corpo. Tinha 65 anos de idade dos quais 41 passados na Ordem Capuchinha no exercício das mais heróicas virtudes. O seu funeral constituiu solene manifestação de piedade e veneração. Os milagres logo tornaram célebre seu sepulcro. Por isso mesmo, o Papa Pio IX beatificou-o em Roma a 15 de janeiro de 1867. Para todos, o Beato Bento de Urbino é, ainda hoje, modelo de oração constante, de contemplação, de austeridade, de presença salvífica junto dos irmãos e anunciador da Palavra de Deus, sobretudo, junto dos irmãos mais pobres e humildes. ORAÇÃO - Senhor, nosso Deus, que glorificais sempre a santidade dos que Vos servem fielmente, despertai em nós o mesmo amor à Cruz e o mesmo zelo pelo ministério da Palavra, que tão maravilhosamente ardia no coração do Beato Bento de Urbino. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. 8 DE MAIO Beato Jeremias de Valáquia Religioso (1556 - 1625) O Beato Jeremias de Valáquia, batizado com o nome de Jon Stoika, nasceu a 29 de junho de 1556, em Tzazo, na região de Valáquia, na Romênia, no seio de uma família que se distinguia pela sua fé católica numa região marcada pela heresia. Deixou sua terra natal e, caminhando por lugares e países desconhecidos, chegou em Nápoles, Itália. Decorria a Quaresma de 1578, tempo de penitência: igrejas repletas de fiéis, procissões muito devotas, gente atenta a


ouvir a Palavra de Deus. Jeremias conclui que aqui há bons cristãos. Haverá também, aqui, aqueles religiosos santos de que lhe falou a sua mãe? Tendo entrado na igreja dos Capuchinhos, assistiu com devoção às celebrações litúrgicas realizadas pelos freis capuchinhos. Ficou comovido e, ali mesmo, tomou a decisão: “Vou ser um deles”. Apresentou-se ao Ministro Provincial, fr. Urbano de Giffoni que, depois de ter experimentado a vocação do jovem, acolheu seu pedido e mandou-o para Aurunna a fim de iniciar o noviciado. Mudou, então, o nome de Jon pelo de frei Jeremias de Valáquia. Fez a primeira profissão religiosa a 8 de maio de 1579, quando tinha 23 anos de idade. Depois de 4 anos de indescritíveis emigrações encontrou, finalmente, a sua casa na Ordem dos Capuchinhos. A partir daquele momento empenhou-se vivamente em percorrer o caminho da santidade seguindo as pegadas de São Francisco. Depois de ter prestado serviço como cozinheiro, hortelão, sacristão e também de esmolar para os irmãos em vários conventos da Campânia, no ano de 1585, acabou por ser mandado para Santo Efrém Novo, em Nápoles, como encarregado de assistir os doentes na grande enfermaria da Província. Seria aqui, neste ofício de bom samaritano, que iria revelar o seu carisma muito particular e onde se doaria totalmente por amor de Cristo. Reservava para si o cuidado dos mais necessitados, dos que tivessem maiores chagas ou feridas, dos mais difíceis e de pior trato e até dos mais desequilibrados. Mãe alguma teria cuidado de seu filho com tanta ternura como frei Jeremias cuidava dos seus pobres irmãos. A fama da sua santidade espalhou-se por toda à parte. As pessoas vinham de todas as partes ter com ele. Realizou milagres, distinguia-se pela sua caridade com os pobres, ensinava o catecismo aos pequeninos que

se sentiam atraídos por ele. Foi profundamente devoto de Nossa Senhora. Ali viveu a cuidar os seus doentes cerca de 40 anos, num serviço generoso, sempre de rosto alegre e sereno. Rezava, freqüentemente, dizendo: “Senhor, eu te dou graças porque sempre estive servindo e nunca fui servido, sempre fui súdito e nunca mandei em ninguém”. Manteve-se no seu posto de trabalho e de sacrifício até à morte que o visitou na noite de 5 de março de 1625 quando tinha 69 anos de idade. Morreu, precisamente, vítima do amor e da obediência, quando, em Torre de Grecco, tinha ido visitar um doente que ali se encontrava. Amado por ortodoxos e por católicos, este humilde capuchinho constitui, hoje, a glória e a esperança da sua Pátria, a Romênia. A 30 de outubro de 1983, o Papa João Paulo II, durante o Ano Santo da Redenção, inscreveu-o no catálogo dos Beatos. ORAÇÃO - Senhor, que destes ao Bemaventurado Jeremias de Valáquia a graça de imitar a Cristo pobre e humilde, fazei que, a seu exemplo, dediquemos todas as nossas energias ao Vosso serviço e ao serviço da salvação dos nossos irmãos. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. 11 DE MAIO Santo Inácio de Láconi Religioso (1701 - 1781)

Santo Inácio de Láconi, o segundo numa família de nove irmãos, nasceu em Láconi, na Sardenha, a 17 de novembro de 1701. Foram seus pais Matias Peis Cadello e Ana Maria Sanna Casu, pobres de bens materiais, mas ricos de fé. Desde pequeno se distinguiu pela sua bondade e piedade. Ainda adolescente, praticava contínuas mortificações e rigorosos jejuns. Província S. Lourenço de Braindes-PR-SC-PY 13


Tinha 18 anos quando ficou gravemente doente e fez, então, a promessa de se fazer capuchinho se viesse a curar-se. Mais tarde, escapou a outro perigo mortal e nessa altura cumpriu sua promessa. A 3 de novembro de 1721 foi a Cágliari e apresentou-se no Convento dos Capuchinhos de Buoncammino. Recusado inicialmente por causa da sua frágil constituição física foi, finalmente, admitido. Vestiu o hábito religioso dos Capuchinhos no Convento de São Bento a 10 de novembro de 1721. No final do ano do noviciado, foi transferido para o Convento de Iglesias, onde recebeu o ofício de despenseiro, sendo, ao mesmo tempo, encarregado de esmolar na campanha de Sulcis. Depois de passar durante 15 anos por diversos conventos, Inácio foi enviado para Cágliari, para o Convento de Buoncammino, recebendo aí o encargo de confeccionar os hábitos para os religiosos e depois, a partir de 1741, o ofício de pedir esmola naquela cidade – um ofício, então, considerado de grande importância e responsabilidade. Cágliari foi, assim, durante 40 anos, o campo do seu maravilhoso apostolado, desenvolvido com um amor imenso no meio dos pobres e dos pescadores. Era venerado pelo encanto da sua virtude e pelos milagres que ia realizando até ser chamado por todos como “Padre Santo”. Converteu-se numa figura típica, quase insubstituível naquela cidade da Sardenha que, precisamente naquela altura, tinha passado para o domínio da casa de Savóia. Pedia esmola nos bairros pobres, ao longo do porto, nas tavernas e nas lojas. Pedia e dava ao mesmo tempo. Por um lado, dava qualquer ajuda para socorrer os necessitados e, por outro, tornou-se religioso exemplar, a todos dando uma boa palavra, um conselho, uma recomendação. Conhecido por todos, por todos era respeitado e amado. Ia vendo as gerações sucederem-se em torno do seu próprio hábito, as crianças a converterem-se em homens e os homens a ficarem velhos. Somente ele não mudava. Sempre nos mesmos lugares, sempre atento à sua missão, sempre com a mesma humildade e caridade, a mesma simplicidade e bondade.

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Tendo perdido a visão em 1779, passou os últimos anos de vida em intensa oração até ao dia da sua gloriosa morte, em Cágliari, aos 11 de maio de 1781. Tinha, então, 80 anos. Foi canonizado em São Pedro, no Vaticano, por Pio XII, aos 21 de outubro de 1951, no decorrer do Ano Santo Universal. ORAÇÃO - Senhor, nosso Deus, que guiastes a Santo Inácio de Láconi pelos caminhos da simplicidade e da humildade, e o levastes a atingir o cume da perfeição evangélica na prática do amor fraterno, concedeinos que, vivendo o mandamento do amor, mereçamos ser contados entre os vossos eleitos. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. 12 DE MAIO São Leopoldo Mandic Presbítero (1866 - 1942) São Leopoldo Mandic nasceu em Castelnuovo de Cátaro da Dalmácia, na Iugoslávia, a 12 de maio de 1866, numa família croata. Os pais, profundamente religiosos, educaram-no nos mais elevados sentimentos em relação a Deus e aos homens. Quando tinha 16 anos, sentindo-se chamado a trabalhar pelo regresso dos orientais à unidade com a Igreja Católica, deixou sua casa paterna e decidiu entrar com os Capuchinhos da Província de Veneza, em Bassano del Grappa (Itália), a 2 de maio de 1884. A 20 de setembro de 1890 foi ordenado sacerdote em Veneza. Convencido que o Senhor o chamava a um grande ideal, pediu, com insistência, aos seus Superiores que o deixassem partir para o Oriente a fim de poder dedicar sua vida à reunificação na Igreja Católica dos cristãos ortodoxos. Porém, suas precárias condições de saúde não lho permitiram e teve, assim, de se submeter à vontade dos seus Supe-


riores. Passou, então, por diversos Conventos, entregando-se ao ministério das confissões até que, em 1909, foi destinado ao Convento de Santa Cruz, em Pádua, com o encargo de atender, de forma estável ,o sacramento da Reconciliação. Ali permaneceu até à morte. Uma pequena cela junto à igreja converteu-se no campo do seu maravilhoso apostolado: o sacramento da Reconciliação. Este divino ministério foi, nas mãos de São Leopoldo, eficaz arma de salvação para as almas no seguimento pelos caminhos de Deus. Ali, se mantinha a atender as pessoas durante todo o dia, sem uma hora de descanso, sem gozar jamais de quaisquer férias, não obstante o tórrido calor do verão e o intenso frio do inverno - na pequena cela que servia de confessionário, que nunca teve aquecimento! Muito depressa, aquela despida cela se converteu em farol luminoso que atraía almas sem conta, necessitadas de paz e de conforto. Para todos, São Leopoldo tinha palavras de perdão, de paz, de estímulo para o bem. Somente o Senhor sabe quantos foram os penitentes que se vieram ajoelhar aos seus pés durante quarenta anos. Quanto bem ali realizou e tudo no silêncio mais absoluto e no mais profundo recolhimento. Nenhuma propaganda em volta dele. Pedia ao Senhor que pudesse fazer todo o bem possível, mas que ninguém o soubesse. E foi ouvido, porque, nem os jornais, nem qualquer outro meio de propaganda se ocuparam dele. Somente Deus deveria ser glorificado na sua humilde pessoa. Sempre envolto em sofrimento, suportou tudo para a salvação das pessoas que se aproximavam dele. A tudo isso acrescentava ainda penitências ocultas. Não descansava mais de quatro horas por noite. Em cada uma das pessoas que se aproximava dele via o seu Oriente. Era devotíssimo da Eucaristia. Costumava dizer: “Oh! Se nossos olhos pudessem ver o que acontece sobre o altar durante a Missa! A nossa pobre humanidade não poderia suportar a grandeza de tamanho mistério (...)”. Era filial e intenso o seu amor à Virgem Maria, a “Padroeira Bendita”. Chegou aos 76 anos. Um tumor no

esôfago prostrou-o na manhã de 30 de julho de 1942, no momento em que se preparava para celebrar a Eucaristia. Naquela manhã, ele mesmo se converteu em vítima sobre o altar do Senhor. As suas últimas palavras foram uma invocação a Nossa Senhora da qual tinha sido sempre devoto. As vozes e a convicção de todos era que tinha morrido naquele momento um santo. Começaram a invocá-lo para obterem conforto e graças do Céu. Seu corpo, sepultado numa capela junto ao seu confessionário, foi encontrado incorrupto. A 2 de maio de 1976, durante o Sínodo da Evangelização, o Papa Paulo VI beatificou-o, em São Pedro. A 16 de outubro de 1983, quando se celebrava o Sínodo da Reconciliação e da Penitência, o Papa João Paulo II canonizou-o solenemente na Basílica de São Pedro. ORAÇÃO - Deus de bondade infinita e sumo bem, que fizestes de São Leopoldo um instrumento da Vossa misericórdia para com os pecadores e um fervoroso promotor da unidade entre os cristãos, concedei-nos por sua intercessão, a graça de nos renovarmos cada vez mais para podermos levar a todos os homens o Vosso amor, e cooperar eficazmente na união de todos os crentes mediante o vínculo da paz. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. 16 DE MAIO S. Margarida de Cortona (1247 - 1297)

Margarida nasceu em Laviano, na Toscana, em 1247. Amasiada na juventude com certo homem, com ele viveu nove anos em Montepulciano. Tendo ele morrido, retirou-se ela para Cortona. Vestiu o hábito da Ordem Franciscana Secular e, sob a orientação dos Frades Menores, encetou um novo caminho. Exercendo as obras de caridade, principalmente para com Província S. Lourenço de Braindes-PR-SC-PY 15


os doentes, atraiu a si outras companheiras, que a ajudaram a tratar melhor os doentes e, para isso, fundou um hospital. Em tudo, porém, insistia no espírito de oração, no jejum e nas piedosas meditações. Com zelo, cultivou as virtudes da humildade e da pobreza. Distinguiu-se por admirável amor para com o mistério da Eucaristia e a paixão de Jesus Cristo. Morreu a 22 de fevereiro de 1297. ORAÇÃO - Ó Deus, vós não quereis a morte do pecador, mas sim, que se converta e viva; em vossa misericórdia, arrancastes vossa serva Santa Margarida de Cortona do caminho da desgraça e a conduzistes ao caminho da salvação; fazei que nós, libertos das cadeias do pecado, vos sirvamos de todo o coração. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. 17 DE MAIO São Pascoal Bailão Religioso (1540-1592) Pascoal nasceu na Espanha, no ano de 1540. Quando criança, foi pastor de rebanhos e, ao mesmo tempo, cultivava a piedade, sobretudo para com a Eucaristia. Já adiantado em virtudes, foi admitido em 1564 entre os Frades Menores e destinado a trabalhos humildes. Cumulado de dons divinos, ajudou a muitos com seu conselho e escreveu alguns opúsculos em que expôs os resultados de sua experiência religiosa. Morreu em 1592. ORAÇÃO - Ó Deus, que fizestes resplandecer São Pascoal por profundo amor para com os sagrados mistérios do Corpo e Sangue do vosso Filho, concedei-nos acolher em nossa vida as riquezas espirituais de que ele se alimentava nesse sagrado banquete. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

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18 DE MAIO São Félix de Cantalício Religioso (1515-1587) São Félix de Cantalício foi uma das mais populares e mais características figuras da Roma do século XVI. Nasceu na aldeia de Cantalício, pequena povoado no sopé dos Apeninos, próximo de Rieti, em 1515. Até aos 30 anos, trabalhou no campo, como agricultor, viajando, depois, para Roma, não para gozar dos divertimentos da gente da cidade nem para melhorar sua condição de pobre e humilde. Entrou como religioso na Ordem dos Capuchinhos e, a partir de 1547, até à sua morte em 1587, dedicouse a pedir esmola de porta em porta no Convento de São Nicolau, hoje chamado de Santa Cruz dos Luccesi. Passava pelas ruas de Roma, com o seu áspero e pobre hábito, pedindo esmola, não só para o Convento, mas também para os pobres e para os doentes. A todo aquele que lhe dava qualquer coisa dizia sempre: Deo gratias – Graças a Deus! Aos que não lhe davam nada, dizia também: Deo gratias. Por isso, bem depressa começou a ser conhecido pelo nome de Frei Deo gratias. São Filipe de Néri, o apóstolo florentino dos romanos, tornou-se o seu grande amigo. Quando São Filipe o encontrava na rua, pedia-lhe publicamente conselhos e ensinamentos. A simplicidade espontânea e popular de frei Félix rodeava-o de gratificante admiração. São Carlos Borromeu tinha-o em grande consideração, como muitos outros prelados que reconheciam naquele inculto, mas tão espiritual capuchinho, uma capacidade intelectual extraordinária. Predisse a Sisto V que este seria Papa e aconselhou-o a comportarse dignamente quando o fosse. Viram-se muitas púrpuras cardinalícias e dignidades prelatícias a inclinar-se diante daquele aldeão,


vestido de hábito capuchinho. Félix tinha temperamento místico. Dormia apenas 3 horas por dia. O resto da noite consagrava-o, na igreja, à oração, na contemplação dos mistérios da vida de Jesus. Comungava todos os dias o Corpo do Senhor. Nos dias santos era seu costume fazer a peregrinação às Sete Igrejas de Roma ou, então, visitava os doentes nos diversos hospitais da cidade. Alimentou sempre terna devoção para com Nossa Senhora que lhe apareceu muitas vezes e lhe entregou o Menino Jesus que ele estreitava amorosamente nos braços. Morreu aos 72 anos, no dia 18 de maio de 1587, arrebatado numa visão de Nossa Senhora. A sua sepultura, na igreja da Imaculada Conceição dos Capuchinhos de Roma, converteu-se em lugar de peregrinação. Foi canonizado por Clemente XI, a 22 de maio de 1712. ORAÇÃO - Senhor, que em São Félix de Cantalício destes à vossa Igreja e à Ordem dos Frades Menores Capuchinhos um admirável modelo de simplicidade evangélica, concedei-nos que, a seu exemplo, edifiquemos o vosso povo com a mesma irradiante alegria que o tornava amável para com todos. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. 19 DE MAIO São Crispim de Viterbo Religioso (1668-1750)

balho foi o de aprendiz de sapateiro. Desejoso de levar vida austera e de se consagrar a Deus, a 22 de julho de 1963, foi admitido ao noviciado dos Capuchinhos em Palanzana, junto à sua terra natal. Feita a profissão religiosa, logo a seguir, foi destinado ao Convento de Tolfa, como ajudante de cozinha. A sua personalidade de asceta, o seu estilo de cantor do bom Deus e de Nossa Senhora, bem depressa mostraram o que iria ser. Amante da pobreza, dotado de espírito generoso e sensível às manifestações da alegria, cheio de caridade e de atenções fraternas para com os pecadores, os pobres, os encarcerados e as crianças abandonadas, sabia tornar-se útil e agradável nos mais variados ofícios. Era também encarregado da horta, enfermeiro, cozinheiro e ainda ia pedir esmola de porta em porta. Jovial por temperamento e por coerência com o ideal franciscano, sabia fazer amar a virtude e consolar os que sofriam. Com simplicidade edificante, entoava canções, compunha e recitava poesias. A sua confiança sem limites na Divina Providência e a sua união com Deus foram muitas vezes premiadas com milagres e carismas. Era procurado por prelados, nobres e sábios que lhe pediam conselhos, porém, nunca mudou sua atitude simples e modesta. Durante 40 anos pediu esmola, de porta em porta, em Orvieto e arredores, procurando os meios necessários de subsistência para sua comunidade e para os necessitados da “grande família de Orvieto”. Neste trabalho praticou obras notáveis no campo da assistência e no campo religioso, sobretudo com os doentes, os encarcerados, as mães solteiras, as famílias pobres, as pessoas desesperadas. Homem de paz, no meio dos seus irmãos, no seio das famílias, entre os cidadãos, entre o povo e a autoridade civil ou religiosa e, tudo isto, sempre com santa alegria. Devotíssimo do Santíssimo Sacramento e de Nossa Senhora foi cumulado de sabedoria celeste que o levava a ser consultado, por homens da cultura. Desgastado pelo trabalho e pelas penitências, passou os últimos anos da sua vida em Roma, no Convento da Imaculada Conceição, na rua Vittorio Vêneto. Quando

SÃO CRISPIM nasceu em Viterbo de família humilde, a 13 de novembro de 1668. Recebeu no batismo o nome de Pedro Fioretti. Eram seus pais Ubaldo e Márcia que lhe deram profunda e cuidadosa educação cristã. Freqüentou os primeiros anos da escola. Apesar da sua frágil constituição física, logo começou a impor-se penitências voluntárias. O seu primeiro traProvíncia S. Lourenço de Braindes-PR-SC-PY 17


tinha 82 anos de idade, a 19 de maio de 1750, teve lugar a sua santa morte, que atraiu multidão de devotos desejosos de o verem e de conservarem para si qualquer pequena relíquia. Antes de morrer, ele mesmo predissera que morreria só nesse dia para não estragar a festa de São Félix. Os milagres se multiplicaram e Pio VII beatificou-o, a 7 de setembro de 1806. O papa João Paulo II canonizou-o, em São Pedro, a 20 de junho de 1982, durante o Capítulo Geral da Ordem, que, então, se celebrava em Roma. Pobreza, oração, caridade: eis um exemplo atual para todos os Capuchinhos do nosso tempo.

Morreu em Áquila, no ano de 1444. Foi canonizado em 1450.

ORAÇÃO - Senhor, que adornastes São Crispim com o dom da alegria no caminho do Vosso seguimento que o conduziu a mais elevada perfeição evangélica, concedei-nos que, por sua intercessão e a seu exemplo, pratiquemos constantemente a verdadeira virtude, à qual está prometida a paz da bemaventurança celeste. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

A Igreja, majestosamente construída na cidade de Assis em honra do pai São Francisco, cuja primeira pedra fora lançada pelo Papa Gregório IX em 1228 no dia seguinte ao da canonização do Santo, foi solenemente consagrada por Inocêncio IV, em 25 de maio de 1253. Para essa igreja Gregório IX em 1230, também a 25 de maio, tinha transladado solenemente os restos mortais do seráfico Patriarca, retirando-os da capela de São Jorge. Bento XIV, em 25 de março de 1754, elevou-a à dignidade de Basílica Patriarcal e Capela Papal.

20 DE MAIO São Bernadino de Sena (1380-1444) BERNADINO nasceu em Massa Marítima, de nobre família senense dos Albizzeschi, na Toscana, em 1380. Freqüentou a universidade de Sena até aos 22 anos. Professou entre os Frades Menores e, ordenado sacerdote, exerceu o ministério da pregação por toda a Itália com grande fruto das almas. Arauto da devoção ao nome de Jesus, fazia incidir o monograma “JHS” sobre tabuinhas de madeira que dava para o povo beijar no fim do discurso. Prestou ótimos serviços à sua Ordem, na promoção da disciplina e dos estudos, escrevendo, inclusive, tratados teológicos.

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ORAÇÃO - Ó Deus, que destes ao presbítero São Bernardino de Sena ardente amor pelo Nome de Jesus, por seus méritos e intercessão, acendei sempre em nossos corações a chama da vossa caridade. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. 25 DE MAIO Dedicação da Basílica de São Francisco de Assis

ORAÇÃO - Ó Deus, que edificais o vosso templo eterno com pedras vivas e escolhidas, difundi na vossa Igreja o Espírito que lhe destes, para que, pela intercessão do Pai São Francisco, o vosso povo cresça sempre mais, construindo a Jerusalém celeste. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. 2 DE JUNHO Beato Félix de Nicosia (1715-1787) BEATO FÉLIX de Nicosia nasceu em Nicosia, na Sicília, a 5 de novembro de 1715, recebendo no batismo o nome de Tiago Amoroso.


Filho de família pobre, aprendeu muito cedo a arte de sapateiro, exercendo depois tal ofício, até à idade de 28 anos. Foi, deste modo, a principal fonte de sustento para sua família. Entrou muito novo para a Ordem Franciscana Secular. Após muitas recusas, ao atingir a idade de 28 anos, foi recebido pelos Capuchinhos. Desde o início, manifestou exemplo admirável de santidade, obediência, mansidão, espírito quase inaudito de penitência. A devoção à Eucaristia, à Imaculada Conceição e a São Francisco foram a grande luz da sua vida. Após o noviciado, foi destinado ao Convento de Nicosia, sua terra, sendo ali encarregado da horta, cozinheiro, sapateiro, enfermeiro, porteiro e, sobretudo esmoleiro até ao dia da sua morte. Tendo crescido numa família muito modesta e humilde, onde a virtude era tida em grande consideração, fr. Félix sempre se notabilizou pela pureza de costumes. Aceitou, com resignação, as grandes humilhações que o guardião lhe impôs, quase sistematicamente, para experimentar a sua humildade. Submeteu-se voluntariamente a jejuns, vigílias e às mais rigorosas penitências que ele unia às que lhe impunham os superiores ou as que constavam na Regra. Nos seus contatos diários com o povo, era generoso em dar bons conselhos. Realizou prodígios que lhe mereceram a fama de taumaturgo. Nutria amor intenso a Nossa Senhora das Dores. Grande parte da noite permanecia diante do Santíssimo. Considerava-se verdadeiramente feliz na sua vocação. No convento era notado, sobretudo, pela obediência. Foi conselheiro espiritual, guia e diretor de almas simples e também de sábios e eclesiásticos. Teve o dom da profecia e realizou numerosos milagres. Tinha 72 anos e estava em agonia. Era o dia 31 de maio de 1787. Pediu a presença do seu guardião. Que desejas? – perguntou-lhe

o guardião; queres a bênção dos moribundos? Também! – respondeu fr. Félix. Mas, antes disso, meu guardião, peço a obediência não somente para viver, mas também para morrer. Esta era a grande lição que o nosso santo deixava aos Capuchinhos do Convento de Nicosia. Pouco depois o Senhor chamava-o. Temos muito a prender deste irmão capuchinho de alforje aos ombros. A 12 de Fevereiro de 1888, o Papa Leão XIII beatificou-o, em São Pedro, no Vaticano. Foi canonizado por Bento XVI aos 23.10.2005 ORAÇÃO - Senhor, que ensinastes o Bem-aventurado Félix a servir-Vos na simplicidade e humildade de coração, concedei-nos a vossa ajuda, para que, imitando os seus exemplos, possamos participar um dia da sua glória, no Céu. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. 8 DE JUNHO Beato Nicolau de Gésturi Religioso (1882-1958)

EM GÉSTURI, cidadezinha Sardenha, Itália, com aproximadamente 1.500 habitantes, nasceu, no dia 4 de agosto de 1882, João Ângelo Salvador, filho de pais de posses modestas, mas religiosos. João era o quarto dentre cinco irmãos. Perdeu o pai aos cinco anos, e quando tinha treze, faleceu a mãe. Por isso, foi aceito como empregado não assalariado por um cidadão de razoáveis posses, sogro da sua irmã Rita, permanecendo aí mesmo após a morte deste seu parente. Curando-se de grave doença reumática, em março de 1911, vai a Cágliari, ao convento Santo Antonio, para ser aceito como religioso capuchinho. Traz a recomendação do seu pároco, Pe. Vicente Albana, em que diz ter se entristecido com a partida do jovem de sua paróquia onde sempre fora de edificação para todos, não só pela sua Província S. Lourenço de Braindes-PR-SC-PY 19


piedade, mas também pela sua vida ilibada e pela austeridade de seus costumes. Veste o hábito capuchinho no dia 30 de outubro de 1913 e troca seu nome de batismo pelo de religioso, Nicolau de Gésturi, nome pelo qual será definitivamente conhecido na ilha de Sardenha, iniciando assim o seu noviciado. Depois de oito meses, foi transferido para Sanluri, onde continuou o noviciado.. Emitiu sua primeira profissão no dia 1º. de novembro de 1914, confirmando sua consagração total a Deus no dia 16 de fevereiro de 1919 com a profissão perpétua. O primeiro trabalho como recém-professo é na cozinha do convento de Sassari, na Sardenha. Embora tentasse exercer com capricho seu encargo, não conseguia agradar a muitos. Foi transferido para Oristano, depois para Sanluri onde fizera o segundo momento do seu noviciado. Por fim, os superiores o enviaram para a capital da Sardenha, que será definitivamente o seu lugar, onde viverá a humildade e a obediência. Ali ele irá esmolar, batendo às portas, para o sustento dos freis que trabalhavam na pregação, ou atendiam outras urgências apostólicas. Frei Nicolau assumiu, como referência para sua vida e serviço fraterno de esmoleiro, a Santo Inácio de Láconi que vivera justamente naquele mesmo convento uns 150 anos antes. Ao longo de 34 anos, como testemunha silencioso, percorre as estradas a pé, sobe e desce pelas ruelas dos bairros de Castelo e Vilanuova, vai às vilas vizinhas de Campidano, para depois percorrer em todos os sentidos as ruas de Cágliari. Pára de caminhar apenas quando encontra pela frente a irmã morte corporal, às 0h15m de 8 de junho de 1958. Foi beatificado por João Paulo II aos 3 de outubro de1999. ORAÇÃO - Ó Deus e Senhor nosso, fazei que na comemoração do nosso Beato Nicolau de Gésturi possamos, a seu exemplo, servirvos sempre na escola do amor, da simplicidade e do silêncio. Por Cristo Nosso Senhor. Amém.

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12 DE JUNHO Beata Flórida Cévoli Virgem (1685-1767) “VOCÊ não o conseguirá”, foi o prognóstico, drástico e seco, que o Grão Duque Cosme III fizera quando informa das intenções de Lucrécia Helena Cevoli, convicta de se consagrar completamente a Deus. O Grão duque estava certo de que a jovem, filha do conde Curzio e da condessa Laura de Seta, habituada a toda espécie de segurança, não saberia superar a dureza de uma vida áspera e austera como aquela que queria empreender. Contudo, atravessando, na primavera de 1703, o portal do mosteiro das capuchinhas de Cittá di Castelo, a jovem, sem os 18 anos completos (nascera na cidade de Pisa no dia 11 de novembro de 1685), não voltaria jamais para trás. Por certo, o Grão Duque tinha um pouco de razão. O impacto com o mosteiro fora mais duro do que o previsto, as irmãs pareciam hostis e a mestra, Verônica Giuliani dava a impressão de não querer recebê-la. Conseguiu superar aquele terrível momento porque sua vocação era autêntica, e isso a fortaleceu na vontade e lhe deu constância necessária para manterse firme em sua intenção. Soube, sobretudo, dar provas de humildade e desejou sinceramente fazer penitência. Colocou-se sob uma dura ascese, que a levava a pedir por si mesma, outras austeridades além daquelas (não poucas) que já estavam previstas para o ano de noviciado. Uma sede de contemplação, nunca extinta, dominou a vida inteira da jovem de Pisa, agora irmã Flórida, que se tornava fervorosa sustentadora do mais rigoroso ideal franciscano. E, contudo, não seria ela marcada pela grandeza de contemplação, mas porque mulher dotada de pulso, hábil e capaz no governo. As irmãs logo perceberam sua personalidade e lhe confiaram, ainda jovem, o en-


cargo de supervisora da disciplina da comunidade. Isso lhe deu a possibilidade de ter o pulso concreto da situação: o mosteiro, não estavam bem de acordo com o espírito rigoroso de Santa Clara, e a interpretação branda da regra facilitava não pouco muitas acomoda Em 1716, quando Verônica Giuliani foi eleita abadessa, Florida, que no momento completava 31 anos, lhe foi dada como vigária. E enquanto a abadessa se dedicava mais ao campo espiritual, voltada às alturas vertiginosas da mais alta contemplação, a vigária fazia acontecer, de acordo com a madre, a vida doméstica, encarregando-se das tarefas concretas, enfrentando as pequenas e grandes dificuldades da vida, cuidando com grande atenção, das relações humanas. Despertava encanto nas religiosas, a coragem e a naturalidade, ao mesmo tempo, com que a abadessa, crescida em ambiente aristocrático e que, com freqüência recebia visita de nobres senhoras, executava os serviços mais humildes da casa. Uma personalidade forte, como a sua, não podia não impressionar suas co-irmãs, que lhe confiavam sempre encargos de responsabilidade: após nove anos de abadessa, foi-lhe confiado o encargo de mestra das noviças, depois, voltou a ser abadessa, vigária, alternando-se em tais encargos até o dia de sua morte. Por ocasião de sua morte, após 37 dias de febre forte, no dia 12 de junho de 1767, ao se examinar o cadáver verificaram-se alguns sinais prodigiosos em seu peito testados por um médico que se fizera presente. A 12 de fevereiro de 1888, o Papa Leão XIII beatificouo, em São Pedro, no Vaticano. ORAÇÃO - Ó Deus, concedei-nos, pelas preces da Beata Flórida Cévoli, a quem destes perseverar na imitação de Cristo pobre e humilde, seguir a nossa vocação com fidelidade e chegar àquela perfeição que nos propusestes em vosso Filho, que convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo. Amém.

16 DE JUNHO Beato Aniceto Koplin Presbítero (1875-1941) ANICETO KOPLIN era originário de Dbrzno, na Pomerânia Ocidental, onde entram em contato duas culturas, a eslava e a alemã; e duas comunidades religiosas, os luteranos e os católicos. Nasceu no dia 30 de Julho de 1875. Os seus pais chamavamse Lourenço (Wawrzyniec), de origem polaca, e Berta Moldenhau, alemã, pertencentes à comunidade luterana. No batismo, em 8 de agosto de 1875, recebeu o nome de Alberto António. O primeiro nome foi, posteriormente, mudado por Adalberto. Tinha quatro irmãos. Freqüentou a escola elementar e média superior em Debrzno. Aos 18 anos, no dia 23 de setembro de 1893, entrou na Ordem dos Capuchinhos, em Sigolsheim. Depois do ano de noviciado, emitiu os primeiros votos religiosos aos 24 de novembro de 1894. Na nossa Ordem recebeu o nome de Aniceto. Depois de terminar a Escola Superior, começou os estudos universitários no seminário em ordem ao Sacerdócio. Professou solenemente aos 25 de novembro de 1897. Ordenou-se sacerdote aos 15 de agosto de 1900, na festa da Assunção da Bem-aventurada Virgem Maria. Depois da ordenação, trabalhou em vários conventos da Província de Westfalia. Destacou-se como bom pregador. Sonhava ser missionário, mas não lhe permitiram ir para “terras de infiéis”. Por ordem dos seus superiores começou a trabalhar com os emigrantes polacos, como capelão de prisioneiros e feridos de guerra. No dia 20 de março de 1901 chegou a Varsóvia. Por volta de 1930 naturalizou-se polaco, mas, como religioso, permanece sempre como membro da Província Renano-Westfálica. Da língua polaca aprendeu o suficiente para poder ser entendido, mas tinha dificuldade em fazer homilias, por isso só o

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fazia em casos excepcionais. Em Varsóvia, tornou-se famoso como confessor carismático. Procuravam-no leigos e eclesiásticos. O seu carisma assentava numa doutrina moral clara, pontual, seguindo sempre o critério de estimular os penitentes para a vida de perfeição. Possivelmente, neste trabalho, possuía o dom de perscrutar os corações. Muita gente se impressionava com a solenidade e a inspiração com que celebrava a Eucaristia. Disso eram sinais a calma e o lento desenvolvimento do ritual. Dava a impressão de que vivia, efetivamente, a realidade do mistério da Eucaristia. Era poeta e sabia o latim com perfeição. Freqüentemente fazia poesias nesta língua, em versos acrósticos, ou declamava, em honra de vários personagens do lugar, e assim conseguia esmolas para os seus pobres. A sua poesia estava ao serviço da caridade cristã. Era muito conhecido na cidade. Não havia cerimônia importante em Varsóvia para a qual não fosse convidado. Os transeuntes e cocheiros conheciam-no muito bem e, freqüentemente, paravam-no para poderem acarinhar o famoso esmoleiro capuchinho. Quando começou a II Guerra Mundial, em 1939, fr. Aniceto não abandonou Varsóvia. Estava diante de uma Guerra que punha frente a frente os seus dois países – a Alemanha, em que tinha crescido, e a Polônia que tinha eleito. Efetivamente, era alemão, mas sua concepção era universal. Também no plano emocional se identificava como polaco. Em junho de 1940, fr. Aniceto e o guardião do Convento, fr. Inocente Hanski, foram chamados à Sede da Gestapo para serem interrogados. Quando lhes perguntavam se liam o jornal clandestino, fr. Aniceto disse a verdade. Naquele momento poderá ter dito aos homens da Gestapo que se envergonhava de ser alemão. Na noite de 26 para 27 de Junho de 1941, a Gestapo cercou o Convento dos Capuchinhos de Varsóvia. Depois de pesquisarem durante algumas horas, prenderam 22 religiosos e, entre eles, fr. Aniceto. Todos foram trasladados para a prisão de Pawiak a fim de serem interrogados. Os guardas escarneciam os frades. Apanharam fr. Aniceto que, de

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todos, era o mais velho. Tiraram-lhe o hábito religioso, deixando-o apenas com a camisa e roupa interior, e somente uns dias mais tarde lhe deram roupa de leigo. No dia 4 de setembro, fr. Aniceto foi transferido, com os restantes irmãos, para o campo de concentração de Auschwitz. Ao descer do comboio foi maltratado; depois, ao caminhar a marcar passo, bateram-lhe várias vezes, porque, dada sua idade, não podia manter o ritmo. Cansado como estava, ainda foi mordido por um dos cães das SS. Frei Aniceto morreu no dia 16 de outubro de 1941. Não conhecemos, com precisão, quais as causas da sua morte: se homicídio ou condições desumanas. O certo é que, um mês e meio depois de entrar no campo de concentração, sofreu o martírio. No dia 26 de março de 1999, o Papa João Paulo II inscreveu-o no Catálogo dos Mártires.

Beato Henrique Krzyztofik Presbítero (1908-1942) HENRIQUE nasceu aos 22 de março de 1908 em Zachorzew. Filho de José e de Francisca Franaszcyk. Foi batizado na paróquia de Slawno (diocese de Sandormiez – Polônia), aos 9 de abril de 1908. Puseram-lhe o nome de José. Terminada a escola primária em 1925, apresentou-se no Colégio de São Fidélis dos Capuchinhos de Lomza. Entrou na Ordem dos Capuchinhos no Comissariado de Varsóvia. Aos 14 de agosto de 1927 entrou no convento de Nowe Miasto, onde recebeu o hábito Capuchinho, mudando seu nome para Henrique (Henryk). Um ano depois, 15 de agosto de 1928, fez a sua profissão simples. Imediatamente foi enviado para a Holanda, para o convento capuchinho de Breust-Eysden, Província de Paris. Aqui fez sua profissão perpétua aos 15 de agosto de 1931, e aos 30 de Julho de 1933 foi ordenado sacerdote.


Por determinação dos superiores, continuou os seus estudos na Faculdade de Teologia da Universidade Gregoriana, residindo no colégio Internacional de São Lourenço de Brindes, dos Capuchinhos. Em 1935 obteve a Licenciatura em Teologia. Regressando à Polônia foi destinado ao convento de Lublín, onde foi professor de teologia dogmática no Seminário dos Capuchinhos. Pouco depois, foi designado reitor do seminário e vigário do convento. Na igreja do convento pregou com grande entusiasmo espiritual e fervor interior. A Segunda Guerra Mundial, iniciada a 1º de setembro de 1939, surpreendeu-o no cumprimento desta missão. Frei Henrique foi nomeado guardião do convento. Nesta condição e ao mesmo tempo reitor do seminário, encontrava-se em situação deveras complicada. Por causa da Guerra, as aulas no ano acadêmico de 1939-1940 começaram muito atrasadas. O clima era extremamente tenso. As tropas alemãs atacavam ferozmente e as detenções continuavam sem interrupção. Neste clima desfavorável, fr. Henrique tratou de tranqüilizar os seminaristas. Aos 23 de janeiro de 1940, a Gestapo prendeu 23 capuchinhos do convento de Lublín, entre os quais estava o seu guardião, fr. Henrique. O primeiro lugar de reclusão foi o Castelo de Lublín, à espera de lugar na prisão. Henrique disse: “Irmãos, enquanto temos lucidez mental façamos este bom propósito: qualquer coisa que aconteça, cada um de nós será uma oferenda propiciatória a Deus”. Aos 8 de junho de 1940 foi transferido, com os outros irmãos, para o campo de concentração de Sachenhausen, perto de Berlim. Aos 14 de setembro de 1940, Henrique, com os restantes irmãos, foi transferido para o campo de concentração de Dachau. Em julho de 1941, devido ao seu estremo cansaço que, agora, o impedia de caminhar sozinho, foi trasladado para o Hospital do Campo, o que eqüivale a condenação à morte. Fez chegar aos próprios clérigos uma mensagem secreta, que nos é recordada por um dos destinatários da mesma, fr. Caetano Ambrozkiewicz: “Queridos irmãos, estou no corredor do bloco 7. Estou totalmente magro e desidratado. Peso 35 quilos; só tenho ossos.

Estou estendido sobre minha cama como sobre a cruz, com Cristo. Ele me deu a graça de sofrer como Ele. Rezo por vós e é por vós que eu ofereço estes sofrimentos a Deus”. Morreu aos 14 de agosto de 1942 e foi incinerado no campo número 12. O Papa João Paulo II inscreveu-o no Catálogo dos Mártires, aos 26 de março de 1999.

Beato Floriano Stepniak Presbítero (19121942) FREI FLORIANO nasceu em Zdzary, perto de Nowe Miasto, aos 3 de Janeiro de 1912. Seus pais eram camponeses e chamavam-se Paulo e Ana Misztal. Foi batizado aos 4 de janeiro de 1912, com o nome de José. Sua mãe morreu quando ele era ainda muito pequeno. Seu pai casou-se novamente. Terminada a escola primária em Zdzary, sentiu grande desejo de estudar e ser capuchinho. Graças aos capuchinhos do Nowe Miasto terminou a escola secundária e, sucessivamente, em 1927, os estudos no Colégio de São Fidélis dos Capuchinhos de Lomza. Tinha pouca capacidade intelectual, mas supria esta carência com a diligência e o trabalho. Um companheiro de estudos, fr. Caetano Ambrokiewicz, descreveu-o do seguinte modo: “Uma alma santa. Solidário, franco, alegre, era, contudo, um pouco diferente de nós, rapazes inquietos e com a cabeça nas nuvens”. Entrou na Ordem Franciscana Secular quando estudante. E, depois, abraçou a Ordem dos Capuchinhos, iniciando o noviciado aos 14 de agosto de 1931. Mudou o nome para Floriano. No noviciado o seu zelo, generosidade e devoção eram evidentes e fez sua profissão simples aos 15 de agosto de 1932. Depois de terminar o curso de Filosofia, aos 15 de agosto de 1935, fez a profissão perpétua. Continuou os estudos

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teológicos em Lublín. Terminados estes, foi ordenado sacerdote aos 24 de junho de 1938. A seguir, foi enviado para a Faculdade de Teologia da Universidade Católica de Lublín para estudar Sagrada Escritura. Quando rebentou a Guerra, a 1º de setembro de 1939, encontrava-se em Lublín. Naqueles tempos cruciais não abandonou o convento, mas continuou a confessar, fielmente. Devido à perseguição, muitos sacerdotes estavam escondidos e não se encontrava ninguém para dar sepultura aos mortos. Frei Floriano dedicou-se a isso com grande generosidade. Não fazia mais do que pôr em prática aquela frase da vida religiosa que tinha colocado, com a sua própria mão e letra, na faixa da sua ordenação sacerdotal: “Estejamos prontos não só a dar o Evangelho como a própria vida”. Uma frase que resumia a essência da sua vida. Morreu na câmara de gás aos 12 de agosto de 1942. Supõe-se que seu corpo tenha sido incinerado. As autoridades do Campo entregaram aos seus pais o hábito religioso dizendo-lhes, falsamente, que seu filho José tinha morrido de angina de peito. O Papa João Paulo II beatificou-o aos 26 de março de 1999.

Beato Fidélis Chojnack Religioso (1906 - 1942) FIDÉLIS nasceu em Lodz, no dia da Festa de Todos o Santos, no ano de 1906. Era o mais novo de seis irmãos. No Batismo, recebido três dias depois, os seus pais Waclaw e Leokadia Sprusinska puseram-lhe o nome de Jerônimo (Hieronim). Na família recebeu educação exemplar, freqüentando a paróquia de Santa Cruz. Terminada a Escola Superior, inscreveu-se na Academia Militar. Concluídos os estudos, não conseguiu encontrar trabalho. Graças à ajuda de uns parentes trabalhou durante um ano em

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Szczuczyn Nowogrodsky, perto do Instituto da Providência Social (ZUS) e, sucessivamente, trabalhou no Centro de Correios de Varsóvia. Era muito apreciado pela sua afabilidade. Ao mesmo tempo, com seu tio Pe. Estanislau Sprudiinski, colaborava na direção da Ação Católica. Trabalhando na Ação Católica, sentiu a necessidade de profunda vida interior. Entrou na Ordem Terceira de São Francisco, na igreja dos Capuchinhos de Varsóvia. A nobreza do seu caráter conquistou a confiança das pessoas e deu-lhe o poder de reconciliar as pessoas desavindas. Naquela altura conquistou a amizade de Aniceto Koplin, famoso esmoleiro de Varsóvia. A proximidade constante com os capuchinhos suscitou nele a vocação religiosa. Aos 27 de agosto de 1933, tomou o hábito capuchinho em Nowe Miasto, recebendo o nome de Fidelis. Não obstante seus 27 anos e sua experiência na vida, denotava grande simplicidade, mantendo com todos muita amabilidade. No noviciado teve a preocupação de conhecer os princípios da vida interior, e dedicou-se empenhadamente no seu próprio aperfeiçoamento espiritual. Emitiu sua profissão simples aos 28 de agosto de 1934 e partiu para Zakroczym a fim de estudar Filosofia. Aqui, com autorização dos superiores, fundou um Círculo de Colaboradores Intelectuais para os seminaristas. Aos 28 de agosto de 1937, fez sua profissão perpétua. Depois, estudou Teologia no Convento de Lublín. No início da Segunda Guerra Mundial freqüentava o terceiro ano de Teologia. Numa carta, datada de 18 de dezembro de 1939, para o seu tio Pe. Estanislau, manifestou alguma desorientação e abateu-se pelo fato de não poder viver e estudar normalmente. Um mês depois do Natal de 1939, aos 25 de janeiro de 1940, foi preso e internado na Prisão do Castelo de Lublín. Suportou com serenidade e com certo bom humor as duras condições da prisão, a falta de movimentos, de espaço e de ar. Passados cinco meses, a 18 de junho de 1940, foi transferido, com todos os do grupo, para o campo de concentração de Sachsenhausen.


Aos 14 de dezembro de 1940, com outros sacerdotes e religiosos, foi transferido, de trem, para o campo de concentração de Dachau, perto de Munique, na Baviera, onde seu estado de espírito piorou. Murreu aos 9 de julho de 1942 no campo de Dachau, esgotado pelos maus tratos e pela tuberculose. O seu corpo foi levado ao crematório. Aos 26 de março de 1999, o Papa João Paulo II inscreveu-o no Catálogo dos Mártires.

Beato Sinforiano Ducki Religioso (1888 - 1942) SINFORIANO nasceu aos 10 de maio de 1888 em Varsóvia. Os seus pais chamavamse Julião Ducki e Mariana Lenardt. No batismo, celebrado aos 27 de maio, recebeu o nome Félix (Feliks). Freqüentou a escola elementar na sua cidade natal. Em 1918, quando os capuchinhos regressaram ao seu convento, donde foram expulsos durante a perseguição Czarista de 1864, Félix apresentouse como aspirante, de velha data, à vida da Ordem Capuchinha. aos 9 de maio de 1920, depois de dois anos de prova, entrou no noviciado em Nowe Miasto, com o nome de Sinforiano, que o terminou aos 20 de maio de 1921 com a profissão simples. Terminado o ano do noviciado, dedicou-se ao serviço dos irmãos nos Conventos de Varsóvia, de 27 de maio de 1924 até à sua profissão solene que ocorreu aos 22 de maio de 1925. Em Varsóvia, exerceu o ofício de irmão esmoleiro, empenhando-se, sobretudo em recolher donativos para a construção do seminário menor de São Fidélis, e depois, foi nomeado irmão companheiro do Ministro Provincial. De caráter sociável, simples, cortês e amistoso, conquistava com facilidade a amizade das pessoas e conseguia novos amigos para a Ordem. Não obstante a sua vida muito ativa entre as pessoas, não perdeu o espírito de oração devota e fervorosa. Era

conhecido e estimado pelos habitantes da capital. Ao começar a Segunda Guerra Mundial, preocupou-se para que não faltasse o necessário, até, que, aos 27 de junho de 1941, a Gestapo prendeu todos os capuchinhos do convento da capital. No início, fr. Sinforiano foi internado na prisão de Pawiak, e, depois, aos 3 de setembro, no Campo de concentração de Auschwitz. Depois de sete meses foi condenado a morrer lentamente. Uma noite, enquanto os alemães tinham começado a matar brutalmente os prisioneiros, partindo-lhes a cabeça à paulada, fr. Sinforiano afrontou-os fazendo sobre eles o sinal da Cruz. A testemunha ocular – seu companheiro de prisão, Czeslaw Ostankowich – declarou que foi golpeado na cabeça com um pau, caindo ao chão. Pouco depois, com a pouca força que lhe restava, volta a fazer o sinal da cruz. Foi nesse preciso momento que o assassinaram. Era o dia 11 de Abril de 1942. A morte de fr. Sinforiano pôs fim à tremenda execução que os alemães estavam perpetrando, e uma quinzena de prisioneiros salvou-se graças à sua intervenção. Estes carregaram com grande veneração os restos mortais de fr. Sinforiano e dos outros, no carro que os levaria até ao forno crematório. Com o seu martírio, Sinforiano demonstrou grande heroísmo, confessou a sua fé na Santíssima Trindade e salvou a vida a muitos companheiros. Foi beatificado pelo Papa João Paulo II aos 26 de março de 1999. ORAÇÃO - Deus eterno e onipotente, que concedestes aos Mártires da Perseguição Nazista na Polônia a graça de morrerem pelo nome de Cristo, vinde em auxílio da nossa fraqueza, para que, a exemplo daqueles que morreram corajosamente por amor de Vós, saibamos dar testemunho da fé com a nossa vida. Por nosso Senhor.

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26 DE JUNHO Beato André Jacinto Longhin Bispo (1863-1936) ANDRÉ JACINTO LONGHIN, bispo de Treviso, nasceu em Fiumicello dei Campodarego (Pádua-Italia) de família de simples agricultores, aos 22 de novembro de 1863 e batizado no dia seguinte com o nome de Jacinto Boaventura. Concluídos os estudos elementares, com 16 anos decidiu ser frei capuchinho, e para isso teve de lutar contra o pai que não queria perder a ajuda do seu único filho no trabalho da roça. Venceu Jacinto, vestindo o hábito capuchinho em Bassano del Grappa aos 27 de agosto de 1883, com o nome de fr. André. Concluiu os estudos necessários no convento de Pádua e professou perpetuamente aos 4 de outubro de 1883. O curso teológico ele o fez em Veneza, onde foi ordenado presbítero aos 19 de junho de 1886. A partir de 1888 foi diretor espiritual e professor no seminário dos capuchinhos de Údine; em 1989, diretor e professor dos freis que estudavam filosofia em Pádua; e a partir de 1891, diretor e professor dos freis que estudavam teologia em Veneza. Aos 18 de abril de 1902 foi eleito superior provincial dos capuchinhos da Província de Veneza e, aos 16 de abril de 1904, o papa Pio X o nomeou bispo de sua cidade natal de Treviso, alegrando-se de ter escolhido uma das flores mais belas da ordem capuchinha para a sua diocese. Aos 12 de agosto de 1907 escrevia: “É um dos meus filhos primogênitos que eu dei à minha diocese predileta, e exulto todas as vezes que me referem os louvores dele, que é realmente santo, um bispo dos tempos antigos, que deixará na diocese marca indelével de seu zelo apostólico. Foi ordenado bispo em Roma aos 17 de abril de 1904, tomando posse em Treviso no dia 6 de agosto. Decidido a ser o bom pastor, não economizando nem fadigas, nem

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esforços, disposto a dar pela sua igreja todo o seu sangue e a vida mesma. Por 32 anos foi o bom pastor da igreja de Treviso, continuando a viver a simplicidade e austeridade capuchinha. O anúncio da Palavra foi um dos seus mais atenciosos ministérios. A exemplo de Pio X, teve cuidado especial pela catequese das crianças e marcou presença nos círculos juvenis e no dos homens católicos, com gincanas culturais, dias de estudo, congressos catequistas diocesanos em 1922 e em 1933. Foi considerado “o bispo da catequese”. Amava e seguia, como pai, os seus sacerdotes, tendo cuidado especialíssimo desde o seminário, pregando retiros mensais, acompanhando-os pelas 213 paróquias em três grandes visitas pastorais, iniciadas em 1905, 1912, 1916, realizando ainda, em 1911, o sínodo, considerado a obra prima de ordem e precisão. Teve especial amizade com o capuchinho São Leopoldo Mandic, com São Pio X, documentado em vastíssima correspondência epistolar. Foi excelente condutor de leigos, particularmente dos movimentos juvenis, convicto e insistindo sempre, também no seu testamento, que é de santos que hoje as famílias, as paróquias, a pátria e o mundo necessitam. Foi nomeado administrador apostólico da diocese de Pádua em 1923, administrador e visitador apostólico da arquidiocese de Údine em 1927-1928. Aos 4 de outubro de 1928 foi nomeado arcebispo titular de Patrasso. Atingido por inícios de doença aos 3 de outubro de 1935, percorreu o seu calvário por nove meses de sofrimento, celebrando a missa até 14 de fevereiro de 1936, quando passou a receber a eucaristia diariamente. Faleceu aos 26 de junho de 1936, sextafeira. Os funerais foram realizados aos 30 de junho de forma imponente, no refrão era de verdade um santo. Foi sepultado na catedral de Treviso. O processo informativo, em vista da beatificação foi iniciado aos 21 de abril de 1964 e concluído aos 26 de junho de 1967. a Causa de Beatificação foi iniciada aos 15 de dezembro de 1981. Terminado o trabalho fundamental, foi declarada a heroicidade de


suas virtudes aos 21 de dezembro de 1998. João Paulo II o beatificou aos 20 de outubro de 2002. ORAÇÃO - Ó Deus, Pai todo misericórdia, ao recordarmos a memória do bemaventurado André Jacinto Longhin, nós vos pedimos que, seguindo seus passos na caminhada rumo à Pátria, possamos nos dedicar sempre mais no serviço generoso à sua Igreja na pessoa dos nossos irmãos mais abandonados e necessitados. Por Cristo Nosso Senhor. Amém. 10 DE JULHO Santa Verônica Giuliani Virgem (1660-1727)

di Castello. Morta e sepultada para o mundo na pobreza extrema das filhas de Santa Clara, iniciou o caminho de santificação pelo silêncio e pela humildade, enquanto o Esposo celestial começava a dar sinais de excepcional predileção por ela. Na sua devoção à Paixão, visualizava e revivia, um a um, os sofrimentos do Salvador. A testa apareceu-lhe coberta de sangue provocado por invisível coroa de espinhos e, numa sexta-feira santa, foi trespassada pelas feridas das chagas. Numa atitude de compreensível prudência, as autoridades mantiveram a irmã em total reclusão. Proibiram-na de qualquer contato com o exterior, e convidaram-na a obedecer a uma irmã conversa. Consciente das perturbações místicas da sua penitente, o confessor ordenou-lhe que redigisse um diário espiritual. Assim, dia após dia, por mais de 30 anos, a mística Clarissa narrou minuciosamente naquele diário o seu rosário de sofrimentos e alegrias, de orações e de desânimos. Toda sua vida transcorreu entre a oração e a contemplação, no intuito de se conformar cada vez mais com Cristo crucificado. Pelo seu amor ao mistério da Cruz recebeu o dom dos estigmas. No mosteiro exerceu todos os ofícios. Foi encarregada da cozinha, da despensa, da rouparia, da enfermaria, da roda, da padaria, e depois dessa roda-viva foi mestra de noviças durante 33 anos, até à morte, e abadessa durante 11 anos. Por ordem de seu confessor escreveu cinco autobiografias. Vítima dum ataque de apoplexia, faleceu um mês depois, aos 9 de junho de 1727, com 67 anos. Foi canonizada por Gregório XVI a 26 de maio de 1839.

VERÔNICA nasceu em Mercatello (Pêsaro) numa povoação próxima de Urbino, aos 27 de dezembro de 1660. Foi à última de sete irmãs, duas das quais morreram quando eram ainda crianças de colo, três foram clarissas em Mercatello, uma Clarissa capuchinha em Città di Castello, e uma permaneceu no mundo. Quando criança, aconteciam, em torno delaq, aconteciam fenômenos prodigiosos a indicar na pequena Verônica extraordinária precocidade na vida espiritual, fruto da esmerada educação religiosa recebida da mãe, mulher de profundas convicções cristãs. Antes de morrer, a mãe chamou suas filhas e, mostrando-lhes o crucifixo, marcou a cada ORAÇÃO - Senhor Deus, que distinguisuma delas uma das chagas. À Verônica, que tes a virgem Santa Verônica com os estigmas na altura contava apenas 4 anos, coube-lhe da Paixão do vosso divino Filho, dai-nos, por a chaga do lado, a mais próxima do Coração seu exemplo e intercessão, tornarmo-nos de Jesus. semelhantes a Cristo abraçando humildes a Aos 17 anos, precisamente quando o cruz, para exultarmos um dia na revelação mundo a solicitava com os mais ardentes de sua glória. Por nosso Senhor Jesus Cristo, atrativos, a mais jovem das irmãs Verônica vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. abandonou a comodidade do lar e a condição de vida livre e desafogada para entrar no convento das clarissas capuchinhas de Città Província S. Lourenço de Braindes-PR-SC-PY 27


14 DE JULHO São Francisco Solano Presbítero (1549-1613) FRANCISCO nasceu em Montília, na Andaluzia, Espanha, em 1549. Professou na Ordem dos Frades Menores e, ordenado sacerdote, desempenhou vários cargos, dedicando-se à pregação com grande fruto. Animado pelo zelo das almas, partiu para a América do Sul e, nas regiões de Tucumán e do Peru, desenvolveu grande atividade, sobretudo em favor dos indígenas. A muitos ele converteu à fé. Iniciouos na vida da civilização e os defendeu contra os opressores. Esgotado pelo trabalho e pela penitência, morreu em Lima, aos 14 de julho de 1613, com 64 anos. Foi canonizado em 1726. ORAÇÃO - Ó Deus, por São Francisco Solano conduzistes muitos povos da América ao seio da Igreja; por suas preces e méritos, uni mais estreitamente a vós os nossos corações e, por vossa bondade, fazei chegar aos povos que não vos conhecem o temor do vosso santo Nome. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. 15 DE JULHO São Boaventura Bispo e Doutor da Igreja (1218-1274) BOAVENTURA nasceu pelo ano de 1218, em Bagnoregio na Etrúria, Itália. Estudou Filosofia e Teologia em Paris. Laureado Mestre, ensinou os seus confrades da Ordem dos Menores com grande competência e proveito. Eleito Ministro Geral de sua Ordem, governoua com sabedoria e prudência. Feito cardeal-bispo de Albano,

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morreu em Lião, na França, aos 15 de julho de 1274. Escreveu muitas obras sobre assuntos de Filosofia e Teologia. ORAÇÃO - Concedei-nos, Pai Todo-Poderoso, que, celebrando a festa de São Boaventura, aproveitemos seus preclaros ensinamentos e imitemos sua ardente caridade. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. 21 DE JULHO São Lourenço de Brindes Doutor da Igreja (1559-1619) SÃO LOURENÇO nasceu em Brindes, Itália, a 22 de julho de 1559, no seio de ilustre família. Bem cedo ficou órfão de pai e foi recebido, ainda criança, pelos Franciscanos Conventuais, freqüentando entre eles os estudos de humanidades. Perdeu a sua mãe quando tinha 14 anos de idade. Nessa altura, deixou a cidade onde nascera e também o seminário dos Conventuais e passou a viver em Veneza, na casa de um tio paterno. Aqui, conheceu os Capuchinhos e pediu para ser recebido na Ordem. Passou o ano de noviciado em Veneza e, a 24 de março de 1576, foi admitido à profissão religiosa. Começou a estudar Lógica em Pádua e em Veneza iniciou o estudo da Filosofia e Teologia. Dotado de inteligência excepcional e levado pela sede insaciável de saber, aplicou-se em profundidade, sobretudo, nos estudos bíblicos. Dedicou especial cuidado às línguas bíblicas, e muito em particular, às línguas semitas, que aprendeu com tal perfeição, que provocava a admiração nos próprios rabinos. A sua memória era verdadeiramente prodigiosa. Pode-se dizer que falava todas as línguas de então. Ordenado sacerdote em Veneza, aos 18 de dezembro de 1582, foi-lhe confiado o en-


sino da Teologia. Pelo conhecimento das ciências sagradas, pelos dotes de orador e pela sua santidade, conquistou a estima de todos os sábios daquele tempo e de seus irmãos. Pelo conhecimento das diversas línguas, teve possibilidade de percorrer toda a Europa levando a toda à parte, mesmo a regiões onde proliferavam muitas heresias, uma palavra firme de verdade, de obediência e de fé. Foi eleito, diversas vezes, Ministro Provincial e Ministro Geral da Ordem. Percorreu novamente (e a pé) grande parte da Europa, em visita aos seus irmãos, edificando-os com o exemplo da sua vida e com a sua palavra fervorosa. O segredo dos seus incontáveis recursos foi a devoção terna a Nossa Senhora, cujos privilégios e vida soube descrever com palavras de entusiasmo. À sua atividade pastoral e apostólica juntou a de escritor de vasta obra de exegese, oratória e de apologética, sobretudo, contra os luteranos. Clemente VIII chamou-o a Roma para o enviar à Hungria, Boêmia, Bélgica, Suíça, Alemanha, França e Portugal. Foi pregador e embaixador junto de diversos soberanos de nações cristãs que estimulou para a cruzada contra os turcos a fim de evitar o seu avanço. Depois da Guerra, o Papa Paulo V mandouo como embaixador de paz entre as potências cristãs freqüentemente em guerra. Conseguiu conquistar o espírito dos mais turbulentos soberanos com a sua humildade, mansidão e a sua eloqüência de homem habituado à oração e à penitência. Dotado de temperamento enérgico e impulsivo, de habilidade, de oratória e força persuasiva, conseguiu trazer para a fé católica muitos protestantes e alguns hebreus. Em 1619, empreendeu sua última viagem à Península Ibérica, com a missão de paz junto do Rei Filipe III. Foi nesta missão que morreu, em Belém, na cidade de Lisboa, a 22 de julho de 1619, no mesmo dia em que completava 60 anos de idade. Foi canonizado por Leão XIII em 1881 e, em 1959, foi proclamado Doutor da Igreja pelo Papa João XXIII, com o nome de Doutor Apostólico.

profundo da sabedoria divina, concedei-nos, por sua intercessão, a graça de permanecer sempre fiéis à sua doutrina e conformar com ela a nossa vida. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. 27 DE JULHO Beata Maria Madalena Martinengo Virgem (1687-1737) MARIA MADALENA nasceu a 4 de outubro de 1687, filha de condes: o pai, dos condes de Martinengo, a mãe, dos condes Secchi. Tendo perdido a mãe com a idade de um ano, foi educada pela madrinha e uma sua doméstica, ambas com grande influência na sua vocação. Era tão aplicada aos estudos que, aos 10 anos, lia corretamente textos latinos. Completou a instrução nos melhores colégios de Bréscia e no mosteiro das beneditinas do Espírito Santo. Aos 13 anos fez voto de virgindade, e desde então foi vítima de terrível aridez e fortes tentações, que a atormentaram durante quase dez anos. A 8 de setembro de 1705, com 18 anos, ingressou nas clarissas capuchinhas de Santa Maria da Neve, e entregouse à prática heróica de virtudes, duras penitências e árduo trabalho, procurando sempre as tarefas menos apetecíveis. Mas também, lhe foram confiados ofícios de responsabilidade, como mestra de noviças, vigária e abadessa. Foi favorecida com fenômenos místicos, como estigmas, êxtases, aparições, ciência infusa, profecia e milagres. Apesar disso, ou talvez por isso, foi mal compreendida e mal aceita por parte dos seus confessores e de algumas irmãs. Escreveu uma “Autobiografia”, obra-prima de espiritualidade e vida mística, “Advertências espirituais para adquirir profunda humildade”, “Tratado sobre a humildade”, “Máximas espirituais” e

ORAÇÃO - Senhor, que destes a São Lourenço de Brindes um conhecimento Província S. Lourenço de Braindes-PR-SC-PY 29


uma “Miscelânea”. Morreu com 49 anos de idade, a 27 de julho de 1737. Foi beatificada por Leão XIII a 3 de junho de 1900. ORAÇÃO - Vós, Senhor Deus, que concedestes à Beata Maria Madalena imitar a Jesus, pobre e humilde, dai-nos por sua intercessão que, fiéis à nossa vocação, possamos chegar até Vós pelos caminhos da verdade e da justiça. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. 28 DE JULHO Beata Maria Teresa Kowalska Mártir (1902-1941) MARIA TERESA pertencia ao Convento das Irmãs Clarissas Capuchinhas de Przasnysz. Ainda que ela tenha passado a sua vida em silêncio, a recordação da sua morte corajosa, o que não aconteceu com nenhuma outra monja naquele mosteiro, ainda está muito viva. Mieczyslawa nasceu em Varsóvia em 1902. Não são conhecidos o nome e a profissão dos seus pais. Recebeu a primeira Comunhão aos 21 de junho de 1915, e o sacramento da Confirmação aos 21 de maio de 1920. Seu pai, simpatizante socialista, foi para a União Soviética na década de 1920 com grande parte da família. Por uma nota escrita no seu livro religioso “O Livro da Vida”, sabemos que pertenceu a várias associações religiosas e fazia parte de várias confrarias. Tudo isto nos leva a supor que levava uma vida de piedade exemplar antes de entrar na Ordem das Capuchinhas. Aos 21 anos, Mieczyslawa recebe a graça da vocação religiosa. Ingressou no Mosteiro das Clarissas Capuchinhas de Przasnysz aos 23 de janeiro de 1923. Tomou o hábito aos 12 de agosto de 1923 e recebeu o nome de Maria Teresa do Menino Jesus. Emitiu a pri-

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meira profissão aos 15 de agosto de 1924 e a profissão perpétua aos 26 de julho de 1928. Era uma pessoa delicada e doente, mas disponível para todos e para tudo. No Mosteiro servia a Deus com devoção e piedade. Com o seu modo de ser conquistava o carinho de todos, diz uma das irmãs. Gozava de grande respeito e consideração por parte das superioras e das outras irmãs. Exerceu vários ofícios: porteira, sacristã, bibliotecária; Mestra de noviças e Conselheira. Maria Teresa viveu sua vida religiosa em silêncio, dedicada a Deus e com entusiasmo. Um dia este serviço a Deus foi posto a dura prova. Aos 2 de abril de 1941, os alemães irromperam no Mosteiro e prenderam todas as irmãs, levando-as para o campo de concentração de Dzialdowo. Entre elas estava a Irmã Maria Teresa, doente com tuberculose. As 36 irmãs ficaram reclusas no mesmo local e suportaram condições de vida que ofendiam a dignidade humana: ambiente sujo, fome terrível, terror contínuo. Morreu na noite de 25 de julho de 1941. Desconhecese o paradeiro dos seus restos mortais. Sua morte fez as outras irmãs refletirem. Estavam convencidas de que a Irmã Maria Teresa tinha terminado sua vida de um modo santo e que viveria na glória dos santos, pelo que lhe dedicavam particular devoção. Tal como predisse, duas semanas depois da sua morte, aos 7 de agosto de 1941, as irmãs foram libertadas do campo de Dzialdowo. Aquela libertação foi interpretada como graça recebida de Deus por intercessão da Irmã Maria Teresa. Tinha feito alguma coisa particular, porque normalmente os alemães não deixavam sair ninguém do Campo de concentração. Não puderam regressar ao Mosteiro de Przasnysz, mas estavam em liberdade. Depois do retorno a este Mosteiro, em 1945, as irmãs sempre recordaram a sua vida santa e a sua morte como mártir. O Papa João Paulo II beatificou-a aos 26 de março de 1999. ORAÇÃO - Deus eterno e onipotente, que concedestes aos Mártires da Perseguição Nazista na Polônia a graça de morrerem pelo nome de Cristo, vinde em auxílio da nossa fraqueza, para que, a exemplo daqueles que morreram corajosamente por amor de Vós, saibamos dar testemunho da fé com a nossa


vida. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. 2 DE AGOSTO Nossa Senhora dos Anjos da Porciúncula O Seráfico Pai Francisco, por singular devoção à Santíssima Virgem, consagrou especial afeição à Capela de Nossa Senhora dos Anjos ou da Porciúncula. Aí deu inicio a Ordem dos Frades Menores e preparou a fundação das Clarissas; e aí completou felizmente o curso de seus dias sobre a terra. Foi também aí que o Santo Pai alcançou a célebre Indulgência, que os Sumos Pontífices confirmaram e estenderam a outras muitas igrejas. Para celebrar tão grandes favores ali recebidos de Deus, instituiu-se também a Festa Litúrgica, como aniversário da consagração da pequenina ermida. ORAÇÃO - Fazei, ó Deus, que, ao celebrarmos a gloriosa memória da Virgem Maria, Rainha dos Anjos, possamos também por sua intercessão, participar da plenitude da vossa graça. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. 7 DE AGOSTO Beatos Agatângelo e Cassiano – Presbíteros e Mártires Beato Agatângelo (1598-1638) O BEATO AGATÂNGELO NOURY nasceu em Vendôme, na província de Tours, na França, aos 31 de julho de 1598. Conheceu os Capuchinhos, que tinham

chegado, havia pouco tempo, à sua terra natal, onde o seu pai era presidente do tribunal e, ao mesmo tempo ,administrador do Convento. Ainda jovem, mostrou ter vocação religiosa e foi recebido na Ordem dos Capuchinhos. Em 1620, fez a profissão religiosa. Depois, prosseguiu os estudos de humanidades, filosofia e teologia e foi ordenado sacerdote. Nos seus primeiros anos de sacerdote encontrou-se com o Padre José Leclerc, famoso conselheiro do Cardeal Richelieu, que tinha projetado grande plano de evangelização. Agatângelo foi escolhido como candidato para a Missão da Síria. Chegou a Aleppo em 1629. Ali encontrou muçulmanos, grego-ortodoxos, armênios e, em número muito reduzido, alguns católicos. Com obras de beneficência, encontros familiares e catequese elementar, conseguiu bom resultado no seu apostolado, combatido, bem depressa, pela inveja. Passou depois para a missão do Cairo, na qualidade de Superior. Aqui trabalhou com muita alegria para a união dos Coptas com a Igreja Católica. Destinado pela Providência a abrir o campo missionário a outros, a 27 de setembro, a Sagrada Congregação confiou-lhe a responsabilidade do grupo missionário destinado à Etiópia, composto por mais três sacerdotes capuchinhos: o Beato Cassiano de Nantes, Bento e Agatângelo Noury de Vendôme. Os quatros missionários dividiram-se em dois grupos. Agatângelo e Cassiano, quando chegaram à fronteira da Etiópia, foram descobertos e encarcerados em Débora, com o pretexto de serem espiões e opositores do imperador e do bispo Abissino Malaro. No processo, dominado pelo sectarismo religioso e pela perfídia do pseudônimo Pedro Leão, inimigo declarado de Agatângelo, os dois missionários foram condenados à morte. Os dois humildes filhos de São Francisco não perderam a calma. Mostraram os documentos do Patriarca Copta de Alexandria. Poucos dias depois, foram levados para Gondar, de mãos algemadas com cadeias e amarrados à cauda de um cavalo. Em Gondar, foi dura e penosa a sua prisão.

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Abuna Macário, fingindo-se amigo do beato Agatângelo e o luterano, Pedro Leão, que se fizera hipocritamente monge Copta, forçaram, com acusações e calúnias junto da corte imperial, a morte dos pobres e doentes missionários. Levados à presença do imperador, foram examinados na sua fé. O beato Agatângelo respondeu: “Estou pronto a morrer pela fé e nunca a renegarei”. A 7 de agosto de 1638, em Gondar, exposto ao escárnio da multidão, foi suspenso em cordas e apedrejado barbaramente pelo furor da multidão. Tinha 40 anos de idade. Foi beatificado a 1º de janeiro de 1905 pelo Papa Pio X.

Beato Cassiano (1607-1638) O beato CASSIANO LOPEZ NETO, nasceu em Nantes, aos 15 de janeiro de 1607, no seio de família portuguesa. Tinha feitio dócil, inclinado às práticas de devoção e fervor religioso admirável. Aos 17 anos foi recebido na Ordem dos Capuchinhos da Província de Paris. Fez a profissão religiosa em 1624. Concluiu os estudos teológicos em Rennes onde foi ordenado sacerdote. Aqui passou os primeiros anos do seu sacerdócio, socorrendo as pessoas atingidas pela peste que devastou a França em 1631. Pediu para ser enviado para as Missões. Os Superiores destinaram-no à Missão da Etiópia. No Cairo, encontrou-se com o beato Agatângelo e com ele partilhou preocupações e sofrimentos apostólicos. Dotado de temperamento franco, aberto, muito sensível aos sofrimentos dos outros, entregou-se ao apostolado, cultivando sobretudo especial devoção a Nossa Senhora,a quem rezava todos os dias o Rosário com o ofício divino. Desde o seu encontro com o beato Agatângelo até à sua heróica morte, os dois capuchinhos trabalharam juntos no Cairo, durante três anos, cuidando, especialmente, da conversão dos Coptas. Estenderam a sua atividade até aos longínquos mosteiros de

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Santo Antão Abade e de A. Macário, no Nitra. Na Etiópia, a Igreja Católica tinha conseguido extraordinário desenvolvimento que culminou na conversão do próprio imperador através dos missionários jesuítas. A fé de Roma expandiu-se também sob o governo de Seitan Sagad I. Conseguiram grandes conversões que foram quase destruídas por Atiè Fassil, cuja palavra de ordem era: “Antes súbditos de Meca dos muçulmanos do que da Roma dos católicos”. Os dois missionários decidiram, por isso, levar a sua ajuda a tantos irmãos na fé, perseguidos por aquele ímpio imperador. Obtiveram documentos do Patriarca Copta de Alexandria e, a 23 de dezembro de 1637, partiram para a Etiópia. A viagem durou três meses. Chegados às fronteiras da Etiópia foram metidos na prisão pelo Governador de Deboroa. No processo, os dois missionários católicos foram condenados à morte como violadores das ordens do imperador, que proibia os católicos de entrarem na Etiópia. Beato Cassiano sofreu o martírio, como o Beato Agatângelo, a 7 de agosto de 1638, com 31 anos de idade. No dia 1º de janeiro de 1905 foi beatificado pelo Papa Pio X. ORAÇÃO - Senhor, Pai Santo, que destes aos mártires Agatângelo e Cassiano a graça de combater o bom combate até dar a vida pela fé, concedei que a sua intercessão nos ajude a suportar todas as adversidades e a caminhar decididamente para vós, que sois a fonte da verdadeira vida. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. 8 DE AGOSTO Santo Pai Domingos Presbítero (1170-1221) O Fundador da Ordem Dominicana nasceu em Caleruega, Espanha, em 1170. O bispo de Tolosa, Diogo de Azevedo, amigo de Domingos, havia fun-


dado um centro missionário, para combater a heresia dos albigenses. Domingos era sacerdote dos Cônegos Regulares. Com a morte do Bispo, Domingos assumiu a direção do centro missionário. Assim começou a surgir a nova Ordem. Era de caráter metódico e firmíssimo, e deu grande importância aos estudos, como premissa indispensável ao dever apologético dos frades pregadores. Domingos foi amigo íntimo de São Francisco de Assis, motivo pelo qual os discípulos de São Francisco celebram festivamente o Fundador da Ordem Dominicana. Morreu em Bolonha, a 6 de agosto de 1221. Foi canonizado pelo Papa Honório III, em 1234. ORAÇÃO - Ó Deus, que os méritos e ensinamentos de nosso Pai São Domingos venham em socorro da vossa Igreja, para que o grande pregador da vossa verdade seja agora nosso fiel intercessor. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. 11 DE AGOSTO Santa Clara de Assis Virgem (1194-1253)

vida dos frades a atraía cada vez mais. Depois de muitas conversas com Francisco, aos 18 de março de 1212 (Domingo de Ramos), saiu de casa sorrateiramente em plena noite, acompanhada apenas de sua prima Pacífica e de outra fiel amiga, e foi procurar Francisco na igrejinha de Santa Maria dos Anjos, onde ele e seus companheiros a aguardavam. Frente ao altar, Francisco cortou-lhe os longos e dourados cabelos, cobrindo-lhe a cabeça com um véu, sinal de que a donzela Clara fizera sua consagração como Esposa de Cristo. Nem a ira dos seus parentes, nem as lágrimas de seus pais conseguiram fazê-la retroceder em seu propósito. Poucos dias depois, sua irmã, Inês, veio lhe fazer companhia, imbuída do mesmo ideal. Alguns anos após, sua mãe, Hortolana, com sua terceira filha Beatriz, seguiu Clara, indo morar com ela no conventinho de São Damião, que foi a primeira moradia das seguidoras de São Francisco. Com o correr dos anos, rainhas e princesas, com humildes camponesas, ingressaram naquele convento para viver, à luz do Evangelho, a fascinante aventura das Damas Pobres, seguidoras de São Francisco, muitas das quais se tornaram grandes exemplos de santidade para toda a Igreja. Clara viveu 27 anos após a morte de Francisco. Um enviado do papa Inocência IV levou a demorada e aguardada bula de aprovação do privilégio da pobreza a Clara na manhã de 11 de agosto de 1253, poucos instantes antes que ela deixasse esta vida. Foi canonizada em 1255, ou seja, dois anos após sua morte.

Em 1212, a jovem CLARA DE ASSIS seguiu o atraente exemplo de Francisco e viveu, dentro da clausura e na contemplação, o ideal de pobreza evangélica. Surgiu, assim, a Ordem das Clarissas, ou a Segunda Ordem ORAÇÃO - Ó Deus, que na vossa miseriFranciscana. córdia atraístes Santa Clara ao amor da Santa Clara nasceu em Assis, Itália, por pobreza, concedei, por sua intercessão, que, volta de 1194, numa família rica e nobre. Seus seguindo o Cristo com um coração de pobre, pais chamavam-se Favarone e Hortolana, vos contemplemos um dia em vosso reino. sendo Clara a filha primogênita. Por nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, Com Inês e Beatriz, suas irmãs menores, na unidade do Espírito Santo. que mais tarde também entrariam no Mosteiro de São Damião, Clara esforçava-se no amor a Jesus e sentia em seu coração o chamado para segui-lo. Clara sonhava com uma vida mais cheia de sentido, que lhe trouxesse verdadeira felicidade e realização. O estilo de Província S. Lourenço de Braindes-PR-SC-PY 33


13 DE AGOSTO Beato Marcos de Aviano Presbítero (1631-1699) MARCOS nasceu em Aviano, Itália, a 17 de novembro de 1631 e foi batizado no mesmo dia, tendo recebido o nome de Carlos Domingos. Recebeu na sua terra natal a formação cultural e espiritual, depois aperfeiçoada no Colégio dos Jesuítas em Gorizia, onde teve a oportunidade de aprofundar sua cultura clássica e científica, ao mesmo tempo em que avançava na vida de piedade, ajudado pela Congregação Mariana, em que se tinha inscrito. Sua vida modificou-se a partir do momento em que, no clima da guerra de Cândia entre a República de Veneza e o Império Otomano, ele se sentiu decidido a dar a vida em defesa da fé cristã. Mas o homem põe e Deus dispõe; e Deus dispôs que ele batesse à porta do convento capuchinho de Capodístria, onde recebeu o conselho de voltar à casa paterna. Deus voltou a marcar presença e Carlos percebeu que podia entrar na Ordem dos Capuchinhos. Foi, então, recebido no noviciado em setembro de 1648, emitindo, aos 21 de novembro do ano seguinte, os votos religiosos com o nome de Marcos de Aviano. Ali viveu o forte compromisso de oração e de vida comum, na humildade e obscuridade, mas animado de zelo e observância da regra e constituições da Ordem. A partir de 1664 dedicou-se à pregação, tendo aí utilizado as suas melhores energias; ficou conhecido em toda a Itália, sobretudo pelas suas pregações de Advento e Quaresma. Foi superior do convento de Belluno em 1672, para em 1674 dirigir a comunidade de Oderzo. Sua fama tornou-se ainda maior quando foi enviado a pregar no mosteiro paduano de São Prosdócimo, onde, para além da força

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da sua palavra, conseguiu a cura de uma senhora, doente havia 13 anos, depois da sua bênção. Outros acontecimentos extraordinários apareceram, mas ele não se deixou perturbar pela fama criada à sua volta. Por isso teve de fazer várias viagens pela Europa, onde se relacionou com grandes personalidades do tempo, todas elas desejosas de conhecer o humilde capuchinho e de receber os seus conselhos. Aliado aos imperadores cristãos, chegou a tomar parte em campanhas militares, onde seu apostolado se tornou muito conhecido. Teve ação preponderante na paz da Europa, promovendo a unidade das potências católicas para a defesa da fé cristã, sempre ameaçada pelo poder otomano. Interrompeu sua atividade apostólica por motivos de saúde, tendo recebido, nessas circunstâncias, a visita da Família Imperial e a Bênção Apostólica que lhe foi enviada através do Núncio Apostólico. Morreu aos 13 de agosto de 1699, assistido pelo Imperador Leopoldo e pela Imperatriz Leonor, apertando nas mãos o crucifixo. Todos queriam ver seus restos mortais, pelo que o próprio Imperador mandou que o funeral se realizasse apenas no dia 17, no cemitério da Fraternidade, mas não longe do túmulo imperial. Com mensagens de conversão e de fé que a todos dirigia, sentia sempre a necessidade de salvaguardar a identidade cristã da Europa, através do seu apostolado e da sua oração. Por isso foi chamado “o médico espiritual da Europa”. O papa João Paulo II beatificou-o aos 27 de abril de 2003. 14 DE AGOSTO São Maximiliano Maria Kolbe Presbítero e Mártir (1894-1941) MAXIMILIANO MARIA KOLBE nasceu aos 8 de janeiro de 1894 em Zdunska-Wola, na Polônia. Jovem ainda, ingressou na Ordem dos Frades Menores Conventuais, sendo ordenado sacerdote em Roma em 1918. Levado por uma piedade filial a Nossa Senhora, fundou a Pia União chamada “Milícia


de Maria Imaculada”, que ele propagou amplamente, tanto na pátria como em outras regiões. Tendo chegado ao Japão como missionário, procurou dilatar a fé cristã, sempre sob os auspícios e a proteção da Virgem Imaculada. Finalmente, tendo voltado à Polônia, foi feito prisioneiro na segunda grande guerra, e, conduzido ao campo de concentração de Auschwitz em Cracóvia, onde suportou atrozes sofrimentos. Aí consumou sua dinâmica existência em holocausto de amor aos 14 de agosto de 1941. Foi beatificado por Paulo VI em 1971 e canonizado por João Paulo II aos 10 de outubro de 1982.

João Paulo II reconheceu o martírio de 65, entre eles, três capuchinhos: fr. João Luiz de Besançon, fr. Protasio de Sées, e fr. Sebastião de Nancy.

Beato João Luiz de Besançon (1720-1794)

JOÃO BATISTA nasceu aos 11 de março de 1720 na cidade de Besançon, o sexto entre oito irmãos, foi batizado no mesmo dia. O pai era de Paris, diretor e tesoureiro da Casa (fábrica) de Moedas de Borgonha e, em 1730, foi eleito diretor da mesma em Lion, aonde veio residir com sua família. ORAÇÃO - Ó Deus, que inflamastes São Nessa cidade João Maximiliano Maria, presbítero e mártir, com Batista fez seus amor à Virgem Imaculada e lhe destes grande estudos. zelo pastoral e dedicado ao próximo. ConceAos 20 anos, em maio de 1740, fez-se dei-nos, por sua intercessão, que trabalhecapuchinho e com o hábito tomou o nome de mos intensamente pela vossa glória no frei João Luiz. Professou aos 9 de maio de serviço do próximo, para que nos tornemos 1741. semelhantes ao vosso Filho até a morte. Por Em Lion, os capuchinhos possuíam dois Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na conventos, um dedicado a São Francisco e unidade do Espírito Santo. chamado de “o grande convento”, fundado em 1575 no bairro São Paulo; o outro, construído em 1622, dedicado a Santo André 18 DE AGOSTO Mártiresda Revolução Francesa (+1794) e chamado de “Pequeno Forez”. Nessas duas casas, nosso mártir viveu a Um dos lugares em que foram massamaior parte da sua vida religiosa. Por duas crados padres e religiosos durante a revoluvezes foi superior, uma vez no convento de ção francesa em 1794, é conhecido com o Santo André, de 1761 a 1764, e outra vez no nome de Pontons de Rochefort, isto é, um grande convento de São Francisco até 1767. grupo de embarcações ancoradas perto da Frei João Luiz encontrava-se no convento de ilha de Aix, que serviam como prisões São Francisco quando a Assembléia Consflutuantes. Mais de 800 pessoas, entre padres tituinte ordenara o inventário das pessoas e e religiosos, foram empilhadas e anuladas aí. dos bens de cada casa religiosa. Ele declaEntre eles, havia diversos freis capuchirara que queria permanecer na Ordem. Mas, nhos. Deveriam ter sido deportados para a em outubro deixou Lion e se refugiou em Guiana Francesa, mas os ingleses que fisBourbonnais de Précord, no castelo em que calizavam os mares os impediram. Muitos residia sua irmã Nicole-Elisabeth, com o filho deles perderam a vida nesse “campo de Gilberto de Grassim, e onde também duas concentração flutuante” por causa da fé. Dos sobrinhas irmãs dominicanas procuraram que morreram a 1º de outubro de 1995 o papa refugiar-se. Província S. Lourenço de Braindes-PR-SC-PY 35


Uma denúncia anônima provocou investigações da parte do Diretório aos 3 de fevereiro de 1793 e, embora o resultado tenha sido nulo, aos 30 de maio todos os habitantes do castelo foram transportados para Moulins, onde 66 padres, que não juraram a constituição civil do clero, foram encarcerados, parte nas prisões e parte no antigo mosteiro Santa Clara. Ele morreu serenamente como tinha vivido. De fato, na manhã de 19 de maio de 1794, os deportados, quando acordaram e saíram de baixo da coberta, encontraram este excelente religioso morto ajoelhado no seu lugar. Ninguém imaginava que sofresse de alguma doença. Após ter-se levantado, ajoelhara-se para rezar e assim morreu. Vendo-o naquela humilde posição, parecia, de verdade, que continuava a rezar. Morreu em atitude de suplica como a Sagrada Escritura nos apresenta os patriarcas da Antiga Lei no momento da morte. Ele foi o primeiro capuchinho dos 22 que morreram em Rochefort.

Beato Protásio de Séez (1747-1794) No mesmo famigerado navio “Deuxassociés” em que morreu o Beato João Luiz, estava também fr. Protásio de Bourbon. Nascido aos 3 de abril de 1747, foi batizado no dia seguinte na paróquia de São Pedro de Séez. Os pais viviam em certa prosperidade. Não conhecemos nada do seu tempo de infância e adolescência. A formação cristã recebida fez amadurecer a vocação religiosa que o fez entrar, com 20 anos, com os capuchinhos de Bayeux, onde professou aos 27 de novembro de 1768, com o nome de fr. Protásio. Em 1775 foi ordenado presbítero, como podemos colher pelas breves notícias do arquivo. Residiu em Honfleur, perto do Santuário de Nossa Senhora das Graças, do qual teve a direção. Aos 29 de novembro de 1783 encontrava-se em Caen e, em 1789, foi secretário do ministro provincial da Normandia. Sua última residência, como secretário provincial e superior local, foi no convento de Soteville, perto de Rouen. Durante o levantamento das casas, os agentes municipais o encontraram

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nesse convento com sua comunidade e lhe pediram que fizesse o juramento à constituição civil do clero. Com os demais confrades, se recusou terminantemente, reafirmando, em dois momentos diversos, sua decisão de permanecer na vida religiosa, especialmente aos 26 de agosto de 1791, quando foi feito o último inventário do convento, do qual, no ano seguinte, os freis foram definitivamente banidos e colocados na estrada. Frei Protásio quis, mesmo assim, permanecer em Rouen, recusando tomar o caminho do exílio, sendo acolhido por um senhor a quem pagava a hospedagem com as esmolas recebidas nas celebrações. Esta teimosia provocou sua prisão aos 10 de abril de 1793 e superficial interrogatório da parte de dois “cidadãos”. Ao frei interessava a fé íntegra, simples e lúcida. Por isso, as conseqüências foram imediatas. Foi encarcerado no antigo seminário de Souen Santo Viviano, que era utilizado pelos revolucionários como casa de detenção provisória, na espera da sentença definitiva, que chegou aos 10 de janeiro de 1794: “O cidadão João Bourdon, ou seja, Fr. Protásio é condenado a ser deportado para as Guianas por ter celebrado a missa ilegalmente e conservar documentos suspeitos”. Aos 9 de março foi levado para Rochefort, onde chegou aos 12 de abril, sendo examinado e despojado de tudo o que ainda tinha posse: um relógio e 1303 liras. Embarcado no “Deux-associés”, seguiu a sorte dos outros prisioneiros. O quadro desolador dos sofrimentos vulgares, agonias e mortes que formava o quotidiano daquela prisão foi o mesmo de fr. João-Luiz. Após quatro meses, fr. Protásio, na noite de 23 para 24 de agosto, morreu de doença contagiosa. Um sobrevivente, posteriormente, deixou este testemunho: “Um religioso de grande mérito, e elogiável seja pela sua capacidade física e moral de que era dotado, mas sobretudo, pela sua firmeza na fé, na prudência, equilíbrio, regularidade e outras virtudes cristãs”.


Beato Sebastião de Nancy (1749-1794) Entre as 547 vítimas dos “Pontons de Rochefort” e os 64 sacerdotes beatificados como mártires da revolução francesa, encontrava-se o capuchinho, fr. Sebastião de Nancy. O percurso de sua vida é mais documentado. Francisco nasceu aos 17 de janeiro de 1749 em Nancy, também ele batizado no dia seguinte. Sua família tinha bom nível econômico. Seu pai era carpinteiro. Francisco conheceu os capuchinhos quando estes se instalaram na periferia, em 1593, e a partir de 1613 em outro convento melhor organizado e reconstruído com a ajuda do duque Leopoldo de Lorena e do rei Estanislau em 1746. A paróquia utilizou a igreja dos capuchinhos para o culto até 1770. Os freis se recolhiam atrás do coro, e dirigiam a OFS. Esse convento era uma sede importante da província, sede do capítulo provincial, e também da alfaiataria onde se confeccionavam as túnicas e mantos para os capuchinhos de Lorena, distribuídos em 28 conventos naquele território. A vitalidade apostólica deles e o seu dinamismo caritativo a favor dos pobres, dos empestados, dos sofredores os tornaram muito populares e requisitados. Quando o jovem, em 1968 e com 19 anos, entrou no convento de São Miguel, desde 1602 destinado à formação dos noviços, notava-se certa crise vocacional. A Comissão Regular, instituída pelo rei da França em 1766, para corrigir abusos e reformar os mosteiros e conventos, ao estabelecer a idade mínima de 21 anos para o ingresso, contribuiu para acelerar a crise. O mestre de noviços, fr. Miguel de S. Dié, aos 24 de janeiro de 1768 o admitiu ao noviciado com o nome de fr. Sebastião e, no ano seguinte, emitiu a profissão religiosa. Na ata de sua profissão consta como o primeiro colocado no novo registro oficial, em 1769, e o mesmo ocorreu quanto ao seu registo de batismo na paróquia de São Nicolau em 1749. Após o noviciado, fr. Sebastião passou para o convento capuchinho de Pont-Mousson, fundado em 1607 e renovado em 1764, para seus estudos de teologia. Aos 26 de agosto de 1784 o Capítulo Provincial o transferiu para

o convento de Commercy onde permaneceu até 1787, ausentando-se por pequeno espaço e retornando até 1789. Nesse período, dedicou-se à pastoral e auxiliou o clero. Os comissários municipais entraram no convento para fazer inventário dos bens. Um ano após, os móveis e roupas do convento foram vendidas, enquanto fr. Sebastião, que recusara jurar a constituição civil do clero e tinha uma pensão de 770 liras, após a expulsão dos freis do convento foi enviado ao convento de Chatel-sur-Moselle, indicado pelo Conselho municipal como casa comum dos capuchinhos. Deste convento serão, em seguida, expulsos por não terem participado da procissão dirigida por um pároco que jurara pela Constituição Civil do Clero. Colocados na rua, os freis foram acolhidos e ajudados pelo povo. Aos 26 de janeiro de 1794, a administração do distrito de Nancy veio verificar a situação dos presos, causa de prisão, idade, eventuais enfermidades. Sobre fr. Sebastião foi anotado que era refratário e não tinha nenhuma doença, e por isso entrava na lista dos que seriam enviados para Rochefort. Partiram, de fato, a 1º de abril seguinte, 48 padres e religiosos e, após penoso trajeto que durou quatro semanas, despojados de qualquer coisa que poderiam ter, chegaram a Rochefort aos 28 de abril. Poucos dias após, embaraçados no navio negreiro dos Deuxassociés, que contava com 373 outros prisioneiros religiosos, foram transportados para as ilhas de Aix e de Oleron. Frei Sebastião defrontou-se com visão desoladora: centenas de prisioneiros pálidos, barbas longas, vestes sujas; uma prisão de moribundos. Uma velha e pequena embarcação servia para recolher os doentes e infectados em estado terminal como num hospital, mas sem remédios e sem médicos, na expectativa de que a morte chegasse. Com uma maca, os 10, 12 ou mais cadáveres do dia eram levados, completamente despidos, para as areias da praia, onde alguns prisioneiros ainda com saúde deviam sepultá-los sem nenhum prece ou canto. Frei Sebastião morreu nessa pequena embarcação, em 1794. O papa João Paulo II reconheceu o martírio e a 1º de outubro de 1995 o beatificou.

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ORAÇÃO - Ó Deus, ao comemorarmos a paixão dos vossos mártires João Luiz Loir, Protásio Bourdon e Sebastião Francisco, dainos a alegria de ver nossas preces atendidas, para imitarmos sua firmeza na fé. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, nosso irmão, na unidade do Espírito Santo. Amém. 19 DE AGOSTO São Luís de Tolosa Bispo (1274-1297) Filho de Carlos II, rei de Nápoles, e de Maria, filha do rei da Hungria, Luís nasceu em 1274. Na juventude, quando, refém do rei de Aragão, vivia na Catalunha, muito se familiarizou com os Frades Menores. Tendo recuperado a liberdade, despediu-se do mundo e do trono real. Ao mesmo tempo em que era feito bispo de Tolosa, recebeu o hábito franciscano. Distinguiu-se pela pobreza, humildade e amor pelos pobres. Morreu em 1297. ORAÇÃO - Ó Deus, que ensinastes ao bispo São Luís de Tolosa a preferir o Reino celeste a um reino da terra, e o revestistes com pureza admirável e intensa caridade para com os pobres, fazei que, imitando suas virtudes na terra, mereçamos ser coroados com ele no céu. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. 25 de agosto São Luís da França Rei da França (1214-1270) Nascido em 1214, LUÍS foi feito rei da França aos 22 anos de idade. Casando, teve 11 filhos, aos quais ele mesmo deu ótima educação. Distinguiu-se pelo espírito de penitência e de oração, e por grande amor aos pobres. No seu governo, cuidou não apenas da paz dos povos e do bem estar

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temporal dos súditos, mas ainda do seu bem espiritual. Construiu hospitais, asilos, escolas, favoreceu a universidade de Sorbona, dando à França o primado da cultura européia, encorajou o desenvolvimento das ordens mendicantes. Realizou expedições para a libertação do sepulcro de Cristo e morreu perto de Cartago, aos 25 de agosto de 1270. ORAÇÃO - Ó Deus, que transferistes São Luís dos cuidados do reino terrestre à glória do Reino do Céu, concedei-nos, por sua intercessão, desempenhar nossas tarefas de cada dia, e trabalhar para a vinda do vosso Reino. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. 23 DE AGOSTO Beato Bernardo de Ofida Religioso (1604-1694) O Beato BERNARDO DE OFIDA nasceu aos 7 de novembro de 1604, em Ofida, nas Marcas de Ancona, na diocese de Áscoli (Itália), da humilde família dos Parani. Na infância dedicou-se a guardar rebanhos. Aos 22 anos foi recebido na Ordem dos Capuchinhos, no convento de Corinaldo, onde fez a profissão religiosa em 1627. Depois, no Convento, exerceu o ofício de enfermeiro, esmoleiro, cozinheiro, encarregado do quintal e porteiro, servindo seus irmãos. Distinguiu-se sempre pela sua caridade alegre e generosa, que lhe permitiu transformar todo seu trabalho no mais eficaz dos apostolados. Aos 65 anos foi enviado para o convento


de Ofida, onde prosseguiu seu trabalho de esmoleiro com muita alegria, vendo esse encargo como penitência e atividade apostólica muito proveitosa para as pessoas. O bispo de Áscoli, tendo sabido que os superiores pensavam mudá-lo de convento, foi ter com eles pedindo que o deixassem ali, pois, com sua vida de irmão simples e com vida tão evangélica e franciscana, fazia mais do que muitos missionários. Frei Bernardo visitava os doentes para quem tinha sempre palavras de conforto. Quando dizia a algum doente que era preciso estar disposto a fazer a vontade do Senhor, era quase certa sua morte. Quando, pelo contrário, dizia que não tivesse receio porque a situação não tinha importância, era sinal de que o doente se curaria. Tinha como modelo São Félix de Cantalício. O encargo de esmoleiro era o campo do seu apostolado. Partia, por longos caminhos, de povoação em povoação, com o alforje aos ombros, umas vezes coberto de pó e ensopado em suor debaixo do sol escaldante, outras vezes, coberto de neve com os pés intumescidos e a sangrar. Porém, sempre feliz e a prosseguir a sua missão, dócil na obediência, que considerava o único guia seguro na sua vida religiosa. Um dia, quando esmolava, recebeu apenas um bocado de pão e um frasco de vinho. No convento, não havia mais nada. Aquilo, porém, foi o suficiente para toda a comunidade. Por vezes, quando recebia insultos em vez do pão e do vinho, continuava sereno e dizia a si mesmo: “Mantém-te alegre, frei Bernardo, porque o pão e as demais esmolas são para o convento e os insultos são para ti”. Quando ouvia criticar qualquer pessoa, interrompia e dizia: “A verdadeira caridade compreende todas as faltas. Não julgueis e não sereis julgados”. À medida em que ia envelhecendo, redobrava suas orações e penitências. Quando tinha 84 anos, seus superiores, vendo que este irmão velhinho se ia extinguindo, dispensaram-no dos seus encargos. Era edificante vê-lo, então, prostrado diante de Jesus sacramentado em profunda adoração. Aos22 de Agosto de 1694 recebeu o sagrado Viático e a Unção dos enfermos. Depois,

dirigindo-se ao seu guardião, disse-lhe: “Irmão guardião, dai-me vossa bênção e mandai-me partir para o Céu”. Respondeu-lhe o guardião: “Espera, frei Bernardo, quero que antes me abençoes e abençoes também os teus irmãos”. Em nome da obediência, nosso irmão levantou a mão, que apertava o crucifixo, e traçou sobre os presentes grande sinal da cruz. Antes de morrer, recomendou aos seus irmãos a observância fiel da Regra, o amor fraterno, a paz e a caridade para com os pobres. Após ter recebido a bênção e a obediência do seu guardião, expirou docemente. Tinha 90 anos. Foi beatificado por Pio VI a 25 de maio de 1795. ORAÇÃO - Deus de infinita bondade, que resumistes todos os mandamentos da Lei no vosso amor e no amor ao próximo, fazei que, à imitação do Beato Bernardo de Ofida, consagremos a nossa vida ao serviço dos que mais sofrem e dos que mais precisam, para sermos contados entre os vossos eleitos. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. 2 DE SETEMBRO Beato Apolinário de Posat Presbítero e Mártir (1739-1792)

O Beato APOLINÁRIO MOREL nasceu aos 12 de junho de 1739 em Prez-Vers-Noréaz, junto a Friburgo, filho de pais suíços, oriundos de Posat. No Batismo recebeu o nome de João Tiago Morel. Passou os primeiros anos da sua juventude no Colégio dos Jesuítas, fundado por São Pedro Canísio, em Friburgo. Notabilizou-se pela sua inteligência, pelo bom rendimento dos seus estudos e pelo seu fervor religioso. Com a idade de 23 anos entrou no noviciado dos Capuchinhos em Zug, aos 26 de setembro de 1762, recebendo, então, o nome de frei Apolinário de Posat, terra de origem Província S. Lourenço de Braindes-PR-SC-PY 39


do seu pai. Ordenado sacerdote aos 22 de setembro de 1764, começou a dedicar-se ao apostolado típico dos capuchinhos ajudando o clero na paróquias e pregando missões populares. A sua pregação era de muita eficácia no meio do povo, sobretudo, entre os jovens, motivo pelo qual teve muito que sofrer da parte dos inimigos da fé. Suas virtudes, e particularmente sua reta intenção em todas as atividades pastorais, na instrução catequética e no confessionário, manifestaram-se muito especialmente nas provações dolorosas que lhe foram provocadas com calúnias e incompreensões. Ensinou filosofia e teologia; foi guardião em alguns conventos, prefeito de estudos no Colégio de Stans e diretor dos estudantes de teologia em Friburgo. Após encontro com o Ministro Provincial da Bretanha, fr. Apolinário pediu, em 1788, para ir como missionário para a Síria. Porém, antes de o fazer, teve que ir para Paris a fim de estudar línguas orientais numa escola com esta especialidade. Na capital francesa, dedicando-se à assistência espiritual de muitos alemães que ali viviam, foi acusado, junto dos superiores e dos seus compatriotas, de ter assinado o Juramento imposto ao clero pela Assembléia Nacional. Frei Apolinário defendeu-se escrevendo na Imprensa em 1771. Não contente com isso, para retirar todo e qualquer equívoco, apresentou-se aos Comissários da revolução e declarou que não tinha assinado qualquer juramento e pretendia permanecer fiel à Igreja Católica e à Santa Sé. Foi preso naquele mesmo momento e em 1772 foi levado para o convento dos Carmelitas, transformado em cadeia onde se encontravam também bispos e outros sacerdotes condenados à morte, num total de 160. Durante os dias da sua prisão, fr. Apolinário converteu-se em anunciador de expectativa feliz, em coerência com os seus sentimentos expressos na carta que escreveu a um dos seus superiores: “Como homem eu tremo, como religioso alegro-me, como pastor estou exultante. Abraço a todos os meus inimigos, perdôo-lhes e amo-os como os meus maiores benfeitores”.

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Naquela prisão, fr. Apolinário foi executado com mais 180 companheiros, a 2 de setembro de 1792, tendo sido trucidado barbaramente. Tinha 53 anos de idade. Antes da sua execução, escreveu ainda uma carta a um amigo, de nome Jan, a quem revelou o íntimo do seu espírito, exultando pela certeza de ser imolado por Cristo. No seu martírio via o desígnio de Deus para sua vida e, perseguido, entoava o Aleluia pascal que iria cantar para sempre no Céu. Aos 17 de outubro de 1926, Frei Apolinário e mais 190 mártires da Revolução francesa foram beatificados pelo Papa Pio IX. ORAÇÃO - Senhor, nosso Deus, que concedestes ao Beato Apolinário e companheiros mártires a graça de testemunhar com suas vidas o seu indefectível amor a Cristo, renovai-nos pela ação do Espírito Santo para que sejamos dóceis aos ensinamentos da fé e perseverantes na confissão do Vosso Nome. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. 17 DE SETEMBRO Impressão das Chagas de Nosso Pai São Francisco (1224) O Seráfico Pai Francisco, desde o inicio de sua conversão, dedicou especialíssima devoção e veneração a Cristo crucificado, devoção que até à morte ele inculcara a todos por palavras e exemplo. Quando em 1224 Francisco se abismava em profunda contemplação no Monte Alverne, por admirável e estupendo prodígio, o Senhor Jesus imprimiu-lhe no corpo as chagas de sua Paixão. O Papa Bento XI concedeu à Ordem dos Menores que todos os anos, neste dia, celebrasse a Memória de tão memorável prodígio, comprovado pelos mais


fidedignos testemunhos. ORAÇÃO - Ó Deus, para inflamar os nossos corações no fogo do vosso amor, renovastes de modo admirável os sinais da Paixão de vosso Filho, na carne do bemaventurado Pai Francisco; concedei que, por sua intercessão, configurados à morte do mesmo Filho, participemos igualmente de sua ressurreição. Por nosso senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. 18 SETEMBRO São José Copertino Presbítero (1603-1663) SÃO JOSÉ nasceu em Copertino, (Lecce), Apúlia, Itália, aos 17 de junho de 1603. Foi recebido na Ordem dos Frades Menores Conventuais. Ordenado sacerdote em 1628, entregou-se com zelo às obras do ministério sagrado pela salvação das almas. Distinguiu-se por uma grande austeridade de vida e intenso espírito de oração. Sua vida foi assinalada por extraordinários êxtases e freqüentes milagres que fizeram dele uma das figuras mais interessantes da mística cristã. Pela exuberância desses carismas celestes, teve que trocar muitas vezes de convento, a fim de evitar fanatismos populares, mas sempre brilharam nele a humildade e incondicionada obediência. Grandíssima foi sua devoção para com Nossa senhora. Morreu em Ósimo, nas Marcas, a 18 de Setembro de 1663. Foi canonizado por Clemente XIII. ORAÇÃO - Ó Deus, que por disposição admirável de vossa sabedoria quisestes atrair todas as coisas do vosso Filho exaltado da terra, fazei que, na vossa bondade, livres dos desejos terrenos, pela intercessão e exemplo de São José de Copertino, possamos conformar-nos em tudo ao vosso Filho que

convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo. 19 DE SETEMBRO São Francisco Maria de Camporosso Religioso (1804-1866) FRANCISCO nasceu em Camporosso, pequena aldeia da Ligúria, na diocese de Albenga, a 27 de dezembro de 1804. Seus pais chamavam-se Anselmo Criese e Maria Antónia Gazzo. Sendo pastor de ovelhas ouviu, certo dia, o convite de um capuchinho e entrou no convento de Sestro Ponente, onde vestiu o hábito de irmão terceiro. Porém, não se sentia satisfeito. Uma voz interior não o deixou em paz até que teve a alegria de vestir o hábito capuchinho. Fez o noviciado no convento de São Bernardo de Gênova. Após a profissão, foi destinado ao Convento da Santíssima Conceição, em Gênova, onde permaneceu até morrer. Destinado ao serviço humilde de cozinheiro e enfermeiro, tornou-se notável por particular fidelidade ao seu dever e por ímpar generosidade. Os superiores destinaram-no, depois, ao ofício de esmoleiro que o levava a percorrer, todos os dias, as ruas da cidade que transformaria em lugar de incessante colóquio com Deus. Seu exemplo converteu-se rapidamente em motivo de admiração porque suas palavras simples e espontâneas tinham sempre o segredo de dar conforto a todos os sofrimentos. Realizou este trabalho durante 40 anos. Francisco Maria, entretanto, não esqueceu seu antigo trabalho de pastor porque, a partir desse momento, o rebanho por ele cuidado e conduzido era o dos mais miseráveis e abandonados da população de Gênova, e os pastos eram as ruas, as estradas e o porto da cidade velha. Aqui, o

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capuchinho de Camporosso, esmoleiro do convento, converteu-se no padre santo, como era geralmente chamado e conhecido pelos seus insólitos e freqüentemente pouco recomendáveis interlocutores, habitantes das barracas e de ambientes bastante suspeitos. Sereno em toda a parte, na igreja como nas tabernas cheias de fumo e vinho; sempre afetuoso com os irmãos, os jovens, os descarregadores do porto, os criminosos, este padre santo, em suas andanças pela cidade, esforçava-se por realizar duplo objetivo: pedir esmola e – o mais importante e delicado – tentar aproximar de Deus as almas de todos os que encontrava pelo seu caminho. Pouco importava que os encontros fossem, por vezes, agressivos quando se tratava de pessoas facilmente propensas aos ultrajes. Estas dificuldades não faziam desaparecer a bondade e transparência deste irmão capuchinho a quem todos, mais cedo ou mais tarde, acabavam por se ligar com muito amor. Em 1866, durante uma epidemia na cidade, ofereceu-se a Deus como vítima para que fossem salvos os outros. Pouco depois, foi vitimado pelo mal e logo a seguir a epidemia acabou. Morreu com 62 anos, aos 17 de setembro de 1866. O Papa João XXIII o canonizou a 9 de dezembro de 1962. ORAÇÃO - Senhor, que em São Francisco Maria de Camporosso, vosso humilde servo, nos destes um exemplo singular de verdadeira caridade, fazei que, à sua imitação e com a vossa ajuda, nos entreguemos generosamente ao serviço do nosso próximo. Por Cristo nosso Senhor. Amém. 22 DE SETEMBRO Santo Inácio de Santhià Presbítero (1686 - 1770) SANTO INÁCIO nasceu em Santhià, diocese de Vercelli, em Piemonte (Itália), aos 5 de junho de 1686. Os seus pais chamavamse Pedro Paulo Belvisotti e Maria Elizabetta Balocco. No batismo recebeu o nome de Lourenço Maurício. Após a profissão religiosa adotou o nome de Inácio. Ficou órfão de pai desde sua infância. Foi educado cristãmente por um sacerdote. Começou a distinguir-se

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pela integridade dos costumes, pelo aproveitamento nos estudos e pelo gosto em ser acólito na Colegiada. Entrou no Seminário diocesano e aos 24 anos de idade foi ordenado sacerdote. Dedicou-se à pregação colaborando com os Jesuítas. Depois, foi nomeado cônego da Colegiada de Santhià. Foi-lhe oferecido, a seguir, o ofício de pároco. Porém, e, contra o parecer dos seus parentes, que previam para ele brilhante carreira eclesiástica, renunciou ao cargo. Pouco depois, com o desejo de conseguir maior perfeição, vencendo enormes dificuldades, entrou na Ordem dos Capuchinhos, quando tinha 30 anos de idade. Ali, fez sua profissão religiosa em 1717. Durante 25 anos, foi confessor assíduo e muito solicitado por pessoas de todas as classes. Durante o dia, passava horas ininterruptas, na direção espiritual e abria aos pecadores os caminhos misteriosos da bondade de Deus. Foi Mestre de noviços no convento do Monte, em Turim. Sendo modelo das virtudes, soube orientar os jovens noviços pelos caminhos da perfeição franciscana. Em 1724, estourou a guerra e logo se notabilizou na assistência aos soldados feridos no hospital militar. Durante aqueles tempos turbulentos, soube ser o conforto e a ajuda para quem a ele se dirigia. Passou o resto da sua vida a ensinar o catecismo aos pequeninos e aos adultos, com competência, diligência e proveito verdadeiramente singulares. Orientou exercícios espirituais, especialmente para os religiosos, aos quais, com a palavra e com o exemplo, soube conduzir à espiritualidade cristã e franciscana. Ingressou na vida religiosa à procura da humildade e da obediência e, durante 54 anos, converteu-se em grande modelo dessas virtudes. A sua alegria era estar no último lugar, sempre pronto para qualquer desejo dos seus Superiores.


Tendo 84 anos, cansado pelo intenso trabalho apostólico que havia desenvolvido no meio da maior simplicidade e humildade, desejava voltar para Deus. Assim, aos 22 de setembro de 1770, partia para a Casa do Pai. As suas relíquias encontram-se na igreja dos Capuchinhos no Monte, em Turim. Como produção literária, deixou-nos as Meditações para exercícios espirituais, cuja primeira impressão foi feita em 1912. A sua causa de beatificação foi introduzida em 1782. No ano de 1827, Leão XII declarou a heroicidade das suas virtudes, dando-lhe o título de Venerável. A 17 de abril de 1966, o Papa Paulo VI beatificou-o em São Pedro, no Vaticano. Foi canonizado a 19 de maio de 2002 pelo Papa João Paulo II. ORAÇÃO - Senhor, nosso Deus, que chamastes o vosso servo, Santo Inácio de Santhià ao caminho da perfeição evangélica e o fizestes mestre e modelo das virtudes cristãs, concedei-nos a graça de vivermos na nossa vida a santidade do Vosso Filho Jesus Cristo, que vive convosco na unidade do Espírito Santo. 23 DE SETEMBRO São Pio de Pietrelcina Presbítero (1887-1968)

místico por todas as pessoas a quem chegou sua ação e influência. Assim como aconteceu com São Francisco de Assis, o Senhor crucificado quis partilhar com ele as dores da sua Paixão concedendo-lhe a graça dos estigmas, aos 20 de setembro de 1915. O que mais atraiu as multidões ao convento de São Giovanni Rotondo durante sua vida foi a celebração da Eucaristia, o atendimento às confissões e a direção espiritual (a quem recorreu muitas vezes o Papa João Paulo II, então estudante de Teologia em Roma). O Senhor concedeu a fr. Pio a graça de deixar duas notáveis obras para a posteridade: um hospital (Alívio dos Sofredores) e os grupos de oração. Sobre estes últimos, dizia: “Os grupos de oração são os corações e as mãos que sustêm o mundo”. Morreu aos 23 de setembro de 1968. Na celebração eucarística da sua beatificação, fr. Raniero Cantalamessa fez questão de salientar que a santidade de fr. Pio não consistiu tanto nas suas chagas, na sua bilocação, nos seus perfumes, mas e sobretudo por ter sido homem de oração, obediente e sempre ao lado dos sofredores. O Papa João Paulo II proclamou fr. Pio beato, a 2 de maio de 1999 e santo, a 16 de junho de 2002 . ORAÇÃO - Proclamamos, Senhor, que só Vós sois Santo e que ninguém pode ser bom sem a vossa graça. Nós Vos pedimos humildemente, por intercessão de São Pio de Pietrelcina, que nos ajudeis a viver de tal modo que mereçamos alcançar a vossa glória. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

SÃO PIO nasceu em Pietrelcina (Sul de Itália) aos 25 de maio de 1887. Chamava-se Francisco Forgione. O nome de frei Pio de Pietrelcina recebeu-o em 1903, quando entrou na Ordem dos Capuchinhos. Foi ordenado sacer26 DE SETEMBRO dote aos 10 de agosto BEATO AURÉLIO DE VINALESA de 1910. Mostrou-se MÁRTIR E COMPANHEIROS rigoroso na luta contra os vícios, simples no Beato Aurélio de Vilanesa vestir e na comida e extremamente cuidadoso Presbítero e mártir (1896-1936) em evitar atos que pudessem ofender a Deus, AURÉLIO nasceu aos 3 de fevereiro de aos irmãos ou a qualquer pessoa. A vida de 1896 em Vinalesa (Valência, Espanha). Era família iniciou-o nesta radicalidade e no cono terceiro dos sete filhos que teve o casal vento também encontrou ambiente que a Vicente Ample e Manuela Alcaide. Foi favoreceu. batizado no dia seguinte (4 de fevereiro) na Frei Pio é considerado como grande Província S. Lourenço de Braindes-PR-SC-PY 43


paróquia de Santo Honorato Bispo e crismado aos 21 de abril de 1899. Fez os primeiros estudos no Seminário Seráfico de Massamagrel (Valência). Vestiu o hábito capuchinho no convento de Santa Maria Madalena aos 7 de agosto de 1912. Emitiu a profissão temporária aos 10 de agosto de 1913 e a perpétua, no convento do Santo Nome de Jesus de Orihuela, aos 18 de dezembro de 1917. A seguir, foi enviado a Roma para aperfeiçoar os estudos, sendo ordenado sacerdote na Cidade Eterna pelo arcebispo de Filipos, Dom José Palica, no dia 26 de março de 1921. Retornando à Espanha, foi nomeado diretor do Instituto de Filosofia e Teologia dos Frades Capuchinhos, em Orihuela (Alicante), cargo que exerceu até à sua morte, com prudência e satisfação geral de todos. “Gozava entre os fiéis - disse sobre ele o sacerdote operário diocesano Pascoal Ortells - da fama de santo e a esta fama unia também a de sábio. Era fiel observante de toda a Regra de São Francisco, trabalhando com todo o empenho para que seus alunos capuchinhos fossem perfeitos religiosos”. Durante a revolução de 1936, todos os capuchinhos do convento de Orihuela se dispersaram aos 18 de Julho. Frei Aurélio buscou refúgio na casa paterna, em Vinalesa, onde, a 28 de agosto foi capturado pelos milicianos e conduzido ao lugar da morte. Antes de ser assassinado exortou todos os seus companheiros para morrerem bem, dando-lhes a absolvição sacramental e acrescentou: “Gritem forte: Viva Cristo Rei!”. Foi assassinado no dia 28 de agosto de 1936 e, seu corpo sepultado no cemitério de Foyos (Valência), próximo de onde fora morto. Terminada a guerra civil, foram exumados seus restos e transladados para o cemitério de Vinalesa, aos 17 de setembro de 1937. Hoje, descansam na capela dos mártires capuchinhos do convento da Madalena de

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Massamagrel. Frei Aurélio conservou a disponibilidade interior, desde o momento em que foi capturado até à sua morte, mantendo-se em todo o momento fiel a Cristo. “Conservou a serenidade até ao último momento - disse Rafael Rodrigo, que testemunhou seu martírio - animando-nos a todos os que íamos morrer. Quando tudo estava preparado para a execução, exortou-nos para que pronunciássemos a fórmula do ato de contrição. Assim o fizemos e quando o Servo de Deus estava recitando a fórmula da absolvição, um miliciano deu-lhe duas bofetadas. Alguém do grupo dos milicianos disse ao companheiro para não esbofetear mais o frade pois pelo tempo de vida que nos restava não valia a pena. O Servo de Deus permaneceu inalterável ante esta injúria, continuando até terminar a absolvição. Quando o Servo de Deus terminou de cumprir seu sagrado dever, ouviu-se um disparo e caímos todos repetindo com ele o grito, Viva Cristo Rei!”. Foi beatificado a 11 de Março de 2001 pelo papa João Paulo II.

Beato Ambrósio de Benaguacil Presbítero - Mártir (1870-1936) AMBRÓSIO nasceu aos 3 de maio de 1870 em Benaguacil (Valência, Espanha) e foi batizado no dia seguinte (4 de maio), na paróquia de Nossa Senhora da Assunção de Benaguacil e crismado na paróquia de Liria (Valência). Era filho de Valentim Vaus e Mariana Matamales. Ingressou na Ordem Capuchinha em 1890, vestindo o hábito a 28 de maio. Emitiu a profissão temporária a 28 de maio de 1891 e a perpétua a 30 de maio de 1894. Foi ordenado sacerdote a 22 de setembro de 1894, no convento capuchinho de Sanlúcar de Barrameda (Cádiz), celebrando ali sua primeira missa. “Era um religioso muito modesto -disse a


Irmã Maria Amparo Orteus - com o olhar sempre recolhido. Era muito humilde. Tudo lhe parecia demasiado e notava-se nele grande espírito de oração. Era muito devoto da Santíssima Virgem”. “Entre os seus confrades era considerado bom religioso, fiel, observante da Regra franciscana e muito devoto do nosso Pai São Francisco. Trabalhou apostolicamente na pregação, no ministério da confissão e da direção espiritual”. Preferiu trabalhar como confessor e como diretor da Ordem Terceira de São Francisco. A pregação tornou-se seu principal campo de apostolado, sendo considerado como um dos melhores pregadores da Província capuchinha de Valência. Sua límpida devoção à Virgem ficou plasmada em pequeno opúsculo dedicado à Virgem de Montiel, intitulado História, Novenas, Favores y Montielerias de Nuestra Señora de Montiel, venerada em sua ermida de Benaguacil, que em 1934 alcançava a terceira edição. Residia no convento de Massamagrel (Valência) quando se desencadeou, na Espanha, a perseguição religiosa de 1936. Refugiou-se na casa da senhora Maria Orts Loris, em Vinalesa. No seu esconderijo, desejava morrer por Cristo dentro da Igreja Católica. “Não teve reação contrária ao martírio - manifesta a senhora Maria Orts ao contrário, tinha grande desejo de morrer por Cristo. Diante do perigo que corria, a sua reação era de grande serenidade e de valente ânimo. ‘Eles matar-me-ão’, dizia, ‘mas a vocês nada acontecerá’, e assim, efetivamente sucedeu”. Foi preso em Vinalesa, na noite de 24 de agosto de 1936. Levado de automóvel até Valência, foi assassinado naquela mesma noite. Neste momento - narra a senhora Maria – “despedindo-se, o Servo de Deus pediunos que rezássemos por ele para que não retrocedesse em seu caminho. Os milicianos estavam armados com fuzis e metralhadoras. Frei Ambrósio, da nossa casa, foi levado ao Comitê de Vinalesa para o interrogatório. Uma hora depois, levaram-no ao lugar do martírio. Consta-me que no caminho o insultaram e o maltrataram, imputando-lhe o delito de haver pregado em Benaguacil um sermão contra o

comunismo. O Servo de Deus respondeulhes: “Eu somente tenho pregado a doutrina de Deus e o Evangelho”. Foi beatificado a 11 de Março de 2001 pelo Papa João Paulo II.

Beato Pedro de Benisa Presbítero - Mártir (1876-1936) PEDRO nasceu em Benisa (Alicante, Espanha) a 11 de dezembro de 1876, sendo o último dos quatro filhos do casal Francisco Mas e Vicenta Ginestar. Foi batizado no dia seguinte (a 12 de dezembro) na paróquia “Puríssima Xiqueta” de Benisa. Ingressou na Ordem Capuchinha, vestindo o hábito a 1º de agosto de 1893, no convento de Santa Maria Madalena de Massamagrel. Emitiu a profissão temporária a 3 de agosto de 1894 e a perpétua a 8 de agosto de 1897, no convento de Orihuela (Alicante). Concluídos os estudos eclesiásticos, foi ordenado sacerdote em Olleráa (Valência) a 22 de dezembro de 1900, desenvolvendo desde então seu ministério apostólico em diversas casas da província, dedicando-se principalmente ao apostolado da juventude e da catequese. Distinguiu-se sempre pela sua fidelidade à Regra franciscana. “Era fiel observante da regra franciscana – disse sobre ele o senhor Francisco Barres, habitante de Masamagrell – e das Constituições Capuchinhas, a ponto de deixar os jovens alguns momentos antes de tocar a campainha para qualquer ato comunitário para poder chegar a tempo”. Todos sabiam que era “Homem de caráter, porém, sabia dominar-se e mostrava-se muito bondoso”. “Foi um bom religioso - afirma dona Josefa Moreno - e, devido à sua bondade, em mais de uma ocasião, interveio junto dos seus, para resolver situações difíceis na família, conciliando os ânimos e procedendo sempre com requintada prudência”. “En-

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quanto esteve escondido - afirmou a jovem Mercedes Loris - demonstrou sempre grande serenidade. Rezava muitíssimo e o Santo Rosário recitávamos todos em família, a seu convite”. Também ele se viu obrigado a abandonar o convento depois de 18 de julho de 1936, refugiando-se primeiro na casa de uns amigos, e depois, na casa de uma irmã, em Vergel (Alicante). “Durante este tempo recorda o senhor Barres Ferrer - era visto sereno, sem se queixar de que Deus permitia tais coisas. Mostrou paciência e rezava o Ofício Divino”. “Dava-se perfeitamente conta - manifesta à senhora Maria Jansarás - do grande perigo que corriam ele e todos, e dizia isso muitas vezes ao meu pai. Exortava-nos para que rezássemos muito e que estivéssemos sempre preparados, entregandonos nas mãos de Deus. Enquanto estava escondido, em todos os momentos que o visitávamos, mostrava-se resignado e repetia-nos muitas vezes: ‘que não chorássemos, pois se Deus o permitia era porque nos convinha’. Rezava constantemente”. Foi detido pelos milicianos a 26 de agosto de 1936 e, posteriormente, assassinado na assim chamada Alberca de Denia, sendo sepultado no cemitério de Denia. Aos 31 de julho de 1939 foram exumados seus restos mortais. Seu crânio estava totalmente destroçado. Havia recebido mais de 14 tiros. Seus restos mortais descansam na capela dos mártires capuchinhos do Convento Madalena, em Massamagrel. Os sentimentos de frei Pedro perante a morte ficaram condensados em algumas frases suas, que repetia para a sua irmã: “Se vêm buscar-me, já estou pronto”. Foi beatificado a 11 de Março de 2001 pelo Papa João Paulo II.

Beato Joaquim de Albocácer Presbítero - Mártir (1879-1936) JOAQUIM nasceu em Albocácer, diocese de Tortosa e Província de Castellón de la Plana, aos 29 de abril de 1879, sendo batizado no mesmo dia. Era o único filho do casal José Ferrer e Antonia Adell. Realizados os primeiros estudos no

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Seminário Seráfico Capuchinho, vestiu o hábito em Massamagrel a 1º de janeiro de 1896, professando aos 3 de janeiro do ano seguinte. Emitiu a profissão perpétua aos 6 de janeiro de 1900 no convento de Santa Maria Madalena. Fez a Filosofia em Totana (Múrcia) e a Teologia em Orihuela (Alicante). Recebeu a ordenação sacerdotal aos 19 de dezembro de 1903 das mãos do bispo de Segorbe. Em 1913 partiu como missionário para a Colômbia e, em 1925, foi nomeado Superior Regular da Custódia de Bogotá. Terminado seu mandato, retomou à Espanha e foi nomeado diretor do Seminário Seráfico de Masamagrel. Como diretor, procurou infundir nos seminaristas o amor à vida religiosa e o espírito missionário. “Frei Joaquim - disse o senhor José Piquer - dedicava-se no convento de Masamagrel ao ensino dos seminaristas como diretor do referido Seminário. Era incansável no trabalho do ensino aos alunos, tratando-os como um bom pai”, declarou o senhor António Sales. Era lembrado como um místico: “Era uma pessoa mística, suave no trato para com todos”, disse sobre ele o senhor António Sales. Era verdadeiramente consagrado à salvação de todos. Foi uma alma eucarística: a revista Vida Eucarística, fundada por ele, a adoração perpétua diurna, as Horas Santas, as Quintasfeiras Eucarísticas foram obras às quais se entregou com total generosidade. Desencadeada a perseguição religiosa, primeiro, colocou a salvo os seus seminaristas e depois rumou para Rafel-buñol (Valência) e refugiou-se na casa Piquer, preocupando-se, dali mesmo, com seus estudantes e ocupando o tempo na oração, com plena confiança na Divina Providência. Nesse local foi capturado pelos milicianos aos 30 de agosto de 1936 e conduzido a Albocácer, com os seus familiares. Depois, foi transladado pelo Presidente do Comitê de Rafel-Buñol às 10 horas da manhã e às 16


horas do mesmo dia, conduzido no mesmo automóvel, ao km 4 da estrada de Puebla Tornesa a Villafamés, onde foi assassinado e sepultado no cemitério de Villafamés. Seus restos mortais não puderam ser identificados. Frei Joaquim, nas suas poucas horas de cárcere, tratou de animar e ajudar seus companheiros. Alguns testemunhos dizem: “Quando foi preso, a sua atitude foi de máxima humildade e entrega” e, ao despedir-se de seus familiares disse-lhes: “Se não nos virmos na terra, até breve na glória”. Foi beatificado a 11 de Março de 2001 pelo Papa João Paulo II.

Beato Modesto de Albocácer Presbítero - Mártir (1880-1936) MODESTO nasceu em Albocácer, diocese de Tortosa e província de Castellón de la Plana, aos 18 de janeiro de 1880, sendo batizado no dia seguinte (19 de janeiro), na paróquia de Nossa Senhora da Assunção, em Albocácer. Era o terceiro dos sete filhos do casal Francisco Garcia e Joaquina Martíde, formando assim uma família muito cristã. Ainda criança, ingressou no Seminário Seráfico dos Capuchinhos da Província de Valência, em Massamagrel, vestindo o hábito capuchinho, no mesmo Convento, a 1º de janeiro de 1896. Emitiu a profissão temporária aos 3 de janeiro de 1897 e a perpétua, aos 6 de janeiro de 1900, em Massamagrel. Estudou a Filosofia em Orihuela e a Teologia em Massamagrel, sendo ordenado sacerdote aos 19 de dezembro de 1903. Exerceu a maior parte do seu ministério apostólico como missionário na Colômbia, Custódia de Bogotá. Regressando à Valência, foi nomeado guardião durante vários anos. Os que o conheceram falam dele como um sacerdote apostolicamente comprometido na pregação, nos exercícios espirituais, na

direção espiritual, que foram entre outras, as suas tarefas preferidas. Assim manifestam aqueles que viveram com ele: “O seu campo de apostolado preferido - disse a jovem Pilar Beltrán - foi a pregação, os exercícios espirituais e a direção das almas. Nunca ouvi críticas de sua atuação”. Gozava de fama de santidade tanto no Convento como entre os fiéis. “Era de temperamento pacífico. A sua qualidade mais destacada - manifesta o senhor Daniel García - era a amabilidade. Gozava de boa fama entre os seus confrades e os fiéis. Era fiel observante da Regra e Constituições franciscanas”. Quando surgiu a Revolução Nacional, era guardião de Olllería (Valência), onde “a fraternidade foi violentamente dissolvida, o convento e a igreja incendiados pelas chamas, o pinheiral do mesmo convento cortado, os seus muros destruídos, ficando tudo reduzido a nada” (Art. 84-8). Restabelecidas as comunicações, frei Modesto dirigiu-se à sua cidade, refugiandose na casa de sua irmã Teresa, junto do seu irmão sacerdote Mosén Miguel, pároco de Torrembesora. Para maior segurança, foram à casa “La Masá”, mas lá foi capturado por uns milicianos armados. Frei Modesto “entregou-se mansa e humildemente - manifesta o senhor Artur Adell - e sem algum protesto”. “A sua atitude durante este período - disse a jovem Pilar Beltrán - foi de total entrega ao Senhor e de uma vida exemplar”. Foi beatificado a 11 de março de 2001 pelo Papa João Paulo II.

Beato Germano de Carcagente Presbítero - Mártir (1895-1936)

GERMANO nasceu em Carcagente (Valência, Espanha), de família cristã, aos 12 de fevereiro de 1895. Foi batizado no mesmo dia, na paróquia de Nossa Senhora da Assunção, de Carcagente e crismado aos 22 de julho de 1912, por Dom frei Atanásio Soler Royo, devidamente autorizado pelo arcebispo da diocese. O casal João Baptista Garrigues e Maria Ana Hernández teve oito filhos, três dos quais se tornaram capuchinhos. Fez seus primeiros estudos no Seminário Seráfico Capuchinho em Monforte del Cid. Província S. Lourenço de Braindes-PR-SC-PY 47


Vestiu o hábito capuchinho aos 13 de agosto de 1911. Emitiu os votos temporários aos 15 de agosto de 1912 e os perpétuos aos 18 de dezembro de 1917. Dom Ramón Plaza ordenou-o sacerdote em Orihuela, aos 9 de fevereiro de 1919. Os superiores encaminharam-no para a formação e ensino e, ao mesmo tempo, trabalhou no apostolado. Disse frei Domingos Garrigues, capuchinho: “Desempenhou os cargos de vice-mestre de noviços e professor de escola primária em Alcira. Empenhou-se preferentemente no apostolado do confessionário, dos enfermos e também com a catequese das crianças da escola”. Muitos que o conheceram, falam dele como religioso fiel à sua vocação, fervoroso na oração e muito caritativo: “Entre os fiéis afirmou a sua irmã Mercedes Garrigues - e ainda entre os confrades, gozava de boa fama pelo seu caráter jovial, caridade e candor. Costumavam dizer: ‘É um anjo’. Dos mesmos religiosos ouvi dizer que era religioso muito observante da Regra e das Constituições Franciscano-Capuchinhas”. “As suas qualidades mais salientes - afirma seu irmão, Francisco Pascoal Garrigues - eram sua profunda piedade e a atração que exercia sobre os jovens, sem que se lhe reconhecesse defeito algum”. Henrique Albelda, habitante de Carcagente, recorda: “O seu temperamento era bonachão e alegre. Também destacam-se suas qualidades como caritativo e esmoler. Era homem virtuoso, sobressaindo pela sua paciência ilimitada. Era sereno, humilde, recatado e modesto”. Quando se desencadeou a perseguição religiosa na Espanha, viu-se forçado, como seus irmãos, a refugiar-se na casa paterna, levando ali vida dedicada à oração. Foi detido pelos milicianos aos 9 de agosto de 1936 e conduzido ao Centro do Partido Comunista e, dali, conduzido, à meia-noite, à ponte da estrada de ferro sobre o rio Júcar,

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lugar em que foi assassinado. “Se Deus me quer mártir - disse quando refugiado - dar-me-á forças para sofrer o martírio” Quando chegou ao lugar do martírio - afirma o senhor Clemente Albelda - “frei Germano, depois de beijar as mãos dos carnificinas e perdoá-los, ajoelhou-se”. O cadáver de frei Germano foi enterrado no cemitério de Carcagente e, aos 15 de dezembro de 1940 seus restos mortais foram reconhecidos e transladados ao novo cemitério da mesma cidade. Atualmente, seus restos mortais repousam na capela dos Mártires Capuchinhos do convento de Madalena, em Masamagrel. Foi beatificado aos 11 de março de 2001 pelo Papa João Paulo II.

Beato Boaventura de Puzol Presbítero - Mártir (1897-1936) BOAVENTURA nasceu em Puzol (Valência, Espanha), aos 9 de outubro de 1897 e foi batizado no dia seguinte (10 de outubro) na paróquia do santo Juanes de Puzol. Era um dos nove filhos do casal Vicente Esteve e Josefa Flors. Júlio fez os seus estudos no Seminário Seráfico, vestindo o hábito capuchinho no convento dos Santos Adbón e Sené, de Ollería, aos 15 de setembro de 1913, mudando o nome para Boaventura. Emitiu a profissão temporária aos 17 de setembro de 1914 e a perpétua, aos 18 de setembro de 1918, em Orihuela. Enviado a Roma para aperfeiçoar os estudos, doutorou-se em Filosofia na Universidade Gregoriana. Nesta mesma cidade foi ordenado sacerdote pelo arcebispo de Filipos, Dom José Palica, aos 26 de março de 1921. Regressando à Província, foi nomeado professor de Filosofia e Direito Canônico no Instituto de Teologia de Orihuela. Destacou-se também como pregador, conferencista, diretor espiritual, porém,


sobretudo como homem de Deus. Tudo foi confirmado pelo senhor João F. Escrirá: “Dedicou-se ao estudo e à pregação. O seu temperamento era pacífico. Além disso, era pessoa muito viva e inteligente, como também muito educado e correto. Entre os fiéis era muito edificante. Era autêntico homem de Deus”. Dados que confirmam também o senhor Vicente Aguilar, habitante de Puzol: “Trabalhou especialmente no campo apostólico da pregação da palavra de Deus. As suas qualidades mais salientes eram grande bondade, além de inteligente; muito humilde e mortificado”. Com a perseguição religiosa, viu-se obrigado a abandonar o convento, levando uma vida de oração: “Enquanto esteve escondido - afirmou o senhor Vicente Aguilar - não se queixava que Deus permitisse tais coisas, apesar de pressentir que era tempo de martírio e perseguição para a Igreja, como o manifestou àqueles com quem conversava ou o tratavam. Apesar disso, mostrava-se sereno na sua vida de constante oração”. Refugiou-se na casa paterna de Carcagente, onde foi detido pelo Comitê de Puzol, aos 24 de setembro de 1936, para prestar declarações. Na noite de 26 de setembro foi conduzido, com outros detidos, ao cemitério de Gilet (Valência), onde foi assassinado às duas da madrugada. Antes de morrer, frei Boaventura havia declarado: “Vou receber a palma do martírio”. E, antes de ser executado, disse a seus carnificinas: “Com a mesma medida com que medis agora, depois sereis medidos”. Terminada a guerra, estas mesmas palavras foram lembradas pelos seus verdugos, quando caíram nas mãos da justiça. “Agora sucede-nos o que nos disse o frade”. A senhora Vicenta Esteve Flors, irmã de fr. Boaventura, recorda: “Ele se comportou nos últimos instantes com a mesma serenidade de sempre e antes de ser fuzilado, deu a absolvição a uns 13 detidos que foram conduzidos num caminhão e, entre estes, o pai e um irmão do Servo de Deus”. Foi sepultado no cemitério de Gilet, numa fossa comum. Seus restos mortais, ao finalizar a guerra civil, foram exumados e

reconhecidos por sua irmã Vicenta e transladados ao Panteão dos Mártires do cemitério de Puzol. Atualmente repousam na capela dos mártires capuchinhos do convento de Madalena de Masamagrel. Foi beatificado aos 11 de março de 2001 pelo Papa João Paulo II.

Beato Santiago de Rafelbuñol Presbítero - Mártir (1909-1935)

SANTIAGO nasceu em Rafelbuñol (Valência, Espanha), aos 10 de abril de 1909 e foi batizado dois dias depois (12 de abril) na paróquia Santo Antônio Abade. Foi o sétimo dos nove filhos do casal Onofre Mestre e Mercedes Iborra. Todos morreram juntos, vítimas da mesma perseguição religiosa. Desde criança, Santiago destacou-se pela sua vida de piedade. Seus vizinhos dizem que ele era rapaz modelo e exemplar em tudo. Ingressou na Ordem Capuchinha aos 12 anos, vestindo o hábito aos 6 de junho de 1924, em Ollería (Valência). Emitiu a profissão temporária aos 7 de junho de 1925 e a perpétua, em Roma, aos 21 de abril de 1930, nas mãos de frei Melchior de Benisa, Ministro Geral da Ordem. Ordenou-se sacerdote também em Roma, aos 26 de março de 1932. Regressando à Espanha, depois de conseguir o doutorado em Teologia na Universidade Gregoriana, foi nomeado vice-diretor do Seminário Seráfico de Massamagrel. Na sua curta vida religiosa distinguiu-se pela sua devoção à Virgem, simplicidade, obediência, humildade e profunda vida interior “Era de caráter bondoso e temperamento vivaz (...). Era considerado pelos fiéis como religioso exemplar. Apesar de suas qualidades de ciência e de sua virtude, mostrava-se sempre humilde e simples (...). Ocupou-se sempre com trabalhos apostólicos próprios da sua condição de religioso sacerdote”, disseram sobre ele seus confrades. Quando se desencadeou o Movimento Província S. Lourenço de Braindes-PR-SC-PY 49


Nacional, frei Santiago apressou-se em pôr a salvo os seminaristas que estavam sob os seus cuidados e depois refugiou-se na sua cidade Rafelbuñol. Ali, o comitê local fê-lo trabalhar como operário das obras que se realizavam então na casa Abadia, recolhendo os escombros da igreja paroquial e levando vida normal. Certo teve notícias de que os seus irmãos tinham sido detidos pelo comitê e as suas vidas corriam perigo. Disse a si mesmo: “Vou ao comitê ver se, deixando-me prender, libertam meus irmãos”. Ao apresentar-se ao comitê foi detido junto dos seus irmãos e fezse prisioneiro aos 26 de setembro de 1935. Na prisão, confessou todos os presos. Na noite de 28 para 29 de setembro, os presos foram conduzidos ao cemitério de Massamagrel e, ao passar diante da igreja da padroeira, a Virgem do Milagre, aclamaramna e, chegados ao cemitério, foram fuzilados gritando: “Viva Cristo Rei!”. Frei Santiago foi assassinado com seus irmãos e sepultado numa fossa comum no cemitério de Massamagrel. Exumados os seus restos e identificados depois, foram transladados para o Panteão de Tombados de Rafelbuñol. Hoje, descansam na capela dos Mártires Capuchinhos do Convento da Madalena, em Massamagrel. Foi beatificado a 11 de março de 2001 pelo Papa João Paulo II.

Beato Henrique de Almazora Diácono - Mártir (1895-1936) HENRIQUE nasceu em Almazora, diocese de Tortosa e Província de Castellón de la Plana aos 16 de março de 1913, sendo batizado no mesmo dia na igreja paroquial. Era filho de Vicente Garcia e Conceição Beltrán. Henrique viveu a sua infância num ambiente profundamente religioso. Disse Vicente Beltrán, seu tio que “em sua infância era o que se diz, um anjo. O menino não saía da igreja; empregava o tempo entre a igreja, a escola e a casa paterna”. Aos 14 anos ingressou no Seminário Seráfico de Massamagrel. Recebeu o hábito capuchinho aos 13 de agosto de 1928, em Ollería, das mãos de frei Eloy de Orihuela, guardião, definidor e mestre de noviços do

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convento de Massamagrel. Emitiu a profissão temporária a 1º de setembro de 1929, em Ollería, nas mãos de frei Pio de Valência, guardião, e a perpétua, aos 17 de setembro de 1935, em Orihuela. A Revolução surpreendeu-o quando era ainda diácono e se preparava para receber o sacerdócio. “Era de temperamento jovial e dócil”. Entre seus companheiros religiosos “gozava de fama de piedoso. Era homem de vida interior e tinha grande devoção a São José. Era amante da liturgia. Dedicou-se ao estudo da música sacra para dar esplendor ao Culto Divino. Distinguia-se no coro pela sua devoção no canto das horas canônicas. Era moderado e mortificado nas refeições; também muito humilde, destacando-se pela sua conduta e submissão...” Recorda-se, além disso, como fiel observante da Regra e das Constituições, tanto nos atos diurnos como nos noturnos. Quando se desencadeou a Revolução, refugiou-se na casa paterna, preparando-se para o martírio com a oração e o estudo, com serenidade e ânimo. Em agosto de 1936 apresentou-se em sua casa uma dupla de milicianos. Capturaram-no e o levaram-no para o quartel da Guarda Civil, que servia de cárcere. Miguel Pesudo, companheiro de prisão de frei Henrique disse que “viveu com frei Henrique como companheiro de prisão e observou que ele conservava sempre caráter jovial e alegre. E estava conformado com a vontade de Deus”. Foi retirado dessa prisão aos 16 de agosto de 1936 e conduzido, com um grupo de seculares, ao lugar denominado “A Pedreira”, na estrada de Castellón de la Plana em Benicasim, onde foi assassinado, gritando: “Viva Cristo Rei!”. O papa João Paulo II beatificou-o aos 11 de março de 2001.


Beato Fidélis de Puzol Presbítero - Mártir (1856-1936) FIDÉLIS nasceu em Puzol, Diocese e Província de Valência (Espanha), aos 8 de janeiro de 1856. Cresceu no seio de uma família piedosa. Era filho de Mariano Climent e Mariana Sanchís. Bem cedo ficou órfão de pai e mãe. Sua tia materna, Josefa Sanchís, adotou-o e deu-lhe educação cristã. Prestou serviço militar, chegando a participar na guerra carlista. Terminada esta, ingressou na Ordem Capuchinha como frade “leigo”, vestindo o hábito aos 13 de junho de 1880, em Massamagrel. Emitiu a profissão temporária aos 14 de junho de 1881 e a perpétua, aos 17 de junho de 1884. A figura franciscana de frei Fidel recorda a dos santos frades ‘leigos “capuchinhos: entrado no convento com idade madura. Sua vocação não foi, portanto, fruto das loucuras próprias da idade jovem. Eram trabalhadores incansáveis, empenhando-se durante anos como porteiros, esmoleres, hortelãos, sacristãos, cozinheiros, trabalhos estes que requerem constituição física robusta. Além disso, eram homens de vida de fé, oração profunda, devotos da Virgem, obedientes e submissos em tudo, silenciosos, penitentes, austeros... Frei Fidélis, ao longo da sua vida religiosa, passou pelos conventos de Barcelona, Totana, Orihuela, Massamagrel e Valência, trabalhando como porteiro, cozinheiro, assistente do Seminário Seráfico, companheiro do Ministro provincial”. Este o retrato de como o recordavam os religiosos: “Era de temperamento quieto e aprazível. Não se perturbava por nada e seu aspecto era sempre sorridente. Consideravam-no com grande apreço e boa fama, tanto os religiosos como todos os fiéis. Cumpria muito bem suas obrigações e a Regra da Ordem. Era homem todo de Deus. Rezava continuamente. Tinha sempre o

rosário nas mãos e era muito devoto da Virgem. Tinha fama de santo”. Quando foi fechado o Convento de Valência, frei Fidélis refugiou-se em Puzol, na casa de uns familiares, onde, devido à sua idade avançada (82 anos), não saía de casa, porque não enxergavam bem. Ali permaneceu sereno, ocupando-se da oração. Foi detido ao entardecer do dia 27 de setembro, por membros do comitê local, com o pretexto de levá-lo ao asilo das “Hermanitas de los Pobres” de Sagunto. Enquanto estava sendo levado pela estrada principal de Barcelona até ao distrito municipal de Sagunto, foi assassinado na entrada da casa “Laval de Jesus”. Foi a empregada dessa casa que advertiu sobre a presença de um cadáver na entrada, que há dois dias estava ali, aguardando sepultura. Era o corpo de fr. Fidélis, sendo sepultado no cemitério de Sagunto, junto a outros corpos. Seus restos mortais não puderam ser identificados. Foi beatificado aos 11 de março de 2001 pelo Papa João Paulo II.

Beato Berardo de Fenollet Presbítero - Mártir (1867-1936)

BERARDO nasceu em Lugar Nuevo de Fenollet (Valência, Espanha) aos 23 de julho de 1867 e foi batizado na paróquia de São Diego de Alcalá de Lugar Nuevo, aos 28 de julho do mesmo ano, pelo pároco Don António Donat, com o nome de José. Era o primeiro dos três filhos do casal José Bleda Flores e Rosária Antónia Grau Más. Na sua cidade recordam que “foi um menino muito piedoso desde a sua infância. Em sua casa - dizem - conserva-se uma pedra, na qual, segundo o dizer de todos, se ajoelhava para a oração. Sua família era muito cristã. “Embora sentisse desde a sua infância o desejo de abraçar a vocação religiosa e um irmão prestava serviço militar em Cuba. José Província S. Lourenço de Braindes-PR-SC-PY 51


teve que ajudar os pais e assim atrasou a entrada na Ordem Capuchinha até ao retorno deste irmão”. Ingressou entre os Capuchinhos em 1900, como frade “leigo” e estava com 32 anos quando recebeu o hábito, aos 2 de fevereiro de 1900, das mãos do Ministro Provincial, fr. Luiz de Massamagrel. Emitiu a profissão temporária aos 2 de fevereiro de 1901 em Massamagrel e a perpétua aos 14 de fevereiro de 1904, em Orihuela. Os religiosos dizem “que era filho da obediência. O seu temperamento era extraordinariamente pacífico e a qualidade em que mais se destacava sua entrega à vontade de Deus (...). Fiel observante da Regra e Constituições Capuchinhas, fr. Berardo era um santo homem e religioso exemplar. Não ousava levantar o olhar a nenhuma parte (...). Cumpriu perfeitamente os cargos que os seus superiores lhe confiaram. Era amado por todos os que o conheciam”. Depois de professar, foi destinado ao Convento de Orihuela (Alicante), onde passou toda sua vida como esmoler e alfaiate da fraternidade. Edificou a gente da cidade com vida exemplar quando esmolava e sua fraternidade com a bondade, humildade e santidade de vida. Fechado o convento por causa da perseguição de 1936, fr. Berardo refugiou-se na sua cidade com seus familiares, dedicando-se à oração e às obras de caridade, mostrando sempre grande paciência e resignação. Estava quase completamente cego. Na noite de 30 de agosto de 1936 foi detido pelos membros do comitê local, com o pretexto que deveria fazer algumas declarações. Puseram-no num carro e conduziramno pela estrada de Beniganim, distrito de Genovês (Valência), onde foi assassinado. No Registro Civil, sua morte é datada aos 4 de setembro de 1936. O senhor Francisco Cháfer, habitante da cidade, recorda como descobriu o cadáver de fr. Berardo: “No final de agosto, num dia muito quente, ia com meu pai até à vizinha cidade de Beniganim e vi na sarjeta da estrada o cadáver de um ancião. Meu pai disse-me para prosseguir adiante e eu, menino de 13 anos, vencido pela curiosidade,

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aproximei-me e vi que tinha recebido um tiro no olho que sangrava abundantemente”. Assim se soube da sua morte. Seu corpo foi sepultado numa fossa comum, no cemitério de Genovês e seus restos mortais não puderam ser identificados. Foi beatificado a 11 de Março de 2001 pelo Papa João Paulo II.

Beato Pacífico de Valência Presbítero - Mártir (1874-1936) PACÍFICO nasceu em Castellar (Valência, Espanha) aos 24 de fevereiro de 1874 e foi batizado no dia seguinte (25 de fevereiro) na sua terra natal. Era o segundo dos cinco filhos do casal Matías Salcedo e Elena Puchades. O ambiente familiar era pobre, mas profundamente cristão e piedoso, tendo muito influído na sua infância e juventude. Antes de ingressar no Convento, freqüentava todos os domingos o convento dos Capuchinhos de Massamagrel. Na sua cidade recordam-no como “um menino bom, de família honrada e piedosa”; “Era muito pacífico - disse uma conhecida – e as suas qualidades mais salientes era a piedade, até ao extremo que, ao recitar o rosário em casa; não queria que fizessem trabalhos que pudessem impedir a atenção”. Conta-se que “ingressou nos capuchinhos movido pelo seu grande amor à penitência”. Recebeu o hábito capuchinho em Massamagrel, aos 21 de julho de 1899 das mãos de fr. Francisco Maria de Orihuela. Emitiu a profissão simples, com 26 anos, nas mãos de fr. Luís de Massamagrel, aos 21 de junho de 1900 e a perpétua aps 21 de fevereiro de 1903. Destinado ao convento de Massamagrel, serviu como esmoler durante 37 anos. Os religiosos não economizam elogios quando a ele se referiam: “O seu temperamento era simples e tranqüilo. Gozava de boa fama


entre os companheiros e fiéis e era religioso muito observante (...), homem muito virtuoso, sobretudo muito humilde e muito cumpridor dos votos religiosos. O seu temperamento era bonachão. Era devotíssimo da Santíssima Virgem. Praticou a austeridade e a pobreza em grau eminente. Era muito humilde e abnegado e a sua cama estava cheia de pedras e cacos para maior mortificação”. Era muito estimado por todos, tanto dentro como fora do convento. Fechado o convento de Massamagrel em julho de 1936 devido à perseguição religiosa, fr. Pacífico refugiou-se na casa de seu irmão, onde permaneceu quatro meses, dedicado à oração. Ali, na noite de 12 de outubro, enquanto ele recitava o rosário, foi aprisionado pelos milicianos, que o levaram aos empurrões e coronhadas de fuzil, em direção de Monte-Olivete até Azud, junto ao rio, onde foi assassinado. No dia seguinte, uns sobrinhos, indo ao mercado de Valência, descobriram o cadáver, estreitando fortemente com a mão esquerda o crucifixo sobre o peito. Seu corpo foi sepultado no cemitério de Valência, porém não pôde ser identificado. O papa João Paulo II beatificou-o aos 11 de março de 2001.

de outubro de 1936. Foi beatificada a 11 de Março de 2001 pelo Papa João Paulo II.

Beata Maria Verônica Massía /Ferrogut Martir (1884-1936) MARIA VERÔNICA Masiá Ferragut nasceu em Algemesí (Valência, Espanha) aos 15 de junho de 1884. Foi batizada no dia seguinte (16 de junho). Recebeu a Confirmação aos 19 de maio de 1899. Ingressou no mosteiro das clarissas capuchinhas de Agullent (Valência), vestindo o hábito aos 18 de janeiro de 1903. Emitiu a profissão temporária aos 26 de janeiro de 1904 e a perpétua aos 10 de abril de 1907. Morreu em Alcira (Valência) num lugar denominado Cruz Coberta aos 25 de outubro de 1936. Foi beatificada a 11 de março de 2001 pelo Papa João Paulo II.

Beata Maria Felicidade Masiá FerragutMártir (1890-1937)

FELICIDADE nasceu em Algemesí (Valência, Espanha) aos 28 de agosto de 1890. Vestiu o hábito no mosteiro das clarissas capuchinhas de Agullent (Valência) aos 17 Beata Maria Jesus Masiá Ferragut de abril de 1909. Emitiu os votos temporários Mártir (1890-1936) aos 20 de abril de 1910 e os perpétuos aos MARIA nasceu em Algemesí (Valência, 26 de abril de 1913. Morreu em Alcira Espanha) aos 12 de janeiro de 1882, sendo (Valência) num lugar denominado “Cruz batizada no mesmo coberta” a 25 de Outubro de 1936. dia pelo Pe. Joaquim As três irmãs nasceram na mesma Cabanes, pároco. Recidade. Eram seus cebeu a Confirmação pais Vicente Masiá e na paróquia de São Teresa Ferragut. O Tiago Apóstolo de casal teve sete filhos, Algemesí, das mãos dos quais cinco filhas de Dom Sebastião tornaram-se religiosas Herrero e Espinosa capuchinhas de claude los Monteros, arsura e o único filho hocebispo de Valência, mem foi capuchinho. aos 19 de maio de 1899. Purificação, irmã deVestiu o hábito no Mosteiro das Clarissas las, disse que desde Capuchinhas de Agullent (Valência) aos 13 jovens ”freqüentavam de dezembro de 1900 e professou aos 16 de os sacramentos, cojaneiro de 1902. Morreu em Alcira (Valência) mungando diarianum lugar denominado “Cruz Coberta”, a 25 mente. Jamais foram vistos em lugares Província S. Lourenço de Braindes-PR-SC-PY 53


públicos ou freqüentados. A minha mãe soube educar as minhas irmãs, inculcandolhes o santo temor de Deus”. As três capuchinhas viveram o mesmo estilo de vida religiosa. “Durante a vida no convento - disse Purificação, irmã delas - tinham uma conduta que causava a admiração das outras religiosas pelo exemplo e o modo de comportar-se, próprios da sua profissão. Apesar de serem irmãs, não existia entre elas distinção alguma entre si e com respeito às outras As três irmãs eram muito estimadas pela comunidade. A piedade de todas elas era sólida e vigorosa, inculcada pela nossa querida mãe. Eram amantes do sacrifício e muito observantes do silêncio, da Regra e das Constituições”. Irmã Benvinda Amorós, religiosa do mesmo mosteiro, descreve assim a vida religiosa delas: “Jamais ouvi crítica alguma sobre a atuação destas religiosas. Eram de piedade sólida. Dedicavam-se especialmente à oração e a presença de Deus refletia-se nelas. Eram muito humildes e estavam sempre dispostas a se sacrificarem pelas outras irmãs. Eram devotíssimas da Eucaristia e da Santíssima Virgem e, extraordinariamente, da Paixão do Senhor”. Com a chegada da República, em 1931, saíram do convento, permanecendo na casa paterna uns dois meses até retornarem ao convento sem haver recebido vexames. Quando começou a revolução de 1936, voltaram novamente para casa em Algemesí, onde permaneceram até 16 de outubro do mesmo ano, ocupando-se dos serviços da casa, fazendo vida de comunidade, completamente entregues à oração. Aos 19 de outubro de 1936, às 16 horas, foram detidas por milicianos: elas e uma religiosa agostiniana do Convento de Beniganim. Teresa, a mãe das religiosas, não quis abandoná-las e partiu com elas. Encarceraram as cinco religiosas no convento de Fons Salutis, que servia como prisão. Ali permaneceram oito dias, serenas e resignadas. Finalmente, padeceram a mesma sorte. Na noite de 28 de outubro, que era domingo e festividade de Cristo Rei, os milicianos conduziram-nas à morte. Quiseram

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deixar a mãe, porém ela opôs-se e pediu para acompanhar suas filhas e ser fuzilada em último lugar. Vendo-as tombar uma por uma, animava-as dizendo: “Filhas minhas, sejam fiéis ao esposo celeste e não queiram, nem consintam aos afagos destes homens”. Levadas num caminhão ao lugar denominado “Cruz aberta”, na direção de Alcira, onde foram martirizadas. Os corpos das cinco mártires descansaram em Alcira. Atualmente encontram-se na paróquia de Algemesí. Foi beatificada a 11 de Março de 2001 pelo Papa João Paulo II.

Beata Isabel Calduch Rovira Mártir (1882-1937) ISABEL nasceu em Alcará de Chivert, diocese de Tortosa e Província de Castellón de la Plana (Espanha), aos 9 de maio de 1882. Seus pais Francisco Calduch Roures e Amparo Rovira Martí tiveram cinco filhos e Isabel era a última. Seus vizinhos dizem que “durante a sua infância viveu num ambiente muito cristão.Exerceu a caridade com os necessitados. Ela mesma ia com outra amiga levar comida a uma anciã e também lhe prestava ajuda na limpeza pessoal e da casa”. Durante a sua juventude namorou um jovem da sua localidade, muito cristão, porém terminou este relacionamento para abraçar avida religiosa, com o consentimento de seus pais. Ingressou no mosteiro das capuchinhas de Castellón de la Plana, vestindo o hábito em 1900. Disse seu irmão José que “o motivo que induziu sua irmã a entrar na vida religiosa foi puramente por vocação”. Emitiu a profissão simples aos 28 de abril de 1901 e a perpétua, aos 30 de maio de 1904. As religiosas disseram que ela “era de temperamento pacifico e amável, sempre alegre. Era religiosa exemplar. Sempre estava contente, muito observante da Regra e das


Constituições, muito modesta no olhar prudente no falar e muito mortificada e mortificada ao comer, sendo sempre muito estimada pela Comunidade. Cultivava intensa vida interior sendo muito devota do Santíssimo, da Virgem e de São João Batista”. No mosteiro desempenhou o cargo de mestra de noviças, “fazendo-o com muito zelo para que fossem religiosas observantes, tratando as noviças sem distinções”, disse sobre ela Irmã Micaela. Foi reeleita para outro triênio, que não chegou a desempenhar devido à chegada da revolução. Chegada à revolução, a Irmã Isabel foi para Alcalá de Chivert (Castellón) onde tinha um irmão sacerdote, Mosén Manuel, que depois foi assassinado. Enquanto permaneceu na sua cidade, dedicou-se ao retiro e à oração. Ali foi detida aos 13 de abril de 1937 por um grupo de milicianos, com fr. Manuel Geli, sacerdote franciscano. Conduzidos ambos ao comitê local de Alcalá de Chivert, foram injuriados e ridicularizados. Ela assassinada no distrito de Cuevas de Vinromá (Castellón) e sepultada no cemitério daquela mesma cidade. O papa João Paulo II beatificou-a aos 11 de março de 2001.

Beata Milagros Ortells Gimeno Mártir (1882-1936 )

Na igreja, ao invés de se sentar na cadeira, sentava-se no soalho (...)”. A Irmã Virtudes, capuchinha, recorda-se que Irmã Milagros “entrou na Ordem Capuchinha levada pelo seu desejo de maior perfeição. Sua mãe havia-lhe proposto ser religiosa reparadora, mas não quis aceitar; buscando a maior estreiteza da Regra Capuchinha”. Ingressou no mosteiro das capuchinhas de Valência aos 9 de outubro de 1902. Ali recordam que “quando ingressou o fez com muito entusiasmo”. Nesse convento exerceu os cargos de enfermeira, refeitoreira, porteira, sacristã e mestra de noviças, todos ofícios que desempenhou com fidelidade. Suas irmãs religiosas descrevem sua autêntica personalidade com estes traços: “Era muito caridosa, oferecendo-se sempre a prestar qualquer serviço às suas irmãs religiosas. Era vista sempre recolhida. Após o Ofício de Matinas da meia-noite permanecia ainda por mais um pouco de tempo, com a intenção de praticar maior penitência”. “Gozava de fama de santidade entre suas religiosas ao ponto de exclamarem sempre: é uma santinha”. Sua piedade era sólida e a característica mais saliente era o seu amor à Eucaristia e à Imaculada. A sua penitência era extraordinária, usando disciplinas, cilícios. Era muito estimada por todas as religiosas e observava muito bem toda a Regra. A oração e a presença de Deus eram evidentes nela. A sua humildade aparecia claramente ao sentir-se indigna de aceitar cargos e até de receber a Eucaristia. Com a chegada da revolução, teve que se refugiar na casa de sua irmã Maria, em Valência, levando ali vida de oração e recolhimento. Depois refugiou-se numa casa da Rua Maestro Chapí, em Valência, onde viviam também outras religiosas da Doutrina Cristã. Ali foi detida por um grupo de milicianos aos 20 de novembro de 1936 e assassinada com 17 religiosas da Doutrina Cristã, num lugar conhecido como “Picadero de Paterna”. Foi sepultada no cemitério de Valência. Aos 30 de abril de 1940 foram exumados seus restos mortais e transladados para o mosteiro das capuchinhas de Valência, onde atualmente repousam. Foi beatificada aos 11

MILAGROS nasceu em Valência aos 29 de novembro de 1882, na rua Zaragoza e foi batizada no dia seguinte (30 de novembro), na igreja paroquial de São João Batista. Foi a terceira e última filha do casal Henrique Ortelís e Dolores Gimeno. Durante a sua infância era muito devota e o ambiente familiar no qual se criou era eminentemente cristão. Os seus vizinhos recordam que “a sua piedade era extraordinária; o seu amor à penitência singular era ao extremo de, em certa ocasião, a sua mãe surpreendê-la aspirando catingas”, por não haver outro modo para mortificar-se (...). Província S. Lourenço de Braindes-PR-SC-PY 55


de março de 2001 pelo Papa João Paulo II. ORAÇÃO - Senhor nosso Deus, que nos dais constância na fé e força na fraqueza, concedei-nos, pelo exemplo e pelos méritos dos Mártires capuchinhos de Valência, a graça de participar na morte e ressurreição de vosso Filho, para podermos também gozar convosco, na companhia de todos os Mártires, a plena alegria do vosso reino. Por nosso Senhor. 28 DE SETEMBRO Beato Inocêncio de Berzo Presbítero (1844-1890) BEATO INOCÊNCIO era filho de Pedro Scalvinoni e de Francisca Poli. Nasceu aos 19 de março de 1844 em Nardo, Vale de Canônica, em Bréscia, na Itália. Foi batizado com o nome de João. A sua infância ficou marcada pelo sofrimento porque ficou órfão de pai e pela prática da virtude, como aluno do Colégio de Lovere. Foi admitido no seminário diocesano de Bréscia e ordenado sacerdote aos 2 de julho de 1867. Nomeado Coadjutor de um pároco, em Cevo, distinguiu-se pelo desapego das coisas materiais, assiduidade no confessionário, caridade para com os pobres, assistência aos doentes e pregação. O Bispo chamou-o a Bréscia a fim de desempenhar o cargo de vice-reitor do Seminário. Após um ano, voltou para a cura das almas como pároco em Berzo, onde se entregou a intensa atividade apostólica, feita de oração, bom exemplo e pregação simples e paternal, bem como de proximidade pessoal junto a cada um para os levar até Deus. Entretanto, o Senhor chamava-o a uma vida mais perfeita. Depois de luta espiritual, pediu para ser capuchinho, quando tinha 30 anos. Em 1874, vestiu o hábito da Ordem, recebendo o nome

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de fr. Inocêncio. Viveu em Albino. Depois, foi para o convento da Santíssima Anunciata, como vice-mestre de noviços. Em 1880, foilhe confiada à redação dos Anais Franciscanos, em Milão. Partiu para Crema, levando, por toda a parte, o brilho da sua santidade. Transferido outra vez para o convento da Santíssima Anunciata. encontrou, no eremitério do Convento, a forma de se submergir na união com Deus que era própria do seu temperamento, de saciar a sua ânsia de sacrifício, de penitência e vida escondida. Seu ideal era atuar sem estar em evidência, o exercício de prolongadas horas de oração e contemplação, desempenhar os mais humildes serviços do Convento, tais como, pedir esmola de porta em porta com a pregação do bom exemplo e de boas palavras. A beleza da sua alma transparecia em todas estas manifestações. Pregou retiros aos seus irmãos, a quem inundava com a abundância do seu espírito seráfico. Neste ministério da pregação teve de fazer muita violência sobre si mesmo, sobretudo, porque não se considerava capaz. Morreu com 46 anos de idade, aos 3 de março de 1890, na enfermaria do convento de Bérgamo, quando estava pregando retiro aos seus irmãos. O Senhor chamou a Si o servo bom e fiel que viveu na humildade e na pobreza. Os seus conterrâneos de Berzo reclamaram para si o seu corpo. Os documentos mais valiosos da sua vida são os seus escritos, especialmente, os seus Diários, onde apresenta longa série de ditos dos Santos com os quais alimentava especialmente o seu espírito. A sua devoção era o Santíssimo Sacramento e a Via-sacra. Em 1961, aos 12 de novembro, o Papa João XXIII inscreveu-o no Catálogo dos Beatos. No discurso da sua beatificação, o Sumo Pontífice afirmou: “eis aqui um santo original que exteriormente não faz história, que não tem coisas para se contar, que se move no meio de acontecimentos sem importância, mas que é precisamente um santo moderno, um santo para o nosso tempo; quer porque viveu entre nós, quer porque é um modelo de oração e de austeridade”. ORAÇÃO - Senhor, que destes ao Vosso servo, Beato Inocêncio de Berzo, a graça de


imitar fielmente a Cristo pelo caminho da simplicidade e da oração, fazei que também nós, vivendo plenamente a nossa vocação, caminhemos para a santidade perfeita, à imagem de Jesus Cristo, Vosso filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo. 4 DE OUTUBRO Nosso Seráfico Pai São Francisco Diácono (1182-1226) FRANCISCO nasceu em Assis, no ano de 1182. Depois de juventude leviana, converteu-se. Renunciou a todos os bens paternos, entregando-se inteiramente a Deus. Tendo abraçado a pobreza, levou vida evangélica, pregando a todos o amor de Deus. Aos que desejaram segui-lo, formou-os com normas excelentes, aprovadas pela Sé Apostólica. Deu início a uma Ordem de religiosas e a uma Ordem de penitentes inseridos no mundo, bem como à pregação entre os infiéis. ORAÇÃO - Ó Deus, que fizestes o seráfico Pai São Francisco assemelhar-se ao Cristo por uma vida de humildade e pobreza, concedei que, trilhando o mesmo caminho, sigamos fielmente o vosso Filho, unindo-nos convosco na perfeita alegria. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

SÃO FRANCISCO, HOJE Ser franciscano não é apenas conteúdo. É espírito, maneira de ver as coisas, de vivêlas, de assumi-las e de equacionar os grandes conflitos de vida e de morte. Isto Francisco fez em sua época e o faria hoje, aqui e agora. Por isso, ele é grande e universal. Fascinará qualquer pessoa em qualquer época, pelo seu jeito de ser: pobre, serviçal, gratuito, fraterno e por conseguinte Menor. Francisco não teve nenhuma pretensão, a

não ser dar-se. Quis estar junto do outro. Ser Menor, pequeno, para entender a grandeza do outro, não o atropelando em sua dignidade. Viveria certamente hoje na América Latina uma busca contínua de comunhão com Deus, através de tudo e de todos os seres criados. Tornaria o Evangelho vivo e encarnado, comprometido com o oprimido e o marginalizado de nosso tempo. Daria sem dúvida sua adesão total às linhas de ação assumidas pela Igreja. Incumbir-se-ia da tarefa de reconstituição original da Igreja cristã. Cultivaria profundo respeito para com a pessoa humana, construindo a fraternidade no amor, unindo os homens entre si, como irmãos, numa mesma igualdade de bens. Correria ao encontro do “leproso” da América Latina, na pessoa do analfabeto, desempregado, marginalizado, oprimido, posseiro ou menor abandonado. Lutaria pela união das Igrejas, reunindo as forças, particularmente as da juventude, para a renovação da única Esposa de Jesus Cristo. Buscaria sem cessar a face deste mesmo Cristo. Viveria como um homem simples, fraco, o menor de todos, e sempre atento, superando as próprias limitações. Pareceria certamente como verdadeiro revolucionário, homem de profunda fé, coragem, humildade, amor e compreensão, em relação à conquista de verdadeiros valores. Francisco seria capaz de ser muito, sem ter nada! Enfrentaria os problemas de conflito sempre sob o imperativo da bondade. Seguindo o caminho do pastor, que toma nos ombros a ovelha fraca e a alimenta. Isto, porque nele existe a percepção profunda de que em cada homem há um brilho de Deus, que nenhum pecado pode apagar. Nada é absolutamente perdido, nem o pior dos pecadores. Nunca se ouviu dizer que Francisco condenasse a sociedade de seu tempo, mas também nunca se soube que ele deixasse de melhorar o que estava errado. Para construir uma sociedade fraterna reformou sua própria vida, soube confiar mais em Deus que em si e nos outros. “Meu Deus e meu Tudo!” - foi de inspiração bíblica e exprimiu o

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mais profundo de todos os seus anseios. Dele podemos ouvir: “O mundo está em suas mãos. Ou você se salvará com ele ou ele se perderá com você”. Portanto, reler nossa realidade com os olhos de Francisco é perceber que a ação transformadora de Deus passa pelo coração dos homens. Sua mensagem continua vigorosa e irresistível! Dom Paulo Evaristo Arns, Cardeal

12 DE OUTUBRO São Serafim de Montegranaro Religioso (1540-1604) SÃO SERAFIM nasceu em 1540, em Montegranaro, nas Marcas, Itália. Foram seus pais Jerônimo Rapagnano e Teodora Giovannuzzi. Eram de humilde condição e cristãos fervorosos. Dada a pobreza da sua família, trabalhou, durante algum tempo, como criado na casa de um lavrador, que lhe encomendou a guarda dos seus rebanhos. Como sucedeu com outros irmãos franciscanos seus contemporâneos, São Pascoal Bailão e São Félix de Cantalício, na solidão dos campos, sendo analfabeto, aprendeu a ler o grande livro da natureza e a levantar o espírito para Deus. Quando tinha 18 anos, bateu à porta do Convento dos Capuchinhos de Tolentino. Depois de algumas dificuldades, foi recebido na Ordem como religioso e fez o noviciado em Jesi. Percorreu quase todos os conventos das Marcas, porque, apesar da sua boa vontade e a maior diligência que punha no cumprimento de tudo o que lhe confiavam, não conseguia agradar nem aos superiores nem aos irmãos da fraternidade, que não lhe poupavam repreensões e castigos. Porém, mostrava sempre uma extraordinária bondade, pobreza, humildade, pureza e mortificação. Exerceu os ofícios de porteiro e esmoleiro,

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em contacto com os mais variados grupos de pessoas. Encontrava sempre a palavra oportuna e demonstrava fina delicadeza de sentimentos no sentido de conduzir as almas para Deus. A exemplo de São Francisco, amou a natureza, que lhe falava ao coração e o elevava para Deus. Em muitos casos da sua vida, parece-nos reviver algumas páginas mais características dos “Fioretti” de São Francisco. Em 1590, estabeleceu-se definitivamente em Áscoli Piceno. A cidade o amou de tal maneira que, em 1602, tendo-se difundido a notícia de que iria ser transferido, as autoridades escreveram aos superiores pedindo sua permanência. Verdadeiro mensageiro da paz e do bem, exercia enorme influxo em todos os grupos de pessoas e a sua palavra conseguia serenar situações verdadeiramente alarmantes e extinguir ódios acirrados, promover o amor fervoroso pela virtude, suavizar os costumes, levando assim à prática a reforma, no espírito do Concílio de Trento. Viveu em oração, humildade, penitência, trabalho e, sobretudo paciência, pois não lhe faltaram constantes repreensões. Deus se encarregou de o ajudar, suprindo-o nas suas capacidades, na cozinha, na portaria, na horta, no ofício de esmoleiro, com milagres, leitura dos corações e com o dom de confortar a todos. Estava sempre contente por amar a Deus, conhecendo e estudando os seus dois livros: o crucifixo e o rosário. Tinha 64 anos de idade e jsua fama de santidade se espalhava por toda a região de Áscoli. Pediu o Viático quando ninguém imaginava que estivesse próxima sua morte. Faleceu aos 12 de outubro de 1604. Depois de ter expirado, com a maior simplicidade, o povo logo começou a chamá-lo de santo. Essa voz chegou aos ouvidos do Papa Paulo V, que autorizou a acender uma lâmpada junto da sua sepultura. Foi canonizado por Clemente XIII, aos 16 de julho de 1767. ORAÇÃO - Senhor, que nos destes, em São Serafim, um espelho admirável das riquezas do coração de Cristo, concedei, também a nós, o dom do espírito, para vivermos em plenitude o Evangelho que nos anunciou Jesus Cristo, Vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.


14 DE OUTUBRO Beato Honorato Kozminski de Biala Presbítero (1829-1916) O capuchinho polonês fr. HONORATO DE BIALA, no batismo Vencesalu Kozminki, fundador de 17 congregações religiosas ainda atuantes, e mais oito, ou talvez dez que foram extintas, nasceu em Biala Podlaska (Polônia) aos 16 de outubro de 1829. Estevão e Laexandrina Kalh foram seus pais. Frei Honorato faleceu aos 16 de dezembro de 1916 em Nowe Miasto. Da família recebeu educação profundamente cristã, e após a escola básica, em sua cidade, fez os estudos ginasiais em Plock. Em 1854 inscreveu-se na Escola Superior de Belas Artes em Varsóvia, onde, influenciado por ideologias iluministas e pelo ambiente ateu, perdeu a fé. Em 1846, suspeito de pertencer a uma organização política duvidosa, foi encarcerado em Varsóvia pela polícia do Czar, onde contraiu tifo e viveu sob o terror da condenação à pena de morte até 27 de março de 1847, quando, contra toda esperança, foi libertado. Contudo, aos 15 de agosto de 1846, festa da Assunção, retornou a fé. Aos 21 de dezembro de 1948, após te lutado contra ele mesmo em deixar sua mãe queridíssima enferma, entrou no noviciado do capuchinho de Luabartow. Apenas ordenado presbítero, dia 27 de dezembro de 1852, foi professor de sacra eloqüência e de teologia dos clérigos capuchinhos, penitenciário dos hereges convertidos, conselheiro na Província, por um ano superior no convento de Varsóvia e, nos anos 1895 a 1916, comissário geral dos capuchinhos colocados sob a dominação russa. Distinguiu-se, de maneira especial, como pregador e iluminado diretor de espíritos, desde seu tempo de jovem sacerdote, quando, nos anos de 1853-1864, estava empenha-

do em pregações nas diversas igrejas de Varsóvia. Responsável pelos membros da Ordem Terceira Secular, não se limitou a promover a vida devocional, mas os quis empenhados numa fervorosa atividade caritativa e social. Nesse tempo conheceu Sofia Truszkowska, da qual foi seu diretor espiritual. Não foi apenas alguém responsável de formar e manter grupos de homens e mulheres dedicados a rezar o rosário, mas os estimulou à capilar atividade caritativa. Após a insurreição contra os russos, em janeiro de 1863, terminada desastrosamente, tendo sido condenadas à extinção todas as ordens religiosas pelo governo, fr. Honorato foi confinado primeiro no convento de Zakroczym, onde permaneceu até 1892, e depois no de Nowe-Miasto. Ele procurou salvar a fé católica e o espírito patriótico de seu povo, contra as perseguições czaristas que queriam separar a igreja polonesa da igreja de Roma para inseri-la na instrumentalizada igreja ortodoxa. Os meios, por ele escolhido para realização de seu projeto, foram à devoção Mariana e a Ordem Franciscana Secular que, com a autorização do ministro geral dos capuchinhos, submeteu a uma reformulação radical. Uma vez que a lei civil impedia de fazer apostolado e de receber noviços (assim as congregações religiosas iriam morrendo aos poucos), e quem desejasse ser religioso deveria buscar o exílio em outros países, fr. Honorato proibia de deixar o país a quem lhe pedisse conselho, e orientava a viver os conselhos evangélicos na Ordem Franciscana Secular, assim como se encontravam na vida civil, sem hábito, sem convento, disfarçadamente. Enquanto isso, fr. Honorato estudava o Evangelho, do qual não só alimentava o espírito, mas buscava também formas de vida religiosa. Tomou como modelo a Sagrada Família de Nazaré. O seu referencial básico, neste modelo, era a vida escondida (aos freis fora vetado a saída do convento) e ele procurou passar esse ideal aos que o procuravam e viviam no mundo. Com termos precisos, prescreveu esse

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projeto de vida em todas as constituições e nos diretórios dos institutos de vida consagrada que ele ia fundando para viverem no mundo. Para ele, a vida escondida não é exigência contingente imposta pelas particulares contingências sócio-políticas em que vivia a Polônia, naquele momento, mas sim um postulado do Evangelho. Por isso, escreveu: Nestas congregações é observada a vida escondida aos olhos do mundo. Esse modo de viver a vida religiosa não é sugerida somente por motivos de prudência ou de necessidade, mas pelo empenho de imitar a vida escondida da Virgem. Esta forma, que não está sujeitada às vicissitudes das circunstâncias externas sociais e políticas, é voluntariamente escolhida por cada um porque ela é amável em si mesma, porque permite maior glória de Deus, mais fácil progresso espiritual e mais segura salvação. No confessionário de Zakroczim nasceram numerosos institutos ou congregações, cada uma delas, buscando atingir aspectos particulares da vida: os intelectuais, os jovens, os operários de construção e mercados, operárias das fábricas, às domésticas, as crianças, os doentes, os artesãos, os agricultores, e os lugares e atividades com as quais se podia ajudar ao próximo e influir numa vasta rede de pessoas, como as pensões e restaurantes, as livrarias e bibliotecas, as escolas, as salas de costura e as lojas de compras. Pela irradiação do apostolado dos seus religiosos, quis que cada congregação fosse formada por três tipos diversos de membros: o primeiro, formado por religiosos que, vivendo em comum, tinham a tarefa de acolher e dirigir os outros; o segundo, constituído por religiosos com votos temporários que viviam junto às próprias famílias ou em pequenos grupos, chamados os “unidos” e as “unidas”, sendo este o elemento mais dinâmico de cada congregação por ele fundada, que tinham maior possibilidade de influir sobre os demais com o apostolado ativo e com o exemplo; o terceiro grupo acolhia pessoas da OFS particularmente empenhados na colaboração apostólica. Todos estes religiosos viviam em trajes

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civis, e seu modo de vida foi confirmado pela Santa Sé com o decreto Ecclesia catholica, de 21 de junho de 1889. Seja por circunstâncias históricas particulares, seja pela intuição dos sinais dos tempos que um apóstolo dos tempos modernos teve, uma dezena de institutos seculares encontraram na Igreja espaço, de direito e de fato, dos quais fr. Honorato foi o pioneiro. Mas a experiência teve duração breve, porque, por causa das recriminações e denúncias contra esta novidade na vida religiosa, iniciada por fr. Honorato, fora das tradicionais formas canônicas, em 1907 foram importas restrições que eliminaram os “unidos” e as “unidas” O velho fundador não deixou de defender a forma de vida e de apostolado religioso que, imposta pelas circunstâncias históricoambientais particulares, tinham produzido muitos frutos. Ele escreveu que, do agrupamento de pessoas que se reunira ao seu redor, queria fazer um exército de confessores da fé, que tenazmente soubessem se opor à mentira do mundo, disseminando-os pelas casas e locais de trabalho em cada cidade, no silêncio e escondidos, mas em profundo e empenhado testemunho cristão em toda parte. Ele, que aos seus religiosos tinha sempre imposto nunca escreverem e de conservarem, em absoluto segredo, a própria identidade, testemunhava assim a respeito da vida deles: “Estas almas fervorosas difundem ao seu redor benéfica atmosfera moralizadora não só pelos seus contatos pessoais individuais, mas também sobre os grupos e as massas. É sabido que, pessoas de espírito bom, onde se encontrem, ainda que não façam nada de particular, farão sentir sempre sua salutar presença”. Quando, em 1905, não estava mais em condições de receber pessoas no seu confessionário por motivo de surdez, fr. Honorato aplicou-se ao estudo, dedicandose a intensa atividade epistolar com seus filhos espirituais. As cartas manuscritas – quase 4.000 – foram conservadas em Varsóvia, no arquivo da vice-postulação, onde formam 21 volumes. No mesmo arquivo estão guardados


numerosos discursos seus (um milhar) e vasta quantidade de obras, em grande parte manuscritas, que ele vinha escrevendo desde sua juventude. Estas se referem à ascese, à mariologia, à hagiografia, à história, à homilética, à regra da OFS e às constituições das diversas congregações, traduções para o polonês, etc. Digna de menção, autêntica enciclopédia mariana, é a obra intitulada: “Quem é Maria?”, organizada em 52 tomos e 76 volumes, dos quais somente o primeiro foi publicado em diversas edições. Interessante, ainda, para o conhecimento da vida espiritual e do empenho apostólico de Frei Honorato, é o seu Diário Espiritual no qual lemos: “Desde o meu primeiro momento no ingresso da Ordem, sempre busquei isso: fazer conhecer aos homens o amor de Deus”. Das quase cem obras escritas por fr. Honorato, 41 ainda permanecem inéditas. Frei Honorato morreu em conceito de santidade aos 16 de dezembro de 1916, com 87 anos de idade. Sepultado na cripta do convento de Nowe-Miasto, de onde, aos 10 de dezembro de 1975, após o “reconhecimento”, foi transladado para a igreja superior. Finalmente, aos 16 de outubro de 1988, o papa João Paulo II o proclamou bem-aventurado. 19 DE OUTUBRO São Pedro de Alcântara Presbítero (1499-1562) PEDRO nasceu em 1499. Depois de estudos feitos em Salamanca, entrou para os Frades Menores e, ordenado sacerdote, desempenhou diversos cargos na Ordem. Em 1554 obteve a licença de consagrar-se à observância mais estrita da Regra. Começou, então, a acolher seguidores, aos quais iniciou numa vida de austera pobreza, jejum e penitência e de oração mais prolongada. Impulsionado pelo zelo das almas, dedicou-se com grande fruto à pregação. E, com seus conselhos ajudou Santa Teresa de Ávila em sua atividade reformadora entre as Carmelitas. Deixou também obras escritas, nas quais narra a própria experiência ascética, baseada, sobretudo na devoção

para com a paixão de Cristo. Morreu aos 18 de outubro de 1562. ORAÇÃO -Ó Deus, que ilustrastes São Pedro de Alcântara com os dons de admirável penitência e de altíssima contemplação, concedei, por seus méritos, que, mortificados na carne, mereçamos participar dos bens celestes. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. 23 DE OUTUBRO São João de Capistrano Presbítero (1386-1456) JOÃO nasceu em Capistrano, Província de Áquila, Itália, em 1386. Estudou Direito em Perusa e exerceu por algum tempo a magistratura. Entrando na Ordem dos Frades Menores, e ordenado sacerdote, desenvolveu incansável atividade apostólica por toda a Europa, dedicando-se à reforma dos costumes entre os cristãos e lutando contra os hereges. Morreu em Ilok (Villaco, na Áustria) aos 23 de outubro de 1456 e foi canonizado em 1690. ORAÇÃO - Ó Deus, que suscitastes o presbítero São João de Capistrano para confortar a cristandade aflita, colocai-nos sob a vossa proteção e guardai vossa igreja em constante paz. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

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31 DE OUTUBRO Beato Ângelo de Acri Presbítero(1669-1739) BEATO ÂNGELO nasceu em Acri, na Calábria (Itália), aos 19 de outubro de 1669. Seus pais chamavam-se Francisco Falcone e Diana Enrico. Quando tinha 18 anos pensou ser capuchinho. Entrou no noviciado em Acri, na Província de Cosenza. Invadido por dúvidas e incertezas com medo de não conseguir observar o ideal da Ordem, deixou duas vezes o noviciado. Entrou uma terceira vez e conseguiu vencer suas dúvidas e fez a profissão religiosa em 1691. Concluídos os estudos, foi ordenado sacerdote. Como sacerdote entregou-se à pregação, simples e fervorosa, despida de retórica, mas acompanhada de milagres, exercendo grande e benéfico impacto, sobretudo, no meio das pessoas do campo, no sul da Itália. Como recordação das suas missões, era seu costume levantar um calvário constituído por três cruzes. Sua vida de contínua oração e sua austeridade eram a melhor confirmação de tudo o que recomendava aos fiéis. Toda a região da Calábria se sentiu invadida por uma onda de fé e de fervor. O início deste seu apostolado foi de desilusão. Por isso mesmo, depois do primeiro fracasso, fr. Ângelo pediu ao Senhor que lhe desse o dom da palavra. O Senhor ouviu-o. Quando estava no púlpito, as idéias surgiam-lhe com tal abundância que parecia estar inspirado por Deus. As primeiras dioceses a serem evangelizadas por ele foram: Cosenza, Rossano, Bisignano, São Marcos, Nicastro e Oppodo Lucano. Quando pregava nesta última, apareceu sobre a sua cabeça luminosa estrela que foi vista com admiração por todos os presentes. As conversões foram tantas que o demônio,

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invejoso de tais êxitos, muitas vezes tentou conseguir que ele interrompesse a pregação. Em 1771, o cardeal Pignatelli convidou fr. Ângelo para pregar a Quaresma na Catedral de Nápoles. Começou na Quarta-feira de Cinzas e a Catedral estava repleta. Pregou com simplicidade; os ouvintes, primeiramente, sorriam; depois, perante a santidade da sua vida e a profundidade das suas palavras, os milagres que se sucederam durante toda a Quaresma e as numerosas conversões, a assembléia compreendeu que a pregação estava sendo orientada por um santo. Os temas das suas pregações eram os novíssimos e as demais verdades da fé. Na sua vida, foram freqüentes os êxtases. Foi visto diversas vezes elevado da terra. Quando pregava, uma ou outra vez, aparecia rodeado de luz celestial. Outras vezes, foi vista branca pomba branca que pousava sobre a sua cabeça. Exerceu o cargo de Ministro Provincial. Pela forma como conduzia o seu ministério foi designado o anjo da paz. Dizia: “É grande graça e uma grande glória ser capuchinho e verdadeiro filho de São Francisco. Mas é necessário conhecer e levar sempre conosco cinco pedras preciosas: a austeridade, a simplicidade, a fiel observância das Constituições e da Regra de São Francisco, a inocência de vida e caridade sem limites”. No ano de 1739, foi enviado ao convento de Acri, sua terra natal. Já estava idoso e cansado pelas atividades apostólicas. Seus conterrâneos tinham medo de que ele morresse longe da sua terra. Ele, porém, queria morrer no seu campo de trabalho. Seis meses antes da morte, foi acometido de cegueira. Com 70 anos de idade, aos 31 de outubro de 1739, com os nomes de Jesus e de Maria nos lábios, expirou serenamente. Morreu na sua terra – Acri – onde grande santuário conserva o seu corpo venerável. Foi beatificado pelo Papa Leão XII, aos 18 de dezembro de 1825. ORAÇÃO - Senhor, nosso Deus e nosso Pai, que destes ao Beato Ângelo de Acri a graça de chamar os pecadores à penitência e à conversão do coração, mediante o anúncio gozoso da Vossa palavra, fazei que o Evangelho de Cristo, de que ele foi insigne


pregador, continue a ser hoje por nós proclamado em palavras e obras. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. 14 DE NOVEMBRO São Nicolau Tavelic e companheiros, Mártires (1340-1384) Nicolau nasceu em Sebenic’ pelo ano de 1340. Exerceu primeiramente o ministério de pregador, na Bósnia, com seu confrade Deodato e, depois, em 1384, partiu com ele para a Palestina. Lá, com outros dois confrades, Pedro e Estevão, prepararam uma exposição apologética sobre a fé cristã, e, fortalecidos pela oração, proferiram-na diante do Juiz Muçulmano de Jerusalém. Mandados retratar o que haviam dito, com decisão se recusaram: pelo que foram postos na prisão e condenados à morte. Seus corpos, retalhados, foram lançados ao fogo em novembro de 1391, em Jerusalém. ORAÇÃO - Ó Deus, que glorificastes São Nicolau e seus companheiros pelo zelo na propagação da fé e a palma do martírio, concedei-nos, por seu exemplo e intercessão, seguir o caminho dos vossos mandamentos, para que mereçamos receber o prêmio da vida eterna. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

mandou construir um hospital, onde ela mesma servia os enfermos. Morreu em Marburgo, a 17 de novembro de 1231. Em 1235, o papa Gregório IX elevou-a à honra dos altares. ORAÇÃO - Ó Deus, que destes a Santa Isabel da Hungria reconhecer e venerar o Cristo nos pobres, concedei-nos, por sua intercessão, servir os pobres e aflitos com incansável caridade. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. 25 DE NOVEMBRO Comemoração de todos fiéis defuntos da Ordem Seráfica ORAÇÃO - Ó Deus, glória dos fiéis e vida dos justos, que nos remistes pela morte e ressurreição do vosso Filho, concedei aos nossos irmãos, irmãs, parentes e benfeitores falecidos, que, tendo professado o mistério da vossa ressurreição, mereçam alegrar-se na eterna felicidade. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. 26 DE NOVEMBRO São Leonardo de Porto Maurício Presbítero (1676-1751)

LEONARDO nasceu na Ligúria, Itália, em 1676. Era filho de Domingos 17 DE NOVEMBRO Casanova, capitão da Santa Isabel da Hungria (12071231) marinha, que o deixou órfão em tenra idade. Filha de André, rei da Hungria, Isabel nasLevado a Roma, fez ceu em 1207. Muito jovem ainda, foi dada em os seus estudos no casamento a Luís, Landgrave da Turíngia, e Colégio Romano e dele teve três filhos. Dedicada à meditação depois entrou na Ordas realidades celestes e tendo, depois da dem dos Frades morte do marido, abraçado a pobreza, Província S. Lourenço de Braindes-PR-SC-PY 63


Menores. Ordenado sacerdote, percorreu quase toda Itália, pregando sempre ao povo com grande proveito. Em sua pregação queria levar os fiéis à conversão mediante o exercício da Via-sacra e da meditação da Paixão de Cristo. Incentivou o exercício da Via-sacra nos conventos e nas igrejas públicas. Tornou-se conhecida a Via-sacra que, em 1750, fez no Coliseu de Roma. Desde então, o Papa continua fazer a Viasacra nas Sextas-feiras Santas, neste monumento histórico de Roma. Escreveu muitas obras de utilidade para os pregadores e de edificação para os fiéis. Morreu em Roma, no ano de 1751. ORAÇÃO - Ó Deus todo-poderoso e cheio de bondade, que fizestes de São Leonardo notável mensageiro do mistério da cruz, concedei, por sua intercessão, que, reconhecendo na terra as riquezas da cruz de Cristo, mereçamos alcançar nos céus os frutos da redenção. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. 27 DE NOVEMBRO São Francisco Antônio Fasani Presbítero (1681-1742) FRANCISCO ANTÔNIO nasceu em 1681, em Lucera, Itália. Ainda jovem, foi admitido entre os Frades Menores Conventuais. Distinguiu-se logo pela vida íntegra, tornandose também exemplo de austeridade e zelo sacerdotal. Eleito Ministro Provincial, renovou toda a vida dos seus irmãos. Propagou a devoção à Virgem Maria. Tornou-se famoso pelos seus dotes de oratória, como também pela grande caridade para com os pobres, os órfãos, os enfermos encarcerados. Dotado de carismas especiais, faleceu em Lucera, aos 29 de novembro de 1742. Foi beatificado por Pio XII e canonizado por João Paulo II a 13 de abril de 1986.

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ORAÇÃO - Ó Deus, que tornastes São Francisco Antônio exemplo de perfeição seráfica e exímio pregador do Evangelho, concedei-nos, por seus méritos e por sua intercessão, ardentes no amor e eficazes nas boas obras, alcançar também o prêmio eterno. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. 28 DE NOVEMBRO São Tiago das Marcas Presbítero (1394-1476) Tiago Nasceu em Monteprandone, Áscoli Piceno (Itália), em 1394. Estudou em Perusa, dedicandose sobretudo ao Direito. Professou entre os Frades Menores a 1º de agosto de 1416, estudou teologia e, ordenado sacerdote, consagrou toda sua vida à pregação. Percorreu a Itália e quase toda a Europa, propagando a devoção ao Santíssimo Nome de Jesus e desempenhando missões em favor da conversão dos hereges. Morreu em Nápoles, a 28 de novembro de 1476. ORAÇÃO - Ó Deus, fizestes de São Tiago das Marcas um grande arauto do Evangelho, para salvação das almas e para chamar os pecadores de volta ao caminho das virtudes; concedei que, por sua intercessão, purificados de todo pecado, alcancemos a vida eterna. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. 29 DE NOVEMBRO Todos os Santos da Ordem Seráfica No dia da aprovação da Regra Franciscana pelo papa Honório III, aos 29 de novembro de 1223, a Ordem Franciscana lembra a grande árvore de santidade que floresceu da fidelidade ao pequeno livro que Francisco dizia tê-lo recebido do Senhor e que era o “miolo” do Evangelho.


Grande é o número dos santos, beatos, veneráveis e servos de Deus (frades, religiosas e leigos) que viveram e vivem a santidade através da espiritualidade da Família Franciscana. Disse São Francisco aos seus irmãos: “Alegrai-vos no Senhor! Deus nos fará crescer na maior multidão e nos dilatará de maneira múltipla até os confins da terra. Vi grande multidão de homens que vinham a nós e queriam conviver conosco no hábito, no santo modo de vida e na Regra da bem-aventurada Religião” (1 Cel 27). ORAÇÃO - Deus eterno e todo-poderoso, que nos dignastes iluminar a vossa Igreja com o esplendor de todos os santos da Ordem Seráfica, fazei que, celebrando numa só festa a sua memória, possamos seguir na terra os seus exemplos, e alcançar no céu a coroa da justiça. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. 2 DE DEZEMBRO Beata Maria Ângela Astorch Virgem (1592-1665)

quando, com sete anos, por ter comido algumas castanhas, fora considerada morta, se não fosse a intervenção da madre Serafina a qual, numa oração de êxtase a fez retornar a vida, o que deu uma virada em sua vida. No dia 10 de setembro de 1603 atravessou a porta da clausura, trocando seu nome para Maria Ângela. Teve como diretor espiritual um confessor muito bem preparado, que vivera, por dez anos, como eremita, Pe. Martin Garcia. Ela procurava imitar a fundadora Ângela Serafina Prat e a sua irmã Isabela. A madre e mestra era muito exigente e a tratava com métodos espartanos. O amor da jovem pelos livros latinos provocou na sua mestra o receio pela humildade da candidata, que teve de resignar-se a renunciá-los. Mas o latim desabrochava nela o conhecimento das Escrituras, dos Santos Padres e com a Liturgia das Horas, levando teólogos e o bispo a pensar que se tratasse de ciência infusa. Como aspirante passou cinco anos de sua vida, a menina da casa, mas em regime de noviciado. No dia 17 de setembro de 1608 iniciou realmente o noviciado sob a direção discreta de sua irmã como mestra. Não faltaram tentações e aflições. Pela sua cultura superior, tornou-se a “professorinha” das companheiras de noviciado. Aos 8 de setembro de 1609 fez a profissão nas mãos de Catarina de Lara, que sucedera a fundadora morta no ano anterior. Aos 19 de maio de 1614 aquele grupinho de religiosas partiu para Zaragoza. Irmã Maria Ângela tinha o encargo de mestra das noviças e da secretaria; mas custou-lhe muito separar-se da irmã que morreria apenas dois anos após, aos 36 anos de idade. A viagem foi um desastre: carro e cavalos tombaram. No convento novo de Nossa Senhora dos Anjos, Maria Ângela torna-se fundadora de uma geração de capuchinhas. Em 1624 torna-se vigária da comunidade, e três anos mais tarde, abadessa. Mas permaneceu sempre a responsável da liturgia coral, da dignidade da recitação da Liturgia das Horas. No início de seu ofício de abadessa conseguiu do papa Urbano VIII a aprovação das constituições das capuchinhas espanholas. Consciente da importância do co-

JERÔNIMA MARIA INÊS nasceu a 1º de setembro de 1592 em Barcelona, a última de quatro filhos de Cristóvão e Catarina Astorch. Não chegou a conhecer sua mãe que morreu após dez meses de seu nascimento. Confiada a uma senhora que a amamentasse, perde também o pai aos cinco anos. Sua irmã Isabela seguia o grupo de jovens, atraída pela espiritualidade de Ângela Serafina Prat. Também a pequena Jerônima ligou-se rápida à vida das capuchinhas. E mais ainda Província S. Lourenço de Braindes-PR-SC-PY 65


nhecimento da regra para a santificação de qualquer instituto religioso, insistia para que as irmãs a estudassem continuamente, e no Mosteiro fazia lê-las publicamente no refeitório, uma vez ao mês, para que também as analfabetas aprendessem de cor. Era uma madre que fazia de tudo: cozinha, lavanderia, enfermaria, horta. Sua espiritualidade tornou-se ainda mais profunda, toda bíblica e litúrgica. Todos os mistérios de Cristo e de Maria, os anjos e os santos encontravam ressonância no seu coração, com visões e iluminações superiores. No mosteiro de Zaragoza permaneceu ao longo de 30 anos. A comunidade crescera em número e qualidade e o espaço se tornara insuficiente. O desejo de Ângela de propagar a Ordem, aconteceu após sacrílego cometido pelas forças de Luiz XIV que profanaram algumas igrejas em Barcelona. Um sacerdote diocesano, Aleixo de Boxadós, pensou em

erguer um convento de clarissas com o título reparador Exaltação do Santíssimo Sacramento e entrou em contato com as capuchinhas. Pela metade de novembro de 1665 teve crises de epilepsia, recuperando-se em seguida. Mas era sinal do fim. Sentia-se na cruz. Cantava alguma vez o Pange Língua na expectativa do encontro com o Senhor. Faleceu a 2 de dezembro de 1665, aos 75 anos de idade. O seu corpo permaneceu incorrupto, e profanado na guerra civil espanhola 1936-1939, conserva-se no novo Mosteiro de Múrcia. João Paulo II a beatificou aos 23 de maio de 1982. ORAÇÃO - Senhor nosso Deus, que enriquecestes com admiráveis dons celestes a virgem Beata Maria Astorch, concedei-nos que, imitando as suas virtudes na terra, participemos da sua alegria no Céu. Por nosso Senhor.

ÍNDICE E ESTADO DAS CAUSAS CAPUCHINHAS EM ANDAMENTO cf. Índice da Congregação das Causas dos Santos

A Alexandre Labaca Ugarte, 1920 – 1987 Beizama, Vitória – Espanha, bispo; INÊSARANGO, terciária capuchinha. Missionários mortos por causa da fé aos 21 de julho de 1987 em Nuevo Rocafuerte, na divisa do Equador com o Peru.

Berardo de Visantona e 6 Companheiros, Bento de Gramanet e 2 Companheiros, Ângelo de Canete e 6 Companheiros, Elísio de Orhuela e 2 Companheiros Religiosos mortos por causa da fé em 1936.

Aloísio Amigo e Ferrer, 1854 – 1934 Masamagrell, Valência – Espanha, bispo. Venerável.

Angélico de None, 1875 – 1953 None, Turim – Itália, sacerdote. Venerável.

Anastácio Hartmann, 1803 – 1866 Hitzkirch – Suíça, bispo. Venerável.

Angélico Lipani, 1842 – 1920 Caltanissetta – Itália, sacerdote.

André de Burgio, 1705 – 1772 Burgio, Agrigento – Itália, religioso. Venerável.

Antônio Maria de Lavaur, 1855 – 1907 Lavaur – França, sacerdote. Antônio de Olivadi, 1653 – 1720 Olivadi, Catanzaro – Itália, sacerdote.

André de Palazuelo e 31 Companheiros Madri – Espanha, religiosos mortos em 1936 por causa da fé.

Arsênio de Trigolo, 1849 – 1909 Trígolo, Cremona – Itália, sacerdote.

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B

F

Benedita Bianchi Porro, 1936 – 1964 Dovadola, Forlì – Itália, leiga. Venerável.

Félix de Marola, 1713 – 1787 Gênova – Itália, religioso.

Bento de Beaucaire, 1730 – 1790 Sacerdote (e 4 companheiros mortos por causa da fé), Nimes – França,

Fortunato Bakalski, 1916 – 1952, Duvanlia – Bulgária, sacerdote.

Bento de Santa Coloma de Gramenet, 1892 – 1936 (e os 2 companheiros mortos por causa da fé), Santa Coloma de Gramnet – Espanha.

Francisca do Espírito Santo (Carolina Baron), 1820 - 1882 França.

Carlos de Abbiategrasso, 1825 – 1859 Abbiategrasso, Milão – Itália, sacerdote. Cecílio Maria da Costa Serina, 1885 – 1984 Nespello de Costa Serina, Bérgamo – Itália, religioso.

Francisca Teresa Rossi, 1837 – 1918 Gênova – Itália, leiga da Terceira Ordem de São Francisco de Assis. Francisco de Bérgamo, 1536 – 1626 Bérgamo – Itália, sacerdote. Venerável. Francisco de Lagonegro, 1717 – 1804 Lagonegro, Potenza – Itália, sacerdote. Venerável. Francisco de Licodia, 1600 – 1682 Licodia Eubea, Siracusa – Itália, religioso, missionário no Congo.

Cirilo João Zorhabian, 1881 – 1972 Erzerum – Armênia, bispo.

Francisco Maria de França, 1853 – 1913 Messina – Itália, sacerdote.

Concetta Bertoli, 1908 – 1956 Mereto de Tomba, Udine – Itália - terciária franciscana. Venerável.

Francisco Simon y Rodenas, 1849 – 1914 Orihuela – Espanha, bispo na Colômbia.

Boaventura Barberini, 1674 – 1743 Ferrara – Itália, arcebispo. Venerável.

C

Consolata Betrone, 1903 – 1946 Saluzzo, Cuneo – Itália, Clarissa capuchinha.

D Daniel de Torricella, 1867 – 1945 Torricella, Parma – Itália, sacerdote. Venerável. Daniel de Samarate, 1876 – 1929 Samarate, Milão – Itália, sacerdote.

Francisco Massimiano Valdes, 1908 – 1982 San Miguel, Santiago – Chile, bispo.

G Genoveva de Tróia, 1887 – 1949 Fógia – Itália, terciária franciscana. Venerável. Guido Maria de Lugliano, 1681 – 1763 Luca – Itália, sacerdote.

E Estêvão de Adoain, 1808 – 1880 Adoain, Pamplona – Espanha, sacerdote, missionário. Venerável. Estêvão de Dublin, 1869 – 1923 Dublin, Ontário – Canadá, sacerdote.

Francisco Solano Casey, 1870 – 1957 Oak Grove, Wisconsin – USA, sacerdote. Venerável.

Guilherme Massaia, 1809 – 1889 La Braja di Piovà, Asti – Itália, cardeal.

H Honorato de Paris, 1566 – 1624 Paris – França, sacerdote. Venerável.

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I Inácio de Monzon, 1532 – 1613 Orihuela – Espanha, sacerdote. Inocêncio de Caltagirone, 1589 – 1655 Caltagirone, Catânia – Itália, sacerdote.

J Jesualdo de Régio Calábria, 1725 – 1803 Régio Calábria – Itália, sacerdote. Venerável. Jerônimo de Cammarata, 1549 – 1627 Cammarata, Agrigento – Itália, sacerdote. José de S. Elpídio, 1885 – 1974, S. Elpídio, Fermo – Itália, sacerdote. Jorge de Augusta, 1696 – 1762 Pfronten-Kreuzegg, Augusta – Alemanha, religioso. Venerável. Joaquim de Canicattì, 1831 – 1905, Canicattì, Agrigento – Itália, sacerdote. Venerável. João Pedro de Sesto S. Giovanni, 1868 – 1913 Sesto San Giovanni, Milão – Itália, sacerdote, missionário. José de Carabantes, 1628 – 1694 Carabantes – Espanha, sacerdote, missionário. José de Palermo, 1864 – 1886 Palermo – Itália, noviço. José Tous y Soler de Igualada, 1811 – 1871 Igualada, Barcelona – Espanha, sacerdote.

J Leopoldo de Alpandeire, 1866 – 1956 Alpandeire, Málaga – Espanha, religioso. Lourenço de Zibello, 1695 – 1781 Zibello, Parma – Itália, sacerdote. Venerável. Ludovico de Mazzarino, 1708 – 1764 Mazzarino, Caltanissetta – Itália, sacerdote.

M Marcelino de Capradosso, 1873 – 1909 Capradosso, Rieti – Itália, religioso.

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Maria Clara de S. Francisco, 1878 – 1933 Vichofen, Vienna – Áustria, monja professa da Segunda Ordem de São Francisco. Maria Costança Panas, 1896 – 1963 Alano de Piave, Belluno – Itália, monja clarissa capuchinha. Maria Diomira do Verbo Encarnado, 1708- 1768 Gênova – Itália, monja da Segunda Ordem de São Francisco. Maria Francisca Foresti, 1878 – 1953 Bolonha – Itália. Maria Francisca Ticchi, 1887 – 1922 Belforte, Isauro Urbino – Itália. Maria Lourença Longo, 1463 – 1542 Catalunha – Espanha, monja da 2ª Ordem de São Francisco. Venerável. Maria Madalena do SS. Crucifixo, 1901 – 1929 Licata, Palermo – Itália. Venerável. Maria Rosa Pellesi, 1917- 1972 Morano Pó, Alexandria – Itália. Venerável. Mariano de Turim, 1906 – 1972 Turim – Itália, sacerdote. Mateus de Agnone, 1563 – 1616 Agnone, San Severo – Itália, sacerdote.

N Nicola de Lagonegro, 1707 – 1792 Lagonegro, Potenza – Itália, bispo. Venerável.

P Pedro de S. Pietro Clarenza, 1881 – 1939 San Pietro de Clarenza, Catânia – Itália, religioso.

R Raniero de Borgo San Sepolcro, 1511 – 1589 Borgo San Sepolcro, Arezzo – Itália, religioso. Venerável.


Rafael de Sant’Elia a Pianisi, 1816 – 1901 Sant’Elia a Pianisi, Campobasso – Itália, sacerdote.

Pio X de 26 de agosto 1913.

Romano Coutty de S. Cláudio, 1905 – 1979 Lion – França, sacerdote, missionário na República Centro-Africana.

S Serafim Luís Kaszuba, 1910 – 1977 Lemberg-Zamarstynòw – Polônia, sacerdote. Serafim de Pietrarubbia, 1875 – 1960 Pietrarubbia, Pesaro – Itália, religioso.

T Tomás de Olera, 1563 – 1631 Houvera, Bérgamo – Itália, religioso. Venerável. Tiago de Balduina, 1900 – 1948 Balduina, Pádua – Itália, sacerdote. Tiago de Ghazir, 1875 – 1954 Ghazir, Beirute – Líbano, sacerdote. Venerável. Tomás de San Donato, 1578 – 1648 San Donato Val di Comino, Sorana – Itália, religioso.

U Úmile de Gênova, 1898 – 1969, Gênova – Itália, sacerdote.

V Verônica do Menino Jesus, 1870 – 1950, Messina – Itália. Victrício de Eggenfelden, 1842 – 1924 Eggenfelden, Rattisbona – Alemanha, sacerdote. Venerável. NB. O título de Servo de Deus é atribuído quando se inicia o Processo, o de Venerável é atribuído depois da promulgação do Decreto sobre a Heroicidade das Virtudes ou depois do Decreto de introdução da Causa para as causas iniciadas antes do Rescrito de São

Cfr. Congregatio de Causis Sanctorum - Index Ac Status Causarum – Città del Vaticano 1999.

Santos e Beatos da Ordem Capuchinha Agatângelo de Vendome, 1598 – 1638, beato Ambrósio de Benaguacil, 1870 – 1936, beato André Jacinto Longhin, 1863 – 1936, beato Ângela Maria Astorch, 1592 – 1665, beata Ângelo de Ácri, 1669 – 1739, beato Aniceto Koplin, 1875 – 1941, beato Apolinário de Posat, 1739 – 1792 beato Aurélio de Vinalesa, 1896 – 1936, e companheiros, beatos Bento de Urbino, 1560 – 1625, beato Berardo de Lugar Nuevo de Fenollet, 1867 – 1936, beato Bernardo da Corleone, 1605 – 1667, santo Bernardo de Offida, 1604 – 1694, beato Boaventura de Puzol, 1897 – 1936, beato Cassiano de Nantes, 1607 – 1638, beato Conrado de Parzham, 1818 – 1894, santo Crispim de Viterbo, 1668 – 1750, santo Diogo José de Cádiz, 1743 – 1801, beato Fidélis Chojnacki, 1906 – 1942, beato Fidélis de Puzol, 1856 – 1936, beato Fidélis de Sigmaringa, 1578 – 1622, santo Félix de Cantalício, 1515 – 1587, santo Félix de Nicosia, 1715 – 1787, beato Floriano Stepniak, 1912 – 1942, beato Flórida Cevoli, 1685 – 1767, beata Francisco Maria de Camporosso, 1804 – 1866, santo Germano de Carcagente, 1895 – 1936, beato Henrique de Almazora, 1913 – 1936, beato Henrique Krzysztofk, 1908 – 1942, beato Honorato Kozminski de Biala, 1829 – 1916, beato Inácio de Láconi, 1701 – 1781, santo Inácio de Santhià, 1686 – 1770, santo Inocêncio de Berzo, 1844 – 1890, beato

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Isabel Calduch Rovira, 1882 – 1936, beata Jeremias de Valacchia, 1556 – 1625, beato João Luís Loir de Besançon, 1720 – 1794, beato Joaquim de Albocácer, 1879 – 1936, beato José de Leonessa, 1556 – 1612, santo Leopoldo Mandic de Castelnuovo, 1866 – 1942, santo Lourenço de Brindes, 1559 – 1619, santo Marcos de Aviano, 1631 – 1699, beato Maria Felícia Masiá Ferragut, 1890 – 1936, beata Maria Jesus Masiá Ferragut, 1882 – 1936, beata Maria Madalena Martinengo, 1687 – 1737, beata Maria Teresa Kowalska, 1902 – 1941, beata Maria Verônica Masiá Ferragut, 1884 – 1936, beata Milagres Ortells Gimeno, 1882 – 1936, beata Modesto de Albocácer, 1880 – 1936, beato Nicolau de Gesturi, 1882 – 1958, beato Pacífico de Valênca, 1874 – 1936, beato Pedro de Benisa, 1876 – 1936, beato Pio de Pietrelcina, 1887 – 1968, santo Protásio Bourdon de Seéz, 1747 – 1794,

beato Sebastião Francisco de Nancy, 1749 – 1794, beato Santiago de Rafelbuñol, 1909 – 1936, beato Serafim de Montegranaro, 1540 – 1604, santo Sinforiano Ducki, 1888 – 1942, beato Verônica Giuliani, 1660 – 1727, santa —————————————Revisão: Fr. Cláudio Sérgio de Abreu, fr. Juarez De Bona, fr. Dionysio Destéfani Diagramação: fr. Dionysio Destéfani Pesquisa do texto e das fotos: ex-fr. Gerson Otávio de Souza Fotos: Fr. Rodrigo Andrés Giménez Estigarribia (passagem do colorido para o branco e preto) Fontes: http://www.franciscanos.org.br/carisma/ santos/ http://www.promapa.org.br/ index.php?pagina=santos http://www.ofmcapuchinhos.org.br/ default.asp? http://www.santiebeati.it/

Calendário Litúrgico da Família Franciscana (OFM, OFMConv, OFMCap, TOR) De acordo com o Calendarium Proprium pro Familiis Franciscalibus (OFM, OFMConv, OFMCap, TOR) aprovado pela Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos com o Decreto de 12 de dezembro de 2001 (Prot. 1672/96/L) e o Calendarium proprium Ordinis Fratrum Minorum Capuccinorum, aprovado pela Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos com o Decreto de 6 de julho de 2002 (Prot. 1350/02/L). Em itálico: as celebrações próprias de nossa Ordem.

Janeiro 3 Santíssimo Nome de Jesus, Memória 5 Beato Diogo José de Cádiz, presbítero Memória facultativa 12 São Bernardo de Corleone, religioso Memória 16 Santos Beraldo presbítero e companheiros, primeiros mártires da Ordem Franciscana Memória 30 Santa Jacinta Mariscotti, virgem Memória

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Fevereiro 4 São José de Leonessa, presbítero Memória 6 Santos Pedro Batista e companheiros, mártires, Memória 7 Santa Coleta de Corbie, virgem Memória Março 2 Santa Inês de Boêmia, virgem Memória facultativa


Abril 21 São Conrado de Parzham, religioso Memória 24 São Fidélis de Sigmaringa, Festa 30 Beato Bento de Urbino, presbítero Memória facultativa Maio 8 Beato Jeremias de Valacchia, religioso Memória facultativa 11 Santo Inácio de Láconi, religioso Memória 12 São Leopoldo Mandic, presbítero Memória 16 Santa Margarida de Cortona, penitente Memória 17 São Pascoal Baylon, religioso, Memória 18 São Félix de Cantalício, religioso, Festa 19 São Crispim de Viterbo, religioso Memória 20 São Bernardino de Sena, presbítero Memória 24 Dedicação da Basílica do Seráfico Pai São Francisco Festa Junho 2 Beato Félix de Nicosia, religioso Memória facultativa 8 Beato Nicolau de Gésturi, religioso Memória facultativa 12 Beata Flórida Cevoli, virgem Memória facultativa 13 Santo Antônio de Pádua, presbítero e doutor da Igreja Festa 16 Beato Aniceto Koplin, presbítero, e companheiros (Henrique Krzysztofik, Floriano Stepniak, Fidélis Chojnacki, Sinforiano Ducki), mártires da perseguição nazista na Polônia Memória facultativa Julho 10 Santa Verônica Giuliani, virgem Festa 14 São Francisco Solano, presbíero Memória facultativa 15 São Boaventura, bispo de doutor da Igreja, Festa 21 São Lourenço de Brindes, presbítero e doutor da Igreja, Festa 27 Beata Maria Madalena Martinengo,

Memória facultativa 28 Beata Maria Teresa Kowalska Memória facultativa

Agosto 2 Santa Maria dos Anjos da Porciúncula Festa 7 Beatos Agatângelo e Cassiano e mártires Memória facultativa 8 Santo Pai Domingos, presbítero, Festa 11 Santa Clara de Assis, virgem, Festa 14 São Maximiliano Maria Kolbe, presbítero e mártir, Memória 18 Beatos João Luís Loir, Protásio Bourbon e Sebastião Francisco, presbíteros, mártires de Rochefort Memória facultativa 19 São Ludovico, bispo, Memória facultativa 23 Beato Bernardo da Offida, religioso Memória facultativa 25 São Ludovico, rei, Memória Setembro 2 Beato Apolinário dePosat, presbítero e mártir, Memória facultativa 17 Impressão das chagas do Seráfico Pai São Francisco, Festa 18 São José de Copertino, presbíitero Memória 19 São Francisco Maria de Camporosso, religioso, Memória 22 Santo Inácio de Santhià, presbítero Memória 23 São Pio de Pietrelcina, presbítero Memória 26 Beato Aurélio de Vinalesa, presbítero e companheiros (Ambrósio de Benaguacil, Pedro de Benisa, Joaquim de Albocácer, Modesto de Albocácer, Germano de Carcagente, Boaventura de Puzol, Santiago de Rafelbuñol, Henrique de Almazora, Fidélis de Puzol, Berardo de Lugar Nuevo de Fenollet, Pacífico de Valência, Maria Jesus Masiá Ferragut, Maria Verônica Masiá Ferragut, Maria Felícia Masiá Ferragut, Isabel Calduch Rovira, Milagros Ortells Gimeno), mártires de Valência (Espanha) Memória facultativa

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28 Beato Inocêncio de Berzo, presbítero Memória facultativa Outubro 4 Seráfico Pai São Francisco,Solenidade 12 São Serafim de Montegranaro, religioso Memória 14 Beato Honorato de Biala, presbítero Memória facultativa 19 São Pedro de Alcântara, presbítero Memória facultativa 23 São João de Capestrano, presbítero Memória 31 Beato Ângelo de Acri, presbítero Memória facultativa Novembro 14 Santos Nicolau Tavelic e companheiros, presb. e márt., Memória

17 Santa Isabel da Hungria, Padroeira da OFS, Festa 25 Comemoração de todos os falecidos da Família Franciscana (I-II-III Ordem) Memória 26 São Leonardo de Porto Maurício, presbítero, Memória 27 São Francisco Fasani, presbítero Memória 28 São Tiago das Marcas, presbítero Memória facultativa 29 Todos os Santos da Família Franciscana Festa Dezembro 2 Beata Maria Ângela Astorch, virgem Memória facultativa

SANTOS/AS CAPUCHINHOS E OFÍCIO PRÓPRIO Nome Nascimento Diogo José de Cádiz, presbítero, beato: 01.04.1894 Bernardo de Corleone, religioso, santo: 10.06.2001 José de Leonissa, presbítero, santo: 29.06.1746 Conrado de Parzão, religioso, santo: 30.05.1934 Fidélis de Sigmaringa, presbítero, santo: 29.06.1746 Bento de Urbino,presbítero, beato: 15.01.1867 Jeremias de Valáquia, religioso, beato: 30.10.1983 Inácio de Láconi, religioso, santo: 21.10.1951 Leopoldo de Mandic, sacerdote, santo: 16.12.1983 Félix de Cantalício, religioso, santo: 22.05.1712 Crispim de Viterbo, religioso, santo: 20.06.1982 Félix de Nicosia, religioso, santo 23.10.2005 Nicolau de Gésturi, religioso, beato: 03.10.1999 Flórida Cevoli, religiosa, beata: 16.05.1993 Aniceto Koplin, presb., e comp., beatos: 26.03.1999 André Jacinto Longhin, bispo, beato: 20.10. 2002 Verônica Giuliani, religiosa, santa: 26.05.1839 Lourenço de Brindes, presb., santo e doutor:19.03.1959 Maria Madal. Martinengo, religiosa, beata: 03.06.1900 Maria Teresa Kowalska, religiosa, beata: 26.03.1999 Agatângelo e Cassiano, presbít., beatos: 01.01.1905 Marco D’Aviano, presbítero, beato: 27.04.2003

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Dia 05.01 12.01 04.02 21.04 24.04 30.04 08.05 11.05 12.05 18.05 19.05 02.06 08.06 12.06 16.06 26.06 10.07 21.07 27.07 28.07 07.08 13.08

Ofício próprio Santos religiosos Santos religiosos Dos pastores Festa Festa Dos pastores Santos religiosos Santos religiosos Dos pastores Festa Santos religiosos Santos religiosos Santos religiosos Das virgens Mártires Dos pastores Das virgens Festa Das virgens Mártir Mártires Dos pastores


João Luís, Protásio e Sebastião, pr., beatos: 01.10.1995 Bernardo de Ófida, religioso, beato: 15.05.1795 Apolinário de Posat, pres.., e Comp. Beatos: 17.10.1926 Francisco Mª de Camporosso, relig., santo: 09.12.1962 Inácio de Santhià, presbítero, santo: 19.05.2002 Pio de Pietrelcina, presbítero, santo: 16.06.2002 Aurélio de Vinalesa, presb, e Comp, beatos: 11.03.2001 Inocêncio de Berzo, presbítero, beato: 12.11.1961 Serafim de Montegranaro, religioso, santo: 16.07.1767 Honorato Kozminski, presbítero, beato: 16.10.1988 Ângelo de Acre, presbítero, beato: 09.12.1825 Maria Ângela Astorch, religiosa, beata: 23.05.1982

18.08 23.08 02.09 19.09 22.09 23.09 26.09 28.09 12.10 13.10 31.10 02.12.

Mártires Santos religiosos Mártires Santos religiosos Santos religiosos Dos pastores Mártires Santos religiosos Santos religiosos Dos pastores Santos religiosos Das virgens

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